Prezados amigos nautas e amantes da vela de plantão, hoje domingo de vento sul , a tripulação do Phantom se encontrou no ICES bem cedo, para um treino técnico visando nossa participação no circuito Rio, que acontece no começo de novembro, tal como na regata Santos Rio.
Estávamos lá Lucky, Fabiano Porto, Lèo Oliveira, Eu, e de bote voando baixo, com Angeloti no timão, muito atrasado, veio a nosso encontro ao Dr Marcos Albuquerque e embarcou em frente ao sacre couer, enquanto ainda adriçávamos o grande, porém já bem afastados do cais, uma chegada triunfal para este nauta inciante e que vem se destacando como bravo yachtman.
Dia especial, dia de 64 anos do clube, uma grande festa social, mas esporte mesmo não teve, salvo nossa incursão ao canal de vitória e um ou dois widsurfs que vimos a rasgar as águas, um deles certamente o Rominho, fominha mor da vela de pranchas.
O vento prometia, começava a roncar, e alguns de nós , como o Fabiano não velejavam desde Ilhabela, Lucky só de Snipes, e hoje seria o dia de tirar o atraso da galera.
Fomos então, num contravento delicioso, com muitas e muitas rondadas, canal da cidade acima, com o intuito de montar a pedra da Taputera, e treinar muitas cambadas, e controle da nave num mar de rondadas loucas onde o Phantom vira um cavalo selvagem , ou um cachorro doido, tem que segurar firme e com jeito senão é descontrole e momentos tabajaras em doses titânicas.
Ao entrarmos na boca do canal , avistamos um grande navio, e fomos o cortejando em bordos próximos porém sempre com muita margem de segurança, como verão nas fotos, até sua atracação final no porto de Capuaba.
Velejar neste percurso é muito bacana, vc tem a interação direta com o público, e leva para perto , bem perto das pessoas, a beleza de um barco a vela e seu balé sincronizado de movimentos, bordejando a 10 ou até mesmo 5 metros, das profundas margens do paredão de pedra da avenida beira mar, os cidadãos literalmente param para ver o barco passar, muito legal, não tem uma pessoa que não para para ver , e fotos então, são um festival. Certamente esta imagem do barco a vela traz um colorido especial ao domingo desta gente que está a passear pela orla da segunda capital mais antiga do país.
Cerca de 11 da manhã, com apenas uma hora de navegada nos aproximávamos da Taputera, que resolvemos montar por boreste e em seguida colocar o balão e voltar para o clube morro abaixo, e vimeos nos aproximando, algumas rajadas, e na minha mente uma premonição, premonição ruim , muito ruim.
O profundímentro , devido a chuvaca de ontem estava meio apagado, ( os eltrônicos só operam 100% quando usados diariamente, ou em tempos de seca absoluta), todavia de nada ele adiantaria.
O meu sexto sentido é terrível, fica no subconsciente a visão, e a visão que tinha era de um fundo cheio de pedras, e elas se aproximando do casco do phantom.
De súbito uma porrada, pow, crasshhshshsh, outra porradaça!!! e o barco subiu em cima de uma pedra, ficando apoiado pela quilha.
Todos mantiveram a calma, realmente muita calma mesmo, pois apesar da porrada , o barco não fazia água, mas chegou a subir quase meio metro sobre a água.
Primeiro tentamos com o motor( frente e ré), e o barco roda em seu próprio eixo agarrado em cima da pedra, depois o leme foi o premiado, começa a raspar e fazer ruídos, eu o solto imediatamente e deixo-o a vontade , não forçamos nada, o balanço e a calma nos tirariam dalí.
Neste ínterim tentamos radiofonia com a praticagem , mas obviamente, eles em manobra, atracando o navio que cortejamos , não poderiam nos dar suporte, somente depois deveriam nos responder decerto, pedi que meus parceiros aguardassem pois daríamos um jeito, e acredito que sozinhos teríamos mais chances de sair com o barco sem potencializar as avarias.
Nas horas que ocorrem acidentes, a calma é crucial , pois o pior pode vir depois se vc tomar a decisão errada, e o veleiro adernado é a única forma de sair de um encalhe, ou com vento, peso na borda ou com reboque na adriça , o que não tenho predileção alguma, dadas as possibilidades de quebra de mastro, de rasgo no casco, rompimento de peças, e tudo de ruim que puder passar pela cabeça.
Pensamos e fomos nos posicionado com o barco, de leve, bem de leve, sentindo o que fazer, muito temor pois o fundo era pedra pura, e de todos os tamanhos.
Eu e Fabiano temos uma boa sinergia, é interessante, exatamente como nas regatas no conjunto traveller/timão, que trabalham em sintonia silenciosa sincronizada, decerto nós dois sabíamos o que iria acontecer , mesmo sem falar um com o outro sobre o plano de fuga, ao ver uma rajada mais forte se aproximar, pedi a tripula todo peso a sota, Fabiano caça os panos com vigor e plena certeza, adernamos ao máximo a nave e saímos , de lado, arrastando, mas sem bater em nada, a única forma de sair sem detonar o barco, depois de uns 10 minutos onde ficamos muito calmos mas, momentos angustiantes.
Soltos, afastamos da pedra submersa , que em tupi guarani é taputera, e subimos o balão imediatamente, pois o leme não fora afetado a princípio, estava sendo manejado normalmente, e não dava para mergulhar naquela água podre do porto para ver o que aconteceu.
Tenho um bom anjo da guarda, e também sentia que a coisa não seria muito grave, ( torçia em silêncio para tal).
Surfamos o canal abaixo, em direção ao oceano com balão em cima, o prático passa acendo na encarnada lancha" Pilot" em alta velocidade, e quem era?? : - O Grande Velejador Ralph Rosa, que não deve ter entendido nada do que aconteceu, se entendeu deve achar que a gente é doido, mas fato é que estas pedras não existiam alí, a Taputera, a grande pedra submersa, fora dinamitada e os pedaços se espalharam num raio maior que a original , que tantas e tantas vezes contornamos em regatas, há 55 anos fazem isto.
Seguimos atravessando algumas vezes devidos as rondadas espetaculares, e numa delas, por um erro de montagem , o balão voou, mas rapidamente a tripulação com Lucky e Léo na manobra, safa a vela, e em seguida a reinflamos.
Em camburi, já em mar aberto a nave resolve voar, mas voar mesmo, estávamos andando uma barbaridade, marolas lindas ficando para trás, e surfando deliciosas ondas, mas a hora era de retorno ao clube e encarar os fatos.
Atracados, com toda calma e serenidade, Lucky se dipõe a mergulhar e constata que o leme não sofrera avaria alguma, mas a quilha sim , porém de pouca monta, arranhões, e um amassadinho na ponta do bulbo no bordo de fuga, ou seja, nada perante o susto que passamos, passadas as regatas do próximo fim de semana subimos o barco para acertar tudo e pintar o fundo pois a tinta já venceu.
Sentiremos a falta da carreta do barco, que compramos há um ano e 3 meses, e deve estar vindo de jegue de santa catarina, e o pior parou para fazer um pit stop, com um time formado por lesmas e preguiças, mas a gente pega outra emprestada, não seja por isto!
Num jornal antigo que tenho, da década de 50, te uma matéria com o seguinte título, " Ouvindo e sentindo a Taputera", pois é ...
Hoje, 60 anos depois a gente entedeu o recado.
bons ventos a todos e uma ótima semana!!!
19/09/2010
16/09/2010
Marlon Oliveira, atleta revelado pelo projeto Gael, em Vitória, é destaque no blog do Axel Grael.
Segue trecho da matéria, que dentre outras coisas discursou sobre a causa do fim do Projeto Grael em Vitória, clique no título para ler na íntegra.
Os 28 barcos participantes enfrentaram um vento sul de aproximadamente 15 nós, durante cerca de três horas de prova. A largada foi dada às 12h15 com término da competição às 15 horas.
Terminou, nesta segunda (06), a 56ª Taça Cidade de Vitória de Vela. Os 48 velejadores representaram o Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina e concorreram nas categorias Dingue, Laser 4.7 e Standart. O dia marcou também a etapa final do VIII Campeonato Sudeste de Dingue.
Os 28 barcos participantes enfrentaram um vento sul de aproximadamente 15 nós, durante cerca de três horas de prova. A largada foi dada às 12h15 com término da competição às 15 horas. A raia de prova da praia de Camburi foi considerada muito boa pelos participantes por não apresentar um trajeto viciado.
O campeão da 56ª Taça Cidade de Vitória de Vela foi Marlon Oliveira, que obteve 4 pontos contra 7 pontos de Willian Brown, que conquistou o segundo lugar.
O terceiro lugar ficou com Manoel Vicente, que chegou a 11 pontos. O campeão Marlon tem 18 anos e começou a velejar aos 11 anos com o apoio do Projeto Lars Grael, desenvolvido pela Prefeitura de Vitória...
...É com elevado orgulho e muita saudades que vemos Marlon Oliveira e Juliétty Tesch, dois atletas que ainda muito jovens aprenderam a velejar no Projeto Grael de Vitória e que, oito anos depois da desativação do Projeto Grael, ainda figuram com destaque no cenário náutico capixaba.
O Projeto Grael de Vitória foi inaugurado em 1999 e operou com muito sucesso até que a Prefeitura da cidade, por incapacidade de reconhecer o potencial do programa, que era desenvolvido para o benefício exclusivo dos estudantes da rede pública, decidiu por interromper o apoio à atividade. Na época fomos frustrados pela justificativa apresentada: o Projeto Grael seria uma iniciativa elitista. Como poderíamos ser elitistas se servíamos exclusivamente ao público atendido pela rede de educação da própria Prefeitura? A afirmativa revelou a visão preconceituose e a evidente desinformação dos tomadores de decisão daquela ocasião.
Mas ficamos felizes de constatar na notícia acima, que bons resultados ficaram. A comovente persistência de Juliétty Tesch e Marlon Oliveira, que às duras penas ainda mantêm-se ativos no esporte, permite que o Projeto Grael ainda seja lembrado naqueles mares, desvendando o desperdício de oportunidade e o equívoco que foi praticado.
Ainda sonhamos com a possibilidade de voltar a atuar em Vitória. Quem sabe, a tênue fagulha que ainda resiste acesa, mantenha viva a esperança e volte a iluminar corações e mentes".
.
Axel Grael
Presidente
Instituto Rumo Náutico/Projeto Grael
Tempestade de papéis no Espirito Santo, matéria publicada no site sailabout.com.
Segue trecho da matéria enviado pelo amigo Nauta Eduardo Grafulha de Porto Alegre, comandante do Fat 303 Halftonner, Ex-Tipapo e atual Sir Wallace, BRA 880 .
O rigor aplicado pela capitania dos Portos do Espirito Santo é extremo, a ponto de todos os nossos barcos serem vistoriados antes de cada regata, mesmo as regatas dentro da baia de camburi, o que não foi diferente ao nauta argentino que amargou uma experiência pra lá de burocrática. segue o texto
"A tempestade que um cmte argentino passou no porto de Vitória, em sua subida para participar da Refeno:
Puedo con las tormentas
Puedo con las calmas
hasta con las averías
pero no puedo con la burocracia"
(Capitán Guillermo)
index.php?option=com_content& task=blogcategory&id=92& Itemid=95"
O rigor aplicado pela capitania dos Portos do Espirito Santo é extremo, a ponto de todos os nossos barcos serem vistoriados antes de cada regata, mesmo as regatas dentro da baia de camburi, o que não foi diferente ao nauta argentino que amargou uma experiência pra lá de burocrática. segue o texto
"A tempestade que um cmte argentino passou no porto de Vitória, em sua subida para participar da Refeno:
Puedo con las tormentas
Puedo con las calmas
hasta con las averías
pero no puedo con la burocracia"
(Capitán Guillermo)
" Uma vez no Iate clube do Espirito Santo, Capitão Guille corre atrás dos tramites do barco enquanto a tripulação descansa e arruma um pouco o barco. Na Secretaria do Clube, informaram que era necessário fazer todos os tramites de entrada. A Policia Federal, neste porto, vai até a embarcação e precisa ser agendada a visita. Já na Capitania dos Portos, era necessário ir pessoalmente com o passe de entrada da Policia Federal. A visita da Policia Federal ajudou muito porque reduziu o trabalhão de ir e vir por uma cidade desconhecida. O pessoal foi muito profissional, simpático e o desembaraço ocorreu muito bem, fato que o Guille disse que gostaria de elogiar e agradecer muito. Com este papel e os documentos do barco foi à Capitania dos Portos. A Capitania dos Portos de Vitória não decepcionou, entravaram o processo o máximo que a burocracia deles permitia. (...)"
Ver restante do blog em: http://www.sailabout.com.br/13/09/2010
Jesús Soares Gonzales, um espanhol que ganhou o amor pelas vela no ICES.
Jesús veio morar em Vitória no início dos anos 80, acompanhando seu pai o engenheiro Soares Gonzales, sua Mãe Marevi, sua irmã Ana Vitória e seu Irmão Jorge.
A família de Gijon, Espanha, viera par o Brasil para o patriarca, engenheiro, trabalhar na Hispanobrás, na época uma concessionária da vale do rio doce, moravam no Ed Bertrand Russel ao lado do clube, e estudavam no sacre-couer, onde na época eu também estudava, somado a isto, Sir Wallace( meu Pai) era colega de "Vale" do Soaeres, e logo criamos laços de amizade familiares que foram dar nas regatas e no convívio infanto/adolescente no Iate Clube, que era bem diferente de hoje, um clube 100% esportivo, e onde a garotada gastava as tardes diariamente.
Não me lembro bem quando , neste cenário os irmãos começaram a velejar, primeiro de optimist, onde a caçula Ana se destacou como um jovem talento, mas antes disto, os irmãos fizeram várias temporadas conosco nas regatinhas locais, e em seguida partiram para o Snipe.
O "Espanhol" como era chamado por todos correu regatas por um bom tempo com Jacaré, tendo inclusive viajado com a delegação capixaba( eu e fernando mendonça, ele e jacaré) para o mini norte-nordeste de Snipes em Aracaju, no longínquo ano de 1986.
Este campeonato merece um destaque a parte, pois foi lá que ví a cena mais insólita numa competição em toda minha vida:
- Haviam duas tripulações rivais, mais rivais mesmo, um era do Valtinho e a outra não sei o nome do cara. Pois bem o tal do Valtinho era um cabra destemperado e doido, apesar de velejar muito bem, e durante a regata ele discutiu com seu arqui rival e o couro comeu.
O Valtinho inicia então uma perseguição ao alvo(o caboclo rival), esqueçe da regata e vai atrás do cara, velejando o máximo, trimando tudo na perfeição, fazendo o que podia e não podia para alcançá-lo, passaram o lay line e foram embora canal acima, mas nada do Valtinho pegar o cara.
O caboclo perseguido, talvez pelo desespero, ou talvez por que era bom mesmo em regatas e fugas, deixou o cabra macho para trás, e ele foi dando a volta lá em cima do canal de Aracajú, rondando com a corrente , deu um olé no Exu caveira, e depois vem voltando para o clube para salvar o cour, e se ver livre do facão enorme que Valtinho empunhava numa mão, o leme na outra, como que num filme de índios e mocinhos.
Na chegada ao clube , o sujeito entra com tudo na rampa, joga o barco de qualquer jeito para riba da terra sem carreta sem nada, encalhe selvagem mesmo, e Valtinho vem logo atrás, soltando fogo pelas ventas. Chegando segundos depois , o cabra macho desvairadamente louco, tal qual cordel de fogo, um gogol bordelo alucinado com um facão na mão , e não um violão, pois aí o adversário não tem alternativa e empunha a cana de leme de seu novíssimo e lindo snipe para se defender, senão virava picadinho de charque, pois o baixinho tava possuído pelo demo, e saiu dando porrada para tudo que é lado com a cana para não morrer.
A turma do deixa disso( ou do S.O.S) intervem e segura os os dois, o caboclo perseguido dá no pira do clube, e o Valtinho pega um formão daqueles parrudos e faz uma dúzia de furos no casco chubasco novinho do cabra, coisa de maluco mesmo! O espanhol achaou naquele dia que tourada é esporte para garotos , imaginei com meus botões, pois Jesús, apesar da pouca idade era e sempre foi um cavalheiro.
O máximo que fazia quando ficava nervoso, era ficar com o rosto vermelho igual a um pimentão.
Voltando a vaca fria, os irmãos "Espanhóis" , incentivados pelo pai e gente finíssima Soares, que passava as tardes na varanda do bar golfinho( na época o unico bar do ICES) a tomar uns tragos com papai, na mesma mesa, a esquerda da porta principal, sempre servidos pelo garçon Lutigal e seu terno piguin, alinhadíssimo ,apesar da casa ser uma mistura de cantina e boteco. pois bem , os irmãos logo receberam de su padre, um belo barco de presente, ideal para velejarem em regatas.
Merecidamente pois a dupla estava em ótima performance.
O barco era o "hai-kai", um exemplar de madeira( lindenburguer, acho que é assim que escreve) todo envernizado, até os costados, lindo de morrer, que pertencera ao Danilo, um velejador de Brasília que mudou-se para Vitória e logo passou para a vela de oceano, vendendo o barco tratado a pão de ló aos irmãos, que passaram a andar na cabeça da flotilha.
Durante uma regata de vento muito forte( toco mesmo), não me lembro bem, acho que Volta da Taputera, o barco virou ao largo da ilha do frade, e os irmãos não conseguiam desvirá-lo.
Por perto havia uma lancha da marinha que foi prestar socorro, foi onde o desastre aconteceu.
Os navais não tinham muita noção de salvatagem , tentaram rebocar o barco emborcado, com mastro vela e tudo pra baixo, e não conseguiram obviamente, aí o barco foi dar nas pedras da ilha do frade, exatamente na frente da casa de Bruno Tommasi, e literalmente se despedaçou.
O pouco que restou fora saqueado durante a noite.
No fim dos anos 80 a família retornou para Gijón, cidade natal da prole, onde vivem até hoje, infelizmente Jesús me deu a má notícia que Soares falecera há uma ano.
O "espanhol" nunca parou de velejar, ficou no sangue, e sangue espanhol é brabo! ele tem tido ótimos resultados com seu belíssimo J80( o da foto), sendo inclusive destaque na mídia local, e também obteve êxito no certamen espanhol de Snipes, Ana ainda velejou de Kadet um tempo mas parou.
Seguem umas fotos do Espanhol ontem e hoje,
Salve Jesús, quando puder venha nos visitar e velejar conosco!
Jesús agachado no canto esquerdo ao lado de Bruno Tommasi, Juliana Queiroga, e o Hélvio( camisa escura), de pé da esquerda para direita, Alexsandro, Frank Brown, Renato Avelar, Eduardo Zenóbio, Albert Bitran, Paulo Tommasi, e Renato Zanol Santos Beves, 1981.
Bons ventos amigos que os levem e os tragam para nos visitar!
A família de Gijon, Espanha, viera par o Brasil para o patriarca, engenheiro, trabalhar na Hispanobrás, na época uma concessionária da vale do rio doce, moravam no Ed Bertrand Russel ao lado do clube, e estudavam no sacre-couer, onde na época eu também estudava, somado a isto, Sir Wallace( meu Pai) era colega de "Vale" do Soaeres, e logo criamos laços de amizade familiares que foram dar nas regatas e no convívio infanto/adolescente no Iate Clube, que era bem diferente de hoje, um clube 100% esportivo, e onde a garotada gastava as tardes diariamente.
Não me lembro bem quando , neste cenário os irmãos começaram a velejar, primeiro de optimist, onde a caçula Ana se destacou como um jovem talento, mas antes disto, os irmãos fizeram várias temporadas conosco nas regatinhas locais, e em seguida partiram para o Snipe.
O "Espanhol" como era chamado por todos correu regatas por um bom tempo com Jacaré, tendo inclusive viajado com a delegação capixaba( eu e fernando mendonça, ele e jacaré) para o mini norte-nordeste de Snipes em Aracaju, no longínquo ano de 1986.
Este campeonato merece um destaque a parte, pois foi lá que ví a cena mais insólita numa competição em toda minha vida:
- Haviam duas tripulações rivais, mais rivais mesmo, um era do Valtinho e a outra não sei o nome do cara. Pois bem o tal do Valtinho era um cabra destemperado e doido, apesar de velejar muito bem, e durante a regata ele discutiu com seu arqui rival e o couro comeu.
O Valtinho inicia então uma perseguição ao alvo(o caboclo rival), esqueçe da regata e vai atrás do cara, velejando o máximo, trimando tudo na perfeição, fazendo o que podia e não podia para alcançá-lo, passaram o lay line e foram embora canal acima, mas nada do Valtinho pegar o cara.
O caboclo perseguido, talvez pelo desespero, ou talvez por que era bom mesmo em regatas e fugas, deixou o cabra macho para trás, e ele foi dando a volta lá em cima do canal de Aracajú, rondando com a corrente , deu um olé no Exu caveira, e depois vem voltando para o clube para salvar o cour, e se ver livre do facão enorme que Valtinho empunhava numa mão, o leme na outra, como que num filme de índios e mocinhos.
Na chegada ao clube , o sujeito entra com tudo na rampa, joga o barco de qualquer jeito para riba da terra sem carreta sem nada, encalhe selvagem mesmo, e Valtinho vem logo atrás, soltando fogo pelas ventas. Chegando segundos depois , o cabra macho desvairadamente louco, tal qual cordel de fogo, um gogol bordelo alucinado com um facão na mão , e não um violão, pois aí o adversário não tem alternativa e empunha a cana de leme de seu novíssimo e lindo snipe para se defender, senão virava picadinho de charque, pois o baixinho tava possuído pelo demo, e saiu dando porrada para tudo que é lado com a cana para não morrer.
A turma do deixa disso( ou do S.O.S) intervem e segura os os dois, o caboclo perseguido dá no pira do clube, e o Valtinho pega um formão daqueles parrudos e faz uma dúzia de furos no casco chubasco novinho do cabra, coisa de maluco mesmo! O espanhol achaou naquele dia que tourada é esporte para garotos , imaginei com meus botões, pois Jesús, apesar da pouca idade era e sempre foi um cavalheiro.
O máximo que fazia quando ficava nervoso, era ficar com o rosto vermelho igual a um pimentão.
Voltando a vaca fria, os irmãos "Espanhóis" , incentivados pelo pai e gente finíssima Soares, que passava as tardes na varanda do bar golfinho( na época o unico bar do ICES) a tomar uns tragos com papai, na mesma mesa, a esquerda da porta principal, sempre servidos pelo garçon Lutigal e seu terno piguin, alinhadíssimo ,apesar da casa ser uma mistura de cantina e boteco. pois bem , os irmãos logo receberam de su padre, um belo barco de presente, ideal para velejarem em regatas.
Merecidamente pois a dupla estava em ótima performance.
O barco era o "hai-kai", um exemplar de madeira( lindenburguer, acho que é assim que escreve) todo envernizado, até os costados, lindo de morrer, que pertencera ao Danilo, um velejador de Brasília que mudou-se para Vitória e logo passou para a vela de oceano, vendendo o barco tratado a pão de ló aos irmãos, que passaram a andar na cabeça da flotilha.
Durante uma regata de vento muito forte( toco mesmo), não me lembro bem, acho que Volta da Taputera, o barco virou ao largo da ilha do frade, e os irmãos não conseguiam desvirá-lo.
Por perto havia uma lancha da marinha que foi prestar socorro, foi onde o desastre aconteceu.
Os navais não tinham muita noção de salvatagem , tentaram rebocar o barco emborcado, com mastro vela e tudo pra baixo, e não conseguiram obviamente, aí o barco foi dar nas pedras da ilha do frade, exatamente na frente da casa de Bruno Tommasi, e literalmente se despedaçou.
O pouco que restou fora saqueado durante a noite.
No fim dos anos 80 a família retornou para Gijón, cidade natal da prole, onde vivem até hoje, infelizmente Jesús me deu a má notícia que Soares falecera há uma ano.
O "espanhol" nunca parou de velejar, ficou no sangue, e sangue espanhol é brabo! ele tem tido ótimos resultados com seu belíssimo J80( o da foto), sendo inclusive destaque na mídia local, e também obteve êxito no certamen espanhol de Snipes, Ana ainda velejou de Kadet um tempo mas parou.
Seguem umas fotos do Espanhol ontem e hoje,
Salve Jesús, quando puder venha nos visitar e velejar conosco!
Jorge, Andrea Noccetti, e Jesús na quadra do ICES O espanhol no timão de um open 60
Jesús agachado no canto esquerdo ao lado de Bruno Tommasi, Juliana Queiroga, e o Hélvio( camisa escura), de pé da esquerda para direita, Alexsandro, Frank Brown, Renato Avelar, Eduardo Zenóbio, Albert Bitran, Paulo Tommasi, e Renato Zanol Santos Beves, 1981.
Bons ventos amigos que os levem e os tragam para nos visitar!
A poesia da pintura a óleo retratando o Yachting em seus primórdios.
Somente para contemplar, sem maiores pretensões, pois nem precisa.
Um pintura destas é pra se ver com calma, realmente ver, que é diferente de olhar, e captar todos os detalhes fazendo uma viagem ao passado.
12/09/2010
Lancha a vela, o futuro será limpo;
O Kite Sailing Kitano Yacht desenhado por Stefani Krucke introduz tecnologia de vela kite,
para a classe de iates de luxo e de lazer , beneficia de muitas vantagens
que a tecnologia tem para oferecer.
Um deles é a constante velocidade , proporcionada por rajadas
mais fortes encontradas em altitudes mais elevadas
o que faz o barco andar depressa e constantemente.
Comparado com uma vela normal a pipa tem menos área de superfície,
mas ainda gera força suficiente para que mesmo uma brisa suave levante o casco
a uma velocidade de planeio.
Equipado com um centerboard operados hidraulicamente,
mesmo navegando em águas rasas e litorais é possível marear a nave
sem risco.
O Yacht leva e abriga 8 passageiros, dotado com o que há de mais luxuoso .
Além disso, é totalmente verde e não puluente.
para a classe de iates de luxo e de lazer , beneficia de muitas vantagens
que a tecnologia tem para oferecer.
Um deles é a constante velocidade , proporcionada por rajadas
mais fortes encontradas em altitudes mais elevadas
o que faz o barco andar depressa e constantemente.
Comparado com uma vela normal a pipa tem menos área de superfície,
mas ainda gera força suficiente para que mesmo uma brisa suave levante o casco
a uma velocidade de planeio.
Equipado com um centerboard operados hidraulicamente,
mesmo navegando em águas rasas e litorais é possível marear a nave
sem risco.
O Yacht leva e abriga 8 passageiros, dotado com o que há de mais luxuoso .
Além disso, é totalmente verde e não puluente.
Jibe Chinês.
Prezados acabo de retornar da padaria para o café da manhã de domingo , onde o ócio impera em minha casa, e diferente não o foi hoje , todavia não sem antes passar pela banca de revistas e comprar algo para ler e sair da inércia , pois dada a hora avançada e todos ainda dormindo, velejar não será a pedida do dia certamente.
Pois bem , na banca encontro o exemplar da náutica , e o adquiro para ler enquanto tomo o café da manhã.
Fico muito desapontado com a falta de cobertura dos assuntos relacionados a vela, em especial a matéria sobre a RISW 2010, com apenas 2 páginas e 3 fotos, sendo duas do touchê e um texto para lá de insosso. Um evento desta magnitude, um revista deste naipe e com um nome tão predicativo e nauta poderia e deveria dar uma cobertura maior, até por que as imagens proporcionadas foram belíssimas.
Na balsa, quando deixávamos a ilha após o macht, conversava animadamente com o Pablo Furlan, que encontrara indo para casa também, e uma turista se aproxima da gente e agradece( ?!)
Pergunto o porque do agradecimento:
Ela então explica o motivo da reverência:
- obrigado pelo espetáculo de beleza e magia que todos vcs velejadores proporcionaram aos turistas durante esta semana, eu mesmo sem enteder nada de vela , fiquei maravilhada com todas estas velas e as manobras realizadas no canal da ilha principalmente, disse a senhora acompanhada de duas filhas adolescentes com um largo sorriso no rosto.
Um episódio semelhante havia acontecido na pousada onde fiquei , durante o café da manhã, mas desta feita a senhora , seu marido e filha foram mais longe, resolveram aprender a velejar para poder um dia poder fazer partes deste maravilhoso mundo.
Pois bem meus caros nautas, a vela é um esporte de raríssima beleza, como dira nietzsche ,existe três coisas realmente belas na vida:
-"Uma mulher bailando, um cavalo trotando, e um barco velejando" .
A RISW foi um envento de beleza surreal e merece mais espaço na mídia, não para afagar nossos egos vélicos, e sim para levar ao publico náutico que não teve a oportunidade de participar, ou nunca viu, imagens belíssimas , informação e momentos de prazer numa leitura de um magazine especializado.
Daí, tem-se uma mola propulsora para novos e curiosos nautas migrarem para o mundo da vela , para empresas patrocinarem barcos , tripulações e eventos, e tudo crescer num círculo virtuoso.
A Náutica deu uma bola fora sem igual, ou melhor um jibe chinês com direito a capzise.
Bom domingo a todos, e bons ventos!
11/09/2010
10/09/2010
Contribuição da Mônica Bermudez, falando sobre o trabalho do Atílio, sobre São Lars.
Oi Renato. Lendo novamente seu blog me sinto alegre. Ele e no mínimo, refrescante, se posso dizer isso. Os artigos são sempre legais e interessantes. Tudo Bem?
Por aqui em casa as coisas legais. Estou te mandando em anexo foto do Atilio que, fazendo uma visita a um cliente velejador de Star numa regata no YCI, Peter Ficker, teve a honra de conhecer a Sir Lars Grael. Este se mostrou interessado no trabalho do Atilio e talvez adquira um modelo de star.
Também em anexo o modelito do Laser do Neto. Essa foi com a tua ajuda direta. Estes modelos são bons para fazer propaganda e dar de brinde para clientes especiais no fim de ano. O qué vc acha?
Bjs Mônica
08/09/2010
Bibinho Percy , nosso enviado especial, Dr. Rock com a palavra!
| mostrar detalhes 16:40 (35 minutos atrás) |
As fotos estão fora de sequência, mas o que valeu foi a experiência deste navegador solitário.
Confira a história abaixo!
Visão incrível no Pacífico Sul
Em agosto de 2006 o iate "Maiken" estava navegando no Pacífico Sul quando a tripulação teve uma estranha visão. Olhe estas fotos e tente imaginar o espanto que este fenômeno causou.
Uma praia? Não, isto não é uma praia. São cinzas vulcânicas flutuando no mar.
Mas, cadê o vulcão? O rastro do barco. De repente, aparece ...
E, enquanto estava olhando... Uma nuvem de cinzas, uma coluna ENORME, tingindo tudo de vermelho.
Então o céu fica negro de cinzas e o oceano com os reflexos dourados do sol.
E agora, apareceu uma montanha? Mais erupções e nuvens.
Em minutos a montanha cresce, uma ilha novinha formando-se.
Dá para imaginar o privilégio de ser o primeiro e único a ver e registrar uma nova ilha sendo criada onde não havia nada antes?
Mucho loco!
BB
Confira a história abaixo!
Visão incrível no Pacífico Sul
Em agosto de 2006 o iate "Maiken" estava navegando no Pacífico Sul quando a tripulação teve uma estranha visão. Olhe estas fotos e tente imaginar o espanto que este fenômeno causou.
Uma praia? Não, isto não é uma praia. São cinzas vulcânicas flutuando no mar.
Mas, cadê o vulcão? O rastro do barco. De repente, aparece ...
E, enquanto estava olhando... Uma nuvem de cinzas, uma coluna ENORME, tingindo tudo de vermelho.
Então o céu fica negro de cinzas e o oceano com os reflexos dourados do sol.
E agora, apareceu uma montanha? Mais erupções e nuvens.
Em minutos a montanha cresce, uma ilha novinha formando-se.
Dá para imaginar o privilégio de ser o primeiro e único a ver e registrar uma nova ilha sendo criada onde não havia nada antes?
Mucho loco!
BB
07/09/2010
Eugênio Herkenhof é um cara irrequieto, autor de muitas proezas e aventuras, e leva a sério o que se propõe a fazer, desta feita: construção de barcos!
Renato,
Aproveito para mandar uma foto de um dos 2 mastros que ja fizemos para o nosso Cape Henry 21 ( o primeiro vai ser para Cynthia e o segundo para o Davy, se deus quiser...afinal tudo depende da autorização dele). Estou trabalhando em São Pedro na marcenaria de um colega, não pude perder a oportunidade. O compensado para dar início ao casco deve chegar esta semana, vindo do Paraná. As velas encomendei numa velaria francesa, a Sud Voilerie, com tecido da melhor resistência (mínimo 15 anos de uso constante) e será toda feira na maneira tradicional, para barcos estilo antigo, com partes de couros e detalhes costurados a mão. Logo estarei recebendo amostras dos tecidos para escolher a cor. Pelos meus calculos quase que paga a passagem para ir busca-la, e um know how que não se encontra aqui. Fim do ano devo estar indo lá com a família, não só para isso mas aproveito a oportunidade.
O trabalho com os catamarãs infantis está de stand by mas continua em todas os momentos livres que vou na oficina do Centro.
Envio também algumas fotos do barco pronto feito nos EUA e Turquia.
ats
Eugênio.
06/09/2010
Capixabas na aratu maragogipe, relato de Chico Kulnig.
Os velejadores Fabio Falcão e Francisco Kulnig, embarcaram para Salvador neste ultimo final de semana 28/08/2010 para correr a Regata Aratu x Maragogipe.
Trata-se de uma das maiores regatas do Brasil contando com 170 veleiros INSCRITOS de todas as classes.
O percuso de aproximadamente 30 milhas, teve a sua largada as 10:00 na bahia de Aratu, atravessando a bahia de todos os santos, entrando pelo rio Paraguassu e chegando em Maragogipe.
O tempo de regata e de aproximadamente 06 horas tendo o percurso quase em sua totalidade usando o BALÃO.
Os capixabas embarcaram em um veleiro Velamar 31 de nome Planctom do comandante Marcelo Montanhese, que aprendeu a velejar em aguas capixabas e teve seus primeiros veleiros sediados em Santa Cruz no Clube da Orla.
Sobre o timão do comandante Marcelo Montanhese, tático e proeiro Fabio Falcão, navegador Francisco Kulnig e secretaria Diego Montanhese, o Plancton conquistou 0 SEGUNDO LUGAR NA RGS-B.
Tivemos tambem a participação dos veleiros capixabas Gato Xadrez do comandante Sergio Rossi e do veleiro WA WA TOO do comandante Franco Sonegheti, um maravilhoso e lendário 53 pés de alumínio, ícone dos anos 70/80.
04/09/2010
01/09/2010
Este texto é do amigo Escriba ( autor de alguns livros de poesia e contos) e Nauta, jornalisa e cronista de "A Gazeta", o meu grande "capitán" Caê Guimarães, e foi publicado hoje no caderno dois. A água salgada invade as veias deste poeta e cronista de alta linhagem.
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MANUAL AMADOR DE NAVEGAÇÃO EM TEMPOS DE VENTO FORTE
É possível navegar usando o mapa luminoso das estrelas. Olhe para o céu. O mapa está lá, desde que não haja nuvens encobrindo a crosta terrestre, pele fina de areia, terra e minérios que impede que voemos pelos ares implodidos pelo magma que borbulha lá embaixo. Deixe-se levar pela grafia do tempo. Isso que você vê com o pescoço virado para cima é o que há de mais antigo a ser captado pelo olho humano. Variará de acordo com a hora da noite e a época do ano. Mas será sempre o mesmo céu. Só muda quando você cruza a linha do Equador. Lá, são outras estrelas a guiar faroleiros, marujos e bucaneiros.
É possível navegar usando o mapa luminoso das estrelas. Olhe para o céu. O mapa está lá, desde que não haja nuvens encobrindo a crosta terrestre, pele fina de areia, terra e minérios que impede que voemos pelos ares implodidos pelo magma que borbulha lá embaixo. Deixe-se levar pela grafia do tempo. Isso que você vê com o pescoço virado para cima é o que há de mais antigo a ser captado pelo olho humano. Variará de acordo com a hora da noite e a época do ano. Mas será sempre o mesmo céu. Só muda quando você cruza a linha do Equador. Lá, são outras estrelas a guiar faroleiros, marujos e bucaneiros.
A constelação de escorpião escorre sinuosa no final da tarde. As Três Marias, dentro do retângulo de Ôrion, brilham como meninas tristes, paralelas sem nunca poder se tocar. O Cruzeiro do Sul é o marco de quem vive nessa parte do planeta. Uma cruz imensa, completa por uma testemunha discreta, pequena, posicionada no quadrante inferior esquerdo, como se fosse uma intrusa aceita pela benevolência dos pontos mais luminosos. Também tem Vênus, com suas insinuações mitológicas e sensoriais. Primeiro sinal a aparecer, é a luz mais sensual e hipnotizante dos corpos celestes que nos são dados observar. O que vemos são chamados corpos austrais. No do norte do planeta são boreais. É outro céu, mas também é uma carta de navegação, de onde se pode definir o rumo de uma rota, a distância pra chegar daqui até aí e o tempo certo para ancorar ou içar velas.
Outra ferramenta de navegação é a leitura do vento. Um olho na vegetação e outro na pele de pantera do oceano. As folhagens indicam o sentido e intensidade, como um movimento de esgrima. Na Patagônia, por exemplo, todas as árvores crescem para o norte, deformadas pelo constante vento sul. Às vezes ele chega forte aqui. Imagine lá. Vento é ar em movimento. Pode suavizar o calor escaldante e derrubar os muros erguidos sobre as convicções confortáveis. Pode ser mudo ou cantar uma nênia que língua alguma traduz sem os contornos da subjetividade. O lado contrário ao sentido de onde vem o vento é chamado sotavento. Seu oposto é o barlavento. De forma simplificada, um é onde sopra e o outro de onde sopra.
Também há ferramentas inventadas pela mão humana. A mais comum é a bússola, uma agulha imantada que aponta sempre o norte. A partir daí sabemos onde fica seu oposto, o sul, e seus escudeiros, leste e oeste. Por isso as palavras nortear e orientar se incorporaram ao nosso vocabulário com uma segunda função, que é indicar o caminho certo, a direção, o ponto aonde se quer chegar
Certa vez, parodiando a melosa frase “longe é um lugar que não existe”, alguém me disse que “norte é um lugar que não existe”. Pode ser. As agulhas das minhas bússulas sempre subvertem a lei da natureza. No lugar de apontar ao norte magnético, elas giram incessantemente. Como moinhos engarrafados. Por isso as estrelas, o vento.....
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