15/12/2012

Americas Cup history.


O surgimento da Americas Cup




John C. Stevens, comodoro e fundador do Iate Clube de Nova Iorque, formou uma associação para financiar a construção do América. O grupo era composto por cinco nova-iorquinos bem-sucedidos na época da “Grande Exibição”.Eles não queriam apenas disputar: desejavam, sobretudo, mostrar que os iates e capitães americanos eram tão bons quanto os ingleses. Se o propósito da celebração inglesa era demonstrar a supremacia inglesa da era vitoriana, então, era justamente neste ponto que os nova-iorquinos tentariam o cheque-mate.A construção da embarcação mais veloz representava, mais do que a vitória de iates, o desenvolvimento tecnológico da antiga colônia inglesa. O domínio dos mares pela potência naval britânica seria superado pelo projeto de George Steers. Desembolsando no AmericaAlém de permitir que o America fosse construído em seu estaleiro, William H. Brown concentrou em si todo o espírito de confiança no empreendimento. Um tanto precipitadamente, afirmou que pegaria o iate caso o barco não derrotasse ninguém na América ou no exterior.O América era muito mais um iate de corrida do que um barco. O projeto de construção estipulava que ele seria o mais rápido do mundo. Por causa disto um bom dinheiro foi despendido para a sua construção. Apesar de tudo, o America foi forjado pelo iate Maria, tão logo ficou pronto. A embarcação concorrente, do próprio Stevens, tinha uma enorme área – e parecia ter nascido para as corridas na água. Mesmo assim, era incapaz de cruzar o oceano.A verdade era que o América tinha sido derrotado por um iate experimental, o mais rápido de então, sem dúvida alguma. Mas os iates ingleses, atormentados por regras antigas e atitudes conservadoras que limitavam suas performances, não teriam nenhuma chance

fonte : site 360 graus , por Tatiana Gerasimenko
2007 Valencia, Spain
2003 Alinghi, Switzerland (challenger) - Team New Zealand, New Zealand 5–0 Auckland, New Zealand
2000 Team New Zealand, New Zealand (defender) - Luna Rossa, Italy 5–0 Auckland, New Zealand
1995 Black Magic, New Zealand (challenger) - Young America, United States 5–0 San Diego, United States
1992 America³, United States (defender) - Il Moro di Venezia, Italy 4–1 San Diego, United States
1988 Stars and Stripes '88, United States (defender) - KZ1, New Zealand 2–0 San Diego, United States
1987 Stars and Stripes '87, United States (challenger) - Kookaburra III, Australia 4–0 Fremantle, Australia
1983 Australia II, Australia (challenger) - Liberty, United States 4–3 Newport, United States
1980 Freedom, United States (defender) - Australia, Australia 4–1 Newport
1977 Courageous, United States (defender) - Australia, Australia 4–0 Newport
1974 Courageous, United States (defender) - Southern Cross, Australia 4–0 Newport
1970 Intrepid, United States (defender) - Gretel II, Australia 4–1 Newport
1967 Intrepid, United States (defender) - Dame Pattie, Australia 4–0 Newport
1964 Constellation, United States (defender) - Sovereign, England 3–1 Newport
1962 Weatherly, United States (defender) - Gretel, Australia 4–1 Newport
1958 Columbia, United States (defender) - Sceptre, England 3–1 Newport
1937 Ranger, United States (defender) - Endeavour II, England 4–0 Newport
1934 Rainbow, United States (defender) - Endeavour, England 4–2 Newport
1930 Enterprise, United States (defender) - Shamrock V, Ireland 4–0 Newport
1920 Resolute, United States (defender) - Shamrock IV, Ireland 3–2 New York City
1903 Reliance, United States (defender) - Shamrock III, Ireland 3–0 New York City
1901 Columbia, United States (defender) - Shamrock II, Ireland 3–0 New York City 
1899 Columbia, United States (defender) - Shamrock, Ireland 3–0 New York City
Todos estes do sir Thomas Lipton


1895 Defender, United States (defender) - Valkyrie III, England 3–0 New York City
1893 Vigilant, United States (defender) - Valkyrie II, England 3–0 New York City
1887 Volunteer, United States (defender) - Thistle, Scotland 2–0 New York City
1886 Mayflower, United States (defender) - Galatea, England 2–0 New York City
1885 Puritan, United States (defender) - Genesta, England 2–0 New York City
1881 Mischief, United States (defender) - Atalanta, Canada 4–1 New York City
1876 Madeleine, United States (defender) - Countess of Dufferin, Canada 2–0 New York City
1871 Columbia and Sappho, United States (defenders) - Livonia, England 4–1 (2–2–1) New York City
1870 Magic and 16 other N.Y.Y.C. yachts, United States (defender) - Cambria, England 1–0 New York City
1851 America, United States (challenger) Aurora, England (and a fleet of 13 yachts) 1–0 Cowes, Isle of Wigh

Amsterdam, simply the best.


Amsterdam , para mim a cidade mais maneira que existe.


De renato avelar
 música uma onda em amsterdam
Fiz a letra a música  num devaneio em leidsplein/1992.
fotos de 1997- barcos no cais( Debora)
fotos em PB- amsterdam sail 2005






Entrei num trem e peguei uma onda, fui parar muito longe numa terra distante de endoidecer gente sã!
Em amsterdam
Lá fora muito frio, o inverno vem chegando
Mas por dentro estou queimando nos coffee shops ...
de amsterdam
Abaixo do oceano, acima das estrelas
em amsterdam
Peguei um trem, e desembarquei entre cores e canais, entre jovens e sorrisos
Onde a juventude é eterna,  have fun!!
em amsterdam

abaixo do oceano, acima das estrelas
em amsterdam.

1st Whitbread Yacht Race 1973




Joshua Slocum - Sailing Alone Around the World

Regata de veleiros clássicos de búzios 2012.

Meu amigo do peito Beto Bacalhau, filho do mestre Vareta, que construiu os cariocas em Vitória-Es, posa ao lado do Marcos Temporal e seu Aragem no ICAB durante a regata dos clássicos, a foto pegamos emprestada do blog do Aragem( link neste blog, abaixo direita)

13/12/2012

Velejadores menos capacitados visitam o Rio a bordo do Lorde Nelosn!( por Tangata Manu)


Lord Nelson no Rio de Janeiro

Lord Nelson no Rio de Janeiro
Tripulação de portadores de deficiência faz viagem pioneira ao Rio de Janeiro para passar com orgulho o espírito dos Jogos Paralímpicos de 2012 para o povo do Brasil
Medalhistas paralímpicos do Reino Unido e do Brasil uniram-se ao Jubilee Sailing Trust para comemorar a chegada do veleiro Lord Nelson e sua tripulação no Rio de Janeiro no domingo, 9/12. O Jubilee Sailing Trust é uma organização que levanta fundos para campanhas meritórias e é responsável pelo Lord Nelson. Sua tripulação é composta por tripulantes portadores e não portadores de deficiência, que contribuem igualmente para a viagem. 
A equipe britânica trouxe uma tocha usada para transportar a Chama Paralímpica de Londres no início deste ano e passou à delegação brasileira na sua chegada, simbolizando a passagem do espírito Paralímpicos do Reino Unido para o Brasil, em preparação para os Jogos Rio 2016.
tocha paralimpicaO Lord Nelson é um dos dois únicos navios de altura classe A no mundo, construído com o propósito de permitir que pessoas de todas as habilidades físicas e sensoriais tenham um papel igualmente ativo na navegação. Tem um comprimento total de 54.7 metros e desloca 368 toneladas, atingindo uma velocidade máxima de 10 nós.
Entre outras características possui sinalização em Braille, elevadores entre decks para pessoas com mobilidade reduzida, almofadas vibratórias instaladas nos beliches para alertar as pessoas com deficiência auditiva em caso de uma emergência e bússola com áudio e tela digital para permitir que a tripulação deficiente visual oriente o navio. Na foto (de Thiago Lara), a britânica Alexandra Rickham, medalhista de bronze na modalidade vela e que também é vice-patrona do JST passa a tocha apara uma tripulante do Lord Nelson.
Esse post é um oferecimento da Associação Brasileira de Velejadores de Cruzeiro

09/12/2012

A imperdível Refeno, Visão, depoimento, constatações e dicas de um cara fascinado pela vela, para quem quiser participar, no futuro, da Regata Internacional Recife Fernando de Noronha.

A imperdível Refeno

Visão, depoimento, constatações e dicas de um cara fascinado pela
vela, para quem quiser participar, no futuro, da Regata Internacional
Recife Fernando de Noronha.

Por Renato “Avelok” Avelar



Há muitos anos tenho ouvido histórias de velejadores que participaram
da Refeno, regata Recife Fernando de Noronha, e estes relatos vêm
povoando minha mente desde longínquos anos, deixando a certeza de que
um dia iria participar deste evento e decifrar seus enigmas, até mesmo
por nunca ter pisado na Ilha.

O interessante é que, de todo o material que lia ou que ouvia pelos
clubes e nas temidas “rodas de varanda” do Brasil afora, nenhum deles
conseguiu criar uma imagem determinada em minha mente. Tampouco
documentários televisivos acerca da ilha desenharam seus contornos em
linhas claras no meu cérebro. De fato, eu não tinha uma imagem da
ilha, ou, se tinha, era irreal, ao menos até conhecê-la de verdade.


Não sei se de propósito, ou porque nunca havia lido algo bem ou mal
escrito, que realmente despertasse a minha atenção, mas minha
consciência refugava predeterminações e imagens pré-concebidas, ou
mesmo pré-conceitos, uma vez que no meu âmago estava estabelecido que
um dia iria participar da regata.

Não foram raras as vezes que ouvi casos exageradamente aventurescos a
respeito dela, contados por velejadores que a fizeram e se
vangloriavam do feito, ou por varandeiros que nunca a fizeram e
preferiam mistificá-la a encará-la!

Concluí, para clarear as ideias que povoavam minha cabeça, que era
preciso participar da regata.



Participei – graças a Deus

Pois bem, amigos nautas e amantes da vela de plantão, estamos aqui
escrevendo sobre a Refeno; então, obviamente, realizamos o sonho.

O maior desafio para se participar da regata Recife Noronha, não é
travessia das 293 milhas que separam o Marco Zero do Recife antigo, da
linha de chegada no Boldró, em Fernando de Noronha, mas sim a
dificuldade de estar lá, na largada.

Exceto os barcos do Norte e Nordeste, os barcos do Sul e Sudeste fazem
uma gigantesca jornada para prestigiarem o evento. Para nós, que
partimos de Vitória, ES, foram 2.600 NM no total; para o Roberto
Bailly, de Niterói, foram quase 3.200 NM; para a galera de Porto
Alegre... 5.100 NM. Que tal? Até mesmo para a turma de Salvador, que
mora “ali ao lado”, são 1.500 NM, ida e volta.

Mas, a distância não é problema para quem quer fazer esta regata, nem
o tempo despendido e nem mesmo os altos custos são obstáculos, com
cada um encontrando a forma de realizá-la à sua maneira (se assim o
quiser de verdade). As opções são muitas e o cristão pode escolher a
que melhor lhe aprouver.



Senhores do Tempo

Os “Senhores do tempo” podem ir velejando em seu próprio barco,
especialmente se aproveitarem um grupo sensacional como o pessoal do
Cruzeiro Costa Leste, que se realiza de dois em dois anos e sobe
calmamente o litoral Brasileiro, saindo do Rio e indo até Recife,
gastando meses inteiros com várias escalas em portos, praias,
enseadas, festas e recepções, curtindo não menos a viagem do que o
destino final.

Esta opção tem um inconveniente: não serve para aqueles que ainda são
óleo para a máquina do dia a dia e que não são donos de seu
calendário. E mesmo para os libertos, o Costa Leste só acontece de
dois em dois anos. Mas é, sem dúvida alguma, a opção mais segura e
divertida para quem pode.



Sem lenço e sem documento

Pode-se ir, também, no próprio barco, sem lenço e sem documento, como
fez meu amigo Serginho Rossi em 2010, no Gato Xadrez, um pequeno Cal
9.2, quando iria completar 50 anos. Deu a si mesmo um presente de
aniversário inesquecível: tirou o relógio de pulso, desligou o celular
e entrou em 40 dias de férias para poder ir e voltar da Refeno sem
stress, saindo de Vitória em companhia de dois amigos, um bom violão,
muita picanha e curtindo a navegada com tempo suficiente para velejar
a favor do vento e sem relógio de ponto, curtindo cada momento.

Neste mesmo estilo, mas em outra vibe (mais regateira), o Roberto
Bailly, do Xeqmate, foi de Niterói num tiro só até Salvador, correu a
Aratu, deixou o barco lá e voltou para trabalhar. Depois, tirou
férias, foi de Salvador a Recife, fez a Refeno, voltou em nove dias de
navegada, saindo direto de Noronha e só parando em Búzios, rapidinho,
para comprar gás e, finalmente, chegando a Niterói. Cascudo esse
Roberto...



Para quem ainda é “óleo para máquina”

Para esses existe a opção de mandar um skipper levar o barco e ir de
avião, como foi nosso caso.

Primeiro despachamos o barco para Salvador, onde ficou por quase 40
dias, onde aproveitamos para participar da Aratu-Maragojipe (matéria
nesta edição), curtimos o fim de semana e voltamos ao nosso dia a dia.
Em seguida, dentro do cronograma da largada, o skipper o levou até
recife. Essa opção é uma mordomia e tanto, mas não sai barato, pois,
além do trabalho do skipper, existem os custos de refeições e
passagens aéreas, rancho, diárias para tripulantes, diesel, peças que
quebram etc., o que, numa viagem onde o barco ficou fora de casa por
cinco meses, acaba saindo caro. Mas, se planejado e rateado entre
todos os tripulantes, torna-se uma opção bem razoável, ao alcance de
escravos do tempo, como nós.



Para os inexperientes

A opção de comprar uma vaga como tripulante de algum veleiro também é
muito tranquila, talvez a mais “resort” de todas, ideal para quem quer
um cruzeiro ao pé da letra. É, sem sombra de dúvidas, a opção mais
acessível, pois não precisa nem saber velejar. Para os inexperientes
que tem barco, ou que tripulam barcos de amigos, ou que velejam
normalmente entre amigos, esse formato traz a desvantagem de não estar
rodeado de pessoas que costumam fazer parte de sua vida, os seus
amigos do peito; assim, o aspecto “regata” não tem muita importância!
Aliás, este “aspecto regata” fala muito baixo nesse evento, que
prefiro chamar de festa.



Para quem tem muitos amigos e um barco pequeno

Também é muito interessante alugar um belo barco de regatas, como fez
o João Ricardo Fernandes, de Niterói, que reuniu nove amigos e se
lançaram na regata a bordo de um sensacional Benneteau 40,7. Saiu mais
barato, por exemplo, do que a opção que escolhemos, com a vantagem de
ter à disposição um barco bem grande e confortável, o que, de fato,
faz a diferença na regata.



Para os fora de série!

Se você é um cara duro (no sentido de resistente e corajoso), faça
como o Kan Chuh, gigante da vela de oceano no Brasil: mande toda essa
conversa fiada as favas, pegue seu mini-transat e vá sozinho, sem
frescura e sem conforto, voando baixo e chegando rápido. Aliás, a
Refeno é um passeio de criança para este sino-baiano, que tem um
currículo como o daqueles velejadores francês malucos, para os quais o
mundo é muito pequeno.



E parafraseando Walt Disney: ”Você é do tamanho do seus sonhos!”

De uma forma ou de outra , você, querendo, vai participar da regata, o
Circo se arma!

Definida a forma da participação, a inscrição é super-organizada,
online, no site da regata, www.refeno.com.br, lembrando que deve ser
feita com bastante antecedência, pois o valor vai aumentando assim que
a largada se aproxima e o numero de participantes é limitado (neste
ano foram apenas 100 barco).


Marcos Medeiros( diretor da regata), Avelok, Marcão Albuquerque, Léo, Roberto Bailly e Suely( staff).

Pintura do Avelar , noite estrelada na refeno


Organização profissional

O pessoal da secretaria do Cabanga, a Suely, o Júnior e o Marcos
Medeiros (diretor da regata), são muito solícitos, estando à
disposição o tempo todo para tirar dúvidas e orientar os
participantes, e olha que eu liguei umas 30 vezes para lá, por conta
de sermos marinheiro de primeira viagem e estarmos preocupados com
todos os detalhes (a estadia do barco, as cartas náuticas exigidas
pela Capitania dos Portos, passando pelo rastreador Spot, e estação
navio da Anatel).

Pois bem, o staff da Refeno é profissional mesmo. Trabalham com
alegria e dão todo apoio necessário; não se vê ninguém estressado,
muito pelo contrário.

Os dias que antecedem a regata no Cabanga são sensacionais, o
movimento dos barcos na marina, todos nos preparativos finais, o
ambiente pré-regata... E cada barco de babar, como os catamarãs
gigantes, a exemplo do Guruçá; o lindíssimo Bavaria 55 Mussulo; o
Sessentão; o premiadíssimo Ave Rara; o Grand Luc, do François Moreau;
o impecável Brasília 32 mega-ultra-equipado Bear Ship e  tantos outros
barcos dentre o cento que aguardava a hora e o dia da largada.



Rega bofe e porre, mas com energia positiva...

A organização preparou um sweepstake de primeira categoria. Teve
barril de Chopp todo dia, apresentação de maracatu, happy hour, muito
agito e convívio social e, coroando os dias da pré-regata, o magnífico
jantar na antevéspera da largada.

Aliás, este jantar, que eu vou ter que chamar de festa, merece
destaque, por ser na antevéspera e dar tempo para todo mundo curar a
ressaca; assim sendo, a festa vira festa mesmo! Este ano teve um grupo
de rapazes tocando Beatles, todos caracterizados com terninhos pretos,
perucas e tudo mais. Até o guitarrista era canhoto, como o Paul, e o
batera a cara do Ringo! Os caras arrasaram, tocavam muito! Os
velejadores vibraram com a música, todo mundo dançando em pé,
especialmente os mais “antigos”, como os velejadores mineiros
Deusdedit e  Célio (tripulantes do veleiro Madame), que foram
literalmente para o gargarejo no palco. O clima emanava energia
positiva!


O jantar foi realizado na quadra de esportes do Cabanga, onde deveria
ter umas 500 ou 600 pessoas. Cada barco tinha sua mesa reservada, com
o nome da nave em forma de vela, ornamentando uma caixinha de madeira
cheia de chocolates e bolo de rolo (especialidade recifense), um
presente de boas vindas da organização para as tripulações. O serviço
incluiu champanhe a rodo, cerveja gelada, salgadinhos o tempo todo e a
píece de resiténce: medalhão ao molho madeira, ou bobó de camarão! Que
maravilha!



Hora de coisa séria

No dia seguinte, reunião de comandantes com a Marinha do Brasil. Uma
reunião de comandantes de verdade, com nada menos que 3 horas de
duração, onde a segurança foi, de fato, levada a sério, um trabalho
bonito de ver, e a relação da Marinha com a regata e os velejadores,
mais bonita ainda!


Durante a reunião exibiram um vídeo amador, feito por um dos
tripulantes de um trimarã que capotou na edição de 2010 e que fora
salvo graças ao uso do rastreador “Spot”. Isso foi mais do que
suficiente para todos se convencerem da importância deste moderno e
obrigatório equipamento, que é um pé de coelho misturado com um Epirb
e custa o preço de um GPS.

Passada a festa, curada a ressaca, barcos vistoriados pela marinha,
solucionadas as pendências da vistoria, feita a reunião de
comandantes, barcos abastecidos, todos se preparam para a largada.
Fato curioso, pois, apesar da largada ser ao meio dia de sábado, todos
os que tinham mais de 1,60 de calado deveriam sair do Cabanga as
2:00hs da manhã de sábado, caso contrário, ficariam presos pela maré
baixa. Assim sendo, a partir de 1:00h da manhã praticamente toda a
flotilha se lançou para a região do porto antigo da cidade, a fim de
jogar o ferro e aguardar, em área profunda, a hora da largada.



A largada!

Mais uma vez a organização falou alto, mostrando toda sua experiência
na lida com a numerosa flotilha. Os barcos foram divididos em grupos,
com horários de largada e de check in separados por 30 minutos de
antecedência. A área da largada ainda fora definida por duas zonas: 1.
Zona de largada e check in, e 2. zona de “espera”, onde o grupo que
não iria largar deveria aguardar em área demarcada por boias, antes da
área de largada.


Assim que os grupos iam navegando no canal do porto rumo a área do
check in, havia uma multidão aboletada em arquibancadas no Marco Zero,
onde um locutor apresentava os barcos, um a um, ao público, que
acenava e aplaudia as tripulações. Confesso que meus olhos se encheram
de água, pois nunca havia visto nem sentido isto antes na vida: a
interação com o público, algo quase impossível neste  esporte sem
plateia, realizado mar adentro.



Velejando pra Noronha

As condições de mar e vento estavam tranquilas, exceto por um mar
desencontrado nas primeiras 24 horas, que fez com que os barcos
pequenos sofressem mais um pouco e deixassem o estoque de remédio de
enjoo reduzido. Nada demais! Um vento de 12 a 18 nós empurrou os
barcos tranquilamente, num través de um bordo único, em noites sem
lua, com uma miríade de estrelas no firmamento, acompanhando aqueles
marinheiros rumo à ilha dos sonhos.

Conforme definido pela marinha do Brasil, não obstante o uso
obrigatório do spot, a radiofonia, também obrigatória, se realizaria a
partir das 8 da manhã e em ordem alfabética, sendo que, quem não
conseguisse passar a posição, diretamente, para um dos dois navios da
Marinha, deveria fazê-lo via ponte com outro veleiro, com a pena de
não o fazendo ser desclassificado.

Os barcos com mais linha d’água levaram grande vantagem neste
passeio/regata e, até mesmo o campeoníssimo “Ave Rara”, ficou atrás do
Sessentão, o Fita Azul, e do Mussulo, segundo colocado.



Surreal, mas sem mistérios

A Refeno não tem mistério nem muito jeb jeb. A travessia num bordo só
é algo bem simples de se fazer, com toda cautela, precaução e
segurança, obviamente. Não tem história de monstros marinhos,
redemoinhos, nem de furacões, tampouco sereias ou outros mitos, que
impossibilitam muitos de saírem de seus portos para irem a mares
azuis, deixando para trás a tranquilidade das baías e o aconchego do
lar.

A chegada à ilha foi surreal! Algo que esperei muito para ver com meus
próprios olhos e da qual, graças a Deus, não tinha nenhuma imagem
preconcebida!

Nós a avistamos as 9 da manhã de um dia de almirante, com vento de 18
nós, um mar roxo, céu azul, temperatura agradável e cruzamos o través
do Boldró às 13 horas e 3 minutos de uma segunda feira.

Como fomos num 31 pés, demoramos mais a chegar, gastando, ao todo, 48
horas e 3 minutos. As horas finais da chegada à ilha foram daqueles
momentos que se vive uma vida pra sentir. Não tenho como escrever aqui
páginas e mais páginas. O cidadão tem que ir e sentir o que é. Cada um
vai ter um gosto, um cheiro e uma cor diferente, mas, pode ter certeza
que estará beirando o seu Shangri-lá.

Tão logo cruzamos a linha final rumamos para o portinho, onde já havia
51 barcos nos aguardando. O visual é lindo, deixo as fotos para
registrar aqui!

Uma precaução na atracação: Use duas âncoras, muita corrente e muito
cabo e, se possível, mergulhe (cerca de 10 a 12 metros) para
certificar-se de que está bem ferrada (unhada), pois o local é bem
traiçoeiro e é comum barco sair a garra.



Fascinação é normal, mas tem um ladinho B...

A ilha de Noronha me fascinou, deixando-me maravilhado com tudo que vi
e senti. O que me chamou a atenção dentre muitas coisas foram as casas
em centro de terreno, herança dos americanos (bem diferente do estilo
europeu colonial entulhado). A ausência total de violência e da
epidemia do crack, um lugar onde todos trabalham e são solícitos. A
educação é de impressionar (oferecer carona é um hábito), não se
explora o turista (preços mais baixos que Búzios e Arraial d’Ajuda por
exemplo) e a beleza das praias é redundância falar.

Mas tem também o lado B: Ruas esburacadas nas vilas; acessos às praias
em péssimo estado; pavimentação na vila dos remédios em deterioração
absoluta; problemas com lixo (sucatas, especialmente); carros em
excesso (mil e quinhentos carros ao todo, numa comunidade de 4 mil
pessoas), mas nada que não seja de fácil solução.



Passa a régua e fecha a conta...

Bom, “més amis”, fica difícil resumir a experiência, mas espero que
meu relato não tenha atrapalhado os planos de ninguém. Se você quer
participar desta regata ou de qualquer outra, faça o seguinte: Just do
it! A gente chega cansado, molhado, todo esbagaçado, sem dormir nem
comer direito, cheio de roxo nas canelas, torrado de sol e doido para
começar tudo de novo!

Ano que vem tem mais causo para contar, se Eólo e Netuno nos permitirem!!



BOX

Dicas para quem vai de primeira viagem

Roupas: Você vai usar uma ou duas mudas de roupa durante a regata e a
roupa de tempo. Na ilha todos andam muito descontraídos e sem luxo.
Portanto, leve uma mochila compacta e nela só o necessário.

Rancho: opte por comidas que possa comer com a mão, tipo sanduíches
feitos na hora, Cup Nudles e barras de cereais, por exemplo.
Importante ter tudo nas menores porções possíveis, inclusive água. È
bem mais prático ter água em recipientes de 500 ml do que em 5 litros.
Gelo, não vale a pena, só se tiver onde conservar. Sofisticar no
cardápio pode significar que todos fiquem com fome, ou fica ruim para
cozinhar (devido ao balanço), ou fica ruim para comer (idem).

Lanternas: duas no convés e uma para cada tripulante

Objeto pessoal: um canivete para cada um também é importante e pode
salvar de um problemão.

Linha de vida: A noite sempre amarrados nela.

Escora: Para os que estão com as facas nos dentes, escora o tempo todo
(são só 48 horas!). Todo o peso colocado a barla! Faça um berço de
lona no beliche de barla e coloque tudo ali, tudo mesmo! Das mochilas
à água, das velas reserva à ancora. Faz uma diferença de umas 3 a 4
horas no tempo final.

Calçados e luvas sempre: Dia e noite, leve a sério, pode acabar que
sua regata vire um inferno por causa de um machucado. Eu, por exemplo,
felizmente machuquei o calcanhar a apenas 2 milhas da ilha, mas foi o
suficiente para me impossibilitar de calçar sapatos, o que me rendeu
mais quatro machucados sérios posteriores, adquiridos em passeios nas
trilhas e praias.

Chegue antes ao Cabanga: Leve seu barco para o Cabanga com a maior
antecedência possível, chegar antes significa tranquilidade na regata.

Planejamento: Use a abuse do planejamento e lembre a todos que é
barco, é um só, e todos são igualmente responsáveis pelo sucesso da
regata.

Piloto: tenha sempre dois, quem tem um não tem nenhum.

Leme e estaiamento: Revise seu leme e o estaiamento, para evitar o pior.



Na Refeno, o importante mesmo é chegar inteiro e feliz! Um beijo e um
queijo, bons ventos a todos!!

Camisas Avelok "velejar é do baralho".

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Harry Manko, sempre com filmes sensacionais e gozadíssimos!

Um vídeo de compilações da Volvo Ocean Race, a volta ao mundo.

Os nós mais usados no mundo náutico, uma vídeo aula, aprenda para não chamar cabo de corda!