Vídeo com alguns momentos descontraídos a bordo do phantom no encalço do aventureiro.
-Prezados amigos nautas e amantes da vela de plantão, hoje após a labuta diária, estamos publicando a crônica da X regata Vitória Guarapari, com muitos fatos que marcaram esta sensacional regata que reuniu 18 barcos, e teve um clima de extremo cavalheirismo, dá-lhe Lipton!!
Vamos então aos fatos, fotos e vídeos depois, de quebra vai aí anexo um vídeo feito pelo Lucas Storm a Bordo do Kiron e o link para as reportagens que saíram na Gazeta e na TV Guarapari!! O que representou um grande prêmio de reconhecimento para todos os que participaram de uma forma ou de outra desta maravilhosa festa da vela capixaba, pessoas como William Brown ( nosso querido amigo Billy), como Geraldo Carneiro, ( nosso comodoro mais atuante de todos os tempos), como Dr Cezar Abaurre que durante a solenidade proferiu a frase que marcou o evento:" vale a pena viver toda uma vida só para aproveitar momentos com este" disse o octagenário velejador.
Foto de Kaio Pallassi.
A Layla da secretaria de vela que tanto colaborou pelo brilho do evento, e registramos aqui um grande agradecimento ao Jackson Lauretti, um nauta de educação acima da média, que além de ter emprestado seu helicóptero para as filmagens, mas muito acima disto pelo gesto que fez em prol das boas maneiras no mar enquanto eu velejava com a criançada de dingue na semana retrasada.
Vinha eu a bordo do dingue " Dois Irmãos" com a petizada que se inicia no mundo vélico, velejando no canal da ilha do Frade, e de repente aparece aquela lancha enorme e belíssima uma Phantom 500 do Jackson, e que ao ver os mirins a bordo do barquinho a vela reduz a velocidade e altera o rumo para não nos atrapalhar. Um gesto de gentleman, mesmo que não seja um velejador, é um Yacht-man com todas as letras.
Passamos então aos preparatórios e explicatórios
Os preparativos para a regata se iniciaram muitas semanas antes do evento, todos montando tripulações, treinando, medindo barcos( o que deu em trabalho mais que extra ao Jens), preparando os detalhes de seus barcos, e com aquela ansiedade que antecede o clímax, a epifânia.
( reunião de comandantes, foto avelok)
No ano passado, tivemos um ano ruim da vela de oceano, chegando ao cúmulo de termos regata com apenas 2 barcos na água, fruto de uma somatória de muitos pequenos fatores, mas que agora foram revertidos com ações como a medição geral da flotilha e a vinda do presidente da RGS aqui( o Becker), com o trabalho de nosso coordenador técnico Fernando Mendonça, como o trabalho fantástico da diretoria de vela e da comodoria, pela chegada de mais um barco de ponta sob o comando de um velejador de ponta( o veleiro Aventureiro do comtde Manchinha), da volta do Kiron para a raia, da também volta a atividade do Meninusca do Bruce Parker, da participação do internacional time que acaba de chegar de uma viagem de um ano pelo caribe e europa velejando e vivendo a vida com alegria e entusiasmo: o sensacional veleiro Ephêmos de Nelson Bastos e Dudu Bastos( pai e filho).
A tripulação prepara a faina, e nosso amigo Bruce veste o uniforme da equipe.
Pois bem , graças a todos aqueles que colocaram os barcos na água, sem delongas ou Jeb Jeb, e com muita gana e propriedade!
Dando um bordo no assuntos buracrátórios:
Durante a semana , após enviarmos a "derrota " para a Capitania, tivemos mais uma vistoria da Capitania dos Portos, acho que a sexta ou sétima que fizemos desde fevereiro passado, todas as regatas em Camburi ou dentro da baia são exigidas e obrigatórias, mas desta vez fomos surpreendidos com a exigência de aferição de bússola e "quadros" além de todos os ítens de segurança habituais e que estamos todos em dia, e que nos pegou no meio do dia a dia atribulado de trabalho e foi uma grande tensão para resolvermos a logística e darmos conta de podermos estarmos aptos a navegar as meras 25 milhas de Vitória a Guarapari.
Liga de cá, liga de lá atrás de um "aferidor" corre na loja e na capitania para comprar os quadros, pede autorização para o "aferidor" entrar no clube para fazer a certificação, corre atrás do dinheiro para pagar a aferição, etc, etc, uma correira louca, e tensão a flor da pele, até mesmo o receio do evento não ser realizado nos passou pela cabeça.
TODOS ficaram muito tristes com este rigor absoluto e pela sensação de impotência.
O pior de tudo, com toda a sinceridade é o mal estar que nos causa este excesso de zelo, procedimentos que jamais vimos em 34 anos de vela( no meu caso) e também nunca vi em nenhum evento de navegação de longo curso, como a Santos-Rio , semana de Ilhabela, circuito Rio dentre outros. ( foto da tripulação, e junto o nosso patrocinado Gabriel que correu no Meninusca, ele é o ultimo na frente a direita)
De tudo, a segurança em primeiro lugar!!!, e disto nós sabemos mais que ninguém que navega por estas bandas, navegamos e á vela, sem auxílio de motores e afins, e quem veleja tem que saber navegar MESMO , não tem como tapear, senão você não sai do lugar. Nâo obstante , nunca aconteceu um problema sequer envolvendo barcos a vela em nossa raia, e muito menos em nossas regatas, e desta forma realmente não compreendemos o zelo demasiado e este tanto de vistorias, e desta vez pedindo coisas até mesmo desnecessárias e não obrigatórias conforme estabelecido pela Norman, nesta caso exigências para barcos acima de 24 metros, que não é nosso caso.
Burocracias e exigências a parte, respiramos fundo, engolimos mais esta, pois contra a burocracia é desperdício de tempo lutar, então nos voltamos para os preparativos.
( preparando para a largada, foto Bruno Falco)
Na sexta feira, fizemos a reunião de)comandantes, falamos dos procedimentos, largada, regras e segurança, e lá já deu para sentir que a regata ia ser muito muito bacana dado o clima que pairava no ar durante a reunião de comandantes que foi agraciada com a presença maciça dos velejadores e comandantes.
Ao término da reunião, todos confraternizaram em um maravilhoso happy hour no sexagenário bar da piscina do ICES, e lá já se inicaram as "enchovas" entre as tripulações.
Finalmente os assuntos regatórios:
Sábado acordei cedo, pulei da cama as 6 da manhã, e as 7 já estava no clube. Logo em seguida vem chegando a galera do Fantasma: Bruninho Falco( nosso pupilo), Fernando Mendonça acompanhado do proeiro do Kiron e seu Filho Lucas Storm, e assim foram-se passando as primeiras horas da manhã , com a chegada das tripulações e aquela movimentação maravilhosa no circo da vela no Píer do clube.
( Kiron, um Slikiper 30 maravilhoso de simão bassul)
O vento soprava tímido, num quadrante sudoeste, coisa estranha e incomum, mas como era muito cedo( até mesmo devido ao horário de verão) , havia previsão positiva do vento firmar no N/NE acreditamos assim que teríamos um regata bem bacana, e tivemos.
As 10:40 da manhã, com apenas 10 minutos de atraso, alinhavam-se na largada entre a lancha "ATALAIA" cedida pela praticagem e a bóia, nada menos que 18 barcos, isto mesmo 18 barcos!!
( Aventureiro marcando a pré largada)
O vento já firme na casa dos 7 nós com rajadas de 10 impulsionou os barcos linha afora rumo ao farol de Santa Luzia e depois em uma direção franca e direta para a Cidade Saúde.
Os momentos que antecederam a largada foram muito tensos, confesso que fiquei com o batimento muito acelarado, tentando me concentrar , com um olho da flotilha e outro no Kiron e no Aventureiro.
(O fantasma atrás de sua máscara.)
Dada a largada, subimos rapidamente o balão, sáimos no meio da raia com o Kiron a sota e o Aventureiro a barla, mas o que eu temia aconteceu:
Estava preocupado de termos as largadas das classes RGS e bico de proa juntas, pois o pessoal do bico de proa poderia atrapalhar, e não estão tão treinados e tampouco com a espada entre os dentes. Dito e feito, o Meninusca que vinha ligo atrás de mim , me contempla com uma mega "sombra apaga balão" e assim o aventureiro abriu alguns metros, e foram embora, estes metros( 10 ou 15) foram disputados palmo a palmo o través da barra da Ponta da Fruta.
Ou seja, eles andando a apenas metrinhos na frente ,e nada da gente conseguir passar, tentando de tudo, concetração total, mas não dava para chegar neles, o barco tem um LOA maior, e é bem moderno, além de não ter tinta de fundo e quilha curta( que dá muito menos arrasto na empopada), já o Kiron na altura do farol estava encostado conosco , talvez um pouquinho atrás, mas seguiu a partir dali um rumo para terra e nós dois rumamos num pega fantástico no bordo de fora rumo a Guarapari.
A flotilha ficou para trás, estes 3 barcos realmente fazem uma disputa a parte, e que disputa!!
( Bruno Falco em auto foto)
Eu sempre sacaneio os tripulantes falando da importância de calçados e luvas, e fico encarnando em todo mundo, e eu..manza, imbecil, burro!!! fui descalço!! num determinado momento meti o pé na presilha do suporte cana de leme que trava a extensão, tipo um chifre arredondado, e abri um pequeno buraco embaixo do dedão, pequeno mas fundo, e que sangrou um bocado e doeu para cacete. Este momento breve de distração fez com que o Aventureiro e seu balão azul e branco se distanciasse mais ainda , e a partir daí vimos que somente com um erro deles nós teríamos chances de vencer, agora era relaxar e gozar!
( Fernando Mendonça, tripulante e coordenador técnico da RGS)
Ledo engano, os caras velejaram bem demais!! e o erro não aconteceu eles tavam com tudo!
O Kiron de Simão Bassul Neto, vinha pela praia, um pouco atrás, mas crescendo( e muito), e a gente com menos velok que o Cmdte Mancha, o negócio tava ficando feio para a gente, tentamos então um par de jibes nas 3 ilhas para ver se nos aproximávamos, uma estratégia meio suicida e que não deu certo, mas valeu para mostrar que a gente tava na cola e se eles bobeassem a gente dava um créu!!
Durante estes jibes, a flotilha já se afunilava e todos se reagrupavam para vencer a ponta do morro da Pescaria na praia do Morro, velejamos a metros do Ephêmores durante bons minutos nesta aproximação, lado a lado, até que eles resolveram baixar o balão( gigantesco!! são 40,5 pés de nave e o balão laranja um monstro!), por questões de segurança , provavelmente o precavido Nelson já se antecipando as rajadas desencontradas embaixo do morro, e que poderiam levar a um festival de atravessadas, o que num barcão daquele dá prejú na certa.
Vinhamos então no rumo da chegada na seguinte ordem:
-Na frente o balão Azul e Branco, chegando por sota e nos passando por alguns metros o Skipper 30 Kiron( que quase toma um xadrez devido a um jibe mal calculado), e a gente velejando em terceiro no real, coladinho no primeiro e no segundo, mas com um tranquila margem de tempo corrigido sobre o Kiron, cerca de 2 minutos , o que seria impossível eles fazerem , exceto se a gente pisasse no tomate, o que não pisamos e muito menos sentamos no quibe ou escorregamos no quiabo.
Em seguida o Ephêmeros embolado com o Guanaco , e logo depois o Meninusca vem apontando o balão francês armado lindamente no barco do inglês.
A fotilha se dispersou e veio chegando um a um na sequência, infelizmente devido a distância que abrimos não deu para ver muito o que aconteceu no bolo do pelotão, mas ficamos sabendo que a briga foi boa!
Enfim!! o Aventureiro cruza a CR rompendo a fita azul, logo logo em seguida o Kiron e colado , logo logo colado veio o Phantom, e nós mesmo em terceiro no real, tínhamos alí garantido o pódio no segundo degrau, nada mau mas também nada de marvilhoso, mas muito melhor que ficar em terceiro , pois a gente gosta mesmo é de ganhar.
Mas.... o grande momento, la piéce de resistance, la creme de la creme foi a chegada da categoria do bico de proa, numa briga protagonizada pelo Thor 40.2 Ephêmeros e pelo Delta 32 Guanaco, ambos palmo a palmo, o vento forte roncando, e eles com a faca nos dentes tentando a vitória.
O Guanaco vem arribado e com velocidade entrando por cima do Cmdte Nelson Bastos tentando vir com tudo, mas ...
..na hora h, os Bastos usam de uma estratégia sensacional e com muita personalidade e orçam em cima dele e colocam o Cmdte Jânio e sua tripulação para fora da linha de chegada para evitar a colisão haja vista estarem completamente sem direito de passagem e tentando forçar a barra, sendo assim os grandes vencedores da bico de proa o pai e o filho( e a tripula é claro!), ganhando na linha de chegada, literalemente, e ainda fazendo a nau derrotada a dar uma cambada , voltar , dar outra cambada e só assim cruzar a linha, ufa!! que sacode!
Foi sensacional este pega, e a chegada sem palavras, espero que alguém tenha fotografado ou filmado, inesquecível!
( Sirius do cmdete Mário Banner)
( um comandante verde de raiva após uma manobra que não deu muito certo, foto catada da internet)
A chegada da RGS teve um pouco menos emoção, "pero no mucho" mas a beleza dos 3 balões chegando juntos só as fotos poderão mostrar, ou a memória de quem viveu e viu o momento.
Passamos aos conclusórios:
Terminada a regata, o sol escaldante derretendo nossos miolos, todos doidos por uma cervejinha( na regata não rolou nada de geladinha, faca nos dentes e normas de segurança)nos dirigimos para as imediações da escuna Indiana onde ocorreria a confraternização , buscando um bom e seguro ponto de atracação.
Encontrado o ponto e já atracados, feita a faina a bordo, tudo certo, velas dobradas, barco limpo , lixo recolhido e embalado, recebemos a ilustre visita de Duda Bediaga a bordo(ele foi no Kiron operando a proa com mestria) fomos então finalmente tomar umas copas, comer acepipes e confraternizar com nossos amigos e nossa maravilhosa família iatista, para usufruir deste um prazer único, um momento mágico e eterno, um clima familiar, uma sensação de dever cumprido, a pureza na alma e nos sorrisos e assim fomos até o cair da noite na festa que se seguiu animadamente na companhia desta pessoas mais que especiais e que tanto amo , todas, incondicionalmente:
- Vocês, meus amigo da vela!!
( na foto, o Kiron volta pra casa ao lado do Phantom, foto avelok)
Esperamos que na volta da Taputera a ser realizada em 19 de março o circo se re-arme e o show aconteça de novo!!
E vamos já avisando, vamos com tudo!!! Te cuida galera, quem não treinar vai tomar tinta!
Parabéns a todos que tiveram a oportunidade de fazer esta festa acontecer, e obrigado por ter a companhia de todos vocês amigos da vela, principalmente os que vão sempre ao meu lado no fantasma da ópera: Fabiano, Julinho , Léo Oliveira, Bruninho Falco ,Fernando Mendonça, ao Jens que mesmo no barco adversário é um irmão de fé, e ao master sailor do espírito Santo, aquele que faz o vento curvar, e a proa gemer e a biruta voar:- o grande , o gênio , o mago Luciano Secchin( que fez falta a bordo)!!
Bons ventos a todos!!
Avelok The Yacht-man!!
Storm, foto avelok
Jens, foto avelok
ps- fotos ainda não tenho muitas mas até amanhã a noite a gente recheia este bolo postando algumas, com cereja e tudo no topo!!
Vídeo da feito a bordo do Kiron pelo Lucas Storm.