30/09/2016

Glória e tragédia na Golden Globe , a primeira regata solo around the world.


Golden Globe Regatta e much more!.


Matéria de luxo: Vito Dumas, Francis Chichester, RKJ, Bernard Moitissier, Donald Crowhurst, Golden Globe etc...

Prezados amigos nautas e amantes da vela de plantão ,

Já há algum tempo tenho um post-it colado na tela do meu computador/redação , no escritório de meu apartamento aqui na Praia do Canto, na Cidade Presépio ou Ilha do Mel, como o cristão preferir chamar a nossa querida e lindíssima cidade de Vitória, no Espírito Santo, e dele saiu esta parlatória molhada que vamos narrar em seguida.

Pois bem , este lance da revista The Yacht-man( a revista feita orgulhosamente sem fins lucrativos) dá um trabalho da moléstia... tem que pesquisar direitinho, passar horas navegando entre livros e sites, futucar tudo a respeito, garimpar mesmo,  para a matéria  ficar  bacaninha e trazer a informação com um gosto  legal para os leitores saborearem , pois inexplicavelmente, uma pessoa que se propõe a escrever um blog, livro, revista, ou qualquer coisa que o valha, não o faz para ter fama, ganhar dinheiro, para ser conhecido e admirado, ou  por vaidades pessoais torpes e fúteis, o faz( como vi  a definição num livro de Vargas Llosa) somente por fazer, para colocar para fora o que pensa, mas eu vou mais além, levo ainda a seara para o setor da gastronomia, fazendo a seguinte analogia:

-Um verdadeiro cozinheiro , aquele que de paixão faz sua comida, tem como maior recompensa e objetivo único ver seu "comensal"( se é o termo aqui cabe), se deliciar com suas iguarias, no caso de um autor, o objetivo é que seus leitores sintam prazer com a leitura, se transportando para o universo retratado em suas linhas e mais nada.

Geralmente escrevo e pesquiso a noite, em casa, e nem sempre é possível, pois além da revista, temos a esposa, o filho, a leitura dos livros de trabalho, trabalho, compromissos socias, etc, etc, mas num exercício de auto disciplina a revista vai sendo feita,  algumas matérias bem curtas, outras mais trabalhadas, outras copiadas, outras republicadas, uma espécie maluca de pasquim/blog/revista/site que segue levando cultura e entretenimento náutico para atuais 100 e tal mil leitores, o que é para mim um prazer ! O que me move e me impulsiona.


Pois bem , sem mais delongas ou jeb jeb, a matéria de luxo que aqui vai é fruto de dois livros que ganhei no meu aniverário de 38 anos, 9 anos atrás , um ganhei do Didão: "Um mundo só meu de RKJ" , e o outro "Sozinho ao redor do mundo" de Slocum, ganhei de  Lobão, dois clássicos da literatura náutica, e que me fizeram conhecer um pouco mais da história dos grandes navegadores.  Mais tarde li o livro sobre a expedição de Shakleton, " O Endurance", e aos poucos fui me apaixonando pelo universo dos grandes navegadores, criei este blog e aos poucos fui gostando mais e mais do assunto,  e ao pesquisar vi que havia um universo a ser explorado, tive no fimzinho de 2011, então uma idéia de escrever sobre Vito Dumas. Para quem não conheçe, Dumas foi um navegador "hermano" Argentino, que se enveredou pela parte de baixo da nave terra, e da curiosidade sobre ele e suas viagens fui me enfiando em pesquisa e acabei me deparando com a história da Golden Globe, que reunia em uma regata . algumas histórias que mudariam o curso do iatismo mundial, dentro de um só evento N coisas acontecem em paralelo, coisas que fizeram a história mudar, e obviamente irei compartilhar com vocês o fruto da pesquisa.
(9 homens zarparam em busca do prêmio de 5 mil libras, além de fama e glória, apenas um chegará ao fim, um  irá cometer o suicído, outro irá desistir da regata e continuar navegando por mais meia volta ao mundo abdicando de tudo e se tornando um mito. Um regata que construiu dois heróis e duas lendas, e destroçou a vida de dois homens, na revista The Yacht-man, a história completa.


Acabei por ler horas a fio, e assisti vários filmes, sendo o que mais me impressionou foi "deep water", que segue postado aqui para quem tiver interesse de saber em detalhes a história da Golden Globe e um personagem em especial Donald Crouwhurst, que é o arquetipo da vida de aparências, com um final infeliz, e que pode ser utilizado como "case" poderoso para se ilustrar a vida daqueles que buscam a glória ( seja ela qual for: grana , fama, mulheres,poder, etc), e se atolam numa vida sem sentido, engando a todos mas não conseguindo enganar a si mesmo.

Trailer.
parte 1
parte 2
                                                        parte 3
parte 4
parte 5
parte 6
                                                                     parte 7
                                                                Parte 8
                                                      Parte 9, e fim.

Começemos então por falar de Vito Dumas:

Argentino nascido em 1900 e falecido em 1965 em consequência de um derrame cerebral, Dumas  em sua juventude foi um exímio nadador , especializado em  probas de longas distâncias, tal qual Sir Robin Knox Jonshton que foi além de um grande nadador também um corredor de fundo, Vito também fora Boxeador, e como  magnânimo Sir Chichester também foi um aviador, um parêntese para Sir Chichester: este homem  deu a volta ao mundo  solo aos 65 anos, já diagnisticado como portador de cancer terminal em 1967 , com apenas 1 escala, e é tido como um grande herói em seu país e no mundo da vela.
Vito Dumas por volta de 1923  ,por 5 vezes tentou fazer a travessia da foz do Prata a nado e fracassou as 5,  em 1931 tenta atravessar o canal da Mancha, sem sucesso novamente.
Lá na Mancha foi onde teve o primeiro contato com os veleiros , no litoral Francês em Calais, esporte pelo qual ele se apaixona imediatamente .
 Ali mesmo  Dumas compraria seu primeiro barco, o Titave II , barco regateiro, veloz, campeão da classe Internacional de 1912.
Contrariando as superstições do mar, ( trocar o nome dá mau agouro)Dumas o rebatiza de Legh , que ao contrário do que diz no wikipédia não eram as inicias de sua amante, tampouco uma homenagem as embarcações escandinavas, mas orginário das iniciais das palavras: luta , integridade, hombridade e grandeza,  que em espanhol são:  Lucha, Entereza, Hombría, Grandeza , o lema, o código de honra do cidadão nascido em Palermo.
O Lengh chega a Nova Zelândia


 Estes fracassos coletados sequencialmente por Vito Dumas  foram importantíssimos para sua realização pessoal, pois como dizia Churchill, o sábio dos sábios dos anos das décadas de 1920/30 e 40:
"O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo."

Estes acontecimentos moveram este homem simples e determinado a sentir uma profunda necessidade interior de como fazer algo pela honra do esporte argentino, como se lê na carta ao amigo:

 "Bueno Aníbal: la razón de mi aventura es haber comprometido mi palabra en hacer algo de mérito para el deporte argentino.  Mis medios son reducidos y la vida que estoy pasando sólo yo se los sacrificios que me imponen. 

Trecho de uma carta ao seu amigo Aníbal,   escritas nas vésperas de sua primeira viagem , em 1931 de Arcachon na frança, a Buenos Aires, trazendo assim seu novo barco para casa.

 Ao chegar em Buenos Aires, Dumas  foi recebido com grande festa, pois essa travessia do Atlântico se constituiu na primeira aventura de vela em solitário da Europa para a América do Sul em todos os tempos.
http://www.navegantevitodumas.com.ar/

Inicia-se aí sua brilhante trajetória,  lançando sua nave ao mar novamente em 1942 na sua sensacional viagem dos" Cuarenta Bramadores": Uma volta ao mundo nas latitudes do mar gigante e congelante, passando pelos 3 cabos mais meridionais e mais terríveis do mundo:
- Boa esperança, Lewin e Horn, com apenas 3 escalas, Cape Town, Wellington e Valparaíso.
A chegada em Valparaíso, Vito está literalmente em frangalhos) fonte navegantevitodumas.com.ar

A circunavegação foi  feita no seu inseparável Yawl Legh II, que sequer tinha um  rádio ou um motor, em condições precárias e em plena segunda guerra mundial.  O  LEGH poderia ser torpedeado ou fuzilado por um navio ou submarino, despedaçado por um canhão, ou afundado por um avião.
Dumas dependia da água da chuva para saciar a sede,( a falta de água e o cansaço pela falta de horas de sono foram os maiores inimigos) , usando até mesmo jornal por baixo das roupas para não congelar, e principalemente utilizando-se de uma técnica que invetou para velejar e sobreviver em condições extremas naqueles mares dantescos: 
Navegando sempre de popa para o vento e num ângulo de 15 graus, correndo as tormentas e as ondas.

Durante uma tempestade no Pacífico , Vito sofreu um grave traumatismo craniano e teve alucinações,  precisou de toda a vontade de viver e consquente da verdadeira garra de um yachstman para se superar e  completar os ultimos 104 dias de viagem . Os terríveis dias finais,  justamente no trecho mais duro que enfrentou em toda epopéia, mas... ele triunfou, venceu a si mesmo, ele consegiu!
Vito estava imbuído de motivos nobres e idealistas , como afirmara :Voy,en esta época materialista,a realizar una empresa romântica,para ejemplo de la juventud“.
Agora imagina o leitor se naquela época o mundo era materialista hoje então... Jesus apaga a Lu!!
Estas duas fotos são cortesia do Atilio Bermudez, ele as fez no Museu Naval Argentino.


Devido a proibição e burocracia das autoridades argentinas naqueles terríveis dias da segunda guerra mundial, Vito que estava proibido de partir de Buenos Aires pelas autoridades, acaba por  zarpar de Montevidéo( uma ironia!), para  assim iniciar a legendária viagem  que durou 1 ano e exatos 36 dias, navegando num mar antes nunca enfrentado frente a frente por um veleiro, através das latitudes dos "Cuarenta Rugientes ":- as 21  mil milhas para se dar a volta ao mundo nos mares mais furiosos e gelados do planeta água, nas baixas latitudes.
                           Dumas é recebido como herói em Buenos Aires em 8 de agosto de 43.
                                     A chegada na capital portenha. (fonte navegantevitodumas.com.ar)

Uma piada reflete o espírito de Dumas:
AI partir, un amigo le preguntó cuánto dinero llevaba encima. Desconcertado, Dumas sacó su billetera y constató que solamente contenía un billete de 10 Pesos. "Y con eso piensas dar la vuelta al mundo?" le preguntó el amigo. Dumas replicó: "Y donde pretendes que gaste el dinero navegando?". El amigo no supo qué contestarle, pero le entregó diez libras esterlinas en billetes, "por las dudas..." 
http://www.navegantevitodumas.com.ar/



Do site Brasileiro  que por sinal é muito bem feito, um primor de informação, e tem ótimo material de pesquisa, o site maresnavegantes.com.br, pego "emprestado" a parte final desta matéria que narra o ultimo cruzeiro de Dumas conhecido como :

-O Cruzeiros dos Imprevistos
Em 1945-46,nova aventura de Vito Dumas,que quase custou-lhe a vida –viagem de Buenos Aires à Nova Iorque. Seus problemas começaram justamente em frente à Coney Island,muito perto do porto de Nova Iorque,quando uma calmaria e corrente forte contrária o impediram de entrar no rio Hudson. A situação ficou tão complicada,com o Legh II sendo tão arrastado de volta para alto mar e em seguida entrando fortes ventos contrários (Vito Dumas nunca instalou motor em seu barco),  que ele foi obrigado a rumar para os Açores,atravessando o Atlântico,pois lhe seria impossível aportar na costa americana. Mas nunca chegou lá tampouco,ao invés disso esteve ao largo da ilha da Madeira,e depois avistou as Canárias,e de modo incrível a situação anterior se repetiu em ambas as vezes –ventos contra ou calmaria total,com forte correnteza desviando o Legh II para outra direção…Desistiu das ilhas,e com a fome levando-o ao desespero e tornando-se praticamente um esqueleto vivo,rumou para a costa africana,mas não precisou arribar,pois um cargueiro passando próximo viu seus sinais de socorro,e atirando-lhe alimentos,salvou-lhe a vida. Finalmente,o Legh II ruma de volta para a América do Sul,voltando a atravessar o Atlântico,e chega ao Ceará,no Nordeste brasileiro,depois de 106 dias sem escalas no mar…De lá retorna à Argentina,mas ainda tem o infortúnio de encalhar na costa uruguaia. Esta viagem lhe rendeu muitas críticas,com conterrâneos o desqualificando como navegador. No entanto,foram mais de 17 mil milhas percorridas em 234 dias no total da viagem. Da experiência ele escreveu o livro “O cruzeiro do imprevisto“.
Foi em 1955 que Vito Dumas empreendeu sua última viagem,novamente para Nova Iorque,num veleiro ainda menor que o Legh II,oSirio,quando novamente enfrentou graves problemas. Foi obrigado a desistir da idéia de chegar nos Estados Unidos sem escalas,aportando nas Bermudas com problemas de saúde. Recuperado,completou o desafio chegando em Nova Iork em 25 de setembro de 1955,depois de cobrir 7 mil milhas marítimas em 117 dias.
Vito Dumas faleceu em 28 de março de 1965,vítima de derrame cerebral. Escreveu os livros “Mis Viajes“,“Solo,rumbo a la Cruz del Sur“,“Los cuarenta bramadores”e “El crucero de lo imprevisto“.
Infelizmente,Vito Dumas quase acabou esquecido pelos seus compatriotas durante sua vida. Seu barco,Legh II,que provavelmente realizou a maior façanha náutica do século XX com a volta ao mundo pioneira pelos “cuarenta bramadores”ficou abandonado e perdido (ao contrário do barco de Moitessier,o Joshua,que foi recuperado e navega até hoje patrocinado por um museu marítimo francês). Mas depois de sua morte,seu valor foi aos poucos sendo reconhecido por todos os cruzeiristas do mundo,e sua fama teve grande novo impulso quando Bernard Moitessier confessou ser fã de Dumas,e ainda ter adotado técnicas de navegação do argentino para conseguir navegar nas altas latitudes.

Existe uma polêmica em se discutir que foi o maior navegante no site argentino navegantevitodumas.com.ar:
Chichester ou Dumas?
No meu ponto de vista o leque é maior para se comparar: Scott, Amundsen, Shakleton, Slocum, Tabarly, Moitissier, RKJ, Slocum, James Cook?! me lembrei de um post interessante que fizemos há algum tempo, que  recorro a piada deste próprio pasquim para colocar nosso ponto de vista:

Qual seria a expedição perfeita, perguntou Mac'Enroy?

Naquela longínqua tarde de 1920,após um  dia de verão sufocante e também extasiante em face a série de  regatas disputadas em seus novíssimos one design boats, literalmente com a faca nos dentes, os três amigos  davam uma atenção ao barco e cuidavam da faina .
O tempo passava voando, entre um comentário e outro lavoro seguia em ritmo acelerado,  o grupo formado por Mac'Enroy, Stanley Clifford, e pelo italiano Máximo Tedesco, sagrara-se naquela manhã o grande vencedor de 3 das 5 retagas da copa "Tansmanian" e já preparavam o barco para as regatas da semana seguinte, a fim de defenderem o título.
Com o fim do trabalho ao cair da tarde seguiram para o Pub para tomar algumas cervejas e celebrar a performance nas regatas e a vida ( este segundo motivo,  o faziam semanalmente),  e durante o caminho, conversavam sobre os grandes feitos dos recém criados heróis , os grandes aventureiros e desbravadores de terras inóspitas, que nas duas primeiras décadas do século com suas fantásticas expedições elimiram todas as fronteiras do desconhecido.
Após algum tempo em silêncio, caminhando ofegantes enquanto subiam a  suave colina que terminava as portas do Pub "Almirante Benbow", Mac'Enroy profere aquela perguta que daria origme a frase mais famosa pelos 30 anos seguintes em toda a Tansmânia e talvez em toda Austrália.
-Meus caros amigos, quem de vocês poderia me dizer  qual seria a expedição ideal?
Prontamente Stanley com seu ar professoral  imposta a voz , buscando um dó de tenor lá no fundo da garganta e responde, antes pigarreando :
-( aham)Ora, ora, a expedição ideal... a expedição ideal  deveria  ter a técnica de Scott , somada  a velocidade de Amundsen, esta sim seria uma empreitada perfeita!
Caminhando dois passos atrás vinha o Italiano, sempre muito perspicaz e sacana, as vezes até mesmo sarcástico, não á toa se chamava Máximo.
 Meio que resmungando ele profere a famosa máxima (em italiano), tentando desta forma dar um ar ainda mais aristocrático as sua observação:
-La spedizione ideale avrebbe la tecnica  Scott e  la velocitá di Amundsen, ma dal santo Dio che ci protegge, se tutto va storto prego che il vostro capo è Shackleton.
A expedição ideal teria a técnica de Scott e a velocidade de Amundsen, mas por Deus, se tudo der errado reze para que Shackleton seja seu chefe.
Na foto tirada por Mr. Montgomery Jonhson com uma Roleiflex vemos Stanley Clifford em primeiro Plano, Máximo Tedesco de macacão e chapéu, e Mac'Enroy ao fundo, em manutenção do belíssimo one design "Sweepstake Marriot"


Bom mes amis, agora se faz  muito tarde e tenho que dormir, por que amanhã tem trabalho e temos que pagar as contas, em breve voltaremos com a continuação do assunto deste post em breve, a regata sunday times golden globe, Sir Francis e muito mais. Fiquem ligados e acessem!!

 A revista avelok the yacht-man, também está  com uma página no facebook,  acesse e curtam!

http://www.facebook.com/pages/The-Yacht-man-avelok-sailig-magazine/189447521131320?ref=ts
Lembramos a todos que a revista Avelok, The Yacht-man é um canal aberto e democrático, e se vc tiver algum assunto bacana , um post, fotos, videos e ou matérias, publicamos com prazer, envie para avelok.com.br, um beijo e um queijo a todos!!

Bons vento

20/09/2016

Sailor's house.

Casa de velejador é no mar , então em terra ele não está em seu habitat natural. O que ele faz então para se sentir melhor? - tira os carros da garagem e enche de barcos. - coloca uma oficina onde só ele entra para "viajar" - usa peças náuticas em todos os locais possíveis, seja até mesmo num toldo com enrolador harken. - tem um local aprazível para conversar longamente com os amigos sobre assuntos do mar! - tem gente de bem com a vida que fica torcendo para chegar logo o próximo velejo.-- tem sempre um papo em torno da mesa , onde rola o assunto predileto. - não tem frescura. - tem muita camaradagem. -zero de jeb jeb. É assim na casa do meu camarada Bailly.

19/09/2016

Um clube de vela a moda antiga.

Prezados amigos , nautas e amantes da vela de plantão , falaremos hoje pois de tradições e mitos do mundo da vela. Não há lugar melhor em toda nossa costa para abordarmos o tema , como no Rio yacht clube, conhecido pela alcunha de Sailing , clube fundado por Dinamarqueses, Ingleses e escandinavos há mais de 100 anos. Recorro ao site do clube para contar um pouco desta história: " O clube é uma das mais antigas e tradicionais instituições esportivas do país, sendo um dos precursores da vela brasileira. Apesar de pequeno (apenas 200 sócios), o Sailing é reconhecido como uma “fábrica” de campeões, tendo em seus quadros atletas renomados como os irmãos gêmeos Axel e Erik Schmidt – tricampeões mundiais da lasse Snipe e os irmãos Torben Grael (5 medalhas olímpicas) e Lars Grael (2 medalhas olímpicas). Além deles, outros medalhistas olímpicos fazem parte do quadro de atletas, como Marcelo Ferreira (4 medalhas olímpicas), Clinio de Freitas (2 medalhas olímpicas) e Isabel Swan (1 medalha olímpica)" Ainda nem tiveram tempo de atualizar o site, e falta colocar aí a medalha de ouro da Martine Grael! O clube, como bem descrito acima é uma fábrica de campeões, tem uma tradição na vela como nenhum outro , e também bem pequeno e com instalações simples, o que vai em oposição a idéia que para se formar velejadores de ponta e ter um ambiente náutico de altíssimo nível são obrigatórias e necessárias modernas instalações e muita pompa e circunstância. Nada disto. Nada de Jeb Jeb. O clube é a moda antiga, lembra o meu clube há 30 anos atrás, aquele cheiro de barco a vela e um montão de barcos de madeira pelas instalações, a exemplo do Aileen do Torben , barco medalhista na olímpíada de 1912 em Estocolmo na classe 6 metros, dividindo espaço com magníficos 49nres, e outras máquinas mais modernas.( na foto , Preben Shmidt o patriarca dos Grael a bordo do Aileen com Torben e Lars) A sede social é um capítulo a parte, com sua indefectivel geladeira de madeira com espelhos na porta, e aquelas fechadoras de puxar, é uma viagem no tempo. Muitos e muitos objetos correlatos a náutica nas paredes, troféus, fotos, recortes, brasões, etc. Uma casa linda , pintada de branco e vermelho, com um belo jardim arborizado, num ambiente fraterno, o que mais poderíamos querer? Para quem nunca lá esteve , recomendo uma visita. É realmente mágico o lugar, de tão simples e legítimo.
Estive por duas vezes, a primeira em 2013 quando participei da regata Preben Scmidt a bordo do Skipper 30 Maestrale do almirante Casaes, e desta feita estive por lá aproveitando a viagem que fiz na ocasião de buscar um optmist para meu filho , honrosamente a convite do amigo Roberto Bailly, que é titular da casa, e uma referência da vela no Brasil, um iatista de alta monta, e de quebra ainda corri uma regata de Snipe da proa do jovem Caio Bailly de apenas 15 anos, e que já tem pinta de lobo do mar. Não poderia deixar de citar, como bom de garfo e copo que sou, que o bar do sailing é espetacular, com uma atendimento de primeira categoria( destaque para o garçon júnior), com preços honestíssimos( porções entre 20 e 30 reais), cerveja geladíssima, e pratos fartos e muito saborosos( infantil a 13 reais), além de um molho de pimenta com uma base molho inglês que me deixou salivando!! Pois bem meus caros, o olimpo existe, e digo a vocês que ele é simples , pintado de vermelho e branco, tem um bar maneiro, um salão de jogos para relaxar a crianças e adultos e fica logo alí no saco de são francisco em Niterói. Um beijo e um queijo a todos

11/09/2016

Alain Colas e Tabarly, uma amizade forjada a sal e vento.

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A bordo do Manureva, ex Pen Duick.
a largada da regata do "rhum 1978"











O Club med, um gigante de 75 metros que fora navegado solo.








Rota do Ruhm, nunca mais se veria o francês de nobo.

Alain Colas a Lenda Francesa.






Alain Colas Nasceu na França, em 16 de setembro de 1943, inicando-se nos esportes aquáticos através de um clube de canoas e caiaques que ele mesmo ajudou a fundar.
Sempre com um espírito extremamente empreendedor , em 1966, então com apenas 22 anos vai para a Austrália a fim de trababalhar como mestre de conferências e professor de francês, na St Jonh"s College da Universidade de Sidney.
Na Austrália, ele teve os primeros contatos com a vela, velejando em regatas e passeios na Bahia de Sidney..
Em 67, conheçe Tabarly, que fora a austrália correr a Sidney Robart, e que lhe convida a viajar até a Nova Caledonia como cozinheiro do Pen Duik III. Estava escrito a profecia e ali começava a ser forjada a lenda, um herói e um gigante.
A partir daí, Colas desenvole seus talentos na vela de forma impressionate e então, em um curto período de tempo, começam as grandes aventuras: já em 1972 Alain conquista a rota transatlântica de Plymouth a Newport, em 20 dias , 13 horas e 15 minutos , e assim , a França descobre um herói autêntico , boa praça e simpático.
Com seu Trimaran Manureva, ex pen Duik IV, realiza a primeira volta ao mundo em solitário em um multicasco, desbancando o record do inglês Chichester.
Sempre buscando o impossível, Alain Colas inventa o inconcebível, projetou e construiu um barquinho de 75 metros, veja bem não são pés , são metros !! e com 4 mastros , o Club Mediterranée, que foi para a água em 1976 para participar da Transat Inglesa.
Este barco foi o maior trunfo de tecnologia de sua época, obviamente finanaciado pelo Club Med.
Até aí tudo beleza, mas o barco era para navegar em solitário, isto mesmo 4 mastros , 75 metros e um tripulante só.
E o cara foi...

Deve ter sido neste barco que Luc Besson tenha passado grande parte de sua infância, junto com seus pais que eram instrutores de mergulho do Club Med.
Vale lembrar , que durante a construção do gigante de 4 mastros , Colas teve um acidente em Trinité-sur-mer, com o cabo da âncora do Manureva que se enrolou em seu pé ao atracar, e assim quase o decepou ,foram necessárias 22 cirurgias e uma força de vontade milagrosa para que ele voltasse a andar.

Da cama do Hospital , coordenou e finalizou a construção do tall ship.

As condições da regata naquele ano foram difíceis, Colas encarou um paulera braba no atlantico norte , onde teve uma serie de problemas com as adriças e que forçaram Colas a fazer uma escala técnica na Terra Nova.

A escala que lhe tomou preciosas 36 horas, fazendo com que chegasse a Newport apenas 4 horas depois do líder, em segundo lugar, atrás somente de ninguém menos que Tabarly.

Em 1978, ás 4 da manhã dia 16 de novembro, durante a regata Rota do Rum , colas envia sua última mensagem, estava a bordo do Manureva num olho de ciclone perto dos Açores de disse :
« Je suis dans l’œil du cyclone. Il n’y a plus de ciel, tout est amalgame d’éléments, il y a des montagnes d’eau autour de moi... »

"estou dentro do olho de um ciclone, não há mais céu, tudos os elementos estão misturados, há uma montanha de água em torno de mim..." e depois silêncio.
Ele tinha então, somente 35 anos, Colas deixou uma esposa e 3 filhos.

O Manureva não resistira ao embate de netuno e leva Colas ao desaparecimento.

O que me levou a ter curiosidade de saber mais e passar para vocês, foram uma série de reportagens que a revista VELA & Motor , que era uma puta revista, publicara na época.
A prova foi vencidaa pelo pequeno catamarã amarelo do canadense Mike,( que está velejando em travessias solitário até hoje, aos 71/72 anos), por apenas incríveis e cardíacos 98 segundos de diferença, ulttrapassando o gigante Kryter V a 500 mts da chega , num sensacional sprint final derrotando o monocasco do americano.

Fiquem com Deus, boa noite para fechar este domingo, uma ótima semana e não tentem imitar Colas, ele era um gigante e nem assim resistiu a força do mar.

Bons ventos a todos.

Avelok

Alain Colas, um monstro que navegava neste mega, simplesmente sozinho.

Transat 1975.
Deve ter sido neste barco que Luc Besson tenha passado grande parte de sua infância, junto com seus pais que eram instrutores de mergulho do Club Med.Vale lembrar , que durante a construção do gigante de 4 mastros , Colas teve um acidente em Trinité-sur-mer, com o cabo da âncora do Manureva que se enrolou em seu pé ao atracar, e assim quase o decepou ,foram necessárias 22 cirurgias e uma força de vontade milagrosa para que ele voltasse a andar.Da cama do Hospital , coordenou e finalizou a construção do tall ship.As condições da regata naquele ano foram difíceis, Colas encarou um paulera braba no atlantico norte , onde teve uma serie de problemas com as adriças e que forçaram Colas a fazer uma escala técnica na Terra Nova.
A escala que lhe tomou preciosas 36 horas, fazendo com que chegasse a Newport apenas 4 horas depois do líder, em segundo lugar, atrás somente de ninguém menos que Tabarly

Uma odisséia épica.


Neste primeiro vídeo um resumito da expedição deste gigante, que até hoje é um exemplo de liderança alcançada por poucos.

A maior lição de resiliência e liderança da história moderna, Ernest Shackleton & Endurance, 100 anos depois...
Paul Larsen, recordista mundial de vela com seu Sail Rocket , resolveu aprontar uma loucura com seus amigos, reproduzindo na íntegra a expedição  do Shackleton em seu bote James Caird em 1916, inclusive utilizando somente e integralmente a tecnologia, roupas, comidas  e equipamentos usados há 100 anos atrás.

Assista primiero este vídeozinho da expedição original, assim vais entender melhor .
Se quiser saber mais a respeito  digite Shackleton, na busca neste blog mesmo ali ao lado e veja a história na íntegra.

Neste link ao lado, há um filme de 39 minutos, legendado que narra a epopéia de forma espetacular:  https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=64XIK5_jy4A
A expedição Sir Ernest Shackleton's Trans-Antarctic Expedition pretende retraçar a viagem épica do navegador polar Sir Ernest Shackleton que há 100 anos velejou num bote salva-vidas desde a ilha Elefante até South Georgia, uma rota de 800 milhas nos mares austrais, para salvar os companheiros da viagem ao Pólo Sul. O velejador australiano Paul Larsen - recordista de velocidade com o radical e inovador veleiro Vestas Sailrocket - parte agora numa expedição antárctica a bordo do barco Alexandra Shackleton, uma réplica do bote salva-vidas de 6,9 metro, com cinco companheiros.
Numa homenagem ao célebre navegador e aventureiro polar Sir Shackleton - que em 1914, na sua terceira viagem à Antárctica a bordo do navio Endurance, planeava cruzar o continente a pé, mas viu seu navio apresado pelo gelo no início de 1915 e finalmente naufragado dez meses depois. Em Abril de 1916, Shackleton e cinco marinheiros a bordo de botes salva-vidas conseguiram a incrível proeza de navegar 800 milhas nos mares austrais em 16 dias até alcançar South Georgia e depois escalar os cumes da ilha para finalmente pedirem socorro numa estação baleeira. A restante tripulação foi resgatada pelo próprio Shackleton em Agosto de 1916.



Agora, Paul Larsen e a equipa de aventureiros ingleses e australianos serão os primeiros a 
tentar repetir o feito de Shackleton a bordo de uma réplica do bote salva-vidas, sem cabine, num projeto que está a ser desenvolvido desde 2008 pela neta de Shackleton, com o apoio de Tim Jarvis, de 46 anos, um veterano em expedições polares.

Segundo Paul Larsen o plano é despedirem-se hoje de Alexandra Shackleton no aeroporto de Heathrow, em Londres, seguirem para Buenos Aires, Argentina, e daí para o Ushuaia para encontrar o navio The Australis para a rota até King George Island.
Nesta ilha ao largo da península antárctica, o grupo irá embarcar na réplica do bote James Caird para recriar a épica viagem de Shackleton, usando as roupas, comida e equipamentos tradicionais de 100 anos atrás.
"Pessoalmente não estava seguro quanto a fazer esta viagem agora, depois de ter conquistado os recordes de velocidade no Vestas Sailrocket na Namíbia. Mas estou feliz por ocupar um lugar na equipa. Sempre pensei no propósito desta viagem e nas razões que me levam a faze-la, mas é difícil explicar. Aventura é claro. O contexto é diferente da viagem de sobrevivência de Shackleton e seus homens, mas creio que eles também embarcaram numa aventura.", tentou explicar Paul Larsen.
O fato é que eles foram , fizeram e retornaram com sucesso, veja as imagens e os links e fique por dentro deste lance, é papo garantido na próxima vez que sair para velejar com seus amigos!
Bons ventos a todos.









     Para ver imagens da aventura, clique no link:   http://shackletonepic.com/gallery/

Harry Manko, sempre com filmes sensacionais e gozadíssimos!

Um vídeo de compilações da Volvo Ocean Race, a volta ao mundo.

Os nós mais usados no mundo náutico, uma vídeo aula, aprenda para não chamar cabo de corda!