05/11/2012

Sugestão para desenvolvimento da vela de oceano no Brasil. Mensagem do Avelok ao grupo da ABVO e BRA RGS

Prezados confrades, amigos, nautas e amantes da vela de plantão.

Como representante do lado B da vela brasileira, e fazendo  parte  das fileiras e do cenário menos glamouroso do yachting  dos grandes centros e dos mega eventos, do time que não aparece nas mídias e nas súmulas, gostaria de deixar aqui algumas contribuições se válidas forem para os senhores, talvez não muito simpáticas minhas colocações para muitos nautas avarandados, acomodados ou aboletados, mas necessárias para um reavivamento do pensamento das causas e efeitos.

O primeiro problema é que Brasil de fato é gigantesco, mas nossos barcos são capazes de viajarem por todo o litoral sem mais problemas, a questão não são as distâncias, o problema é o tempo. E isto pode ser resolvido com a contratação de skippers, ou com a tripula fazendo trechos e ido revezando( um grupo leva, outro traz, etc), e com um planejamento a ser feito com a tripulação ajudando nas despesas, pois patrocínio só eutrocínio mesmo, pelo menos para mim. 
Tem que querer , esta é a primeira coisa.

A gente  mora no "u" do judas, em Vitóra-Es onde mal tem regata( e quando tem , são meia duzia de barcos NO MÁXIMO) , e que para a gente velejar de verdade tem que viajar , tem que velejar no oceano.

Olha o Roberto Bailly do Rio que veio da refeno num tiro só de 9 dias até Niteroi, isto é vontade, isto é exemplo. Por isto que ele vai ganhar todas as regatas que participar, idem para o Kan Chuh que é um monstro e dispensa comentários, também para a galera do Marujos de salvador, do Madame de Vitória e outros tantos que rodam mesmo por aí com pé na lata.

As vezes parece que tem um "muro" em Ilhabela, onde a grande maioria dos barcos não consegue passar para subir o litoral vindos do sul  , as vezes parece que tem outro no rio, que impede a saída dos barcos da baia de guanabara, além de outros muros destes pelos quatro cantos das marinas brasileiras...


Se analisarem as sumulas dos eventos brasil afora , verão que os barcos tem zonas de conforto, a maioria não sai para lugares a mais de 300 nm de casa..
 A maioria absoluta, lógico que existem as exceções e muitas são elas graças a Deus e a iniciativa de seus proprietários e tripulantes.. 

Os pouquíssimos barcos que estão viajando são sempre os mesmos, e na mesma proporção das maiorias das vezes quando não os mesmos absolutamente.

Falta acima de tudo é velejar, temos barcos de oceano não é mesmo? oceano lembra alto mar, viagens pelo mar afora, ira para longe...

Não estamos aqui fazendo palanque ou cena, estamos aqui como uma espécie de porta voz de Nelson Rodrigues, falando da vida como ela é, ou da vela como ela é.

Vejam os Franceses do que são capazes, e não precisa falar mais nada, eles velejam mesmo não é?!


Posso listar 100 motivos que nos impediriam de correr fora de casa, como qualquer um de nós: custo altos, falta de tempo, esposa, filho, emprego, sogra, patrão, dívidas, falta de treino , falta de tripulante, barco velho, dor de barriga etc, mas o bom mesmo é ir ver como é, participar e deixar os obstáculos para trás.

Eu adoro uma varanda, amo de paixão ficar tomando gelada e batendo papo no clube, quem não gosta??!!

Mas descobri que fazer isto em clube que fica mais longe de casa, conhecendo gente diferente, lugares diferentes , tendo trabalheira danada para ir e coisa e tal, é muito, mas muito mais gostoso.

um abraço e bons ventos a todos!

Vamos velejar de oceano no oceano?

Durante um bate papo com um velejador internacional, ele me disse um lance que achei interessante:
-"Rapaz, tem gente que corre uma regatinha de 2 horas de barla sota , a bordo de um veleirão de todo tamanho, sai do clube e volta pro clube sem nem se molhar e diz: 
- "Hoje eu velejei prabaralho!!"
E acha que é o maior velejador de oceano do mundo... e nem saiu do quintal de casa.

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