14/09/2009

O Dinge.


Na época, eu tinha em sociedade com Roberto, Comandante reformado da Marinha de Guerra, colega de empresa e parceiro no Snipe, um veleiro antigo, de 1966, Norueguês, da classe "ARIETTA", cuja foto e linhas do casco envio anexados. Chamava-se "DINGE" e ficava em Angra no Bracuhy. Depois de quase 8 anos singrando pelo circuito Angra - Ilha Grande - Paraty, deixar o barco naquela marina tornou-se muito caro e decidimos levar o DINGE para o Rio onde ficaria no Iate Clube dos militares, o Charitas, com custo bem menor.Ao meio dia, singramos do Bracuhy para Ilha Grande onde faríamos pernoite na Enseada das Palmas para proseguir no dia seguinte.Amanheceu um dia lindo, sem nuvens vento e mar de almirante; partimos cedo rumo ao Rio, bordejando ao largo da Restinga da Marambaia, ouvindo música na FM Rádio Cultural.Prevíamos chegar ao rio à noite mas com a forte correnteza e ventos fortes de prôa fazíamos pouco progresso. Tarde da noite ainda nos encontravamos na altura da Pedra de Mangaratiba com navegação perigosa perto de muitas pedras e baixas. Decidimos então dar um "bordo da África, ou seja, rumo Leste a noite toda, para então quando amanhecesse, mudaríamos de bodo rumo ao Rio.Isto feito, depois de muita cerveja, o Roberto ficou no leme e eu entrei na cabine para dormir. De madrugada, em sono profundo, escuto Roberto gritar me chamando; acordei assustado, meio tonto, e quando fui para o cockpit Roberto me mostrou, bem na prôa um objeto muito estranho, côr de laranja; não era embarcação nem luz artificial. Tinha a forma de um sorriso do tipo daquele gato do "Alice no país das maravilhas". Ficamos olhando para aquela aparição misteriosa tentando entender o que era aquilo - seria algum fenômeno náutico desconhecido, um UFO?De repente, caí na gargalhada pois a "ficha caíra": era a lua crescente nascendo bem finiha, côr de laranja e bem na horizontal. Rimos um bocado e ficamos maravilhados com aquela coisa linda crescendo à nossa frente, alegrando a nossa dura madrugada de vento contra.
Voltei a dormir e quando acordei, agora era a vez do astro rei nascer. Aos primeiros raios do sol, vimos que estávamos na altura do Rio mas umas vinte milhas ao largo. Mudamos de bordo e quando chegamos na altura da Barra da Tijuca decidimos ligar o motor e ir direto para o Bracuhy, onde chegamos logo após o meio dia.Fora impossível captar em foto aquele breve instante mágico no meio da madrugada, mas, definitivamente, ele está bem registrado na nossa memória.Forte Abraço e Bons Ventos,Mario Aguirre - SIRIUS III - Delta 26

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