08/03/2012

Dia da Mulher, não resisti e dei uma roubadinha básica na crônica do escriba mor Murillo Novaes!


Por
Murillo Novaes 

 


Querido e disforme amigo e mais que querida e formosíssima amiga,

Eis que esta pequena missiva extemporânea sai das entranhas do covil da 13 de Maio, de fronte para o desastre, direto para o meio (inter)náutico em alusão à hoje comemorativa quinta-feira de nosso Senhor que enaltece as figuras femininas do planeta mundo. Fruto, uns dizem, da costela de certo Adão, mas seguramente uma obra de Deus mais perfeita que o próprio ser original. Como diria aquele anjo mais alegre e saltitante: eu vi Adão! Eu vi Adão!

Sem mais delongas, este eterno admirador das mulheres, como forma de homenagear àquelas sem as quais nenhum de nós jamais teria pousado neste planetinha azul (em vias de se tornar marrom) conto a história de uma marinheira das antigas que até hoje é cultuada em seus domínios. Por meio dela (com uma Wiki ajuda), homenageio todas as navegadoras e batalhadoras deste vasto mundo, reais e metafóricas, que com sua graça, beleza, competência, ânimo e perseverança criam seus eternos filhos (em forma de maridos, irmãos, patrões, namorados, amigos, etc.) com o amor e força únicos que só a ‘mãelher’ possui. Viva elas!! Todas elas!!

Vamos à historinha...

Malahayati era filha do almirante Mahmud Syah do Sultanato de Aceh, na ilha de Sumatra, hoje Indonésia. Depois de graduar-se em uma escola islâmica, no final do século 16, ela continuou seus estudos na Academia Militar Real de Aceh, conhecida pelos íntimos pelo singelo nome de Ma'had Baitul Maqdis e até hoje é considerada a primeira grande navegadora do sexo dito frágil.

Após a queda de Málaca aos invasores portugueses, Aceh reergueu-se e tornou-se uma forte província e assegurou que as rotas comerciais marítimas no estreito de Málaca permanecessem exclusivamente com os comerciantes asiáticos. O líder do reino, sultão Alauddin II Mansur I Syah (1577-1589), fortaleceu o seu poderio militar por meio da construção de uma poderosa armada à qual ele decidiu nomear Malahayati, então já viúva de um guerreiro de Aceh, como sua principal Almirante.

Apesar de ser mulher, Malahayati conquistou os soldados e outros oficiais generais e provou, contra exércitos holandeses e portugueses, ser uma briosa comandante em várias batalhas. Em 1599, a expedição holandesa do capitão Cornelis de Houtman chegou ao porto de Aceh. O sultão aceitou pacificamente sua presença até Houtman insultá-lo. O holandês, que já entrara em choque com o Sultanato de Banten, no noroeste de Java, antes de sua chegada, decidiu atacar. Malahayati levou sua armada, conhecida como Inong Balée, em homenagem ao forte homônimo, perto da cidade de Banda Aceh (que foi devastada pelo tsunami de 20004), para confrontar os holandeses. Depois de várias batalhas violentas, finalmente venceu (e matou, diz a lenda) Houtman em 11 de setembro de 1599.

Em 1600, a marinha holandesa, liderada por Paulus van Caerden, saqueou e afundou um navio mercante de Aceh cheio de especiarias. Após este incidente, em Junho de 1601, Malahayati capturou o almirante holandês Jacob van Neck, enquanto ele navegava pela costa em uma manobra ousada. E assim, após incidente sobre incidente que obstruíam as expedições da marinha holandesa, Maurits van Oranje enviou emissários diplomáticos com cartas de desculpas ao Sultanato de Aceh. A paz foi selada. Em junho de 1602, a reputação de Malahayati como guardiã do Sultanato levou a Inglaterra a escolher um método pacífico e diplomático para entrar no estreito de Málaca, uma cartinha de sua majestade Elizabeth I e um diplomata habilidoso, James Lancaster, que, por esta missão, virou Sir. Malahayati, claro, foi a principal negociadora do sultão.

Malahayati foi morta enquanto atacava a frota portuguesa em Teluk Krueng Raya e foi enterrada em Lereng Bukit Kota Dalam, uma pequena vila de pescadores nas cercanias de Banda Aceh. Hoje, seu nome se tornou comum em barcos, navios da marinha, universidades, hospitais e estradas em várias cidades de Sumatra.

À todas as mulheres, guerreiras, almirantes, navegadoras, meus mais humilde sim senhora neste dia 8 de março!

Fui!!

Murillo Novaes

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