17/09/2014

Suspensas as buscas ao veleiro Tunante II, que Netuno os proteja.

Do Zero Hora.

Desaparecimento de veleiro argentino completa 20 dias e não há pistas sobre seu paradeiro

Embarcação ficou à deriva a aproximadamente 130 milhas de Rio Grande e buscas foram finalizadas sem encontrá-la

17/09/2014 | 15h33
Desaparecimento de veleiro argentino completa 20 dias e não há pistas sobre seu paradeiro Reprodução/Marinha do Brasil
O veleiro Tunante II partiu de Buenos Aires e rumava para o RioFoto: Reprodução / Marinha do Brasil
Desaparecido na costa gaúcha, o veleiro argentino Tunante II é um mistério que desafia as autoridades navais e angustia os familiares dos quatro tripulantes. Na última segunda-feira, dia 15, o Comando do 5º Distrito Naval deu por encerradas as buscas. A última comunicação do veleiro foi em 28 de agosto, às 23h54min (horário de Brasília).
veleiro desapareceu a 260 quilômetros de Rio Grande, cidade portuária no sul do Estado, quando viajava entre Buenos Aires e o Rio de Janeiro. Na ocasião, a região era atingida por ventos de até 70 km/h e ondas de sete metros de altura. Aquele trecho de mar, entre Rio Grande e Chuí, é conhecido como cemitério de navios – são 226 quilômetros de costa deserta onde foram jogadas pelas ondas várias carcaças de embarcaçãoes.

"Ninguém perdeu as esperanças", diz filha de tripulante
– Pela distância que o veleiro estava na costa (260 quilômentros), é pouco provável que as ondas o tenham atirado na praia. Para isso precisaria estar, no máximo, seis quilômetros da costa – explica Lauro Júlio Calliari, professor de oceonografia geológica do  Instituto de Oceonografia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
 
Rebocador Tritão fez buscas ao veleiro | Foto: Marinha do Brasil/Divulgação
A augústia das famílias
O professor não arrisca um palpite sobre o paradeiro do veleiro e ressalta que há muitos fatores envolvidos. Depois de 20 dias de buscas, onde seis navios e dois aviões varreram uma área de 557 quilômetros quadrados – equivalente ao Estado da Bahia –, as autoridades do 5º Comando Naval deram por encerrada a procura.
– Só iremos reiniciar se surgir um fato novo – informou a assessoria de imprensa do  5º Comando Naval.
Os navios que estão navegando na área do desaparecimento estão recebendo, diariamente, pedidos de informes sobre sinais da embarcação através do "alerta aos nevagantes", um espécie de boletim da transmido pelas autoridades navais.
O veleiro desaparecido é um barco bem equipado. Inclusive tem um dispositivo que permite dar um giro de 360 graus caso vire. Esse fato faz com que os familiares apostem na hipótese de o barco ainda estar navegando em alguma região do mar para onde foi empurrado pelos ventos. 
– Considerando a possibilidade do veleiro ter sido empurrado pelos ventos para outra região, nós estamos pedindo que a Marinha do Brasil solicite ajuda a outros países, além da Argentina e do Uruguai – reinvindicou a  produtora audiovisual Luana Morales, 30 anos, filha de um dos tripulantes, Horácio Roberto Morales.
Luana está em Porto Alegre em contato pernamente com as autoridades navais brasileiras. Ela acredita no surgimento de novos fatos que irão ajudar o reinício das buscas pelo veleiro desaparecido.

12/09/2014

Veleiro Tunante II ainda não foi localizado


O Comando do 5º Distrito Naval continua com as buscas ao veleiro Tunante II, desaparecido há 13 dias. A informação de que imagens de satélite, capturadas no domingo (7), mostravam uma embarcação à deriva, a leste da costa do litoral do Rio Grande do Sul, foi conferida, mas não confirmada.
Toda informação e imagem que chega até a Marinha são repassadas para a Força Aérea Brasileira (FAB), que até a terça-feira (9), não havia localizado nenhum sinal de embarcação no local assinalado. A embarcação argentina, corveta Gomes Roca, está se deslocando para o ponto. As buscas continuam e não há prazo para encerrar.
O veleiro Tunante II saiu da Argentina, com destino ao Rio de Janeiro com quatro tripulantes, todos eles velejadores experientes. São eles Jorge Benozzi, Mauro Capuccio, Horacio Morales e Alejandro Vernero. A previsão era de que a viagem a passeio levasse 15 dias até o destino final.
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01/09/2014

Desaparecimento do veleiro Tunante II, noticia do site da ABVO.

O Veleiro Argentino TUNANTE II, que saiu de Buenos Aires com destino ao Rio de Janeiro, teve problemas na costa sul do Brasil, e está desaparecido desde terça-feira.
Apesar de todo o trabalho das embarcações e aeronaves envolvidas no resgate, ainda não se tem sua localização.
Foi reportado que o veleiro estaria sem mastro e sem propulsão mecânica, tendo sido avistado por um navio mercante, que, entretanto, não conseguiu prestar auxílio.
Caso vc ou algum dos velejadores que nos lêem por cópia tenham alguma informação ou sugestão de ação, peço que entrem em contato com o Tenente Marconi pelo e-mail salvaero.cw@gmail.com, ou fone (41) 3251-5309 .
Abraço a todos
José Jacob


24/08/2014

Gustavo Pacheco e os veleiros clássicos.

Estes são os Sharpies, as velas tem nada menos que 68 anos e são de algodão.
Material envidado pelo Gustavo Pacheco. o "Rato".
"Preparando o Nautilus para a regata de amanha, ao lado do Boa Vida, de Minas Gerais. Velas de algodao de 1946."




" Rato".

18/08/2014

Fortuna.

Fortuna era a deusa romana da sorte (boa ou má), da esperança. Corresponde a divindade grega Tyche. Era representada com portando uma cornucópia e um timão, que simbolizavam a distribuição de bens e a coordenação da vida dos homens, e geralmente estava cega ou com a vista tapada (como a moderna imagem da justiça), pois distribuía seus desígnios aleatoriamente.

Official Film: The Whitbread 1981-82 | Volvo Ocean Race Legends

sailing numbers, by avelok.

Acrílica sobre tela, avelok 2012.

Sonhando dia destes saiu isto.


Boas maneiras com o meio ambiente,



Prezados amigos, nautas e amantes da vela de plantão, na terceira edição da nossa coluna falaremos sobre as boas maneiras com o meio ambiente, e como praticantes do esporte dito de cavalheiros devemos seguir a etiqueta ambiental, pois de nada adianta respeitarmos os navegantes, termos bons modos nos locais de atracação, conhecermos as normas e os bons modos do navegadores , mas deixarmos o meio ambiente em segundo plano.
Iniciando nossa pauta, reproduzimos abaixo algumas dicas para preservar nosso meio ambiente em um aspecto macro, elas  são de uma campanha do Green Peace  chamada “Entre nessa onda “ , e tem como objetivo informar como melhorar a preservação do meio ambiente, as dicas  parecem  óbvias , mas  costumo dizer que no óbvio é que mora o perigo, e nos detalhes ele se cria, portanto não custa nada tomar nota da cartilha do Green Peace para começarmos nossa prosa.
1- Pratique o turismo sustentável nas áreas marinhas e costeiras.
2- Não deixe lixo nas praias.
3- Não construa ilegalmente em áreas costeiras.
4 - Economize energia e incentive uma matriz energética limpa.
5 - Coma apenas espécies que não estão ameaçadas.
6 - Quando presenciar atividades ilegais nos mares, denuncie.
7- Não compre artesanatos feitos com animais marinhos - é crime.
8 - Participe de campanhas com a caça de baleia e incentive a criação do Santúario de Baleias  do atlântico sul.
9 - Colabore com o clima do planeta: quanto menos emissões, menor impacto nos oceanos.
10 -Cobre do governo uma fiscalização eficiente dos mares nacionais.

Pois bem, meus caros navegadores tupiniquins, o assunto é sério de deve ser levado a sério, e certamente talvez até por falta de informação nós já cometemos pecados terríveis contra a mãe natureza.
 Mas sem penitências, e com uma postura pró ativa que todo homem do mar encorpa e pratica como religião e devoção, vamos então aprender um pouco mais sobre  as regras internacionais, e como nos comportarmos em relação ao meio ambiente em  nossos cruzeiros,  regatas e  até mesmo quando fundeados ou atracados curtindo a vida com amigos e a com a família a bordo.

Regra de ouro: Lugar de lixo é no lixo, principalmente o lixo inorgânico.
 Todas as marinas estão equipadas com soluções e conteiners para a eliminação de lixo. Nós, portanto, não temos desculpas para jogar nossas garrafas vazias, vidros, embalagens, plásticos, absorventes, latas, restos de comida,  nossos ovos ou nossos caroços de azeitona no mar, muito menos nossas cinzas e guimbas de cigarros, então vamos ver como isto pode ser feito de uma forma educada.
Há um antigo ditado que diz : “-  o que o peixe come pode ser jogado no mar”.
Mas não é bem assim, é uma questão de boas maneiras também.
Imagine que existam 50 barcos ancorados em uma enseada ao lado de uma praia paradisíaca e todos resolvam   jogar fora o que sobrou do almoço , pode parecer cômico( o peixe come isto!), mas a praia ao lado vai virar uma imundície certo? E até os peixes comerem tudo o local se transformou em um lixão.
Então acomode seu lixo orgânico em sacos plásticos bem fechados e acondicione-os em local isolado em seu barco, e assim que chegar a próxima marina desembarque-o , e de preferência em um centro de coleta seletiva. Todos os clubes e marinas hoje em dia possuem locais para descarte de lixo, e você não é tem mais desculpa para não o fazer.
Lixo não orgânico então nem se fala, é moleza! Direto para o lixo, acondicionado e ao chegar em terra descartá-lo em locais de coleta seletiva, veja bem : Locais de coleta seletiva. Não custa nada e vale muito. Se seu clube ainda não tem coleta seletiva, que tal sugerir aos administradores que se providenciem! Além de contribuir com o meio ambiente, pode-se gerar renda.
No nosso clube há um fato deveras curioso: Os peixes abatidos na pescarias dos lancheiros são levados para serem limpos em bancadas construídas nos piers, e depois de limpos os pescadores  jogam as cabeças e as vísceras dos peixes no mar. Nada agradável você chegar com a família para um passeio e ver aquela porqueira fedorenta boiando no mar, atraindo moscas , propiciando um ambiente insalubre e de péssimo odor.
Lugar de lixo é no lixo, a única coisa que não é considerada lixo pela Marpol, é peixe fresco, e em mar aberto o resto é tudo lixo..
O resto deve ser acondicionado e levado para terra, caso não seja possível, você deverá descartar o lixo orgânico no mar a uma distância maior que 6 milhas da costa. Mas somente em casos extremos.
O uso dos WCS, e mais complexo. Imagina a cena de 50 barcos com 50 pessoas indo ao banheiro ao mesmo tempo! Uh-lá-lá, e fez-se o salseiro!!!
No Brasil os tanques de dejetos ainda não são obrigatórios ( por enquanto), assim sendo vale a lei do bom senso. Libere os dejetos somente se não houver banhistas e outros barcos no entorno, caso contrário mantenha o dejeto no vaso e somente dê descarga quando ganhar o mar aberto. O mau cheiro é suportável e  pode ser enclausurado, basta fecha o banheiro e baixar a tampa do vaso, depois de esvaziá-lo basta arejar o ambiente que tudo volta ao normal.
As estatísticas têm mostrado que o papel higiênico é reciclado em menos de uma semana. Se  não puder evitar de jogá-lo fora, que não o faça em águas costeiras e, especialmente, em ancoradouros e enseadas. 
Cuidado com papel reciclado: ele é carregado de cloro, e é muito menos biodegradável do que o papel virgem. É a falsa ecologia.
Países como a Turquia, possuem leis ultra-rigorosas neste aspecto, e as multas custam muito mais caro que a instalação de um tanque de dejetos.
Caso você tenha um tanque, fique atento para a regra de esvaziá-lo somente a mais de 6 milhas da costa.
Outro pecado que parece pequeno e é terrivelmente letal a muitas espécies marinhas, é a guimba de cigarro. Para o fumante que ainda não tomou consciência de estar detonando seu meio ambiente mais importante (seu corpo), e insiste em fumar, fica uma dica:
Fume somente a sotavento para não incomodar os outros, e coloque as cinzas de seu cigarro e a guimba dele, dentro de uma garrafinha de água com tampa. É fácil: pegue uma garrafinha usada, coloque meio copo de água dentro, e tampe. Quando for fumar use-a como cinzeiro( hermético!), a mãe natureza agradece, e os companheiros de velejo mais ainda, principalmente se você decidir parar de fumar de uma vez por todas.
Mantenha seu motor regulado, e evite ficar com ele ligado em locais onde está fundeado ou atracado, a fumaça incomoda e sempre há algum tipo de resíduo a se acumular em locais onde a água não circula normalmente, assim sendo , use os passeios para carregar as suas baterias, desta forma você tem até um motivo a mais para tirar seu barco da poita ou da vaga, e sair mais com ele para navegar! Ele vai adorar !
Use somente detergentes bio-degradáveis, e se possível deixe para lavar a louça ao término do passeio, nas pias do seu porto/clube/marina, onde há estação de coleta e tratamento de esgoto, caso não seja possível, faça o mais longe possível da costa. Uma dica legal: use a água quente que sai do cano da refrigeração do motor para fazer a limpeza primária das panelas e pratos, ou até mesmo os amarre em redinhas e os coloque para mergulhar na sua esteira  enquanto você veleja, deixe-os lá “tomando banho” por horas a fio, assim quando for usar o detergente e enxaguar a sujeira já estará praticamente toda removida e os resíduos serão otimizados, alem de você ter muito menos trabalho!

De pouco em pouco a gente constrói uma cultura positiva para a navegação e para o meio ambiente, vamos fazer a nossa parte, e levar a sério estas dicas, pois se bobearmos cometemos sacrilégios com o meio ambiente por descuidos primários e banais.


Bons ventos a todos! 

Kinds of sailboats, timeline.


17/08/2014

Classe Snipe, década de 50. Iate Clube do Espírito Santo.

Registro de um dia de outrora entre cavalheiros do Iate Clube do Espírito Santo, num flagrante que antecedeu o Match do certamen estadual.

08/08/2014

Iate clube. Um local que não pode ser plastificado, é um lugar para se viver a náutica e nada mais. por Christian Franzen.

Essência !
Nasci dentro de um Iate Clube e, ao longo da vida cresci e passei por mais outros dois.
Quero aqui declarar a essência de um Iate Clube; os quais foram fundados por pessoas e famílias em doação e trabalho voluntário por sua Essência
- “Incentivar e dar condições ao esporte do Iatismo e da Pesca esportiva.“
Em segundo plano, o lazer e recreio náutico.
Essência que congraçavam famílias e amantes de navegar que por fim gerou as disputadas festas nos Iate Clubes de outrora, tanto temáticas como de premiação.
Os Iate Clubes precisam de Comodorias que vivam e atendam esta Essência e, não que tenham reformas, construções mirabolantes e lucros recordes; isto é, prerrogativa das Marinas, e suas gestões empresariais, senão, teríamos um Presidente remunerado e, não um Comodoro.
Os Barcos tem Almas e, os navegadores de Iate Clube, sofrem com os acidentes e naufrágios, com sentimento de suas almas por essência.
Conheço muitos Iate Clubes e Marinas no Brasil e lá fora... Muitos perderam já sua essência em receber seus sócios e visitantes com seus propósitos de nascimento.
Peço aos Amigos e Amigas que salvem os Iate Clubes em sua Essência e Alma,
Salvem o meu Iate Clube !

02/08/2014

Whale hunt cancelled.


Iate Clube do Espirito Santo, 1978.

Ano: 1978.
Numa manhã cinzenta de chuva fria, este mineirinho aí da foto chegava desajeitadamente e em total fora de compasso com o mar, para sua primeira aula na escolinha de vela do Iate Clube do Espírito Santo, onde o professor Guará ministrava as aulas para a garotada.
São raríssimas as fotos da época, e esta feita em 1979 pelo amigo Sergio Thome Rabello, que recentemente me enviou a preciosidade, é a única que tenho dos meus primórdios
A vela vermelha BL 334do "Xande" , meu primeiro barco( na foto) , tenho até hoje, graças da Dona Maria Lúcia que guardou-a carinhosamente por mais de 30 anos.
Como diria o artista:
-"Bons tempos aqueles...





MANUAL AMADOR DE NAVEGAÇÃO EM TEMPOS DE VENTO FORTE


Texto  do amigo Escriba , el grande "capitán" Caê Guimarães.

 

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MANUAL AMADOR DE NAVEGAÇÃO EM TEMPOS DE VENTO FORTE

É possível navegar usando o mapa luminoso das estrelas. Olhe para o céu. O mapa está lá, desde que não haja nuvens encobrindo a crosta terrestre, pele fina de areia, terra e minérios que impede que voemos pelos ares implodidos pelo magma que borbulha lá embaixo. Deixe-se levar pela grafia do tempo. Isso que você vê com o pescoço virado para cima é o que há de mais antigo a ser captado pelo olho humano. Variará de acordo com a hora da noite e a época do ano. Mas será sempre o mesmo céu. Só muda quando você cruza a linha do Equador. Lá, são outras estrelas a guiar faroleiros, marujos e bucaneiros. 

A constelação de escorpião escorre sinuosa no final da tarde. As Três Marias, dentro do retângulo de Ôrion, brilham como meninas tristes, paralelas sem nunca poder se tocar. O Cruzeiro do Sul é o marco de quem vive nessa parte do planeta. Uma cruz imensa, completa por uma testemunha discreta, pequena, posicionada no quadrante inferior esquerdo, como se fosse uma intrusa aceita pela benevolência dos pontos mais luminosos.  Também tem Vênus, com suas insinuações mitológicas e sensoriais. Primeiro sinal a aparecer, é a luz mais sensual e hipnotizante dos corpos celestes que nos são dados observar. O que vemos são chamados corpos austrais. No do norte do planeta são boreais. É outro céu, mas também é uma carta de navegação, de onde se pode definir o rumo de uma rota, a distância pra chegar daqui até aí e o tempo certo para ancorar ou içar velas.

Outra ferramenta de navegação é a leitura do vento. Um olho na vegetação e outro na pele de pantera do oceano. As folhagens indicam o sentido e intensidade, como um movimento de esgrima. Na Patagônia, por exemplo, todas as árvores crescem para o norte, deformadas pelo constante vento sul. Às vezes ele chega forte aqui. Imagine lá. Vento é ar em movimento. Pode suavizar o calor escaldante e derrubar os muros erguidos sobre as convicções confortáveis. Pode ser mudo ou cantar uma nênia que língua alguma traduz sem os contornos da subjetividade. O lado contrário ao sentido de onde vem o vento é chamado sotavento. Seu oposto é o barlavento. De forma simplificada, um é onde sopra e o outro de onde sopra.
Também há ferramentas inventadas pela mão humana. A mais comum é a bússola, uma agulha imantada que aponta sempre o norte. A partir daí sabemos onde fica seu oposto, o sul, e seus escudeiros, leste e oeste. Por isso as palavras nortear e orientar se incorporaram ao nosso vocabulário com uma segunda função, que é indicar o caminho certo, a direção, o ponto aonde se quer chegar
Certa vez, parodiando a melosa frase “longe é um lugar que não existe”, alguém me disse que “norte é um lugar que não existe”. Pode ser. As agulhas das minhas bússulas sempre subvertem a lei da natureza. No lugar de apontar ao norte magnético, elas giram incessantemente. Como moinhos engarrafados. Por isso as estrelas, o vento....

ZÉ DA ADEGA , o homem que construiu a réplica do Spray de Slocum e Vitória-ES.

"Drum a Journey of a lifetime".

 


Duran Duran , o lado b do conjunto que passou um sufoco na fastnet.

Sir Arnold Clark e Le Bon a bordo do Drum.
O Maxi velejando hoje

O escrete reunido para a fastnet 2005,
Design puro anos 80 de Ron Roland.
Le Bon fazendo pose enganchado no mastro gigantesco em mídia da época.

Simon Le Bon o mega pop star do grupo "Duran Duran" , o segundo grupo inglês mais popular na Europa depois dos Beatles, e seu maxxy yacht de 78 pés "Drum" na regata da morte:

-"Drum a Journey of a lifetime".

Este é o título do filme de Simon Le Bon , sobre a história de seu maxxy projetado por Ron Rolland para o skiper Skip Novak. Foi construído para participar  da Whitbread de 1985 e quase o leva a morte na Fastnet do mesmo ano .
A Fastnet ficou conhecida como a regata da morte depois da edição de 1979 que levou 15 almas para o lado de São Pedro , numa tempestade "pau pereira", como diria Macintyre, e com barcos talvez sem a preocupação devia com a durabilidade e segurança, o fato fez com que fossem repensados os conceitos dos projetos dali em diante.
Em companhia de Le Bon estavam a bordo ninguém menos que Bruno Peyron ( o mago dos catamarãs e vencedor do troféu Jules Verne), Skip Novak, velejador top 10 da época , também montanhista e aventureiro, seu irmão  Johnny, um médico osteopata,  Paul e Mike Berrow, Phil Wade e Janne Gustafsson que morreu em um acidente de motocicleta seis ou sete anos atrás , dentre outros 24 jovens cristãos.
O barco perdeu a quilha de 14 toneladas durante uma pauleira heavy-metal, destoante do melódico pop característico da banda, o funesto evento se deu na longínqua Fastnet de 1985 , o maxxy capotou nas águas geladas da grã-bretanha ao sul da cornuália, e quase ceifou a vida do jovem milionário do rock.
Eles passaram 40 minutos presos no casco emborcado na gélidas águas e foram resgatados por mergulhadores.
Apesar da quase tragédia, Le Bon recompõe-se rapidamente e inscreve o Drum para na volta ao mundo de 85, levando em sua tripulação , talvez a sua grande arma secreta, o figuraço bem humorado lobo do mar "Sueco Baiano" Magnus Olson( Skipper do  Ericsson 3 na VOR )
Eles chegaram num glorioso terceiro lugar.


Exatos 20 anos depois do episódio ao largo da costa escocesa Le Bon , reuniu 15  dos 24 componentes do escrete original da época , todos a bordo do Drum ,
Agora o magnata Arnold Clark é o dono Drum, que o comprou em 1988. Ele é um milionário do setor de automóveis e um cavalheiro também.
 Sir Arnold Clark  gentilmente o cedeu para Le Bon e seu time participaram novamente da Fastnet citada neste post .
E viva a vela & Rock and Roll.
Aproveito a dica para recomendar aos amigos a música mais bonita do mundo, Lay lady lay de Robert Zimmerman( Bob Dylan), interpretada pelo Duran Duran, escute esta maravilha e boa viajem!!!!
Bob Dylan:https://www.youtube.com/watch?v=N6ODMKSWzT4
Duran Duran: https://www.youtube.com/watch?v=VlWKYVZQRAs

26/07/2014

Acidente com o veleiro Samsara, Ilhabela Sailing Week 2014.( fotos de Gabriel Heusi :: Fotografia)

Imagens tristes, cena de filme de horror.

O veleiro Skipper 30 se aproximou demais da costa para fugir das correntes e acabou da pior forma possível.

Quase 20 barcos foram desclassificados por se aproximarem demais do baixio, dentre eles o Samsara, que não teve a mesma sorte.

Prestamos a nossa solidariedade ao comandante pelas avassaladoras avarias do barco nestas terríveis condições, esperamos que possa ser recuperado.

Avelok.





20/07/2014

Regata Vitória Trindade 2003.

Prezados amigos nautas e amantes da vela de plantão, em 2003 tive a oportunidade de participar da regata Eldorado Brasilis, uma prova de endurançe, e compartilho aqui com os amigos a experiência resumida no diário de bordo, espero que gostem:


Quarta regata Eldorado Brasilis, Vitória - Ilha da Trindade -Vitória.
Largada 18/01/2003
As 12:30 , no segundo Pier, Praia de Camburi.
20.06 W
40.07 S



Um dia antes da largada foi o meu noivado com a Flávia, dia 18 meu aniversário, um começo bem bacana.
Na verdade não estava preparado para ir a um regata destas, tampouco havia planejado, a vaga surgiu através de um "eutrocínio" que fiz na ordem de R$ 3000,00 na época, mais despesas de viagem que deram umas 400/500 pratas, ajundando a comprar o rancho e acertos finais no barco.
O Bruno Martinelli e o Guiga, estavam montando este projeto, que contava com um barco alugado e faltava grana , assim sendo , "comprei" o direito de tripular o Raja Starcut, e fui como cozinheiro de bordo, sem me sentir menos honrado por isto, na minha opinião Deus dá o frio conforme o cobertor, e tudo tem um sentido.

Os preparativos que envolvem uma regata deste porte, não são poucos. Uma semana antes da largada a tripulação se desdobrava a fim de sanar todas as pendências .
Cada qual corria atrás de alguma coisa, os uniformes, o rancho, o "Pau de Spy"( que não tinhamos)balsa de abandono, rádio SSB, e até mesmo o próprio delocamento do Rajada Starcut de Bracuhy até Vitória.
O projeto da regata, partiu do Guigui e do Bruno, no ano de 2002 , quando correu a regata com seu próprio barco, mais conhecido como Rajadão, e nesta edição da regata(2003), pretendiam algo mais confortável, nada mau o que conseguiram.
Um belo Benetau 36 pés super luxo, novo e confortável mas.. que não orçava nada, como relatarei adiante.
Na semana que antecedeu a regata, os barcos estavam atracados na marina do ICES, e o clima estava no ar.
Aquele lance de "circo" montado:- gente de tudo que é canto, barcos belíssimos, containners para as equipes, intermináveis rodas de bate-papo na varanda do clube regado a cervejinha gelada e até um cocktail foi servido ás tripulações.
Tudo com ampla cobertura da imprensa.
Preparativos no Kanaloa, recordista de participações.


A tripulação do Rajada, super heterogênea , foi formada da seguinte forma;

  1. Comandante: Bruno Martinelli. 21 anos
  2. Proa; Eduardo Bediaga, 22 anos
  3. Proa 2; Bruno Larica, 21 anos
  4. Capitão e cozinha, Arturo Acosta, o Equatoriano de 30 anos.
  5. Organizador do time e faz tudo, Ricardo Guimarães 45 anos.
  6. Cozinha, auxílio no convés e cozinha; este que vos escreve,Renato Avelar, 34 anos
Todos eles velejadores do ICES, e já conhecidos de outras regatas.
Sábado 18/01/2003
12:30 h ,na Praia de Camburi, é dado o tiro de largada rumo a Ilha da Trindade, 623 milhas á leste de Vitória.
O espetáculo foi de rara beleza, várias embarcações acompanharam a largada das 13 embarcações rumo a Ilha. O vento soprava forte, e ao cair da tarde foi apertando , e apertando , tal como o mar desencontrado , fazendo tudo parecer uma espécie de montanha russa. Pauleira o tempo todo, sem descando nem intervalos.
Diante destas circunstâncias , mar grosso e muito vento, a mínima e singela locomoção a bordo já eram tarefa hercúlea, imagine para cozinhar, tomar banho e principalmente dormir.
O que vem a cabeça?
- Uma semana com este vento de proa e este mar mexido, vai ser punk!!
Não sei se vou aguentar este sofrimento.
Mas...ficamos firmes, rizamos vela grande na segunda forra e enrolamos um bocado a genoa 3, e posicionamos os galões de água e diesel a barlavento a fim de dar uma adriçada no barco.
Foram aproximadamente 22 ou 23 horas de pauleira , depois começou a melhorar.O vento continuava forte, mas o mar diminuira bastante , dando uma estabilizada nas coisas e finalmete pudemos fazer uma refeição decente , tomamos banho e trocamos de roupa, ou seja nos recompomos com dignidade, se não tomar cuidado vc vira" mendigo".
A disciplina consigo e com o barco, é fator preponderante para uma boa viagem.
Diariamente , as 8 da manhã e às 8 da noite , conforme estabelecido pela CR, era feita a radiofonia, onde iríamos passar ao Rebocador de alto- mar "Tridente", o R 22 da Marinha do Brasil.






Desta forma , quando no horário da radiofonia , ligávamos o motor, pois o rádio ssb( alcançe mundial) consome energia com muita "vontade" e a comissão de regatas permitia que o ligássemos nestes horários para recarga de baterias, todavia sem engrenar marcha alguma , afinal estamos falando de um esporte de cavalheiros. Com a radiofonia:
- quando passávamos a Velok, direção , latitude e longitude, sabíamos a posição dos outros barcos e marcávamos na planilha de "batalha naval", distribuída pela organização, onde cada barco era representado por uma cor diferente, e íamos diagramando a planilha em reuniões durante a radiofonia, uma grande diversão.
Até o terceiro dia, as condições de vento e mar melhoraram bastante, havia um vento médio o pouco mar , muito pouco mar, mas ... com muitos pirajás( pequenos temporais, com curta duração e localização específica, na forma de cogumelos).
A tripulação trabalhou o tempo todo, trocando velas, rizando, enrolando vela, põe... , tira, coloca , volta, etc.
O difícil foi aguentar a overdose de Reggae que a garotada colocava 30 horas por dia, já não dava mais para aguentar aquela música, por muita sorte eu e Guiga achamos um CD de Bob Charles( roberto carlos) e outro de Vivaldi, parace meio excêntrico, mas salvou a pátria.
Regata é regata, o tempo todo tentando tirar o maximo proveito da embarcação, cada centímetro, cada ondinha. Isto sem falar que cada tripulante passou 4 horas por dia no leme, pois não tínhamos piloto automático, revezávamos os 6 tripulantes, por quatro horas , a fim de fechar o dia, 24 horas.
Ficar quatro horas no timão é assim( principalemten se o barco estiver adernado), dói primeiro um pé, depois o outro, aí vc tenta se ajeita, depois dói a perna, depois a bunda , depois as costas depois o braço, pescoço, depois tudo junto e do outro lado, ao fim de 4 horas vc quer sumir e descer para descansar, já não aguenta mais.
Logo nos primeiros dias, fiocu nítido que o barco Rajada-Starcut era muito pobre na orça, haja vista calar somente 1,5 metros , mas mesmo assim estávamos andando bem, pois trabalhávamos o tempo todo em prol de um bom desempenho.
Na noite do quarto dia tentamos um bordo mais ao Norte, a fim de ganharmos altura em relação a Ilha, estávamos derivando como toda a flotilha.
Pensamos em subir umas 60 ou 70 milhas ao norte durante á noite . obs:Fui veementemente contra.
A manobra foi um erro grotesco de estratégia, e nos custou a berlinda na regata.
O que ocorre é que os barcos já iam um pouco adiantre de nós , mas com menos "altura" em relação á ilha, ou seja estávamos a barlavento da flotilha e mais próximos da ilha, e quando cambassem , estariam perto, foi quando Bruno argumentou :
- Vamos ganhar altura e lá na frente o vento ronda( provável hipótese) e a gente ganha altura e distância.
Mas aconteceu exatemente o contrário, a flotilha subiu para uma longitude menor e a gente , tentando ganhar latitude. O vento não rondou, o "pessoal" foi embora e nós ficamos atolados , sem orça e sem vento, ou seja, um bordo de 8 horas , para o lugar errado e nos levou a uma perda de nada menos do que 24 horas em face a flotilha.
No dia seguinte a tripulação estava abalada , chateada, moral lá embaixo pelo "ferro" que tomamos , mas fazer o que?
É muita "água', mas muita água mesmo, 6 dias e 6 noites , velejando , timoneando, tirando o máximo do barco.
O negócio é não pensar no tempo ,vamos nessa, vamos embora que a ilha nos espera.
Contuniamos a regata com toda a fibra, e no final do sétimo dia de regata, no sábado , as 1;40 da manhã, depois de um dia inteiro de ventos fracos e muita corrente contra cruzamos a linha de chegada.
Avistamos a Ilha neste mesmo sábado, de manhã, e só alcançamos no início da madrugada do outro dia.
Puxa vida , como é difícil um contravento de 7 dias!!
Uma pessoa normal , sem conhecimento de regatas não pode imaginar o sofrimento que é , mas como tudo que sobe desce, sabíamos que a volta seria um travéz folgado, e muito, mas , muito mais confortável. Sem aquela adernada permanente e total desconforto.
No dia que antecedeu a chegada a Ilha, a tripulação organizou uma espécie de "rave" com muito gelobol ,
Chegarmos exaustos, cruzando a popa do Tridente, na enseada dos Portugueses, bem em frente a vila da marinha, o P.O.I.T , posto oficial da Ilha da Trindade e em seguida rumamos para a enseada do Principe , onde atracamos.
Na enseada , só estava atracado ainda, o "Mar sem Fim" , do João Lara, o dono da rádio Eldorado e patrocinador da regata, o resto da galera já tinha partido de volta ao ICES no cair da tarde do mesmo dia.
Fomos os penúltimos a chegar a ilha , fora os 2 abandonos( o Osklen , por falta de rádio- mais tarde soubemos que o rádio pifou, e o mastro também, havia quebrado, o rádio era detalhe na verdade, e o motor também, voltaram com mastração de fortuna) e do Domani, que nos cruzou retornando a Vitória a apenas 20 milhas da Ilha com sérios problemas no estai de proa.
Fiz um belo bacalhau com batatas para comemorar a chegada , mas a água que eu usei estava contaminanda com areia depositada no fundo dos tanques, o que tornou impossível mastigar .
Que merda! um delicioso e cheiroso prato, feito com esmero por horas de cucção, e que foi parar na íntegra dentro do lixo, ou melhor no mar, para os "purfas", por causa da areia em seus ingredientes.
Dormimos no bagaço, e na manhã seguinte , ao acordarmos o que se viu foi para tirar qualquer um do estado normal. Imagine uma ilha que parece intocada, longe pracaramba de tudo, onde não vai navio de passageiro, onde não vai lancha, onde não vai helicóptero, muito menos aviões.
Somente os veleiros e os navios da marinha, um local acima de tudo mágico, magnético, com um visual surreal , com contrastes de cores e texturas impressionantes, e também com picos altíssimos, todos em rochas escarpadas, magnífico!!!
A ilha possui 5 kms de extensão , por 2 de largura, sendo seu ponto culminante o pico do "desejado" com mais de 600 metros de altura.
Com sua formação vulcânica , a impressão que temos é que "ficou pronta" ontem , você nunca viu nada igual na vida, é sem palavras para descrever o colosso no meio do nada.
Há um paredão na estremidade sul da ilha com 300 metros de altura, mais conhecido como "bauducão", por sua semelhança com o saboroso panetone, pela cor avermelhada e pelo formato.
Neste paredão , há um túnel de 15 metros de altura e 250 metros de comprimento, que liga de um lado ao outro da rocha.
O mar dentro do túnel , é violentíssimo, há pouco tempo antes da regata , um "naval" que se aventurou lá desapareceu e morreu obviamente, seu corpo nunca foi encontrado.
O desembarque na Ilha é uma coisa muito difícil, como a ilha possui poucas praias, as que existem são todas cercadas de pedras e corais, e nenhum atracadouro natural.
Lá o mar cresce rápido , de uma hora para outra , sobe de verdade, 3 a 4 metros de altura.
Ao lado do Bauducão, tem uma outra rocha o "pão de açúcar", com impressioantes 398 metros de altura, e lar de milhares de árvores em suas locas.
O som emitido pelas aves, é incrivel, o vento "rasgando" e os pássaros cantando, barulho á vera, mas muito legal, jurássico.
Ficamos atracados no pé do Pão de Açucar, na enseada do Príncipe, onde aproveitamos e, pela manhã seguinte do dia da chegada a ilha, demos ótimos mergulhos na água transparente, com mais de 40 metros de visibilidade.
Os peixes belíssimos e azuis "purfas", que comem tudo o que vêem , até mesmo fezes, parecem "piranhas " e os navais morrem de medo deles, já eu... morria de medo dos Tubarões Lixa (dizem ser inofensivos)que habitam a Ilha, pois tubarão para mim , só o nosso amigo e velejador de wind.
No início da tarde de sábado, desembarcamos na ilha, fomos até o Tridente com o nosso veleiro, chegando pela sua popa em uma manobra dificílima e arriscada , dado o tamanho das ondas, 3 a 4 metros.
O Tridente estava atracado na enseada dos Portugueses , na face leste da ilha, e de lá pegaríamos a "cabrita" até a praia.
A primeira imagem que se vê do R22, ao se olhar para a enseada , é o "cadaver" de um veleiro francês, de aço, amarelo, que há pouco tempo se espatifara nas rochas durante uma virada de tempo que pegou de surpresa os tripulantes que desembarcaram na ilha para um jantar com o comandante e deixaram o barco sem ninguém a bordo, o que é realmente um risco altíssimo , e que repetimos na nossa estada , quase "danificando " seriamente o veleiro que ficara amarrado na popa do R22.
A cabrita é uma balsa que mais parece uma gailoa, que leva 12 homens de cada vez, e que trafega presa a um cabo de aço tensionado, ligando o R22 a praia, passando pelo meio da arrebentração com ondas de 3 metros e meio!! saberias o que é isto??
Emoção garantida!
Gugui foi mergulhando, meio que em transe.
Tão logo desembarcamos na ilha , entramos em um outro universo, o mundo dos " 40 ilheús" isolados.
Os homens da marinha se revezam em turnos de 4 em 4 meses , e todos tem uma espécie de síndrome de "corno" pelo fato de ficarem tanto tempo longe de casa, dando oportunidades...
Algumas coisas interessantes:
O por do sol inesquecível, a placa em homenagem a "sir Peter Blake", os carangueijos amarelos que sobem em árvores, a fila para telefonar( enorme), filme pornô passando o tempo todo( non stop) na sala de comunicação dos navais, cafezinho servido com canela em "pau", e a troca de um maço de cigarros derby por um boné da Courtier, (pois errei na conta do cigarro e fiquei na maior frissura), uma poita de um barco Japonês que achei na praia, trouxe e de dei de presente a Pablito anos depois ( para decorar a sua casa no canal de Vitória), o Duda Bediaga que enfiou o pé no ouriço e teve que caminhar um Km om o pé todo furado e ser atendido por um médico "esquisito", e o desgosto de saber que um dia antes da nossa chegada , rolou o churrasco de Gala com todas a tripulações, menos a gente, e nós ficamos com água na boca.
continua...
A base do P.O.I.T( posto oceânico da ilha da trindade) possui ótima infra-estrutura, e tem o aspecto de uma pequena vila perdida no meio do Atlântico, o que é aliás sem sobra de dúvidas.
Logo na chegada, no ponto de desembarque da cabrita está aguardando os “chegantes” um pitoresco escafandro, como que um boneco em tamanho real, que porta um placa em uma das mãos com os dizeres:
-“Cheguei, sou voluntário!”
Caminhando alguns metros avistamos a academia “Sopapo”, mais uma centena de metros a horta “esperança”, e mais adiante uma arvore de natal cheia de poitas, poitas que vão dar nas praias da ilha , perdidas por barcos em sua maioria japoneses, que pescam ilegalmente em nossa costa e em águas internacionais, e que viram , com o bom humor irreverente dos ilhéus, uma árvore de Natal temática.
Depois de desembarcarmos , saímos para fazer uma caminhada na Ilha, acompanhados pelo sub-comandante da base, saímos no sentido sul, passamos pela praia das Tartarugas, pela praia da Parede de vulcão, e fomos até o túnel do “bauducão”, passando pelas piscinas naturais, onde tomamos um delicioso banho de mar.
Em trindade as tartarugas tem um tamanho de uma mesa de 6 lugares, e se encontram os rastros delas por toda a praia.O tamanho de suas pegadas, ou melhor “rastros” e o também de seus ninhos é de dar medo, parece coisa de dinossauro.
Quando estávamos a bordo do veleiro , rumando da enseada dos príncipes rumo a enseada dos portugueses, vimos algumas delas nadando embaixo do barco, indescritível.
Uma pena elas só chegarem a praia durante a noite, mas como falei anteriormente, com uma dose de sorte avistamos algumas.
No caminho de volta a Vitória , vimos também um cardume de golfinhos, que nos presenteou e nos acompanhou por boa parte do dia .
O contato com a natureza nos deixa Zen, veja só que interessante:
Ver o sol nascer , o sol se por , ver a lua minguando , ver o mar infinito, sentir o vento lhe envolvendo, tudo isto não tem preço.
A gente entra numa sintonia, saca o movimento do mundo, sente a presença da terra no universo.
A técnica é simples:
- de manhã, vc vê o sol despontar a leste, lá pelas 5 e meia da manhã, bem na proa( na ida), só mar ao través e popa, céu e mar.
Rumamos em sentido do sol, indo literalmente atrás dele. Ele sobe e vc avança, corre por sobre você o dia todo e... de repente ele se põe na sua popa, bem a oeste.Realizando com num moto contínuo, seu movimento eterno , preciso e singular.
Depois vem a noite ( dia 18 a largada foi dada em lua cheia), no primeiro dia ela apareceu as 7 , 7 e meia da noite, e dia após dia acompanhamos sua evolução.
Ao cair da noite o céu fica escuro como breu, não dá para ver absolutamente nada, tudo é preto, neste momento você fica em companhia das estrelas, no primeiro dia um pouco timidas, mas a medida que nos enfiávamos mar a dentro , longe das cidades e seus clarões, isolados no meio ocenao o céu rapidamente se transforma.
Ficávamos aguardando a chegada da lua, como um espetáculo com hora e lugar marcado.
A cada dia a bela dama vai diminuindo o tamanho de seu rosto e atrasa para o encontro em exatos 40 minutos.
No final dos 13 dias de viagem , ela desapareceu, não veio ao encontro, iluminar o nosso caminho, dar luz as trevas da noite oceânica, todavia , mesmo assim mandou um pouco de sua claridade por trás do horizonte, nos deixou a vontade para flertarmos com as estrelas.
A cada dia acompanhei o nascer do sol, o pôr do sol, o cair da noite , a nascer da lua, as estrelas e constelações que já reconheço com facilidade, enfim acompanhei o mundo girar, simples não?!

O RETORNO.

Ficamos na ilha da madrugada de domingo até as 2;45 da madrugada de segunda feira, quando partimos deste ponto longínquo, fantasmagórico e maravilhoso.
Zarpamos da enseada do príncipe deixando para trás a âncora danfort de 20 kilos que havíamos lançado no meio da tarde, deixamos uma poita presa a ela, quem sabe no ano seguinte ainda nos aguardaria??
A F.D.P da âncora agarrou no fundo de areia e pedras , tentamos todas as manobras possíveis com o potente motor do Starcut, mas só seria possível retira-la mergulhando, e de noite, numa escuridão intensa, com o mar cheio de tubarões , e uma correnteza enorme, quem se habilita??, ta louco!!! deixa para lá, marcamos o ponto dela no gps e fomos embora.
Já em Vitória fomos surpreendidos pela tripulação do “ Mar sem fim” que havia resgatado a nossa âncora e nos entregado em mãos , em casa. Coisas de Thomas Lipton.
Cruzamos a proa do Tridente com um vento fresco de cerca de 15 nós, e dada a largada o cronômetro dispara em um regata contra o relógio.
Uma semana e um dia depois da largada , exatas 2;45 da manhã.
Velejamos todo o tempo com ventos pelo través, o que fez com que a regata adquirisse um aspecto mais esportivo e menos aventureiro/sôfrego, que na ida quase um teste de resistência física..
Com ventos favoráveis o barco surfou as ondas do atlântico cruzando no paralelo 20 as longitudes de 40 a 31 graus, numa velog de 6 a 9 nós.
Ondas grandes, bons ventos, o que mais poderíamos querer para vejelar?
Durante a tarde do segundo dia do retorno,ficamos encalmados, sem vento nenhum , durante pelo menos umas 3 intermináveis horas, é TERRÍVEL, super SACAL! O barco joga de um lado a outro, sacode a vera mas não sai do lugar.
Ao cair da tarde , com a queda da temperatura entrou uma brisa e o rajadão starcut voltou a singrar bonito.
Velejamos noite e dia, dia e noite, sempre com um timoneiro tirando o máximo em parceria com um trimer, que seguia regulando as velas, regata 24 horas por dia, á vera.
O tempo todo um tira e põe de velas que não se tem idéia, trabalho mesmo.Tira genoa, coloca balão, tira balão coloca genoa, quebra adriça sobe no mastro( c/ barco andando a mil ...).
O Arturo subiu no mastro 4 vezes para acertar a adriça, com um vento de 20 nós e ondas de 3 metros da altura.
Alías nas empopadas, nos ventos favoráveis, foi quebrando um monte de coisa do barco, toda hora uma besteira , primeiro a adriça, depois o garlindéu do pau de spy , depois o sistema de fixação dos moitões do traveller, depois o preventer, em seguida uma escota puída, a assim foi indo e a gente vendo o lindo e luxuoso benetau se transformando num verdadeiro laboratório de aparatos técnicos( gambiarras).
Apesar dos pequenos percalços o percurso de volta foi uma delícia, deu para curtir cada segundo no barco, timonear, surfar aquelas ondas, sentir a natureza, sentir o organismo, o próprio corpo se regenerando , se tonificando, a plena saúde do corpo e da alma.
No último dia de viagem , a noite começou com um ventão do caramba, balão em cima, e o barco se demonstrou excelente em...:- cavalos de pau, atravessava com uma facilidade incível, tinha que ficar vivo no leme senão era, plá-pla-plá, a vela chicoteando a mil até retomarmos o rumo novamente.
Céu estrelado, o barco deslizando, zunindo, todos dando o máximo de si , empenhados, fazendo cáculos de tempo para ver saber de nossas possibilidades com nossos concorrentes( curumi e shaltz).
Precisávamos chegar até as 9 da manhã para ganharmos as 12 horas que perdemos na ida e faturarmos a regata, recuperávamos hora por hora , dia por dia, o andamento estava excelente.
Tudo indo muito bem, a média, o rumo certinho e vento a vontade.
Cansado fui dormir as 2 e meia da manhã, ao término do meu quarto, ansioso por acordar e acompanhar a aproximação da terra.
Acordei com aquele sacode, pá ... pou... cleeeeeeeks.. pá.. calmaria total, boiávamos no meio do mar, que estava super mexido. Que merda!
A nossa previsão de chegada passara de 9 da manhã para as 13 horas, e a nossa colocação já era, mas mesmo assim fomos em frente com o astral de campeões pois cientes estávamos de todo esforço que fizemos em prol da performance.

Momentos finais.

9;45, entra um brisa de 4 nós e começamos a nos deslocar devagarzinho.

Como não tinha há muito o que ser fazer, a não se esperar, preparei a última refeição disponível a bordo, interessante pois acertamos a conta do rancho na mosca, ao abrir a lata de feijoada e prepara-la com alguns ingredientes extras como alho, cebola, bacon etc., tal como um arroz , terminava ali o nosso estoque de comidas.

Apriveitamos para tomar nnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn banhos de água doce, no banheiro e tudo, e depois todos colocamos nossas roupas de gala limpinhas , prontos e ansiosos para chegarmos ao porto.

Já avistávamos o Mestre Àlvaro desde o começo da manhã, que aos poucos com o vento entrando e entrando , foi se aproximando rapidamente, e no comecinho da tarde entramos empopados de balão na rota da praia de camburi, onde já nos esperava Alexandre Negão em seu “melhora”, apontamos para o clube ansiosos para chegar, e nos metros finais ainda rompemos o pau de spy ao meio.

Chegamos ao clube literelamente voando baixo, empurrados por um Nordestão inimaginável naquele dia que começara com uma bela de uma calamaria, fomos surfando em direção a boca do píer norte do ICES, e lá minha futura esposa acenava para o grupo.

Baixamos as velas, entramos na marina e atracamos no flututante , onde fomos recebidos pelos nossos amigos e familiares com champagne e um delicioso banho de mangueira.

Fim de prova, tudo em ordem, uma alegria contida, um "rito de passagem", um desafio completado, agora poderia me sentir um verdadeiro navegador, afinal foi um bordo mar adentro de 634 nm( num total de 1268 nm), coisa que poucos fizeram, 15 dias no mar, 15 dias vendo a vida de outra forma , 15 dias que mudaram minha vida para sempre.

Harry Manko, sempre com filmes sensacionais e gozadíssimos!

Um vídeo de compilações da Volvo Ocean Race, a volta ao mundo.

Os nós mais usados no mundo náutico, uma vídeo aula, aprenda para não chamar cabo de corda!