28/09/2013

Regata Recife Fernando de Noronha( REFENO)

há um ano atrás tivemos o prazer e a honra de participar desta regata maravilhosa, e um grata surpresa nos foi agraciada : Esta magnífica foto exatamente no momento que nós chegamos a Noronha.
A foto foi tirada pela esposa do Bailly, e perpetuou este momento mágico na história de nossa equipe e de nosso barco.
Este ano não vai dar para participar, entretanto já confirmamos nossa participação no Circuito Rio no fim de outubro.
Afinal velejar é preciso!
Na ocasião da regata preparei este texto para a revista velejar, que pode dar dicas legais para quem quer participar do evento.
















A imperdível Refeno, Visão, depoimento, constatações e dicas de um cara fascinado pela vela, para quem quiser participar, no futuro, da Regata Internacional Recife Fernando de Noronha.



A imperdível Refeno

Visão, depoimento, constatações e dicas de um cara fascinado pela
vela, para quem quiser participar, no futuro, da Regata Internacional
Recife Fernando de Noronha.

Por Renato “Avelok” Avelar



Há muitos anos tenho ouvido histórias de velejadores que participaram
da Refeno, regata Recife Fernando de Noronha, e estes relatos vêm
povoando minha mente desde longínquos anos, deixando a certeza de que
um dia iria participar deste evento e decifrar seus enigmas, até mesmo
por nunca ter pisado na Ilha.


O interessante é que, de todo o material que lia ou que ouvia pelos
clubes e nas temidas “rodas de varanda” do Brasil afora, nenhum deles
conseguiu criar uma imagem determinada em minha mente. Tampouco
documentários televisivos acerca da ilha desenharam seus contornos em
linhas claras no meu cérebro. De fato, eu não tinha uma imagem da
ilha, ou, se tinha, era irreal, ao menos até conhecê-la de verdade.


Não sei se de propósito, ou porque nunca havia lido algo bem ou mal
escrito, que realmente despertasse a minha atenção, mas minha
consciência refugava predeterminações e imagens pré-concebidas, ou
mesmo pré-conceitos, uma vez que no meu âmago estava estabelecido que
um dia iria participar da regata.

Não foram raras as vezes que ouvi casos exageradamente aventurescos a
respeito dela, contados por velejadores que a fizeram e se
vangloriavam do feito, ou por varandeiros que nunca a fizeram e
preferiam mistificá-la a encará-la!

Concluí, para clarear as ideias que povoavam minha cabeça, que era
preciso participar da regata.



Participei – graças a Deus

Pois bem, amigos nautas e amantes da vela de plantão, estamos aqui
escrevendo sobre a Refeno; então, obviamente, realizamos o sonho.

O maior desafio para se participar da regata Recife Noronha, não é
travessia das 293 milhas que separam o Marco Zero do Recife antigo, da
linha de chegada no Boldró, em Fernando de Noronha, mas sim a
dificuldade de estar lá, na largada.





Exceto os barcos do Norte e Nordeste, os barcos do Sul e Sudeste fazem
uma gigantesca jornada para prestigiarem o evento. Para nós, que
partimos de Vitória, ES, foram 2.600 NM no total; para o Roberto
Bailly, de Niterói, foram quase 3.200 NM; para a galera de Porto
Alegre... 5.100 NM. Que tal? Até mesmo para a turma de Salvador, que
mora “ali ao lado”, são 1.500 NM, ida e volta.

Mas, a distância não é problema para quem quer fazer esta regata, nem
o tempo despendido e nem mesmo os altos custos são obstáculos, com
cada um encontrando a forma de realizá-la à sua maneira (se assim o
quiser de verdade). As opções são muitas e o cristão pode escolher a
que melhor lhe aprouver.



Senhores do Tempo

Os “Senhores do tempo” podem ir velejando em seu próprio barco,
especialmente se aproveitarem um grupo sensacional como o pessoal do
Cruzeiro Costa Leste, que se realiza de dois em dois anos e sobe
calmamente o litoral Brasileiro, saindo do Rio e indo até Recife,
gastando meses inteiros com várias escalas em portos, praias,
enseadas, festas e recepções, curtindo não menos a viagem do que o
destino final.

Esta opção tem um inconveniente: não serve para aqueles que ainda são
óleo para a máquina do dia a dia e que não são donos de seu
calendário. E mesmo para os libertos, o Costa Leste só acontece de
dois em dois anos. Mas é, sem dúvida alguma, a opção mais segura e
divertida para quem pode.



Sem lenço e sem documento

Pode-se ir, também, no próprio barco, sem lenço e sem documento, como
fez meu amigo Serginho Rossi em 2010, no Gato Xadrez, um pequeno Cal
9.2, quando iria completar 50 anos. Deu a si mesmo um presente de
aniversário inesquecível: tirou o relógio de pulso, desligou o celular
e entrou em 40 dias de férias para poder ir e voltar da Refeno sem
stress, saindo de Vitória em companhia de dois amigos, um bom violão,
muita picanha e curtindo a navegada com tempo suficiente para velejar
a favor do vento e sem relógio de ponto, curtindo cada momento.

Neste mesmo estilo, mas em outra vibe (mais regateira), o Roberto
Bailly, do Xeqmate, foi de Niterói num tiro só até Salvador, correu a
Aratu, deixou o barco lá e voltou para trabalhar. Depois, tirou
férias, foi de Salvador a Recife, fez a Refeno, voltou em nove dias de
navegada, saindo direto de Noronha e só parando em Búzios, rapidinho,
para comprar gás e, finalmente, chegando a Niterói. Cascudo esse
Roberto...



Para quem ainda é “óleo para máquina”

Para esses existe a opção de mandar um skipper levar o barco e ir de
avião, como foi nosso caso.

Primeiro despachamos o barco para Salvador, onde ficou por quase 40
dias, onde aproveitamos para participar da Aratu-Maragojipe (matéria
nesta edição), curtimos o fim de semana e voltamos ao nosso dia a dia.
Em seguida, dentro do cronograma da largada, o skipper o levou até
recife. Essa opção é uma mordomia e tanto, mas não sai barato, pois,
além do trabalho do skipper, existem os custos de refeições e
passagens aéreas, rancho, diárias para tripulantes, diesel, peças que
quebram etc., o que, numa viagem onde o barco ficou fora de casa por
cinco meses, acaba saindo caro. Mas, se planejado e rateado entre
todos os tripulantes, torna-se uma opção bem razoável, ao alcance de
escravos do tempo, como nós.



Para os inexperientes

A opção de comprar uma vaga como tripulante de algum veleiro também é
muito tranquila, talvez a mais “resort” de todas, ideal para quem quer
um cruzeiro ao pé da letra. É, sem sombra de dúvidas, a opção mais
acessível, pois não precisa nem saber velejar. Para os inexperientes
que tem barco, ou que tripulam barcos de amigos, ou que velejam
normalmente entre amigos, esse formato traz a desvantagem de não estar
rodeado de pessoas que costumam fazer parte de sua vida, os seus
amigos do peito; assim, o aspecto “regata” não tem muita importância!
Aliás, este “aspecto regata” fala muito baixo nesse evento, que
prefiro chamar de festa.



Para quem tem muitos amigos e um barco pequeno

Também é muito interessante alugar um belo barco de regatas, como fez
o João Ricardo Fernandes, de Niterói, que reuniu nove amigos e se
lançaram na regata a bordo de um sensacional Benneteau 40,7. Saiu mais
barato, por exemplo, do que a opção que escolhemos, com a vantagem de
ter à disposição um barco bem grande e confortável, o que, de fato,
faz a diferença na regata.



Para os fora de série!

Se você é um cara duro (no sentido de resistente e corajoso), faça
como o Kan Chuh, gigante da vela de oceano no Brasil: mande toda essa
conversa fiada as favas, pegue seu mini-transat e vá sozinho, sem
frescura e sem conforto, voando baixo e chegando rápido. Aliás, a
Refeno é um passeio de criança para este sino-baiano, que tem um
currículo como o daqueles velejadores francês malucos, para os quais o
mundo é muito pequeno.



E parafraseando Walt Disney: ”Você é do tamanho do seus sonhos!”

De uma forma ou de outra , você, querendo, vai participar da regata, o
Circo se arma!

Definida a forma da participação, a inscrição é super-organizada,
online, no site da regata, www.refeno.com.br, lembrando que deve ser
feita com bastante antecedência, pois o valor vai aumentando assim que
a largada se aproxima e o numero de participantes é limitado (neste
ano foram apenas 100 barco).


Marcos Medeiros( diretor da regata), Avelok, Marcão Albuquerque, Léo, Roberto Bailly e Suely( staff).

Pintura do Avelar , noite estrelada na refeno


Organização profissional

O pessoal da secretaria do Cabanga, a Suely, o Júnior e o Marcos
Medeiros (diretor da regata), são muito solícitos, estando à
disposição o tempo todo para tirar dúvidas e orientar os
participantes, e olha que eu liguei umas 30 vezes para lá, por conta
de sermos marinheiro de primeira viagem e estarmos preocupados com
todos os detalhes (a estadia do barco, as cartas náuticas exigidas
pela Capitania dos Portos, passando pelo rastreador Spot, e estação
navio da Anatel).

Pois bem, o staff da Refeno é profissional mesmo. Trabalham com
alegria e dão todo apoio necessário; não se vê ninguém estressado,
muito pelo contrário.

Os dias que antecedem a regata no Cabanga são sensacionais, o
movimento dos barcos na marina, todos nos preparativos finais, o
ambiente pré-regata... E cada barco de babar, como os catamarãs
gigantes, a exemplo do Guruçá; o lindíssimo Bavaria 55 Mussulo; o
Sessentão; o premiadíssimo Ave Rara; o Grand Luc, do François Moreau;
o impecável Brasília 32 mega-ultra-equipado Bear Ship e  tantos outros
barcos dentre o cento que aguardava a hora e o dia da largada.



Rega bofe e porre, mas com energia positiva...

A organização preparou um sweepstake de primeira categoria. Teve
barril de Chopp todo dia, apresentação de maracatu, happy hour, muito
agito e convívio social e, coroando os dias da pré-regata, o magnífico
jantar na antevéspera da largada.

Aliás, este jantar, que eu vou ter que chamar de festa, merece
destaque, por ser na antevéspera e dar tempo para todo mundo curar a
ressaca; assim sendo, a festa vira festa mesmo! Este ano teve um grupo
de rapazes tocando Beatles, todos caracterizados com terninhos pretos,
perucas e tudo mais. Até o guitarrista era canhoto, como o Paul, e o
batera a cara do Ringo! Os caras arrasaram, tocavam muito! Os
velejadores vibraram com a música, todo mundo dançando em pé,
especialmente os mais “antigos”, como os velejadores mineiros
Deusdedit e  Célio (tripulantes do veleiro Madame), que foram
literalmente para o gargarejo no palco. O clima emanava energia
positiva!


O jantar foi realizado na quadra de esportes do Cabanga, onde deveria
ter umas 500 ou 600 pessoas. Cada barco tinha sua mesa reservada, com
o nome da nave em forma de vela, ornamentando uma caixinha de madeira
cheia de chocolates e bolo de rolo (especialidade recifense), um
presente de boas vindas da organização para as tripulações. O serviço
incluiu champanhe a rodo, cerveja gelada, salgadinhos o tempo todo e a
píece de resiténce: medalhão ao molho madeira, ou bobó de camarão! Que
maravilha!



Hora de coisa séria

No dia seguinte, reunião de comandantes com a Marinha do Brasil. Uma
reunião de comandantes de verdade, com nada menos que 3 horas de
duração, onde a segurança foi, de fato, levada a sério, um trabalho
bonito de ver, e a relação da Marinha com a regata e os velejadores,
mais bonita ainda!


Durante a reunião exibiram um vídeo amador, feito por um dos
tripulantes de um trimarã que capotou na edição de 2010 e que fora
salvo graças ao uso do rastreador “Spot”. Isso foi mais do que
suficiente para todos se convencerem da importância deste moderno e
obrigatório equipamento, que é um pé de coelho misturado com um Epirb
e custa o preço de um GPS.

Passada a festa, curada a ressaca, barcos vistoriados pela marinha,
solucionadas as pendências da vistoria, feita a reunião de
comandantes, barcos abastecidos, todos se preparam para a largada.
Fato curioso, pois, apesar da largada ser ao meio dia de sábado, todos
os que tinham mais de 1,60 de calado deveriam sair do Cabanga as
2:00hs da manhã de sábado, caso contrário, ficariam presos pela maré
baixa. Assim sendo, a partir de 1:00h da manhã praticamente toda a
flotilha se lançou para a região do porto antigo da cidade, a fim de
jogar o ferro e aguardar, em área profunda, a hora da largada.



A largada!

Mais uma vez a organização falou alto, mostrando toda sua experiência
na lida com a numerosa flotilha. Os barcos foram divididos em grupos,
com horários de largada e de check in separados por 30 minutos de
antecedência. A área da largada ainda fora definida por duas zonas: 1.
Zona de largada e check in, e 2. zona de “espera”, onde o grupo que
não iria largar deveria aguardar em área demarcada por boias, antes da
área de largada.


Assim que os grupos iam navegando no canal do porto rumo a área do
check in, havia uma multidão aboletada em arquibancadas no Marco Zero,
onde um locutor apresentava os barcos, um a um, ao público, que
acenava e aplaudia as tripulações. Confesso que meus olhos se encheram
de água, pois nunca havia visto nem sentido isto antes na vida: a
interação com o público, algo quase impossível neste  esporte sem
plateia, realizado mar adentro.



Velejando pra Noronha

As condições de mar e vento estavam tranquilas, exceto por um mar
desencontrado nas primeiras 24 horas, que fez com que os barcos
pequenos sofressem mais um pouco e deixassem o estoque de remédio de
enjoo reduzido. Nada demais! Um vento de 12 a 18 nós empurrou os
barcos tranquilamente, num través de um bordo único, em noites sem
lua, com uma miríade de estrelas no firmamento, acompanhando aqueles
marinheiros rumo à ilha dos sonhos.

Conforme definido pela marinha do Brasil, não obstante o uso
obrigatório do spot, a radiofonia, também obrigatória, se realizaria a
partir das 8 da manhã e em ordem alfabética, sendo que, quem não
conseguisse passar a posição, diretamente, para um dos dois navios da
Marinha, deveria fazê-lo via ponte com outro veleiro, com a pena de
não o fazendo ser desclassificado.

Os barcos com mais linha d’água levaram grande vantagem neste
passeio/regata e, até mesmo o campeoníssimo “Ave Rara”, ficou atrás do
Sessentão, o Fita Azul, e do Mussulo, segundo colocado.



Surreal, mas sem mistérios

A Refeno não tem mistério nem muito jeb jeb. A travessia num bordo só
é algo bem simples de se fazer, com toda cautela, precaução e
segurança, obviamente. Não tem história de monstros marinhos,
redemoinhos, nem de furacões, tampouco sereias ou outros mitos, que
impossibilitam muitos de saírem de seus portos para irem a mares
azuis, deixando para trás a tranquilidade das baías e o aconchego do
lar.

A chegada à ilha foi surreal! Algo que esperei muito para ver com meus
próprios olhos e da qual, graças a Deus, não tinha nenhuma imagem
preconcebida!

Nós a avistamos as 9 da manhã de um dia de almirante, com vento de 18
nós, um mar roxo, céu azul, temperatura agradável e cruzamos o través
do Boldró às 13 horas e 3 minutos de uma segunda feira.

Como fomos num 31 pés, demoramos mais a chegar, gastando, ao todo, 48
horas e 3 minutos. As horas finais da chegada à ilha foram daqueles
momentos que se vive uma vida pra sentir. Não tenho como escrever aqui
páginas e mais páginas. O cidadão tem que ir e sentir o que é. Cada um
vai ter um gosto, um cheiro e uma cor diferente, mas, pode ter certeza
que estará beirando o seu Shangri-lá.

Tão logo cruzamos a linha final rumamos para o portinho, onde já havia
51 barcos nos aguardando. O visual é lindo, deixo as fotos para
registrar aqui!

Uma precaução na atracação: Use duas âncoras, muita corrente e muito
cabo e, se possível, mergulhe (cerca de 10 a 12 metros) para
certificar-se de que está bem ferrada (unhada), pois o local é bem
traiçoeiro e é comum barco sair a garra.



Fascinação é normal, mas tem um ladinho B...

A ilha de Noronha me fascinou, deixando-me maravilhado com tudo que vi
e senti. O que me chamou a atenção dentre muitas coisas foram as casas
em centro de terreno, herança dos americanos (bem diferente do estilo
europeu colonial entulhado). A ausência total de violência e da
epidemia do crack, um lugar onde todos trabalham e são solícitos. A
educação é de impressionar (oferecer carona é um hábito), não se
explora o turista (preços mais baixos que Búzios e Arraial d’Ajuda por
exemplo) e a beleza das praias é redundância falar.

Mas tem também o lado B: Ruas esburacadas nas vilas; acessos às praias
em péssimo estado; pavimentação na vila dos remédios em deterioração
absoluta; problemas com lixo (sucatas, especialmente); carros em
excesso (mil e quinhentos carros ao todo, numa comunidade de 4 mil
pessoas), mas nada que não seja de fácil solução.



Passa a régua e fecha a conta...

Bom, “més amis”, fica difícil resumir a experiência, mas espero que
meu relato não tenha atrapalhado os planos de ninguém. Se você quer
participar desta regata ou de qualquer outra, faça o seguinte: Just do
it! A gente chega cansado, molhado, todo esbagaçado, sem dormir nem
comer direito, cheio de roxo nas canelas, torrado de sol e doido para
começar tudo de novo!

Ano que vem tem mais causo para contar, se Eólo e Netuno nos permitirem!!



BOX

Dicas para quem vai de primeira viagem

Roupas: Você vai usar uma ou duas mudas de roupa durante a regata e a
roupa de tempo. Na ilha todos andam muito descontraídos e sem luxo.
Portanto, leve uma mochila compacta e nela só o necessário.

Rancho: opte por comidas que possa comer com a mão, tipo sanduíches
feitos na hora, Cup Nudles e barras de cereais, por exemplo.
Importante ter tudo nas menores porções possíveis, inclusive água. È
bem mais prático ter água em recipientes de 500 ml do que em 5 litros.
Gelo, não vale a pena, só se tiver onde conservar. Sofisticar no
cardápio pode significar que todos fiquem com fome, ou fica ruim para
cozinhar (devido ao balanço), ou fica ruim para comer (idem).

Lanternas: duas no convés e uma para cada tripulante

Objeto pessoal: um canivete para cada um também é importante e pode
salvar de um problemão.

Linha de vida: A noite sempre amarrados nela.

Escora: Para os que estão com as facas nos dentes, escora o tempo todo
(são só 48 horas!). Todo o peso colocado a barla! Faça um berço de
lona no beliche de barla e coloque tudo ali, tudo mesmo! Das mochilas
à água, das velas reserva à ancora. Faz uma diferença de umas 3 a 4
horas no tempo final.

Calçados e luvas sempre: Dia e noite, leve a sério, pode acabar que
sua regata vire um inferno por causa de um machucado. Eu, por exemplo,
felizmente machuquei o calcanhar a apenas 2 milhas da ilha, mas foi o
suficiente para me impossibilitar de calçar sapatos, o que me rendeu
mais quatro machucados sérios posteriores, adquiridos em passeios nas
trilhas e praias.

Chegue antes ao Cabanga: Leve seu barco para o Cabanga com a maior
antecedência possível, chegar antes significa tranquilidade na regata.

Planejamento: Use a abuse do planejamento e lembre a todos que é
barco, é um só, e todos são igualmente responsáveis pelo sucesso da
regata.

Piloto: tenha sempre dois, quem tem um não tem nenhum.

Leme e estaiamento: Revise seu leme e o estaiamento, para evitar o pior.



Na Refeno, o importante mesmo é chegar inteiro e feliz! Um beijo e um
queijo, bons ventos a todos!!

PICTURES




25/09/2013

Américas Cup results: Oracle goes to the oracle of winners!

Américas Cup finals in my point off view.

A inacreditável e espetacular Vitória do Oracle(favoritos, críticas, condenações e torcedores a parte) foi sem dúvida alguma uma das maiores lições de tenacidade, trabalho em equipe e persistência já vista neste mundo pós-moderno.

Virar um jogo como eles viraram é digno de aplausos de pé.


Aplaudo de pé, pois então!



The Phantom Of The Opera. Vitória ES Brazil, Scheaffer 31 .





08/09/2013


Pedro Bolder, diário de bordo em Santander.

Diário de bordo, 

    Olá meus amigos, irei passar para vocês um pouco da experiências que estou vivendo aqui em Santander, Espanha onde estou participando do Ciudad de Santander Trophy ( evento teste para o mundial da ISAF em 2014). 
    Desembarquei em Santander na sexta-feira  dia 06 na parte da tarde, num dia muito molhado e bem frio, nada convidativo para nós brasileiros hahaha. Localizei o barco que aluguei e me recolhi o hotel. No dia seguinte, sábado, o frio permanecia, porém foi um dia de trabalhar, montei  "la maquina" por mim apelidada, e fui para água tentar vestir o barco e me entender com a condições de velejo na área de regata. 
    É a primeira vez que estou velejando num Finn Devoti (um dos fabricantes da classe aqui na Europa) pois no Brasil o meu barco é um Lemieux ano 2000 feito no Canadá. Estes barco tem tocadas totalmente diferentes, o meu é muito duro, caturra mais e chega a ter 10 cm a menos de boca (largura) que outros fabricantes, enquanto este devoti que aluguei de um espanhol aqui, é um barco mais mole, faço menos força para equilibra-lo e existe uma facilidade para surfar as ondas e de acelerar o barco... São coisa positivas mas que eu to me adaptando.
    Aliás, tudo o que estou vivendo aqui esta sendo novo, estou tendo que me adaptar, as pessoas, os comportamentos, a alimentação, a infraestrutura, o barco e as condições de velejo. Eu me senti um pouco assustado com isso, mas hoje já comecei a me sentir mais em casa por aqui, acordamos com o céu bem mais limpo e ao meio dia já não vestia mais o casaco, creio que a temperatura foi a uns 25 a 30 graus celsius e também fiz umas amizades com os espanhóis e com algumas pessoas da organização porque precisei da ajuda deles para obter autorização para participar das regatas sem ter a bandeira do Brasil na vela, é uma regra nova da ISAF, mas ainda está em período de adaptação, pois apenas uma empresa é autorizada a fabricar os adesivos com as bandeiras nacionais de cada país, essa empresa é na Inglaterra e as bandeiras que eu comprei para usar neste campeonato ainda estão no frete vindo para cá... Então fiz uma carta hoje solicitando esta autorização, e só as 17 horas da tarde saiu da esperada autorização, logo usei o dia para calibrar "la maquina" mudar umas regulagens, como alça de escora, burro, bolinha, testa e caimento de mastro.
    As meninas do 470 Renata Decnop e Isabel Swan estão me ajudando bastante aqui a me concentrar, ter cuidado com a alimentação e tem sido ótimas companheiras de viagens, ontem a noite fomos até uma loja decathlon pois precisamos de botas, luvas e uns casacos, nas volta tivemos um momento de descontração muito legal, com um show de rock que rolou de abertura do evento, para a nossa sorte foi do lado do hotel que por sinal é em frente ao clube onde guardamos "las maquinas", eu realmente estou mais tranquilho por estar do lado dessas duas feras da nossa vela que já tem ótimas bagagens como títulos mundiais e medalha olímpica.
    Estou me sentindo bem inspirado para as regatas de amanhã (segunda-feira), escrevo aqui para vocês já na cama e assistindo um documentário da CNN international sobre a America's Cup, que conta o começo da história, desta que é a regata mais tradicional e almejada da vela mundial. 
    Amanhã escreverei um pouco sobre a cidade, as primeiras regatas e minhas experiências, desejo a todos uma boa semana.

            Direto de Santander para meus familiares, amigos e amantes da vela.
   
   Abraços e Bons Ventos 
   Pedro Trouche- "Bolder"
   

Abraços e Bons Ventos
Pedro Henrique Trouche de Souza "BOLDER"
55-21-99758040

Copa America : 2 para os mocinhos, e zero para os vilões.

07/09/2013

Avelok orgulhosamente apresenta a trajetória de Pedro Bolder , um cara fora de série!

 Prezados amigos nautas e amantes da vela de plantão, apesar do luto pela morte do Niteroiense Sandro Sartorio,compartilho com os senhores e senhoras este texto magnífico, que conta a história de um novo amigo , o Pedro Bolder, que tem velejado conosco no nosso  HPE no Rio de Janeiro.

 O mais novo integrante da equipe fantasmagórica comandada por este que vos escreve, Renato Avelar. Pedro Trouche embarcou nessa quinta feira 05/07 para seu primeiro desafio internacional da classe Finn a qual ingressou em 2011 e hoje é o número dois do Brasil na categoria. O evento será na cidade de Santander com início das regatas no dia 09 e encerramento dia 14 de setembro, será uma preparação pessoal para o mundial organizado pela isaf na mesma data porém em 2014 chamado de Santander 2014 world championship ou ISAF World Championship.
 Pedro Bolder como é conhecido no mundo da vela, leva na sua mala o manto sagrado a camisa do FLYING PHANTOM veleiro da classe Hpe 25 integrante da flotilha fantasma. O manto foi entregue na sua segunda regata a bordo do Phantom a qual fomos segundo lugar na Regata Paolo Pirani realizada no dia 24 de agosto.

Estamos aqui em Vitória na torcida pelos sucesso deste obstinado!

Este cara é fora é série, como atleta e como pesso

Na primeira velejada que tivemos, já constatamos que o garoto é um cara fora de série, e é mesmo.
Pedro tem apenas 22 anos, o que atesta a minha afirmação que estamos diante de um dos maiores nomes que a vela Brasileira terá notícias em todos os tempos.
Não somente pelo talento e principalmente pela pessoa que é; um  cara fora de série como diria meu amado Sir Wallace com sua voz de trovão.
Bolder neste momento está em santander na Espanha participando do mundial da ISAF e nós daqui de Vitorinha ficamos na torcida! 
Para cima deles Bolder!!
Bom , chega então deste jeb jebe e vamos ao texto , apresento a vocês Pedro Bolder:





Olá Renatão, tive uma semana muito corrida... Estou escrevendo agora para você durante o voo ja que irei ficar sentado aqui umas 14horas até Madri, contando um pouco da minha história. Quem sou eu, uma regata marcante e o meu atual desafio.


 Niteroiense fanático, nascido e criado nas águas do índio Araribóia. Tive meu contato com a vela ainda muito criança, quando meus pais entraram para o Clube Naval Charitas. Eu tinha uns 5 anos e ficava andando pelos optimists e querendo subir nos barcos.... Na época as crianças da flotilha e os optipais (pais de velejadores de Op) falavam para os meus pais -coloca ele na escolinha ele vai gostar. Dito e feito quando estava com 7 anos meus pais me colocaram no Op, foi uma das melhores escolhas deles.

 Velejei 5 anos de Op, meu primeiro campeonato brasileiro foi o famosa brasileiro de VENTÓRIA em janeiro de 2001, que teve 10 das 12 regatas com mais de 20 nós de vento. Meus pais pensaram que eu iria largar a vela no meu primeiro grande desafio... Completei apenas 5 das 12 regatas, desisti de todas as outras, era muito pequeno e medroso. Foi um grande aprendizado mas voltei pra casa muito triste por não ter tentado me superar, naquele momento falei para mim mesmo nunca mais irei largar uma regata.

 Saí do Op aos 12 anos após o campeonato brasileiro de 2003 no mês de janeiro em São Sebastião- SP, meu pai já havia comprado um laser pois eu estava bem grande para Op, e em novembro de 2002 eu participei de uma copa laser no qual consegui a terceira colocação foi amor a primeira vista... ops digo velejada! Não quis mais saber da famosa caixinha de fósforo que é o Optimist, virei para o meu pai e disse: - ai papai, pode vender meu Op que agora vou velejar de laser. Ele na mesma hora me deu a maior força, fiquei extremamente feliz, e começei a me dedicar ao laser, sempre que podia estava na água.

 Na minha carreira no laser, participei de 7 campeonatos brasileiros, Búzios 04, Ilha Bela 05, Brasília 07, João Pessoa 08, Búzios 09, Vitória 10 e Jurerê 11. Os dois primeiro de 4.7 e os restantes de standard. Participei de dois mundiais de laser radial um open e um junior onde fiz uma das regatas mais emocionantes e linda da minha vida, participei também de alguns campeonatos regionais e de 14 campeonatos estaduais.

 Desde de 2008, eu ja estava procurando, pesquisando, estudando tudo que eu podia saber sobre a classe Finn, muitas pessoas falavam pra mim, você tem corpo para um finnista, investe nessa classe... Conclusão no meio de 2011 comprei o meu primeiro e atual Finn, usado é um casco do ano 2000, feito no Canadá. Começei a treinar e ganhei o meu primeiro campeonato o carioca de 2011, no ano seguinte em janeiro participei do meu primeiro campeonato brasileiro, no início eu pretendia fechar o campeonato entre os 5 primeiros. Mas no decorrer do camp. percebi que eu poderia querer mais, faltando dois dias para fechar o campeonato eu estava ganhando alguns pontos do fenômeno Jorge Zarif, mas nas regatas seguintes escolhi mal alguns bordos e conclui o campeonato com a medalha de prata, fiquei muito animado com o meu desempenho, principalmente nos contraventos pois montei 8 das 10 regatas na primeira  posição a primeira bóia, porém percebi que o Finn tem um popa castigador e eu teria me dedicar muito para chegar no nível do campeão.

 Em seguida fui vice campeão pré olímpico de 2012 e 2013, estou muito animado com a expectativa do rio ser a próxima sede olímpica, tenho certeza que se o governo souber investir junto com as suas confederações podemos colher ótimos frutos, frutos em forma de medalha. Treino firme e forte para buscar o meu sonho olímpico. Estou nesse momento viajando para Espanha onde irei participar do Evento test de Santander 2014, evento organizado pela isaf (international sailing federation) na cidade de Santander-ES que reúne todas as classe olímpicas no mesmo evento para disputar vagas para a olimpíada. Será meu primeiro campeonato internacional de Finn, coincidindo com minha primeira viagem para Europa, fortes esperanças e sentimento de determinação tomam conta de mim nesse momento tem que agradecer a MARINHA DO BRASIL por me apoiar e me auxiliar nesse viagem, e ao meus amigos e familiares que me dão todo o apoio para treinar e competir.


A regata da minha vida:
  Dia 17/12/2005 Fortaleza -CE
  Mundial Junior da classe laser radial.

   Foi uma das melhores quinzenas da minha vida, embarquei no dia 02 de dezembro para participar de dois campeonatos mundiais seguidos, o primeiro foi o open o qual eu com 14 anos de idade, não tive um resultado muito positivo, mas ganhei uma bagagem e um ritmo de regata que me ajudou bastante no evento seguinte o mundial Junior, para velejadores com menos de 19 anos.
   Lembro de todos os momentos desse segundo campeonato como se estivesse descrevendo minha palma da mão, com todos os detalhes. Foram 10 regatas durante o campeonato sendo 6 classificatórias para determinar flotilha ouro, prata etc e mais 4 finais para cada uma das flotilhas. A cada regata que passava eu melhorava e as minhas chances subiam exponencialmente, porém na 6 regata tive uma quebra que me fez começar a fase final na série prata em 5 colocado entre 55 barcos, fiquei extremamente triste, fui consolado pela minha fiel escudeira e físioterapeuta mamãe, me falando: - "meu filho você deu seu máximo, mas na vida é assim mesmo, as vezes é melhor ser cabeça de peixe do que ser rabo de tubarão, se concentra que amanhã você vai brilhar."
   No dia seguinte mantive uma boa média e subi para o 4 lugar na flotilha, o campeonato inteiro teve bastante vento o que me agradava bastante e eu sabia que estava veloz. Fui para o ultimo dia determinado a fechar o campeonato com duas boas regatas, na primeira do dia fui 5 colocado, fiquei cheio de moral, e o vento aumentou um pouco de 12 nós para uns 15 com rajadas de 17, o percurso era o inner-loop a largada estava mais para a bóia, fui para a bóia mas faltando uns 40 segundos para largar o vento torceu para a direita favorecendo muito a largada na comissão, mas eu não teria mais tempo para chegar lá e ainda achar um lugar numa linha com 55 barcos, larguei mal pelo lado esquerdo e na primeira oportunidade cambei para tentar buscar a flotilha da direita, quando ja estava com amuras a bombordo indo para a direita da raia, percebi que estava muito rápido, então não pensei muito apenas coloquei na reta da galera que estava na frente e eu fui me aproximando e comecei a atropelar todo mundo, quando me dei conta estava no final do primeiro contravento e estava liderando a regata com uma vantagem considerável, mas os bordos de folgado me assustavam um pouco, pois eu não era um dos mais rápidos neles. A cada minuto que passava eu ficava mais nervoso e ansioso para a regata acabar, montei a segunda marca em primeiro ainda e caprichei muito no segundo contravento segurado a flotilha no meu beck e protegendo o precioso bordo da direita, com isso montei a terceira marca com folga em primeiro mas quando entrei no través para a quarta marca o cabo de regulagem da esteira entrou por dentro do moitão catraca e eu não conseguia nem folgar a vela nem caçar, o nervosismo que ja não era pequeno fez com que o meu coração viesse até a boca, pois o segundo começou a se aproximar era um americano, que estava nervoso, bombando e me assustando ahuahuhauahuha, mas como a sorte prevalece numa mente preparada a bandeira amarela apareceu e penalizou ele, naquele momento o coração voltou pro devido lugar e consegui soltar o bendito cabo que me atrapalhava e voltei para a regata, liderei na ponta da cana até a chegada... Com uma voz do meu pai dizendo no meu ouvindo Pedrão a regata é toda sua, agora é só trazer para casa, lembrando que de quando assistia aos domingos de madrugada e de manhã as corridas do super campeão da F1 schumacker ( esqueci como escreve o nome dele), mas lembro do detalhe que a equipe falava no radio no finalzinho das corridas para os pilotos levarem as maquinas de volta para o padock com cautela.
  Foi um momento muito magico pra mim, eu sei que pode não significar tanto para algumas pessoas, mas esse regata foi tão especial que eu ainda não senti essa mesma emoção, eu tinha apenas 14 anos, assim que eu cruzei a linha de chegada comecei a comemorar como se fosse o campeão mundial, e fui curtindo o momento até a marina onde guardávamos o barco... E então virei o barco e fiquei em pé na bolinha gritando e comemorando junto com a minha mãe que torcia no píer o dia todo... Algumas pessoas chegaram a perguntar se era eu o campeão mundial, pois eu sorria muito mais que o frio neozelandes que ganhará o mundial e assim fechei o campeonato em terceiro lugar da série prata.

Outras experiências:
Em 2010 fui selecionado para integrar a equipe de vela da marinha do Brasil, afim de participar de campeonatos militares e civis representando a marinha.

Começei as velejar de oceano (barcos quilhados) aos 13 anos quando fui timoneiro de um fast 230 na categoria RGS e ganhamos o circuito niterói, aos 16 comecei a velejar de hpe25 no priemiro campeonato brasileiro Junior de match race, um ano antes comecei a velejar de j24 participei de alguns campeonatos, entre eles match race no Chile e match race Petrópolis, desde 2004 fiz parte de tripulações do match race Brasil ao lado de torbem, scheidt e Daniel Glomb e outros tops da vela basileira, 3 participações na rolex ilha bela, 2006, 2010 e 2012. Campeão na categoria orc na refeno de 2010, vice campeão santos rio 2010.


Priemeiro campeonato brasileiro de vela vitoria 2001



Treino para Espanha 2013 classe Finn


Brasileiro de laser 2010 vitoria-es sexto lugar geral laser standard


Abraços e Bons Ventos
Pedro Henrique Trouche de Souza "BOLDER"
55-21-99758040

Nota de luto.

Nosso blog está de luto.

O Sandro Sartorio, da 30 Nós se foi.

Seguem palavras do amigo do Sandro, o Rodrigo.




Amigos velejadores, muito me doem escrever essas palavras, mas por ter sido quem foi, além de meu grande amigo, assíduo participante desta nossa pequena comunidade que é a vela, creio que merece a homenagem, e muitas outras.
 
Ontem, 6/set, durante a primeira regata do Circuito Oceanico de Niterói, veio a falecer o Sandro Sartório, vítima de um infarto fulminante a bordo. Sandro amava muito a vela, e que bom que partiu fazendo exatamente o que mais amava. Pena que um tanto quanto cedo, aos 40 anos. Sandro velejava de tudo que se podia imaginar, laser, dingue, fast23, ranger22, j24, oceanos, snipe. Depois que teve o primeiro contato ainda no Colégio Naval, não largou mais. Fez travessias, correu inúmeras vezes a Santos-Rio, Ilhabela e a Refeno, e estava cheio de planos, inclusive de regatas internacionais.
 
Sua paixão ultrapassou a prática do esporte, e o levou a empreender na área, com o comércio Náutica 30 Nós, cuja linha de produtos estava se espandindo cada vez mais, e patrocinou muitos eventos. Era um incansável, buscando conciliar esta atividade empresarial sem deixar de velejar. Quem não o viu nessa última Ilhabela, onde antes e após as regatas, estava lá no seu standezinho, num grande bom humor, curtindo estar entre vocês todos, ouvindo suas histórias na água?
 
Sandro, você foi um grande parceiro. Deixa muitos amigos, família e a comunidade da vela, órfãos de sua alegria e energia.
 
Seu corpo será velado hoje, 7/set, entre 10 e 16hs, no Parque da Colina, sala 1, na estrada para Itaipu, Niterói.
 
Bons ventos a todos,
 
Rodrigo Claessen

04/09/2013

Alaska , a última fronteira. Matéria de nosso correspondente do Caribe e Alaska: Mr. Igor C. Mestriner.

Alaska, a última fronteira. Tais são os dizeres abaixo dos números nas placas dos automóveis que circulam pelo maior de todos os estados dos Estados Unidos da América. Nem mesmo nos meus mais remotos sonhos marítimos sequer imaginei que um dia navegaria por essas frias, misteriosas, perigosas e interessantíssimas águas. 



















Cheguei à encantadora cidadezinha de Homer, na Península do Kenai por volta das 3h da madrugada do dia 18 de Junho após passar o dia todo em trânsito vindo de New Port, Rhode Island, do outro lado do imenso país. O sol seguia alto no céu dando sequer sinal algum de que baixaria em algum momento... e tal foi minha primeira impressão dos 59⁰ de Latitude Norte onde eu agora caminhava tranquilamente metido em minhas botas e trazendo o velho saco de marinheiro ao ombro. Não fazia frio ou calor, o dia, digo, a noite estava linda e o porto pesqueiro junto ao final do chamado Homer Spit impressionou-me logo de saída com a quantidade de embarcações docadas ali e as outras tantas que entravam e saiam pela única e estreita entrada do porto que, aquelas alturas, eu nem sabia pra que lado ficava... mas o tempo e a boníssima gente do lugar não tardou a apresentar-me o pedaço, assim como parte das aguas locais.
Nordwind foi construída na Alemanha no ano de 1939, na cidade de Bremen. O construtor, H. Gruber, e sua equipe construíram o barco para a Marinha Alemã da época e, como todos sabem, aquela foi uma época bastante séria da história daquele país portanto, o barco era solido! Mais de 80 pés de madeira sustentadas por costelas de ferro fundido, belamente ornamentada com carpintaria de ponta em seu interior luxuoso, armada em Yawl, como muitos W. Fifes, entre outros tantos belos clássicos costumavam ser. Barco lindo, cheio de histórias não contadas e detalhes interessantes em bronze e madeira, assim como porcelanas nos banheiros, daquelas azul e branco, que davam gosto de contemplar e pensar em quem já havia escovado os dentes ali...
Teríamos menos de um mês para reanimar o grande barco que ali literalmente hibernava(tipo um urso!) e levar o dono e sua simpática esposa para um cruzeiro de exploração pela península do Kenai por 10 dias, após o qual a embarcação seguiria para Vancouver, no Canadá, onde a mesma enfrentaria outro longo e frio inverno sem ninguém a bordo. Assim sendo,  nos enfurnamos a trabalhar e não paramos nem mesmo no feriado da Independência norte-americana – 4 de Julho e, ainda assim, a turma nos trouxe cachorros-quentes e “biscoitinhos da Liberdade”, muito gentil da parte deles por sinal! Fiz bons amigos ao longo dos muitos dias de trabalho pesado que realizei e se tem uma coisa que seja verdade sobre essa gente é o fato de eles respeitarem e tratarem com consideração aqueles que pesado trabalham.  Gente como o bom Dave do “Ashore watertaxi”, ao longo das semanas, me presentearam com carne de alçe, ostras frescas da fazenda-ali-do-outro-lado-da-baía, mexilhões, bacalhau negro defumado que eu-nunca-havia-comido-igual! Salmão e salmão e mais salmão... Nunca jamais havia pensado que comeria ou se podia comer tanto salmão e tão fresco...  Mamma mia!!! E também foi a vez do Senhor Mogar, o genial eletricista, levar-me pra jantar num restaurante de verdade por aqui, ir num bar, ouvir música local e falar com as pessoas que jamais-viram-um-brasileiro na vida. Tudo muito divertido e bastante tocante a forma como fui muitíssimo bem recebido aqui em Homer, no Alaska!
Aqui a coisa funciona nos termos da pesca comercial. Existem barcos e mais barcos entre 30 e 50 pés totalmente preparados para pescar toneladas de salmão de primeira qualidade pelas seis semanas por ano onde tal prática é permitida.  A maré é imensa, passando fácil dos 6 metros de amplitude, são quase 4.4 pés de agua subindo ou descendo a cada hora e daí o amigo já consegue imaginar as correntes do lugar. São perigosas as águas que esses homens e mulheres se aventuram para buscar seu peixe e também aqui se pratica aquela perigosíssima “pesca mortal” do caranguejo que tem até programa de tv a respeito, mas isso é no inverno e Deus me ajude de passar o primeiro inverno da minha vida tropical aqui! 
Era o dia da partida, o proprietário estava para aparecer a bordo a qualquer momento aquela manhã ensolarada e todos estávamos em nossos uniformes. Sabe como é, a vida de marinheiro tem dessas também... Veio o homem, carregamos sua bagagem a bordo, o mesmo desembarcou depois de meia hora e, trazendo sua senhora pelo braço, foi visitar Homer e seus pequenos encantos. Encantadora a pequenina Homer e fascinante é a palavra que me vem para descrever o Spit, esse prolongamento de terra adentrando o mar quase que em linha reta por cerca de 6 milhas, criando assim um porto ideal e único para aqueles que aqui vivem das iguarias que somente o Oceano sabe produzir e prover.
O zarpe aconteceu por volta das sete da “noite” do dia 11 de Julho, o céu estava claro como somente um dia de verão saber ser e as máquinas que tão bem preparara para nossa navegação realizaram seu trabalho sem maiores incidentes. Ancoramos a primeira noite ao largo da pitoresca comunidade pesqueira de Seldovia e ali passamos a noite sem desembarcar. Acordamos às quatro e meia da manhã seguinte e “motoramos” ao redor da ponta “Adam”, fazendo assim proa a deixar as ilhas “Chugach” a bombordo. O tempo estava bom, o mar bastante liso e quando adentramos o primeiro fiorde de nossa aventura, o “Northwest Fiord”, todos aqueles dias de muito trabalho e noites mal dormidas pois-nunca-fica-escuro fizeram sentido de uma tacado só! ...Ô coisinha mais linda que é o gelo!
Aquele paredão azul silencioso, aquelas montanhas nevadas se erguendo até onde dói o pescoço de tanto olhar pra cima, aquele verde de inverno e todo aquele gelo e mais gelo por ao redor do barco, aquilo sim fez o sangue correr nas veias verde-amarelas do marujo aqui como há anos eu não sentia! Como é lindo esse encontro quase que desafiante do homem com a natureza onipotente bem ali na vossa frente! E o melhor é que o dono do barco queria mais e queria chegar mais perto e empurrar gelo com a proa e, uma vez ali, foi pedido que o bote fosse lançado e lá me fui com o proprietário, empurrando gelo e achando caminhos entre essas maravilhas flutuantes para que o mesmo tirasse as fotos que vocês agora veem. Tudo bom demais, fascinante demais e, quando a proa chegava perto daquelas paredes de muitos mil anos de gelo sólido, gelado demais!
Havia focas a descansar sobre o gelo flutuante, pássaros mil, a tal águia da cabeça pelada símbolo dos Americanos (um animal bastante imponente devo dizer), baleias e seus filhotes a nadar tranquilamente, golfinhos de coloração negra e branca e bico bastante curto, peixe saltando por todas as partes, tudo muito espetacular. E assim foi o ritmo e assim foi o tom de nossa viagem pelos fiordes da península do Kenai. Todos os dias acordávamos bem de manhãzinha e, com o potente motor Man de 6 cilindros turbo com seus velhos 400 cavalos de potência, conduzíamos aquela embarcação histórica de madeira sobre as águas do Alaska até outro fiorde e mais uma geleira e outra! Tinha dia que navegávamos a 3 fiordes diferentes um mais lindo que o outro e o barulho de trovão, o estouro que no gelo faz quando se rompe, aquele tiro de canhão seguido do desabamento de toneladas de gelo que levam cerca de alguns segundos após cair na água para emitir o som perturbador de coisa-grande-caindo-na-água. As forças da natureza se pronunciando e você ali, testemunha pequenina e humilde daquele espetáculo natural, por vezes assustador, totalmente sem igual. Um privilégio, isso é aquilo que essa viagem me foi. 
A madrugada do dia 19 de julho foi-me especialmente marcante. Às 19:20h da noite adentramos uma baía muito pequenina após negociar uma entrada até perigosa, eu diria. Uma “cove” como chamam eles , localizada na parte sul de “Derickson Bay”. Haviam 3 metros abaixo de nossa quilha e um longo cabo foi mandado à terra junto à minha pessoa para evitar que o barco girasse sobre as rochas em todo o redor. Uma vez seguramente amarrada a embarcação à duas árvores, aproveitei que ali estava, puxei o bote sobre as rochas que a maré ainda baixa expunha e fui explorar aquele lugar tão interessante. Mal havia rompido entre os ramos das árvores da subida da costa, adentrei o campo nem 300 metros e lá estava o gelo, espalhado por sobre a grama, amontoado junto à encosta dos pequenos morros. Havia até um rio que se acumulava ali antes de seguir por terras mais baixas até o mar, não distante nem meia milha. Era o lugar perfeito e madeira não faltava ali! Retornei ao barco e chamei a todos, “temos de acampar aqui, o lugar é perfeito e temos tudo o que precisamos a bordo!”.  A turma meio que não se animou muito e desconversou o caso. Eu, sendo como sou, insisti, mas ninguém realmente se manifestou contra ou disse que sim. E terminou comigo num clássico “então vou eu!” e fui-me. Agarrei o machado de emergência de bordo (no caso um grandão de duas mãos bem daqueles bom de rachar lenha!), uma garrafa grande de água, uma salsicha, uma cerveja (claro, né, gente, por favor!), isqueiro, saco de dormir e pedi passe de desembarque pela noite.
-          Tem ursos lá fora.
-          Melhor que tenha, jamais vi um!







E assim construí, digo, arrastei umas toras, empilhei umas pedras, cortei várias madeiras que achava secas e boas pra queimar, fiz fogo, preparei o espeto, assei a salsicha, tomei a cerveja que botei pra gelar naquele gelo mencionado e acumulado lá; dormi no saco de dormir abaixo das e observando as mesmas estrelas que o céu do Alaska tinha para mostrar-me aquela noite.
Não vi urso algum, só rastros dos mesmos quando explorava as redondezas do meu acampamento selvagem, mas ainda assim foi ótimo! Barcos por vezes te colocam em situação de convivência intensa com pessoas que não necessariamente se gostam o que, convenhamos, é normal. Você não precisa amar seus companheiros de trabalho para realizar um bom trabalho com eles. E se, todos gostarem de todos no grupo, ainda melhor, pois o trabalho se realiza de forma mais leve, harmônica e divertida. Oras, quem entre nós não gosta de trabalhar com amigos e afins?! Eu precisava de um tempo a só comigo mesmo e também eles, a tripulação, precisava de um tempo sem mim. Vento aqui nao há, exatamente como me disseram todos os pescadores e capitães das balsas motorizadas de embarque-desembarque pela rampa da proa e rebocadores que conheci em Homer e a turma da coberta não andava nada feliz com aquilo. Nenhuma vela foi içada, a não ser por meia hora logo na saída do porto de  partida e, após panejar a buja e a mezena por alguns momentos, os poucos panos foram baixados e dali por diante apenas o motor roncou e a hélice impulsionou e os dois geradores mantiveram tudo funcionando, exatamente como eu havia preparado os mesmo para fazer com a devida atenção e cuidados não havia nem um mês atrás... e eu estava bastante feliz com aquilo.
A única coisa que não funcionou mesmo foi a rapaziada dos serviços de imigração canadense a qual entrou em greve pouco antes do Igor dar entrada no visto dele, o que não só rendeu uma falta de visto de entrada para ele, como também atrasou a viagem do nosso terceiro tripulante em mais de 20 dias, o que botou um peso muito maior nas minhas costas pois o Capitão havia rompido suas próprias costas anos antes, não podia pegar peso e sobrou pro meu lado e era comigo mesmo a parada. Por fim, o barco foi, seguiu viagem e eu não pude seguir adiante até o Canadá. Cada qual sabe porquê fazer ou entrar em greve e eu não culpo ninguém por isso. Aconteceu justo quando era minha vez de ir navegar as águas deles e paciência. Devo dizer, no entanto, que o pessoal da Embaixada Brasileira de New York me foi muito solícita e prestativa, fornecendo-me a orientação necessária nas horas de dúvida e até indignação. Não pude seguir adiante num trabalho o qual vim até aqui para realizar e isso lá molesta, sabe?! Paciência...
Terminei não indo ao Canadá, ao invés disso desembarquei no mesmo porto, dia e hora que o dono do Nordwind e sua esposa, e após uma boa refeição num dos únicos restaurantes do diferente entreposto de Whittier, subimos todos a bordo da histórica Ferrovia do Alaska e, de trem, seguimos para a maior cidade do maior estado do pais com mais Estados Unidos, lá mesmo onde tudo começou: Anchorage. Chegava ao fim mais uma viagem... ou não!
 Epílogo:
Comprei uma van verde metálica bem da grande dessas americanas dos anos 90. Não era bem esse o meu plano, mas, por 500 dólares, como é que o sujeito não compra uma van e roda o Alaska?!? Minha querida namorada tirou um mês de ferias do Super-Yacht de 116 pés em que ela trabalha como imediata e voou pro Alaska. Retornamos a Homer, botamos um colchão de casal, lençóis e cobertores, dois travesseiros e fronhas que compramos no Exército da Salvação por 25 dólares tudo e, agora, vivemos nosso amor pelos últimos dias do verão dessa terra fantástica, livre e selvagem, ficando na casa dos bons amigos que fizemos aqui, acampando, dormindo na nossa van, fazendo fogueiras e churrascos na companhia de pessoas únicas e diferentes de todo daquilo que conhecíamos. Pescadores comerciais, caçadores de alçes e ursos e bodes montanheses e lobos e tudo o mais que o governo, com todas as restrições e legislações possíveis, ainda deixa dar tiro nos bichos; gente que trabalha a terra, que constrói casas de madeira, que opera pás-carregadeiras e outras máquinas pra remover neve no inverno que eu sequer imagino, pilotos de hidroaviões desses que tem aqui como eu nunca vi em lugar algum do mundo. E claro, cruzando a sublime baía de “Kachemak” nos diferentes barcos dos amigos, comendo salmão e mais salmão e... “– Quer mais salmão?!” .  Claro...
Há um barco esperando por um marujo como eu na costa Leste do imenso país norte-americano. Há vários, na verdade. Basta ir até lá, conhecer os marinheiros, conversar com as tripulações, ser apresentado aos capitães, fazer os amigos que você nem sabia que tinha e estavam lá esperando só você chegar. Por hora ficamos por aqui pois aqui está bom. Mais um mês apenas e o frio e o gelo tomarão esse lugar e tudo ficará escuro por muitos meses, melhor aproveitar essa inesquecível terra antes que a longa noite cubra tudo, campo, montanha, mar e floresta, com sua gélidas trevas. As flores estão por toda parte aqui para nos lembrar exatamente disso: que depois de todo longo inverno vem sempre o verão, e o verão é a celebração da vida em seu ápice, seu Solstício. Aproveite a vida enquanto o sol brilha e faz calor!
Bons Ventos a Todos.        
        Igor Mestriner
  Agosto de 2013 – Homer -Alaska


03/09/2013

Taça Rei Olav, Iate clube do Rio de Janeiro, por Pedro Bolder.



Tripulação
Timoneiro- Pedro Trouche
                  Amauri Lopes
                  Mauricio Thomé -proa
                  Antonio Moreira -proa

Largamos muito mal, tinham bastante barcos na linha entre os 9 hpe e uns 7 j24... Tivemos que cambar para sair do beck dos caras e com isso pegamos um bordo meio ruim da direita com maré ajudando na esquerda.... Mas recuperamos apartir da segunda metade do contravento montamos a boia juntos ( do terceiro ao quinto barco) uns 6 barcos de distancia do lider celso quintella que travou uma linda disputa durante toda a regata com a tripulacão do segundo colocado otto assis que por sua vez sempre levava vantagem nos popas e perdia nos contraventos.
  Durante as 7 pernas do barla sota andamos juntos o hpe da escola, o hpe escuro e o fabuloso phanom na reta o barco estava indo muito bem, mas nas manobras (curvas- para uma tripula destreinada) derrapávamos um pouco, com descida e subida de balão e nos contraventos com as cambadas sem a preciosa manicaca a qual a tripulação foi incapaz de achar no interior do barco... Vou te contar que fez uma falta, num dia classico de velejada no rio com ventos de sueste com intensidade de 8 a 12 nós.
No balanço final, foi otima a velejada, conseguimos manter os concorrentes que estavam atrás, examinando nosso leme e seguimos nos divertindo a regata toda com algumas animadas crises dr risos! Ahuahauahuaa
O phantom pode até não ter levado medalha nessa regata mas com certeza saiu bem na fita!
Peguei o troféu e medalhas da regata paolo pirani.

Renatão estou realmente muito grato pela confiança a qual o senhor depositou em mim, o barco esta perfeito sem arranhões, foi pra água hoje mesmo pela manhã e subimos logo após a regata. Ele (o flying phantom) também me falou que prefere um timoneiro chamado Renato Avelar, que ja se entende com ele e tals ahuaahuaahau.
Abração Campanheiro!








Abraços e Bons Ventos
Pedro Henrique Trouche de Souza - "bolder"
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Harry Manko, sempre com filmes sensacionais e gozadíssimos!

Um vídeo de compilações da Volvo Ocean Race, a volta ao mundo.

Os nós mais usados no mundo náutico, uma vídeo aula, aprenda para não chamar cabo de corda!