Por Renato Avelar, Avelok the Yacht Man.
Prezados amigos nautas e amantes da vela de plantão, confesso aos amigos que as atividades por aqui não estavam das mais laborais, dado o crescimento do facebook perdemos um pouco da pegada na revista escrita, de um momento para o outro parece que ninguém tem mais paciência de ler nada além de um post, numa dinâmica do excesso de informação sem conteúdo, viral, virótica e viciante, tal como algo que faz mal e não se larga.
Hoje , por cargas do destino que nos rege, ou melhor pelas cargas da Deusa Fortuna, inicio a publicação de uma série de posts sobre o maior velejador que o Brasil já teve em sua época , um cara que se estivesse vivo seria uma lenda viva, haja vista o rol de prêmios internacionais que arrebatara numa época em que o esporte era amador, olha só isto:
11 vezes Campeão Paulista Finn(*)
8 vezes Campeão Brasileiro Finn(*)
3 vezes Campeão Sul-americano Finn
2 vezes Campeão Norte Americano Finn
3 vezes Campeão Mundial Finn
2 vezes Vice-campeão Mundial Finn
2 vezes Campeão Jogos Pan-americanos Finn
1 vez Campeão África do Sul Finn
1 vez Vice-campeão Europeu Finn
1 vez Vice-campeão Mundial Star
1 vez Campeão Norte Americano Star
2 vezes Campeão Bacardi Cup Star
1 vez Campeão Semana de Kiel Star
1 vez Campeão Copa Ouro Brasil-Argentina Star
2 vezes Campeão Sul-americano Star
1 vez Vice-campeão Europeu Star
3º lugar Campeonato Mundial Soling
1 vez Campeão Internacional Marstrand Soling
Que tal cara pálida!!??? isto sem contar os títulos nacionais.
Pois bem mes amis, o destino trouxe ao meu encontro o proeiro da lenda, do mito Bruder, e aos poucos, como em um vinho refinado, vamos saborear as postagens e reviver uma época que o esporte era praticado por nobres, e príncipes literalmente, a exemplo dos príncipes da dinamarca e da espanha que disputaram aquela longínqual semana de Kiel em 1972, ilustrando com pincéis de um mestre as palavras que seguem neste post da meia noite, chega então de Jeb Jeb e começemos os trabalhos:
Vai aqui o primeiro texto de Jan, um Nipo Holandês Brasuca, que era carinhosamente chamado por Bruder de Karatê.
Sem churumelas ou delongas, vamos então começar nosso encontro com a Lenda! segue o primeiro texto:
"Bruder velejava com grande maestria na técnica e na tática, sempre com uma atitude séria e
competitiva. Conhecia e desenvolvia o seu Finn, criando detalhes de peças e trabalhava
obcecadamente desenvolvendo menor peso e a melhor performance de flexão nos mastros
de madeira. Além disso, Bruder tinha muita força física e preparava-se com treinos de
permanência na escora em uma cadeira adaptada em sua casa.
No Brasil, além de ser professor de Geologia na Universidade de São Paulo, fabricava
mastros, retrancas e outras peças em madeira e alumínio. Bruder desenvolveu os mastros
de alumínio da classe Finn nas instalações da Tecelagem Santa Constância de seu amigo
Dino Pascolatto. Também tinha como amigo e parceiro comercial o fabricante de vela
austríaco Hubert Raudaschl.
Nos anos 60, depois de velejar de Iole Olímpico por algum tempo, despontou na classe Finn
vencendo o Campeonato Paulista por 9 vezes seguidas com grandes adversários como
Claudio Biekarck e Alex Welter, além de tantos outros. Participou de grandes campeonatos
no exterior, sendo 2 vezes campeão nos Jogos Pan-Americanos e foi Tri-Campeão Mundial
de Finn em seu barco, o “Neguinho”, numeral BL3.
Joerg Bruder começou a velejar internacionalmente na classe Star em 1971. Foi ao Mundial
na Venezuela com Claudio Biekarck na proa, seu grande adversário local na classe Finn e
terminaram como vice-campeões. Isso animou Bruder a escolher o Star para participar dos
Jogos Olímpicos de 1972. Além disso, Bruder estava decepcionado pela decisão dos
organizadores de fornecerem barcos da classe Finn o que impediria de usar seu próprio
equipamento.
Bruder então convidou Jan Aten, um velejador de Finn como proeiro. Utilizando o “Buho
Blanco”, numeral BL 5217, um Star de madeira adquirido no México, venceram o
Campeonato Brasileiro e 7º Distrito de Star no Rio de Janeiro. Em seguida foram campeões
na Semana de Kiel 1972 tendo 60 adversários da vela mundial na época que disputavam
vagas por seus países e desejavam competir nos Jogos Olímpicos, como Willy Kuhweide,
Escrito em 2009 por Jan Aten (jwaten@hotmail.com)
Alan Holt, H. Raudaschl, Uwe Mares, Flavio Scala, David Forbes, Stuart Jardine, David
Knowles e Pelle Petterson.
Bruder trabalhava diariamente para desenvolver detalhes nos mastros, no casco do barco e
nas velas. Criou uma peça de “self-tack” de buja na classe Star, uma inovação que permitia
bordejar rapidamente para vencer duelos de contra vento especialmente em ventos fortes.
Bruder e Aten treinavam em dias da semana na Represa Guarapiranga em São Paulo, com
o barco do Dino Pascolatto, montado similarmente ao “Buho Blanco” então na Alemanha.
Rebocavam o Star com o pequeno VW Variant na madrugada de sábados e voltavam no
domingo á noite depois de treinar na raia fora da Baía de Guanabara.
Bruder não se preocupava muito com a beleza e arrumação do barco, mas com a
performance e simplicidade de manobras. Um dia em Kiel, Paul Elvstrom, que velejava
então de Soling, veio ao “Buho Blanco”, subiu no trailer, olhou dentro do cockpit e vendo que
o barco era de madeira, exclamou: “How is it possible that this boat sails so fast?” (Como é
possível que este barco anda tão rápido?)
Em Kiel, durante Agosto e Setembro de 1972 quase todos os dias pela manhã e noite, Jan
Aten lixava o Star dentro da água gelada com roupa de borracha, limpando o casco, o leme
e a quilha, buscando maior velocidade. Preferiam os ventos fortes, ouvir mastro e estai
amento “zumbir” no vento, e a madeira do casco “ranger” nas ondas. “Planar” nas pernas de
través e de popa com gaibes rápidos era a especialidade.
Nas regatas em Kiel os ventos fracos dominaram os primeiros dias prejudicando a
expectativa e o material escolhido na medição. E o atentado em Munique interrompeu a
seqüência de regatas. Mas, após alguns resultados ruins Bruder e Aten conseguiram uma
Escrito em 2009 por Jan Aten (jwaten@hotmail.com)"
Continua...
Disseminar as informações contribuem para a cultura náutica e mentalidade marítima, bons ventos. http://conhecimentonauticorascx.blogspot.com.br/2014/04/navegue-como-o-poder-da-visualizacao.html
ResponderExcluirConhecer a história da náutica é o primeiro passo para alavancar uma metodologia de ensino para os novos velejadores, a cultura náutica e mentalidade marítima irá desenvolver por este caminho, bons ventos http://conhecimentonauticorascx.blogspot.com.br/2014/01/o-veleiro-finn-e-o-icone-da-vela.html
ResponderExcluirCongrats Jan, belo texto .. fantástica resenha de fatos, e um aloha sempre ao Brudulão .. Master Sailor, Legend and friend ... :-)
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