A base do P.O.I.T( posto oceânico da ilha da trindade) possui ótima infra-estrutura, e tem o aspecto de uma pequena vila perdida no meio do Atlântico, o que é aliás sem sobra de dúvidas.
Logo na chegada, no ponto de desembarque da cabrita está aguardando os “chegantes” um pitoresco escafandro, como que um boneco em tamanho real, que porta um placa em uma das mãos com os dizeres:
-“Cheguei, sou voluntário!”
Caminhando alguns metros avistamos a academia “Sopapo”, mais uma centena de metros a horta “esperança”, e mais adiante uma arvore de natal cheia de poitas, poitas que vão dar nas praias da ilha , perdidas por barcos em sua maioria japoneses, que pescam ilegalmente em nossa costa e em águas internacionais, e que viram , com o bom humor irreverente dos ilhéus, uma árvore de Natal temática.
Depois de desembarcarmos , saímos para fazer uma caminhada na Ilha, acompanhados pelo sub-comandante da base, saímos no sentido sul, passamos pela praia das Tartarugas, pela praia da Parede de vulcão, e fomos até o túnel do “bauducão”, passando pelas piscinas naturais, onde tomamos um delicioso banho de mar.
Em trindade as tartarugas tem um tamanho de uma mesa de 6 lugares, e se encontram os rastros delas por toda a praia.O tamanho de suas pegadas, ou melhor “rastros” e o também de seus ninhos é de dar medo, parece coisa de dinossauro.
Quando estávamos a bordo do veleiro , rumando da enseada dos príncipes rumo a enseada dos portugueses, vimos algumas delas nadando embaixo do barco, indescritível.
Uma pena elas só chegarem a praia durante a noite, mas como falei anteriormente, com uma dose de sorte avistamos algumas.
No caminho de volta a Vitória , vimos também um cardume de golfinhos, que nos presenteou e nos acompanhou por boa parte do dia .
O contato com a natureza nos deixa Zen, veja só que interessante:
Ver o sol nascer , o sol se por , ver a lua minguando , ver o mar infinito, sentir o vento lhe envolvendo, tudo isto não tem preço.
A gente entra numa sintonia, saca o movimento do mundo, sente a presença da terra no universo.
A técnica é simples:
- de manhã, vc vê o sol despontar a leste, lá pelas 5 e meia da manhã, bem na proa( na ida), só mar ao través e popa, céu e mar.
Rumamos em sentido do sol, indo literalmente atrás dele. Ele sobe e vc avança, corre por sobre você o dia todo e... de repente ele se põe na sua popa, bem a oeste.Realizando com num moto contínuo, seu movimento eterno , preciso e singular.
Depois vem a noite ( dia 18 a largada foi dada em lua cheia), no primeiro dia ela apareceu as 7 , 7 e meia da noite, e dia após dia acompanhamos sua evolução.
Ao cair da noite o céu fica escuro como breu, não dá para ver absolutamente nada, tudo é preto, neste momento você fica em companhia das estrelas, no primeiro dia um pouco timidas, mas a medida que nos enfiávamos mar a dentro , longe das cidades e seus clarões, isolados no meio ocenao o céu rapidamente se transforma.
Ficávamos aguardando a chegada da lua, como um espetáculo com hora e lugar marcado.
A cada dia a bela dama vai diminuindo o tamanho de seu rosto e atrasa para o encontro em exatos 40 minutos.
No final dos 13 dias de viagem , ela desapareceu, não veio ao encontro, iluminar o nosso caminho, dar luz as trevas da noite oceânica, todavia , mesmo assim mandou um pouco de sua claridade por trás do horizonte, nos deixou a vontade para flertarmos com as estrelas.
A cada dia acompanhei o nascer do sol, o pôr do sol, o cair da noite , a nascer da lua, as estrelas e constelações que já reconheço com facilidade, enfim acompanhei o mundo girar, simples não?!
O RETORNO.
Ficamos na ilha da madrugada de domingo até as 2;45 da madrugada de segunda feira, quando partimos deste ponto longínquo, fantasmagórico e maravilhoso.
Zarpamos da enseada do príncipe deixando para trás a âncora danfort de 20 kilos que havíamos lançado no meio da tarde, deixamos uma poita presa a ela, quem sabe no ano seguinte ainda nos aguardaria??
A F.D.P da âncora agarrou no fundo de areia e pedras , tentamos todas as manobras possíveis com o potente motor do Starcut, mas só seria possível retira-la mergulhando, e de noite, numa escuridão intensa, com o mar cheio de tubarões , e uma correnteza enorme, quem se habilita??, ta louco!!! deixa para lá, marcamos o ponto dela no gps e fomos embora.
Já em Vitória fomos surpreendidos pela tripulação do “ Mar sem fim” que havia resgatado a nossa âncora e nos entregado em mãos , em casa. Coisas de Thomas Lipton.
Cruzamos a proa do Tridente com um vento fresco de cerca de 15 nós, e dada a largada o cronômetro dispara em um regata contra o relógio.
Uma semana e um dia depois da largada , exatas 2;45 da manhã.
Velejamos todo o tempo com ventos pelo través, o que fez com que a regata adquirisse um aspecto mais esportivo e menos aventureiro/sôfrego, que na ida quase um teste de resistência física..
Com ventos favoráveis o barco surfou as ondas do atlântico cruzando no paralelo 20 as longitudes de 40 a 31 graus, numa velog de 6 a 9 nós.
Ondas grandes, bons ventos, o que mais poderíamos querer para vejelar?
Durante a tarde do segundo dia do retorno,ficamos encalmados, sem vento nenhum , durante pelo menos umas 3 intermináveis horas, é TERRÍVEL, super SACAL! O barco joga de um lado a outro, sacode a vera mas não sai do lugar.
Ao cair da tarde , com a queda da temperatura entrou uma brisa e o rajadão starcut voltou a singrar bonito.
Velejamos noite e dia, dia e noite, sempre com um timoneiro tirando o máximo em parceria com um trimer, que seguia regulando as velas, regata 24 horas por dia, á vera.
O tempo todo um tira e põe de velas que não se tem idéia, trabalho mesmo.Tira genoa, coloca balão, tira balão coloca genoa, quebra adriça sobe no mastro( c/ barco andando a mil ...).
O Arturo subiu no mastro 4 vezes para acertar a adriça, com um vento de 20 nós e ondas de 3 metros da altura.
Alías nas empopadas, nos ventos favoráveis, foi quebrando um monte de coisa do barco, toda hora uma besteira , primeiro a adriça, depois o garlindéu do pau de spy , depois o sistema de fixação dos moitões do traveller, depois o preventer, em seguida uma escota puída, a assim foi indo e a gente vendo o lindo e luxuoso benetau se transformando num verdadeiro laboratório de aparatos técnicos( gambiarras).
Apesar dos pequenos percalços o percurso de volta foi uma delícia, deu para curtir cada segundo no barco, timonear, surfar aquelas ondas, sentir a natureza, sentir o organismo, o próprio corpo se regenerando , se tonificando, a plena saúde do corpo e da alma.
No último dia de viagem , a noite começou com um ventão do caramba, balão em cima, e o barco se demonstrou excelente em...:- cavalos de pau, atravessava com uma facilidade incível, tinha que ficar vivo no leme senão era, plá-pla-plá, a vela chicoteando a mil até retomarmos o rumo novamente.
Céu estrelado, o barco deslizando, zunindo, todos dando o máximo de si , empenhados, fazendo cáculos de tempo para ver saber de nossas possibilidades com nossos concorrentes( curumi e shaltz).
Precisávamos chegar até as 9 da manhã para ganharmos as 12 horas que perdemos na ida e faturarmos a regata, recuperávamos hora por hora , dia por dia, o andamento estava excelente.
Tudo indo muito bem, a média, o rumo certinho e vento a vontade.
Cansado fui dormir as 2 e meia da manhã, ao término do meu quarto, ansioso por acordar e acompanhar a aproximação da terra.
Acordei com aquele sacode, pá ... pou... cleeeeeeeks.. pá.. calmaria total, boiávamos no meio do mar, que estava super mexido. Que merda!
A nossa previsão de chegada passara de 9 da manhã para as 13 horas, e a nossa colocação já era, mas mesmo assim fomos em frente com o astral de campeões pois cientes estávamos de todo esforço que fizemos em prol da performance.
Momentos finais.
9;45, entra um brisa de 4 nós e começamos a nos deslocar devagarzinho.
Como não tinha há muito o que ser fazer, a não se esperar, preparei a última refeição disponível a bordo, interessante pois acertamos a conta do rancho na mosca, ao abrir a lata de feijoada e prepara-la com alguns ingredientes extras como alho, cebola, bacon etc., tal como um arroz , terminava ali o nosso estoque de comidas.
Apriveitamos para tomar nnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn banhos de água doce, no banheiro e tudo, e depois todos colocamos nossas roupas de gala limpinhas , prontos e ansiosos para chegarmos ao porto.
Já avistávamos o mestre álvaro desde o começo da manhã, que aos poucos com o vento entrando e entrando , foi se aproximando rapidamente, e no comecinho da tarde entramos empopados de balão na rota da praia de camburi, onde já nos esperava Alexandre Negão em seu “melhora”, apontamos para o clube ansiosos para chegar, e nos metros finais ainda rompemos o pau de spy ao meio.
Continua, mas é finalnzinho.
Logo na chegada, no ponto de desembarque da cabrita está aguardando os “chegantes” um pitoresco escafandro, como que um boneco em tamanho real, que porta um placa em uma das mãos com os dizeres:
-“Cheguei, sou voluntário!”
Caminhando alguns metros avistamos a academia “Sopapo”, mais uma centena de metros a horta “esperança”, e mais adiante uma arvore de natal cheia de poitas, poitas que vão dar nas praias da ilha , perdidas por barcos em sua maioria japoneses, que pescam ilegalmente em nossa costa e em águas internacionais, e que viram , com o bom humor irreverente dos ilhéus, uma árvore de Natal temática.
Depois de desembarcarmos , saímos para fazer uma caminhada na Ilha, acompanhados pelo sub-comandante da base, saímos no sentido sul, passamos pela praia das Tartarugas, pela praia da Parede de vulcão, e fomos até o túnel do “bauducão”, passando pelas piscinas naturais, onde tomamos um delicioso banho de mar.
Em trindade as tartarugas tem um tamanho de uma mesa de 6 lugares, e se encontram os rastros delas por toda a praia.O tamanho de suas pegadas, ou melhor “rastros” e o também de seus ninhos é de dar medo, parece coisa de dinossauro.
Quando estávamos a bordo do veleiro , rumando da enseada dos príncipes rumo a enseada dos portugueses, vimos algumas delas nadando embaixo do barco, indescritível.
Uma pena elas só chegarem a praia durante a noite, mas como falei anteriormente, com uma dose de sorte avistamos algumas.
No caminho de volta a Vitória , vimos também um cardume de golfinhos, que nos presenteou e nos acompanhou por boa parte do dia .
O contato com a natureza nos deixa Zen, veja só que interessante:
Ver o sol nascer , o sol se por , ver a lua minguando , ver o mar infinito, sentir o vento lhe envolvendo, tudo isto não tem preço.
A gente entra numa sintonia, saca o movimento do mundo, sente a presença da terra no universo.
A técnica é simples:
- de manhã, vc vê o sol despontar a leste, lá pelas 5 e meia da manhã, bem na proa( na ida), só mar ao través e popa, céu e mar.
Rumamos em sentido do sol, indo literalmente atrás dele. Ele sobe e vc avança, corre por sobre você o dia todo e... de repente ele se põe na sua popa, bem a oeste.Realizando com num moto contínuo, seu movimento eterno , preciso e singular.
Depois vem a noite ( dia 18 a largada foi dada em lua cheia), no primeiro dia ela apareceu as 7 , 7 e meia da noite, e dia após dia acompanhamos sua evolução.
Ao cair da noite o céu fica escuro como breu, não dá para ver absolutamente nada, tudo é preto, neste momento você fica em companhia das estrelas, no primeiro dia um pouco timidas, mas a medida que nos enfiávamos mar a dentro , longe das cidades e seus clarões, isolados no meio ocenao o céu rapidamente se transforma.
Ficávamos aguardando a chegada da lua, como um espetáculo com hora e lugar marcado.
A cada dia a bela dama vai diminuindo o tamanho de seu rosto e atrasa para o encontro em exatos 40 minutos.
No final dos 13 dias de viagem , ela desapareceu, não veio ao encontro, iluminar o nosso caminho, dar luz as trevas da noite oceânica, todavia , mesmo assim mandou um pouco de sua claridade por trás do horizonte, nos deixou a vontade para flertarmos com as estrelas.
A cada dia acompanhei o nascer do sol, o pôr do sol, o cair da noite , a nascer da lua, as estrelas e constelações que já reconheço com facilidade, enfim acompanhei o mundo girar, simples não?!
O RETORNO.
Ficamos na ilha da madrugada de domingo até as 2;45 da madrugada de segunda feira, quando partimos deste ponto longínquo, fantasmagórico e maravilhoso.
Zarpamos da enseada do príncipe deixando para trás a âncora danfort de 20 kilos que havíamos lançado no meio da tarde, deixamos uma poita presa a ela, quem sabe no ano seguinte ainda nos aguardaria??
A F.D.P da âncora agarrou no fundo de areia e pedras , tentamos todas as manobras possíveis com o potente motor do Starcut, mas só seria possível retira-la mergulhando, e de noite, numa escuridão intensa, com o mar cheio de tubarões , e uma correnteza enorme, quem se habilita??, ta louco!!! deixa para lá, marcamos o ponto dela no gps e fomos embora.
Já em Vitória fomos surpreendidos pela tripulação do “ Mar sem fim” que havia resgatado a nossa âncora e nos entregado em mãos , em casa. Coisas de Thomas Lipton.
Cruzamos a proa do Tridente com um vento fresco de cerca de 15 nós, e dada a largada o cronômetro dispara em um regata contra o relógio.
Uma semana e um dia depois da largada , exatas 2;45 da manhã.
Velejamos todo o tempo com ventos pelo través, o que fez com que a regata adquirisse um aspecto mais esportivo e menos aventureiro/sôfrego, que na ida quase um teste de resistência física..
Com ventos favoráveis o barco surfou as ondas do atlântico cruzando no paralelo 20 as longitudes de 40 a 31 graus, numa velog de 6 a 9 nós.
Ondas grandes, bons ventos, o que mais poderíamos querer para vejelar?
Durante a tarde do segundo dia do retorno,ficamos encalmados, sem vento nenhum , durante pelo menos umas 3 intermináveis horas, é TERRÍVEL, super SACAL! O barco joga de um lado a outro, sacode a vera mas não sai do lugar.
Ao cair da tarde , com a queda da temperatura entrou uma brisa e o rajadão starcut voltou a singrar bonito.
Velejamos noite e dia, dia e noite, sempre com um timoneiro tirando o máximo em parceria com um trimer, que seguia regulando as velas, regata 24 horas por dia, á vera.
O tempo todo um tira e põe de velas que não se tem idéia, trabalho mesmo.Tira genoa, coloca balão, tira balão coloca genoa, quebra adriça sobe no mastro( c/ barco andando a mil ...).
O Arturo subiu no mastro 4 vezes para acertar a adriça, com um vento de 20 nós e ondas de 3 metros da altura.
Alías nas empopadas, nos ventos favoráveis, foi quebrando um monte de coisa do barco, toda hora uma besteira , primeiro a adriça, depois o garlindéu do pau de spy , depois o sistema de fixação dos moitões do traveller, depois o preventer, em seguida uma escota puída, a assim foi indo e a gente vendo o lindo e luxuoso benetau se transformando num verdadeiro laboratório de aparatos técnicos( gambiarras).
Apesar dos pequenos percalços o percurso de volta foi uma delícia, deu para curtir cada segundo no barco, timonear, surfar aquelas ondas, sentir a natureza, sentir o organismo, o próprio corpo se regenerando , se tonificando, a plena saúde do corpo e da alma.
No último dia de viagem , a noite começou com um ventão do caramba, balão em cima, e o barco se demonstrou excelente em...:- cavalos de pau, atravessava com uma facilidade incível, tinha que ficar vivo no leme senão era, plá-pla-plá, a vela chicoteando a mil até retomarmos o rumo novamente.
Céu estrelado, o barco deslizando, zunindo, todos dando o máximo de si , empenhados, fazendo cáculos de tempo para ver saber de nossas possibilidades com nossos concorrentes( curumi e shaltz).
Precisávamos chegar até as 9 da manhã para ganharmos as 12 horas que perdemos na ida e faturarmos a regata, recuperávamos hora por hora , dia por dia, o andamento estava excelente.
Tudo indo muito bem, a média, o rumo certinho e vento a vontade.
Cansado fui dormir as 2 e meia da manhã, ao término do meu quarto, ansioso por acordar e acompanhar a aproximação da terra.
Acordei com aquele sacode, pá ... pou... cleeeeeeeks.. pá.. calmaria total, boiávamos no meio do mar, que estava super mexido. Que merda!
A nossa previsão de chegada passara de 9 da manhã para as 13 horas, e a nossa colocação já era, mas mesmo assim fomos em frente com o astral de campeões pois cientes estávamos de todo esforço que fizemos em prol da performance.
Momentos finais.
9;45, entra um brisa de 4 nós e começamos a nos deslocar devagarzinho.
Como não tinha há muito o que ser fazer, a não se esperar, preparei a última refeição disponível a bordo, interessante pois acertamos a conta do rancho na mosca, ao abrir a lata de feijoada e prepara-la com alguns ingredientes extras como alho, cebola, bacon etc., tal como um arroz , terminava ali o nosso estoque de comidas.
Apriveitamos para tomar nnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn banhos de água doce, no banheiro e tudo, e depois todos colocamos nossas roupas de gala limpinhas , prontos e ansiosos para chegarmos ao porto.
Já avistávamos o mestre álvaro desde o começo da manhã, que aos poucos com o vento entrando e entrando , foi se aproximando rapidamente, e no comecinho da tarde entramos empopados de balão na rota da praia de camburi, onde já nos esperava Alexandre Negão em seu “melhora”, apontamos para o clube ansiosos para chegar, e nos metros finais ainda rompemos o pau de spy ao meio.
Continua, mas é finalnzinho.
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