05/02/2013

Campeonato Brasileiro de C30, por Tarcísio Matos: Regata Longa.


Planadas no Norte da Ilha

As rajadas de vento Sul do início da tarde desta segunda feira ultrapassavam os 25 nós nas cercanias da Ilha do Arvoredo quando os primeiros C30 se preparavam para baixar os assimétricos e encarar o vento de proa que os levaria até a Ilha do Mata Fome, milhas ao sul.
Planada à planada, Loyal e Katana travaram uma briga tática desde o início da regata, 15 milhas antes. Marcelo Massa, comandante do barco paulista, dá o crédito da ultrapassagem sobre o barco de Fábio Fillippon ao conselho de André Fonseca, que os levou a optar pelo “caminho” da esquerda. “Fomos direto para o norte, jaibamos muito depois e chegamos no Arvoredo com vantagem. Depois foi administrar o contra vento”, avalia o vencedor da primeira regata da série que vai definir o campeão desta etapa do Brasileiro de C30.
O principal motivo que levou os dois barcos a montarem praticamente sozinhos a Ilha do Arvoredo foi a desatenção de metade da flotilha que, ao que parece, ansiosa para o início do torneio, partiu na largada errada.
A Comissão de Regatas definiu que os primeiros barcos a partirem para a regata de percurso seriam os inscritos na ORC, com os C30 logo em seguida, seis minutos depois. Mas não foi isto o que se viu. Dos que escaparam, Corta Vento foi o primeiro a retornar, assim que percebeu que Katana e Barracuda mantinham-se impávidos atrás da linha. Loyal, que também não interpretou corretamente os sinais da embarcação da juria, voltou e largou poucos segundos após o sinal para a Classe. Zeus e Kaikias, com os olhos na primeira boia, foram os últimos a perceber o erro e os mais prejudicados, amargando um longo retorno em contra vento para largar perto de dez minutos após o tiro, limite máximo de tolerância estabelecido nas instruções de regata.
“Mas na longa não larga todo mundo junto?”; “Eu pensava que sim, mas confesso que não olhamos para o quadro da CR”; “Não adianta reclamar, erramos e pagamos por isto”, eram as frases mais ditas e ouvidas no bar em frente à praia de Jurerê e no pátio da sede oceânica do Iate Clube de Santa Catarina – Veleiros da Ilha, clube de Florianópolis organizador do 26º Circuito Oceânico da Ilha de Santa Catarina, competição que abarca também esta etapa do Brasileiro de C30.
De volta à raia, desde o início, os dois ponteiros abriram certa vantagem em relação ao Barracuda, de Humberto Diniz, e Corta Vento, de Carlos Augusto Matos, que formaram um pelotão intermediário. Eram seguidos, ainda que de longe, por Zeus e Kaikias, barco que viria a ser a única baixa da competição. Uma avaria na adriça do gennaker, por boreste da Ilha do Francês, impediu a tripulação de baixar a vela e fez com que o C30 03, de Rogério Capella, retornasse à poita sem sentir o gosto do mar aberto.
 Foi uma regata rápida. As quase 40 milhas foram cumpridas pelo vencedor em 4 horas e 46 minutos, com média perto dos 9 nós. Levando-se em consideração o trecho de dez milhas de contra vento, entre as ilhas de Arvoredo e Mata Fome, a média de velocidade do C30 subiria para 10 nós.
Após a largada, em frente ao badalado balneário de Jurerê Internacional e com os balões armados, os barcos foram levados a montar uma boia posicionada 1,5 milhas ao norte, retornar em contra vento até outra boia junto à fortaleza de São José da Ponta Grossa e fazer um través apertado em direção à Ilha do Francês. Deixá-la por boreste e mirar a proa na boia localizada em Cachoeira do Bom Jesus, proporcionando um belo desfile de velas para os veranistas do balneário de Canasvieiras. A partir daí, marzão!
A perna da Cachoeira do Bom Jesus até a Ilha do Arvoredo garantiu os momentos de maior êxtase para os tripulantes dos barcos que se mantinham na regata, com a velocidade dos C30 beirando os 20 nós nas planadas proporcionadas pelas rajadas mais fortes e as ondas mais longas. O contra ponto foi a perna seguinte, entre Arvoredo e Mata Fome, 10 milhas de “vento na cara” e muita água sobre o convés. Antes, no canal entre as Ilhas do Arvoredo e Deserta, o Zeus teve que resolver problemas com a genoa 3 que se recusava a se manter na calha do estai de proa. Foi apenas no trecho de través folgado entre a ponta norte da Ilha de Santa Catarina e a ilha do Francês que aconteceu a única alteração das posições, com o Zeus ultrapassando o Corta Vento. “Foi no sufoco, os barcos andam juntos e ganhar uma posição é sempre muito difícil, precisa de muita luta”, admite o comandante Inácio Vandresen.
E assim terminou a regata: Loyal em primeiro, três minutos a frente de Katana. Barracuda foi o terceiro a cruzar a linha, 12 minutos depois, e com dois de vantagem para o Zeus, que precisou fazer forte marcação ao Corta Vento perto da chegada, para garantir seus dois minutos de vantagem sobre o quinto colocado. A tripulação do Kaikias assistiu de camarote a chegada a partir do bar do ICSC.
As demais classes que disputam o 26º Circuito Oceânico da Ilha de Santa Catarina apresentam os seguintes líderes: ORC – Miragem; BRA-RGS A- Bruxo; BRA-RGS B – Nemo; Clássicos – Cairu; Bico de Proa A – Xamego e Bico de Proa B – Blue.

Nesta terça feira, se as condições forem favoráveis, serão realizadas duas regatas barla-sota, com largada prevista para às 12 horas. A previsão indica vento leste, entre 7 e 10 nós de intensidade no horário das provas.

O Circuito Oceânico da Ilha de Santa Catarina é organizado pelo Iate Clube de Santa Catarina – Veleiros da Ilha e Flotilha Catarinense de Veleiros de Oceano e segue até o dia 7 de Fevereiro na raia de Jurerê. Conta 30 barcos inscritos nas classes C30, ORC Internacional, BRA-RGS, Clássicos e Bico de Proa. Além do Brasileiro de C30, a competição também é palco do Campeonato Brasileiro da Classe ORC.

Tarcísio Mattos
Ass. Imp. Classe C30

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