24/06/2014

G-force Yachts.

Scrutiny is in the eye of the beholder...
Once a yacht passes our comprehensive 100+ point inspection process, you'll find it difficult to tell the difference between a new X-Treme by G-Force Yachts and a Certified pre-owned X-Treme racer. We are sure you will appreciate our attention to detail and the absence of uncertainty in owning a true G-Force Yachts certified pre-owned X-Treme. Welcome to G-Force Yachts.


23/06/2014

Ocean Cleanup

Garoto cria sistema que limpa metade do Pacífico em 10 anos

A tecnologia  funciona como uma barreira flutuante que aproveita as correntes oceânicas para bloquear os resíduos encontrados no mar.

ão Paulo - O rapaz da foto acima tem apenas 19 anos, mas é responsável por um plano ambicioso apoiado por mais de 100 pesquisadores, cientistas e ambientalistas.

O holandês Boyan Slat criou a Ocean Cleanup, umatecnologia capaz de limpar o lixo do Oceano Pacífico em uma década.
O sistema funciona como uma barreira flutuante que aproveita as correntes oceânicas para bloquear os resíduos encontrados no mar.
Nos testes com um protótipo, a barreira foi capaz de coletar plásticos em até três metros de profundidade.
O sistema também recolheu pouca quantidade de zooplâncton, o que facilita o reaproveitamento e a reciclagem do plástico.
A estimativa é de que o sistema remova 65 metros cúbicos de lixo por dia.
Slat teve a ideia anos atrás, quando mergulhava na Grécia e viu mais garrafas de plástico do que peixes.
Desde então, desenvolveu a tecnologia, montou um site com todas as especificações, fez um estudo de viabilidade e uma campanha para financiar sua ideia.
A primeira apresentação da tecnologia aconteceu em um TEDx na Holanda há dois anos. Sua ideia não foi bem recebida por todos.
Como resposta, Slat e uma equipe de pesquisadores fizeram um relatório com 530 páginas, em que justificavam a viabilidade do projeto.

O próximo passo é testar o sistema em larga escala e aumentar a produção do sistema. Para isso, ele busca financiamento coletivo. A meta é conseguir 2 milhões de dólares em 100 dias.
Ela já conseguiu 30% da meta em 14 dias.

22/06/2014

Sailing Regatta - Naples Lner (1938)

Yacht hit by tanker off Cowes, Isle of Wight



Como diria o célebre escriba das águas Cabo Frienses, Mr Murillo Novaes:

-"#ihdeumerda"!!!!!

Vito Dumas y los Cuarenta Bramadores

Vito Dumas.


Argentino nascido em 1900 e falecido em 1965 em consequência de um derrame cerebral, Dumas  em sua juventude foi um exímio nadador , especializado em  probas de longas distâncias, tal qual Sir Robin Knox Jonshton que foi além de um grande nadador também um corredor de fundo, Vito também fora Boxeador, e como  magnânimo Sir Chichester também foi um aviador, um parêntese para Sir Chichester: este homem  deu a volta ao mundo  solo aos 65 anos, já diagnisticado como portador de cancer terminal em 1967 , com apenas 1 escala, e é tido como um grande herói em seu país e no mundo da vela.
Vito Dumas por volta de 1923  ,por 5 vezes tentou fazer a travessia da foz do Prata a nado e fracassou as 5,  em 1931 tenta atravessar o canal da Mancha, sem sucesso novamente.
Lá na Mancha foi onde teve o primeiro contato com os veleiros , no litoral Francês em Calais, esporte pelo qual ele se apaixona imediatamente .
 Ali mesmo  Dumas compraria seu primeiro barco, o Titave II , barco regateiro, veloz, campeão da classe Internacional de 1912.
Contrariando as superstições do mar, ( trocar o nome dá mau agouro)Dumas o rebatiza de Legh , que ao contrário do que diz no wikipédia não eram as inicias de sua amante, tampouco uma homenagem as embarcações escandinavas, mas orginário das iniciais das palavras: luta , integridade, hombridade e grandeza,  que em espanhol são:  Lucha, Entereza, Hombría, Grandeza , o lema, o código de honra do cidadão nascido em Palermo.
O Lengh chega a Nova Zelândia


 Estes fracassos coletados sequencialmente por Vito Dumas  foram importantíssimos para sua realização pessoal, pois como dizia Churchill, o sábio dos sábios dos anos das décadas de 1920/30 e 40:
"O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo."

Estes acontecimentos moveram este homem simples e determinado a sentir uma profunda necessidade interior de como fazer algo pela honra do esporte argentino, como se lê na carta ao amigo:

 "Bueno Aníbal: la razón de mi aventura es haber comprometido mi palabra en hacer algo de mérito para el deporte argentino.  Mis medios son reducidos y la vida que estoy pasando sólo yo se los sacrificios que me imponen. 


Trecho de uma carta ao seu amigo Aníbal,   escritas nas vésperas de sua primeira viagem , em 1931 de Arcachon na frança, a Buenos Aires, trazendo assim seu novo barco para casa.

 Ao chegar em Buenos Aires, Dumas  foi recebido com grande festa, pois essa travessia do Atlântico se constituiu na primeira aventura de vela em solitário da Europa para a América do Sul em todos os tempos.
http://www.navegantevitodumas.com.ar/

Inicia-se aí sua brilhante trajetória,  lançando sua nave ao mar novamente em 1942 na sua sensacional viagem dos" Cuarenta Bramadores": Uma volta ao mundo nas latitudes do mar gigante e congelante, passando pelos 3 cabos mais meridionais e mais terríveis do mundo:
- Boa esperança, Lewin e Horn, com apenas 3 escalas, Cape Town, Wellington e Valparaíso.
A chegada em Valparaíso, Vito está literalmente em frangalhos) fonte navegantevitodumas.com.ar

A circunavegação foi  feita no seu inseparável Yawl Legh II, que sequer tinha um  rádio ou um motor, em condições precárias e em plena segunda guerra mundial.  O  LEGH poderia ser torpedeado ou fuzilado por um navio ou submarino, despedaçado por um canhão, ou afundado por um avião.
Dumas dependia da água da chuva para saciar a sede,( a falta de água e o cansaço pela falta de horas de sono foram os maiores inimigos) , usando até mesmo jornal por baixo das roupas para não congelar, e principalemente utilizando-se de uma técnica que invetou para velejar e sobreviver em condições extremas naqueles mares dantescos: 
Navegando sempre de popa para o vento e num ângulo de 15 graus, correndo as tormentas e as ondas.

Durante uma tempestade no Pacífico , Vito sofreu um grave traumatismo craniano e teve alucinações,  precisou de toda a vontade de viver e consquente da verdadeira garra de um yachstman para se superar e  completar os ultimos 104 dias de viagem . Os terríveis dias finais,  justamente no trecho mais duro que enfrentou em toda epopéia, mas... ele triunfou, venceu a si mesmo, ele consegiu!
Vito estava imbuído de motivos nobres e idealistas , como afirmara :Voy,en esta época materialista,a realizar una empresa romântica,para ejemplo de la juventud“.
Agora imagina o leitor se naquela época o mundo era materialista hoje então... Jesus apaga a Lu!!
Estas duas fotos são cortesia do Atilio Bermudez, ele as fez no Museu Naval Argentino.


Devido a proibição e burocracia das autoridades argentinas naqueles terríveis dias da segunda guerra mundial, Vito que estava proibido de partir de Buenos Aires pelas autoridades, acaba por  zarpar de Montevidéo( uma ironia!), para  assim iniciar a legendária viagem  que durou 1 ano e exatos 36 dias, navegando num mar antes nunca enfrentado frente a frente por um veleiro, através das latitudes dos "Cuarenta Rugientes ":- as 21  mil milhas para se dar a volta ao mundo nos mares mais furiosos e gelados do planeta água, nas baixas latitudes.
                           Dumas é recebido como herói em Buenos Aires em 8 de agosto de 43.
                                     A chegada na capital portenha. (fonte navegantevitodumas.com.ar)

Uma piada reflete o espírito de Dumas:
AI partir, un amigo le preguntó cuánto dinero llevaba encima. Desconcertado, Dumas sacó su billetera y constató que solamente contenía un billete de 10 Pesos. "Y con eso piensas dar la vuelta al mundo?" le preguntó el amigo. Dumas replicó: "Y donde pretendes que gaste el dinero navegando?". El amigo no supo qué contestarle, pero le entregó diez libras esterlinas en billetes, "por las dudas..." 
http://www.navegantevitodumas.com.ar/



Do site Brasileiro  que por sinal é muito bem feito, um primor de informação, e tem ótimo material de pesquisa, o site maresnavegantes.com.br, pego "emprestado" a parte final desta matéria que narra o ultimo cruzeiro de Dumas conhecido como :


-O Cruzeiros dos Imprevistos
Em 1945-46,nova aventura de Vito Dumas,que quase custou-lhe a vida –viagem de Buenos Aires à Nova Iorque. Seus problemas começaram justamente em frente à Coney Island,muito perto do porto de Nova Iorque,quando uma calmaria e corrente forte contrária o impediram de entrar no rio Hudson. A situação ficou tão complicada,com o Legh II sendo tão arrastado de volta para alto mar e em seguida entrando fortes ventos contrários (Vito Dumas nunca instalou motor em seu barco),  que ele foi obrigado a rumar para os Açores,atravessando o Atlântico,pois lhe seria impossível aportar na costa americana. Mas nunca chegou lá tampouco,ao invés disso esteve ao largo da ilha da Madeira,e depois avistou as Canárias,e de modo incrível a situação anterior se repetiu em ambas as vezes –ventos contra ou calmaria total,com forte correnteza desviando o Legh II para outra direção…Desistiu das ilhas,e com a fome levando-o ao desespero e tornando-se praticamente um esqueleto vivo,rumou para a costa africana,mas não precisou arribar,pois um cargueiro passando próximo viu seus sinais de socorro,e atirando-lhe alimentos,salvou-lhe a vida. Finalmente,o Legh II ruma de volta para a América do Sul,voltando a atravessar o Atlântico,e chega ao Ceará,no Nordeste brasileiro,depois de 106 dias sem escalas no mar…De lá retorna à Argentina,mas ainda tem o infortúnio de encalhar na costa uruguaia. Esta viagem lhe rendeu muitas críticas,com conterrâneos o desqualificando como navegador. No entanto,foram mais de 17 mil milhas percorridas em 234 dias no total da viagem. Da experiência ele escreveu o livro “O cruzeiro do imprevisto“.
Foi em 1955 que Vito Dumas empreendeu sua última viagem,novamente para Nova Iorque,num veleiro ainda menor que o Legh II,oSirio,quando novamente enfrentou graves problemas. Foi obrigado a desistir da idéia de chegar nos Estados Unidos sem escalas,aportando nas Bermudas com problemas de saúde. Recuperado,completou o desafio chegando em Nova Iork em 25 de setembro de 1955,depois de cobrir 7 mil milhas marítimas em 117 dias.
Vito Dumas faleceu em 28 de março de 1965,vítima de derrame cerebral. Escreveu os livros “Mis Viajes“,“Solo,rumbo a la Cruz del Sur“,“Los cuarenta bramadores”e “El crucero de lo imprevisto“.
Infelizmente,Vito Dumas quase acabou esquecido pelos seus compatriotas durante sua vida. Seu barco,Legh II,que provavelmente realizou a maior façanha náutica do século XX com a volta ao mundo pioneira pelos “cuarenta bramadores”ficou abandonado e perdido (ao contrário do barco de Moitessier,o Joshua,que foi recuperado e navega até hoje patrocinado por um museu marítimo francês). Mas depois de sua morte,seu valor foi aos poucos sendo reconhecido por todos os cruzeiristas do mundo,e sua fama teve grande novo impulso quando Bernard Moitessier confessou ser fã de Dumas,e ainda ter adotado técnicas de navegação do argentino para conseguir navegar nas altas latitudes.

Existe uma polêmica em se discutir que foi o maior navegante no site argentino navegantevitodumas.com.ar:
Chichester ou Dumas?
Na minha opinião foi Dumas, apesar da "fumaça" que ronda sua história pelos próprios velejadores da Argentina.
O leque é maior para se comparar: Scott, Amundsen, Shakleton, Slocum, Tabarly, Moitissier, RKJ, Slocum, James Cook?! me lembrei de um post interessante que fizemos há algum tempo, que  recorro a piada deste próprio pasquim para colocar nosso ponto de vista, assim sendo a resposta está na próxima postagem!

The perfect expedition.

Qual seria a expedição perfeita, perguntou Mac'Enroy?

Naquela longínqua tarde de 1920,após um  dia de verão sufocante e também extasiante em face a série de  regatas disputadas em seus novíssimos one design boats, literalmente com a faca nos dentes, os três amigos  davam uma atenção ao barco e cuidavam da faina .
O tempo passava voando, entre um comentário e outro lavoro seguia em ritmo acelerado,  o grupo formado por Mac'Enroy, Stanley Clifford, e pelo italiano Máximo Tedesco, sagrara-se naquela manhã o grande vencedor de 3 das 5 retagas da copa "Tansmanian" e já preparavam o barco para as regatas da semana seguinte, a fim de defenderem o título.
Com o fim do trabalho ao cair da tarde seguiram para o Pub para tomar algumas cervejas e celebrar a performance nas regatas e a vida ( este segundo motivo,  o faziam semanalmente),  e durante o caminho, conversavam sobre os grandes feitos dos recém criados heróis , os grandes aventureiros e desbravadores de terras inóspitas, que nas duas primeiras décadas do século com suas fantásticas expedições elimiram todas as fronteiras do desconhecido.
Após algum tempo em silêncio, caminhando ofegantes enquanto subiam a  suave colina que terminava as portas do Pub "Almirante Benbow", Mac'Enroy profere aquela perguta que daria origme a frase mais famosa pelos 30 anos seguintes em toda a Tansmânia e talvez em toda Austrália.
-Meus caros amigos, quem de vocês poderia me dizer  qual seria a expedição ideal?
Prontamente Stanley com seu ar professoral  imposta a voz , buscando um dó de tenor lá no fundo da garganta e responde, antes pigarreando :
-( aham)Ora, ora, a expedição ideal... a expedição ideal  deveria  ter a técnica de Scott , somada  a velocidade de Amundsen, esta sim seria uma empreitada perfeita!
Caminhando dois passos atrás vinha o Italiano, sempre muito perspicaz e sacana, as vezes até mesmo sarcástico, não á toa se chamava Máximo.
 Meio que resmungando ele profere a famosa máxima (em italiano), tentando desta forma dar um ar ainda mais aristocrático as sua observação:
-La spedizione ideale avrebbe la tecnica  Scott e  la velocitá di Amundsen, ma dal santo Dio che ci protegge, se tutto va storto prego che il vostro capo è Shackleton.
A expedição ideal teria a técnica de Scott e a velocidade de Amundsen, mas por Deus, se tudo der errado reze para que Shackleton seja seu chefe.
Na foto tirada por Mr. Montgomery Jonhson com uma Roleiflex vemos Stanley Clifford em primeiro Plano, Máximo Tedesco de macacão e chapéu, e Mac'Enroy ao fundo, em manutenção do belíssimo one design "Sweepstake Marriot"

08/06/2014

Regata Vitória Guarapari 2014, vivendo o espírito da vela.

Avelok entevista Jan Wilem Aten, parceiro de Bruder , uma dupla que fez história na vela mundial , eles foram os grandes vencedores da semana de Kiel na classe Star. e por um triz não levam o bronze os jogos de Munich em 72.

Prezados amigos nautas e amantes da vela de plantão,  para quem não sabe e não conheçe Bruder, faço aqui um breve apresentação: Ele era em seu tempo como ( ou mais...desculpe são Torben!!)Torben e Scheidt são hoje para a gente, um velejador com bagagem para ser um dos melhores( senão o melhor) do mundo em seu tempo, compartilhamos com os leitores da revista Avelok, The Yacht Man, uma exclusiva e inédita entrevista com o parceiro da lenda Joerg Bruder, Jan Willem Aten , eleito pela ISAF o melhor proeiro do mundo em 1972 ,  que nos conta curiosidades e fatos de sua história no esporte e seus momentos com Bruder.
Fizemos duas entrevistas , esta escrita e outra por telefone , em um dos longos papos que tive com Jan, um fato que me chamou a atenção foi durante a campanha de Munich, eles correndo com um barco de madeira, comprado no México em 68, o único barco de madeira dos jogos por sinal, os trouxe uma grande desvantagem nos ventos fracos.
Eles começaram mal nas regatas, mas começaram a virar a mesa, de um forma incrível, aí houve o atentado que paralisou os jogos por 3 dias, fazendo com que o vento também ficasse de luto neste episódio terrível que ceifou a vida dos atletas Israelenses, e também a primeira medalha olímpica na vela Brasileira.
Publico aqui a entrevista e logo abaixo republico a matéria que Jan escreveu sobre Bruder morto tragicamente no acidente da Varig em Orly de 1973 quando ia participar do mundial de Finn em La Rochelle, defendendo o quarto título do mundo, morreu levando consigo a taça do tri campeonato mundial de Finn e a taça transitória do melhor proeiro do mundo que ficara com Jan por um ano , para quem quiser saber mais sobre o assunto!
Espero que gostem! Bons ventos e boa leitura!
Alguns títulos do Bruder:
11 vezes Campeão Paulista Finn(*)
8 vezes Campeão Brasileiro Finn(*)
3 vezes Campeão Sul-americano Finn
2 vezes Campeão Norte Americano Finn 
3 vezes Campeão Mundial Finn
2 vezes Vice-campeão Mundial Finn
2 vezes Campeão Jogos Pan-americanos Finn
1 vez Campeão África do Sul Finn
1 vez Vice-campeão Europeu Finn 
1 vez Vice-campeão Mundial Star
1 vez Campeão Norte Americano Star
2 vezes Campeão Bacardi Cup Star
1 vez Campeão Semana de Kiel Star
1 vez Campeão Copa Ouro Brasil-Argentina Star
2 vezes Campeão Sul-americano Star
1 vez Vice-campeão Europeu Star
3º lugar Campeonato Mundial Soling
1 vez Campeão Internacional Marstrand Soling

Avelok: Onde vocês se conheceram?
Jan Aten:   -  Velejando de Finn na Represa Guarapiranga em regatas de final de semana, quando ele colocava uma perna no 2º lugar.... Ele me falou a primeira vez num clube esperando entrar o vento quando pedi a ele uma dica sobre meu mastro de madeira. Um sábado de muito vento, “ sertão” ( vento oeste - quente e forte, cheio de rajadas ) todos saindo da água umas 3 da tarde, entrei para treinar virar e desvirar o Finn – fiz umas 6 vezes seguidas. Depois no popa ele apareceu no barco dele e convidou par subirmos o contra vento juntos. No 2º eu estava  a barla.. e o homem ficou bravo comigo.. aconteceu algo muito curioso que te conto ao telefone..





   Em seguida me convidou, ainda na água panejando, ... para ir ao Rio correr Brasileiro de Star na semana seguinte. Anotou meu telefone. Avisei que nunca tinha entrado num Star. Sem problemas, vamos 6ª feira. Fiz até calças de escorra com acolchoado na bunda. Passou 4:30 da manhã rebocando o barco..Levar o Star foi engraçado, o reboque soltou.... na descida de Aparecida ...ás 600 da manhã..te conto ao telefone...

   Ficamos na casa do seu amigo Mario Inneco no Saco de São Francisco, ali em Niterói, dormindo no barco de oceano dele, o MADUSA (iniciais dos nomes dos 3 filhos do Mario Inneco). Lembro que foi a 1ª vez que escutei aquela fita de 8 pistas . Velejando no Rio o Bruder tinha uma rivalidade com o Henri Adler que era Starista de longa data, além do Siemsen. Ganhamos.
  Treinando em finais de semana no Rio antes de embarcar o Buho Blanco para Kiel,  a melhor velejada foi voltando em contravento ao ICRJ num final de tarde com Sudoeste -  o barco chorava...tremia... nivelado com muito vento... “planando no contra vento” como dizia ...e foram tantas outras manhãs e tardes velejando dentro e fora da baía indo muito longe sem qualquer apoio.. Sim de manhã também..já que dormíamos num Box emprestado no Iate Clube...no meio de sacolas de vela, mofo, etc....e tínhamos pouco tempo para treinar antes de viajar..estávamos testando 7 mastros que fabricou,,reduzindo peso no top...etc...para levar a Kiel com anotações de  flecha e uso do back.


Avelok: O que poderia dizer que foi o momento mais marcante de sua vida na vela? e seu momento com Bruder?
Jan Aten:-  Acho que a primeira experiência no esporte é sempre marcante. No meu caso foi velejando num final de semana em um barco típico holandês nos arredores da Ilha de Texel, Holanda. O som da água na madeira me fascina até hoje... e lembro bem o dia que realmente vencermos a regata depois de pactuar com o Bruder em terra vencer de qualquer modo aquela regata

Avelok: Me conte mais do convívio do Bruder como pessoa, como ele era?
Jan Aten-      Bruder tinha o dobro da minha idade, isso já diz muito. Era rápido, acelerado, técnico, muito sensível e intuitivo, e um tanto briguento.

Avelok: Como ele lhe tratava? como um garoto, ou como um proeiro? 
Jan Aten:-       O Bruder tinha 36 anos – e eu 18.. eu era um aprendiz ao lado do mestre, vários dias por semana...falava com muito respeito, me pedia para ver adversários atrás e cambadas de outros. Ele não tirava olho das velas, backstay e ondas.  Perguntava minha opinião sobre as curvas do mastro e gostava como eu evitava as ondas na escorra. Meu físico era muito bom pernas curtas e tronco longo adequado para escorra longa,. Além disso as regatas duravam mais de 2 horas e em Kiel era quase uma hora para chegar na raia...a gente ia treinando e fazíamos pelo menos um contravento antes da preparação de regata...





Avelok: Quais eventos participaram juntos?
 Jan Aten:-    Paulista, Brasileiro, 7º Distrito, Semana de Kiel e Olimpíadas..e algumas poucas regatas de final de semana em SP.

Avelok: conta mais sobre a semana de Kiel !
 Jan Aten:-      Conheci pela primeira vez os top do mundo da vela internacional..veja bem.. só de Star eram 60 barcos...e haviam todas as classes..evento teste pré-olímpico...o cara que me impressionou na água foi Rodney Pattison do Flying Dutchman da GB...velejava de forma absolutamente agressiva no leme, contrariando qualquer orientação de ter a mão-leve no timão
      
Avelok: Como era o Hubert ? ele ainda é vivo? mora onde se vivo for? 
Jan Aten :-      O Hubert é vivo, velhinho na Áustria, o filho veleja de Finn ainda
     
Avelok: Quem eram os mais bacanas da época, como gente!
Jan Aten:-        Eu era jovem e novo no pedaço, de um clube sem velejadores representando o Brasil na época, ou seja, admirei velejadores experientes.- no Iate Clube Paulista conheci o Dino Pascolato sempre um gentleman, homem educadíssimo, muito amigo do Bruder. Admirava o Reinaldo Conrad e seu proeiro Buckard Cordes e já conhecia o Klaus Biekarck, Alex Welter, o Peter Ficker, todos do YCSA. Do Rio conheci os irmãos Axel e Eric Schmidt, muito diferentes um do outro, e tenho saudades do Patrick Mascarenhas, companheirão da mesma idade que nunca mais vi. O Gastão Brun na Semana de Kiel sempre muito engraçado falando mal do Dragon que ele tinha de usar quando estava acostumado ao Soling...... e como disse antes o grande amigo do Bruder no Rio, o Mario Inneco.

-        Lá fora conheci o pessoal do Finn, o Thomas Lundquist da Suécia, o Carl Van Dyne dos EUA com quem mantive troca de cartas e que faleceu alguns anos depois, Uwe Mares da Alemanha , o Hubert Raudaschl. O cara mais simpático dos Staristas era o Durward Knowles, das Bahamas, que por sinal já participara das Olimpíadas por várias vezes. Um homem educado, divertido, contador de estórias fantásticas.


Avelok: Como era a cena da vela? 
Jan Aten:
-     Em SP haviam rivalidades.. bobagens entre clubes..política...coisas feias, do passado...mas tudo amador quase por que dependia do investimento pessoal..não havia patrocínio..vela de alto rendimento pago por confederação..o máximo que conseguia era passagem ( reembolso muitas vezes depois de 60 dias) e transporte de barco.. o Bruder investia pesado pois tinha de vender mastros, propagandear, .e velas vendia velas Raudaschl aqui.     Quando voltei da Semana de Kiel e da Olimpíada o pessoal de meu clube São Paulo Yacht Club (de origem inglesa) não se interessou muito... solicitei ajuda burocrática para importação de um Finn num programa da federação de vela de SP..., negaram a minha inclusão -  desisti pois não tinha $ para comprar barco atual.




Avelok :Como eram as pessoas? Jan Aten 
-Um pouco frias, rivais, eu era visto como um garoto intruso na panela local...o Bruder tinha alguns desafetos, ainda vivos.. melhor não falar sobre isso.
   
Avelok: O que sentiu ao chegar na Europa para velejar?? 
Jan Aten:
-        Entusiasmo, e tudo novidade, colorido, Kiel é vela..velejador sem conhecer a Semana de Kiel ainda não sabe o que é evento de regata de vela.. 

Avelok: Depois dos jogos vc foi morar fora certo? 
Jan Aten:
-        Sim. Fiquei na Alemanha um tempo com muita dificuldade. Voltei ao Rio e trabalhei uns meses com o Pelicano. Consegui uma viagem aos EUA como tripulante num cargueiro chinês onde só se comia pé-de-porco na sopa (prato típico chinês), arroz e chá ... jogava baralho com o capitão para ganhar uns biscoitos importados - me virei – ficava no timão do navio em um turno.
      Consegui trabalho numa veleria Tampa, EUA ajudando e aprendendo a desenhar velas..– velejava para testar as velas, ensinar o trim, vender ... final de semana ganhava um trocado como trimmer de barcos de oceano, half-tonners..Ranger, etc... .. depois tornei-me um demonstrador do Laser na região, em finais de semana o representante regional me levava para uma praia ou clube, ficava velejando mostrando o barco a interessados -  a novidade chamada Laser!. Curiosamente anos antes eu fiz testes no protótipo em Kiel pois o projetista canadense velejou de Star em Kiel

Avelok: e a vela como ficou na sua vida desde então?
 Jan Aten:
-        Velejei mais em SP sem competir na ponta, sempre faltou $ para equipamento, barco e velas.. competir sem igualdade de material. Comecei a usar barcos de outros, e timoneava Lightnings do Arne Arnesen, do Ricardo Fleishflesser, amigos aos quais sou muito grato até hoje
     Fiz algumas velas protótipo para Snipe com tecido importado, vendia apenas bujas
     Comprei um Laser  para brincar e aos poucos sem motivação fui jogar tênis..fui até professor de tênis...



Avelok: Obrigado Jan, foi um prazer conversarmos a respeito da história do Bruder, que para tantos como eu foi um exemplo de velejador e de pessoa, aproveito para desejar a todos uma excelente semana , com muito mar e vento a favor, e se tiver mau tempo a gente enfrenta , por que mar calmo não faz bom marinheiro!!

Saiba mais da vida de Bruder , por Jan Willem Aten:

Bruder velejava com grande maestria na técnica e na tática, sempre com uma atitude séria e competitiva. Conhecia e desenvolvia o seu Finn, criando detalhes de peças e trabalhava obcecadamente desenvolvendo menor peso e a melhor performance de flexão nos mastros de madeira. Além disso, Bruder tinha muita força física e preparava-se com treinos de permanência na escora em uma cadeira adaptada em sua casa.

No Brasil, além de ser professor de Geologia na Universidade de São Paulo, fabricava mastros, retrancas e outras peças em madeira e alumínio. Bruder desenvolveu os mastros de alumínio da classe Finn nas instalações da Tecelagem Santa Constância de seu amigo Dino Pascolatto. Também tinha como amigo e parceiro comercial o fabricante de vela austríaco Hubert Raudaschl.

Nos anos 60, depois de velejar de Iole Olímpico por algum tempo, despontou na classe Finn vencendo o Campeonato Paulista por 9 vezes seguidas com grandes adversários como Claudio Biekarck e Alex Welter, além de tantos outros.  Participou de grandes campeonatos no exterior, sendo 2 vezes campeão nos Jogos Pan-Americanos e foi Tri-Campeão Mundial de Finn em seu barco, o “Neguinho”, numeral BL3.

Joerg Bruder começou a  velejar internacionalmente na classe Star em 1971. Foi ao Mundial na Venezuela com Claudio Biekarck na proa, seu grande adversário local na classe Finn e terminaram como vice-campeões. Isso animou Bruder a escolher o Star para participar dos Jogos Olímpicos de 1972. Além disso, Bruder estava decepcionado pela decisão dos organizadores de fornecerem barcos da classe Finn o que impediria de usar seu próprio equipamento.

Bruder então convidou Jan Aten, um velejador de Finn como proeiro. Utilizando o “Buho Blanco”, numeral BL 5217, um Star de madeira adquirido no México, venceram o Campeonato Brasileiro e 7º Distrito de Star no Rio de Janeiro. Em seguida foram campeões na Semana de Kiel 1972 tendo 60 adversários da vela mundial na época que disputavam vagas por seus países e desejavam competir nos Jogos Olímpicos, como Willy Kuhweide, Alan Holt, H. Raudaschl, Uwe Mares, Flavio Scala, David Forbes, Stuart Jardine, David Knowles e Pelle Petterson.

Bruder trabalhava diariamente para desenvolver detalhes nos mastros, no casco do barco e nas velas. Criou uma peça de “self-tack” de buja na classe Star, uma inovação que permitia bordejar rapidamente para vencer duelos de contra vento especialmente em ventos fortes.

Bruder e Aten treinavam em dias da semana na Represa Guarapiranga em São Paulo, com o barco do Dino Pascolatto, montado similarmente ao “Buho Blanco” então na Alemanha. Rebocavam o Star com o pequeno VW Variant na madrugada de sábados e voltavam no domingo á noite depois de treinar na raia fora da Baía de Guanabara.

Bruder não se preocupava muito com a beleza e arrumação do barco, mas com a performance e simplicidade de manobras. Um dia em Kiel, Paul Elvstrom, que velejava então de Soling, veio ao “Buho Blanco”, subiu no trailer, olhou dentro do cockpit e vendo que o barco era de madeira,  exclamou: “How is it possible that this boat sails so fast?” (Como é possível que este barco anda tão rápido?)

Em Kiel, durante Agosto e Setembro de 1972 quase todos os dias pela manhã e noite, Jan Aten lixava o Star dentro da água gelada com roupa de borracha, limpando o casco, o leme e a quilha, buscando maior velocidade. Preferiam os ventos fortes, ouvir mastro e estai amento “zumbir” no vento, e a madeira do casco “ranger” nas ondas. “Planar” nas pernas de través e de popa com gaibes rápidos era a especialidade.

Nas regatas em Kiel os ventos fracos dominaram os primeiros dias prejudicando a expectativa e o material escolhido na medição. E o atentado em Munique interrompeu a seqüência de regatas.  Mas, após alguns resultados ruins Bruder e Aten conseguiram uma reação (com alguma superstição) com uma vitória e um segundo lugar, e disputaram medalhas até a última regata, mas ficaram na 4a colocação geral dos Jogos Olímpicos.

Joerg Bruder faleceu em 1973, em um fatídico vôo da Varig em Orly, Paris, quando ia á La Rochelle na França,  em busca de seu 4º título mundial de Finn.


Restepping a mast during a regatta - Dick Enersen writes, "Huge kudos to Paul Cayard and Phil Trinter for their performance on Tuesday in the Star Trials in San Francisco. To be able to replace a mast and then go out and win two races is truly impressive.
It should be noted, just for historical interest, that their accomplishment is not without precedent. In the 1972 Olympics, sailed in Kiel, the great Brazilian Finn sailor Joerg Bruder competed in the Star Class. On the way out of the harbor, Bruder and his crew Jan Aten snagged a shroud on a piling and brought the rig down on their heads. They calmly got the boat back to the dock, brought down a spare mast, stepped it, rigged it and sailed out to win that day's race.

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Harry Manko, sempre com filmes sensacionais e gozadíssimos!

Um vídeo de compilações da Volvo Ocean Race, a volta ao mundo.

Os nós mais usados no mundo náutico, uma vídeo aula, aprenda para não chamar cabo de corda!