Hoje vamos discorrer sobre assuntos agradabilíssimos, a
formação do time fantasma, e a tradicional Volta da Taputera, que este
ano foi ealizado pela 58ª vez, e teve sua estréia em 1948.
Uma regata dificílima,
complicada já começando pelo nome com nome que mais parece um palavrão. Com uma fonética sonoridade, palavrão como que se saísse da boca e quicasse no chão e logos depois desse um pulo apontando o
dedo na cara de algum chato de plantão.
Como a pauta é vasta, comecemos com os pormenores:
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Serginho Rossi e Marison Degino |
-Taputera significa pedra submersa em Tupi Guarani, e é nome dado
a uma pedra que se “esconde” sob a linha d’água no secular porto da terceira
capital mais antiga do país, pedra esta que fica ali como quem não quer nada, não cria limo pela forte correnteza e que fica estática vendo o vai e vem do porto.. Rocha que testemunhou Piet Heinz ser achacado pela
meretriz Maria Ortiz , e ver sua horda de piratas holandeses invasores das terras
do divino Espírito Santo humilhados e encrencados até os nabos , tal como o famosíssimo
inglês "mau que se deu mal", o temido e sanguinário Thomas Cavendish que tomou um cacete brabo por aqui
quando de sua tentativa de saque após um bem sucedido ataque ao porto de Santos,
diz a lenda que o homem se matou pelo vexame que passou pelas terras do céu
branco, rosa e azul.
O elemento que detonou com ele foi a perda do fator
surpresa na invasão, pois um de seus navios encalhou na entrada do canal dando
tempo para a população se organizar, entre índios, portugueses e capixabas,
juntos massacrarem os ingleses.
Os encalhes alias muito comuns até os dias de
hoje, e que juntamente com as sombras de vento e a correnteza do canal são os
senhores absolutos e temerários desta regata.
Pois bem, pois bem ... conforme a tradição narrativa chega a
hora de darmos um basta neste jeb jeb e sem mais delongas , passados os acepipes
do começo da festa que preparo nestas linhas para os amigos, e passarmos para a
pauta da crônica, a formação do time fantasma e a 58 ª volta da taputera chegando ao prato quente....
Uma lasanha. Não mais que uma lasanha.
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a ultrapassagem no penedo, Lucky assume a ponta, mas por pouco tempo, logo seria ultrapassado pelo phantom of the opera. |
Este foi o enredo onde formou-se o embrião deste time:
-Num começo de tarde qualquer em meados do ano passado, me sentei com
meu velho amigo Marcelo Gama para comermos uma lasanha no tradicional
restaurante Oriundi para tratarmos de um assunto onde eu seria o consultor de
meu camarada: a compra de um veleiro.
Seu objetivo máximo naquele momento, assim peço licença para mais um floreio no enredo faço um
parêntese aqui para apresentar melhor o Marcelo aos leitores:
-Parceiro desde as
épocas que ele e mais um sócio tinham um minúsculo trailer de hambúrgueres na
esquina de minha casa em jardim da penha, num terreno baldio, empreendedor
nato, hoje proprietário da rede de agências de operadoras de turismo Tourlines,
amigo e conselheiro, nauta de paixão
desde os tempos do primeiro título estadual no Sir Wallace em 2005 , primeiro
patrocinador que tive, sendo ainda quem me proporcionara através da permuta de
patrocínio a inesquecível viagem ao Amsterdam sail 2005, velejador sem muita
experiência mas com muitas ganas de aprender, que passara um susto na regata do
estadual de 2008 quando tomamos uma homérica porrada do veleiro Albatroz de
Ricardo Muller( que vinha sem direito), que lançou Marcelo pra fora do barco no impacto e quem nem por
isto se abalou, velejador que foi atingido pelo burro num jibe no estadual de
2005 num vento de 33 nós e manteve-se forte e inteiro apesar da pancada(
guerreiro!!), uma parceiro que inventou o termo “cozinheiro de contra vento”
durante a regata Santos Rio 2010, quando corremos numa linda performance
conquistando um segundo lugar na RGS A , chegando à frente do Malbec 36 Jazz e
debaixo de 43 nós de vento na chegada ao Rio de Janeiro, num velejo de 50 horas sorvendo
as mais finas iguarias que ele preparava a bordo e nos enviava com toques
requintados até na apresentação dos pratos para cockpit e seus famintos tripulantes de plantão, isto foi durante toda a regata,
dia ou noite, que foi de contra vento até a barra da tijuca, enfim um cara para
se ter a bordo, um amigo para se ter ao lado.
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lARGADA |
Pois bem naquela conversa, eu propus a ele que ao invés de
comprar um barco compraria metade do phantom of the opera, e eu com os
recursos poderia adquirir um monotipo HPE 25 que tanto despertara meu interesse
após a viagem a Espanha em visita a Jesús Soares, pra correr de monotipo j80,
juntamos a fome com a vontade de comer, e para ser sincero a lasanha a Bolognesi
do Oriundi sacia qualquer apetite, de guloso ou de gourmet, e assim surgiu a
idéia de termos um time de vela para saciar nossa fome.
Dividiríamos a tripulação, chamaríamos mais pessoas para
fazer parte do time e promoveríamos os reservas a titulares, um de nossos
amigos e tripulantes também compraria mais um HPE , e assim o segundo passo foi
dado: O milagre da multiplicação dos tripulantes!
Pronto agora somos 10 e as vezes 11 caboclos na água, só na
equipe fantasma , fora o Lucky que como disse faz parte do grupo, ( e sempre
será o tático/engenheiro/trimmer/nerd de todos nós) e montou outro time parceiro para correr em
seu lindo HPE Azul “Azurro”, mais quatro almas.
Ainda vai ter o Fabiano, meu sócio na Locamaxx e grande
timoneiro que está finalizando o seu 33 pés para encher mais ainda a raia!
Pretendemos num
futuro ultra ambicioso chegarmos as classes de ponta como C30 ou ( sonho??!!) o
S40, será?
-Vamos tentar com força.
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PHANTOM OF THE OPERA |
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FLYING PHANTOM |
Pois bem, aí para a coisa engrossar o caldo, este ano voltou
para Vitória nosso grande amigo : o Lêra (Allan Haynes Jr) filho de velejador
parceiro de Morris o “magnífico”, mas sem experiência no mar, que estava
implantando na capital capixaba uma bar/restaurante de alto nível o TAj Vix, e resolver não
só nos patrocinar , como também fazer parte da tripulação, bingo!
A primeira reunião templária do grupo de cristãos de nosso
senhor Jesus Cristo, ocorreu nas dependências do Taj em janeiro deste ano, onde
traçamos o planejamento de 2012, regado a muito chope geladíssimo , somado a
acepipes magníficos, eu clima sem comparativos. O clima entre os participantes
deixou claro que havia muita sinergia no ar, e que teremos momentos muito
agradáveis e excelentes competições de vela ligeira para este ano, e como
sempre digo:
Para o resto de nossos dias, velejaremos até o último
suspiro.
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Voador lidera até metade da prova |
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escrete fantasma |
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Azurro com balão grande atrolpela o Phantom Voador com balãozinho. |
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Phantom ultrapassa Phantom no canal. |
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Azurro desce o canal segui pelo phantom of the opera |
A partir daí iniciamos nossos treinos nas quartas feiras,
reuniões semanais, e iniciamos os preparativos para uma temporada diferente,
com passagem na tradicional na semana de búzios, e um foco especial nos eventos
do nordeste, e a participação em regatas locais no ICRJ com nossos hpes, e
muito astral nas participaçoes nas regatas locais o mais longe possível de picuínhas e outros entremeios que frequentaram a raia em outros tempos.
Neste sábado vimos o resultado começar a aparecer, e de
repente!! foi quando nos demos conta do que conseguimos estruturar, sem babaquice de auto elogio, uma coisa muito bacana ver aquele monte de gente uniformizada, com os barcos
plotados iguaizinhos, a marca do Phantom estampada nas duas proas, e tudo isto baseado no
simples desejo de velejar entre amigos. Não transpareci, mas me emocionei
várias vezes durante o velejo ao ver a alegria nos rostos da galera.
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A CR foi improvisada , mas com a detemrinação do diretor de vela foi um sucesso! |
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Aventureiro |
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Cabral e seu Galau. |
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Sergio Rossi, e seu Gato Xadrez. |
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Guará e seu Crystal 3 |
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Pimpinela chega a boia |
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Aloha! Ennio modenesi relax no barco do brande Didão, junto com turma de ponta: storm, guigui e luca! |
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Vidamares de Segio Lage, com Waldionor ao leme |
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Due Amicci, de Carlos Moschem e MArcelo MArtins. |
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Julinho, Marcos, Faiano, Avelar( Jovair atrás sem boné), Léo de Boné( atrás), Lucky, Lera, Marcelon, Fernando Mendonça. IHHH !! faltou o Marcelão dos correios. |
Pois bem , sobre a regata, segue um vídeo que conta a
história com imagens, mas resumindo a ópera do nosso ponto de vista pois
velejamos em dois blocos, e no segundo bloco não sabemos como foi o páreo, e
acho que se escrever demais vocês vão ficar com preguiça de ler, e aproveitando
a qualidade estupidamente sensacional, do foto jornalismo de Camilla Baptisitni,
seria até redundância escrever demais, mas mesmo assim vamos lá:
As 12:15 alinharam-se na altura da ilha do socó, nada menos que 15 veleiros, de toda sorte e tamanho, onde imperava o clima de companheirismo e alegria, ainda mais agora que o vento que não fora convidado resolveu apacerer com todos os predicados, e na intensidade perfeita para uma regata técnica e com ótima velocidade das naves.
O Flying Phantom largou na frente nas duas largadas, a
primeira foi anulada, e o Phantom of the
opera logo atrás, uma parte da flotilha seguiu pelo bordo de baixo e se lascou(
entre eles os favoritos Aventureiro e o Galau).
O voador foi pelo
bordo de cima, e entrou no canal com o Azurro na cola e o ópera logo atrás,
tendo liderado até o Penedo, quando o vento acabou lotericamente e foi ultrapassado
pelo azurro e na bóia ainda bateu e teve que voltar onde o comandante Avelar
puto da vida xingando uma lancha estúpida que passou fazendo um tsunami no meio da
calmaria, foi ultrapassado também pela ópera de forma fulminante e sem defesa.
A ópera em dia de
gala em seu recinto, deu um show a parte sob o comando da impecável tocada do
Fabiano Porto, que alías estava impossível, vencendo também domingo no Dingue.
Nesta montagem de bóia os barcos se juntaram bem , pois quem
vem na frente pára, e quem vem atrás vê onde está o buraco do vento e se safa passando com tudo e a todos,
neste grupo veio colado o Aventureiro, e o Galau.
O Azurro e o Opera despacharam
a flotilha literalmente, incluso o voador.
Por força do pensamento positivo( não há explicação de vento
ou corrente), o resto da flotilha parou e o voador conseguiu alcançar e
ultrapassar o Azurro, na altura do Álvares Cabral, que a esta hora nem conseguia
mais ler as letras na popa do ópera , que engatou a sexta marcha e foi, e o
resto da flotilha ficou literalmente para trás.
Na saída do canal o voador reage com uma subida de balão
estratégica, se aproxima do Azurro, que por sua vez se aproxima perigosamente do phantom ,
e entram na seqüência num lindo espetáculo de balões e matizes do fim de verão
iluminando o cenário digno de um quadro de Monet , emoldurado pela ponta
formosa, e tingido por um mar verde lindíssimo e não convencional fazendo uma
chegada com uns 1:30 segundos de diferença entre o primeiro e o terceiro barco
a cruzarem a linha, três barcos, 14 amigos e uma cena indescritível.
Muita vibração e comemoração.
O restante da flotilha chegou mais de ½ hora depois.
Pois bem este é apenas o começo do ano, temos muito trabalho
e graças a Deus muito velejo pela frente, próxima parada Búzios sailing Week,
os 14 amigos já estão inscritos!
Boa sorte ao Azul, ao Voador e ao Opera! E a todos os que
amam a vida e conseqüentemente a vela!
Saliento para quem tiver curiosidade de saber as coisas com
mais detalhes, uma grande parte dos fatos
e referências a pessoas narradas a seguir pode ser encontrada neste blog em
outros posts específicos para o assinto, buscando na barra lateral, como por
exemplo a própria história da volta da taputera, e vídeos da regata santos rio,
etc.
Um beijo e um queijo e bons ventos!