03/02/2013

Família Piccard: Auguste, Jacques e Bertrand. Três gerações de aventuras e conquistas formidáveis das fronteiras do inexplorado, das alturas as profudezas. Matéria enviada diretamente da suíça, museu dos transportes.

Prezados amigos , nautas e amantes da vela de plantão.

Neste familiar e deliciosos domingo, no seio do lar em companhia da família , reclusos do bem estar, sem por o pé na rua ao pé da letra, ficamos todos quietinhos assistindo a filmes de criança( O Lorax em busca da trúfula perdida), depois de um almoço ( delicioso, modéstia a parte) preparado com todo amor e carinho por este escriba , almoço este seguido de uma tradicional soneca, me ponho agora a trabalhar um pouco e escrever uma matéria no nosso blog, para não perdemos o costume e de levar aos amigos boa leitura, curiosidades,e outras cousas afins do universo que nos cerca, para alegrar nosso dia a dia.
Trieste, acima e abaixo


40 mil metros quadrados de cultura e história.



A matéria deste domingo, vou caprichar para vocês, alíás, só o tempo que passei estudando o assunto digo que ela já nasceu caprichada, e a faço com toda satisfação, hoje por que estou especialmente feliz e de altíssimo astral, talvez até pelo velejo de ontem , quando saímos no Phantom em companhia de bons amigos para um bordo a toa , com acepipes diversos e renomadas copas geladas , debaixo de um vento médio para forte singramos umas 15 milhas deixando na esteira todos os males possíveis.

O assunto de hoje, não é 100 por cento náutico, até para não sermos tão ortodoxos e navegarmos também por outras paragens, como já fizemos algumas vezes neste pasquim , e que de acordo com meus planos , se tornará mais constante este tipo de mudança de curso e variedades para termos um veículo de entretenimento cada vez mais prazeroso de ser lido e relido pelos meus queridos seguidore e visitantes.

A revista Avelok the yacht-man sailing magazine, é feita orgulhosamente sem fins lucrativos, e não tem a preocupação de ser um blog de notícias, e muito menos de só falar dos últimos acontecimentos do mundo náutico ou de grandes campeões. Nossa proposta é termos um pasquim eletrônico única e exclusivamente para levar assuntos agradáveis e proporcionar prazer aos leitores e simpatizantes, valendo-se muitas das vezes de fatos , curiosidades sobre pessoas anônimas do mundo da vela: o lado B da vela.

Acho que estou me estendendo muito, o jeb jeb tá comendo solto, e para finalizar os introdutórios, justifico a inspiração para esta postagem a uma visita que fiz na semana passa no museu dos transportes de Lucerna, na Suíça, onde em gélidas férias familiares no velho mundo , tivemos o prazer e a sorte de visitar este museu, onde me aguardava a o Orbiter 3, que me chamou demais a atenção, não só ele, e sim todo o contexto da familia de exploradores, e e resolvi então saber mais.

Do ar as profundezas, charge sobre Auguste, o patriaca.

Deixemos pois a conversa fiada de lado e vamos a pauta: A família Piccard.


Chegamos cedo ao prédio magnífico, as margens do lago, fomos diretamente ao café do Museu para nosso Breakfest, onde  simpaticos funcionários portugueses trabalhavam na cozinha, e que alí mesmo nos deram as primeiras informações das atrações , enquanto saboreávamos deliciosos croissants e tomávamos um cafezinho para espantar o frio.
Ao adentrarmos o ultra moderno e arrojado museu de 40.000 m2, que reúne todos os meios de transporte utilizados: das pirogas as astronaves, passando primeiro pelo setor das locomotivas onde gastamos uma meia hora.
Além das gigantescas dezenas de maquinas expostas,  uma maquete nos deixou maravilhados e ficamos por deliciosos minutos  apreciando os seus detalhes e seu funcionamento de precisão Suiça( ao pé da letra),

 em seguida passamos por um pátio e fomos para a área dos automóveis, que é simplesmente sensacional, com todos os tipos de carros que pode-se imaginar, dos primeiros carros aos fórmulas 1, tudo com muita interatividade e extrema criatividade , principalmente para as crianças. Meu filho de 8 anos ficou maravilhado com este museu, recomendo a todos que um dia passarem por Lucerna.
Auguste rumo a 17 mil metros, em 1933.

Auguste e Jacques

O orbiter 3 pousa no egito, após percorrer mais de 45 mil km na circunavegação

A  cápsula do balão de Auguste

O retorno do trieste a superfície.

Passando do prédio dos automóveis, para ao pavilhão aeroespacial, nos deparamos com um boeing no patio, ao lado de um DC-3,e tivemos a impressão que o melhor ainda estava por vir! E estava mesmo.
A belíssima ponte da capela, em Lucerna, o ponto mais fotografado da Suíça. Lar do museu dos transportes.
O setor é um sonho, o que se vê é simplesmente TUDO a respeito da aviação, da réplica do avião dos . irmãos Wright, a cápsulas espaciais, passando pela primeira asa Delta, pelos aviões da primeira e segunda guerra, e pela nave laranja fosforeçente, o ORBITER 3 de Piccard.

Avelok, e sua caderneta de anotações. Feliz da vida!

Acompanhei a aventura do Piccard em 1999, quando numa competição frenética e digna de um filme, os arqui rivais : O americano velejador, aviador, aventureiro Mr. Steve Fosset, o milionário Britânico Richard Branson e o Suiço Bertrand Piccard disputavam a ultima fronteira do mundo das aventuras do século XX,
fronteira esta superada pelo cavalheiro Helvetico ,ao pousar nas areias quentes do deserto do Egito,
O claustrofóbico interior da nave.
retornado da volta ao mundo de balão, sendo o primeiro a realizar a circunavegação no ar , movido pelo vento apenas . Bertrand , psiquiatra  de formação e especializado em hipnose, é filho e neto de outros  gigantes do mundo das conquistas épicas: Auguste Piccard, seu avô, o inventor do batiscafo( juntamente com seu irmão gemeo)e  primeiro homem a chegar a estratosfera num balão em 1933( a quase 17 mil metros), e seu pai Jacques Piccard, o primeiro e único homem a chegar no ponto mais profundo do oceano, as fossas Marianas , a bordo do basticafo Trieste, a 11 mil metros de profundidade.
Auguste foi inspiração para Hergé criar personagem na série Tintin.

Jacques

A nossa inconfundível mala verde limão avelok, saindo de paris rumo a Lausanne, onde de carro seguimos viagem.

Setor Piccard no Museu dos transportes da Suiça.


o lancamento de Auguste

A cápsula de 1933.

1933

O batiscafo construído por Auguste e Jacques.

Auguste


Eu conhecia a história do Trieste, até mesmo por que sou um fã de carteirinha dos relógios Rolex e a marca patrocinou e filmou a expedição,  onde o Trieste submergiu as profundezas abissais, sob a pressão de 1 tonelada por cm 2, levando um relógio amarrado ao lado de fora do bastiscafo para atestar a sua qualidade( vide vídeo), mas jamais ouvira falar do seu avô, tampouco a relação entre os três e as suas aventuras.
Naquele momento, ali dentro do museu, parado defronte a cápsula da ORBITER, lendo a história da família e vendo as fotos, fiquei maravilhado com o espírito de aventura, pela coragem, inovação, ousadia , determinação e planejamento destes obstinados de uma mesma família. Passei uma meia hora numa viagem mental nunca antes experimentada.


Para uma apresentação mais formal dos Piccard , recorro ao texto abaixo transcrito:

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Família mirou o ar e o fundo dos oceanosDA REPORTAGEM LOCAL
A família Piccard produziu várias gerações de exploradores e pesquisadores.
O avô de Bertrand Piccard, Auguste Piccard (1884-1962), fez os primeiros vôos na estratosfera em balões com cabines pressurizadas em 1931 e 1932. Ele atingiu um recorde de 16.201 metros de altitude, estudou raios cósmicos e foi o primeiro homem a ver a curvatura da Terra, visível nessa altitude.
Auguste em seguida mirou as profundezas, inventando o batiscafo. Junto com o filho Jacques (1922- ) mergulhou em 1953 a 3.150 metros no fundo do mar. Por subir à estratosfera e descer em fossas abissais dos oceanos, ele ficou conhecido como o homem "dos extremos".
O filho, pai de Bertrand, foi mais fundo. Nascido na Bélgica, Jacques, e o colega Don Walsh, chegaram em 1960 a uma profundidade recorde de mais de dez quilômetros no fundo do mar a bordo do batiscafo "Trieste".
Bertrand e Brian Jones voaram no balão Breitling Orbiter 3 a partir da Suíça em em março de 1999 para uma viagem sem escalas de volta ao mundo. O vôo percorreu 45.755 km e durou 19 dias, 21 horas e 47 minutos.
Auguste é considerado a inspiração do personagem Professor Tornassol, da história em quadrinhos Tintim, criado pelo belga Hergé, pseudônimo de Georges Prosper Remi (1907-1983).
A saga subaquática dos Piccard também virou samba. O compositor e pesquisador Paulo Vanzolini citou a família na música "Samba Erudito": "Fui ao fundo do mar / Como o velho Piccard / Só pra me exibir / Só pra te impressionar". (RBN)
 Bertrand Piccard agora se prepara a volta ao mundo num avião solar, o solar impulse, os acompanhe neste vídeo os preparativos:



Pois bem meus caros amigos ,  nautas e amantes da vela de plantão, a  magia e a atração que as grandes aventuras nos proporcionam, a viagem que elas nos levam são assuntos que por demais me interessam , tal qual as grandes aventuras pelos sete mares deste mundo!
Espero que tenham gostado do assunto de hoje, aproveitamos e desejamos uma semana maravilhosa a todos, e breve teremos a matéria sobre dois kite surfistas que fizeram uma "arribada" singrando todo o litoral capixaba, e uma outra saborosíssima matéria com o velejador, escritor e gourmet "Mauríçio  Rosa", que deixou a vida  "normal"em Brasília onde era funcionário de carreira dos Correios, e hoje leva a vida a bordo de um veleiro em Brachuy, uma coisa que muitos de nós temos vontade de fazer mas não sabemos por onde começar! 
Fiquem ligados e de vez em quando venham nos fazer uma visita! 
Bons ventos, e um beijo e um queijo a todos!!

01/02/2013

Revista velejar edição número 56,Matéria de Renato Avelok Avelar, Regata Recife Noronha, minhas dicas e observações acerca da corrida.

Espero que gostem, da matéria, vcs a encontrarão das paginas 62 a 67. Esta edição da Velejar  está sensacionalmente gostosa de se ler , de proa a popa! 
Transcrevo aqui a íntegra do rascunho para os amantes da vela de plantão.
        Para quem tem preguiça de ler, tem aqui o vídeo da regata.


A imperdível Refeno

>> Visão, depoimento, constatações e dicas de um cara fascinado pela
>> vela, para quem quiser participar, no futuro, da Regata Internacional
>> Recife Fernando de Noronha.
>>
>> Por Renato “Avelok” Avelar
>>
>>
>>
>> Há muitos anos tenho ouvido histórias de velejadores que participaram
>> da Refeno, regata Recife Fernando de Noronha, e estes relatos vêm
>> povoando minha mente desde longínquos anos, deixando a certeza de que
>> um dia iria participar deste evento e decifrar seus enigmas, até mesmo
>> por nunca ter pisado na Ilha.
>>
>> O interessante é que, de todo o material que lia ou que ouvia pelos
>> clubes e nas temidas “rodas de varanda” do Brasil afora, nenhum deles
>> conseguiu criar uma imagem determinada em minha mente. Tampouco
>> documentários televisivos acerca da ilha desenharam seus contornos em
>> linhas claras no meu cérebro. De fato, eu não tinha uma imagem da
>> ilha, ou, se tinha, era irreal, ao menos até conhecê-la de verdade.
>>
>> Não sei se de propósito, ou porque nunca havia lido algo bem ou mal
>> escrito, que realmente despertasse a minha atenção, mas minha
>> consciência refugava predeterminações e imagens pré-concebidas, ou
>> mesmo pré-conceitos, uma vez que no meu âmago estava estabelecido que
>> um dia iria participar da regata.
>>
>> Não foram raras as vezes que ouvi casos exageradamente aventurescos a
>> respeito dela, contados por velejadores que a fizeram e se
>> vangloriavam do feito, ou por varandeiros que nunca a fizeram e
>> preferiam mistificá-la a encará-la!
>>
>> Concluí, para clarear as ideias que povoavam minha cabeça, que era
>> preciso participar da regata.
>>
Chegando a ilha, o ponto preto se mostra insignificante perante a natureza.
>>
>>
>> Participei – graças a Deus
>>
>> Pois bem, amigos nautas e amantes da vela de plantão, estamos aqui
>> escrevendo sobre a Refeno; então, obviamente, realizamos o sonho.
>>
>> O maior desafio para se participar da regata Recife Noronha, não é
>> travessia das 293 milhas que separam o Marco Zero do Recife antigo, da
>> linha de chegada no Boldró, em Fernando de Noronha, mas sim a
>> dificuldade de estar lá, na largada.
>>
>> Exceto os barcos do Norte e Nordeste, os barcos do Sul e Sudeste fazem
>> uma gigantesca jornada para prestigiarem o evento. Para nós, que
>> partimos de Vitória, ES, foram 2.600 NM no total; para o Roberto
>> Bailly, de Niterói, foram quase 3.200 NM; para a galera de Porto
>> Alegre... 5.100 NM. Que tal? Até mesmo para a turma de Salvador, que
>> mora “ali ao lado”, são 1.500 NM, ida e volta.
>>
>> Mas, a distância não é problema para quem quer fazer esta regata, nem
>> o tempo despendido e nem mesmo os altos custos são obstáculos, com
>> cada um encontrando a forma de realizá-la à sua maneira (se assim o
>> quiser de verdade). As opções são muitas e o cristão pode escolher a
>> que melhor lhe aprouver.
>>
>>
>>
>> Senhores do Tempo
>>
>> Os “Senhores do tempo” podem ir velejando em seu próprio barco,
>> especialmente se aproveitarem um grupo sensacional como o pessoal do
>> Cruzeiro Costa Leste, que se realiza de dois em dois anos e sobe
>> calmamente o litoral Brasileiro, saindo do Rio e indo até Recife,
>> gastando meses inteiros com várias escalas em portos, praias,
>> enseadas, festas e recepções, curtindo não menos a viagem do que o
>> destino final.
>>
>> Esta opção tem um inconveniente: não serve para aqueles que ainda são
>> óleo para a máquina do dia a dia e que não são donos de seu
>> calendário. E mesmo para os libertos, o Costa Leste só acontece de
>> dois em dois anos. Mas é, sem dúvida alguma, a opção mais segura e
>> divertida para quem pode.
>>
>>
>>
>> Sem lenço e sem documento
>>
>> Pode-se ir, também, no próprio barco, sem lenço e sem documento, como
>> fez meu amigo Serginho Rossi em 2010, no Gato Xadrez, um pequeno Cal
>> 9.2, quando iria completar 50 anos. Deu a si mesmo um presente de
>> aniversário inesquecível: tirou o relógio de pulso, desligou o celular
>> e entrou em 40 dias de férias para poder ir e voltar da Refeno sem
>> stress, saindo de Vitória em companhia de dois amigos, um bom violão,
>> muita picanha e curtindo a navegada com tempo suficiente para velejar
>> a favor do vento e sem relógio de ponto, curtindo cada momento.
>>
>> Neste mesmo estilo, mas em outra vibe (mais regateira), o Roberto
>> Bailly, do Xeqmate, foi de Niterói num tiro só até Salvador, correu a
>> Aratu, deixou o barco lá e voltou para trabalhar. Depois, tirou
>> férias, foi de Salvador a Recife, fez a Refeno, voltou em nove dias de
>> navegada, saindo direto de Noronha e só parando em Búzios, rapidinho,
>> para comprar gás e, finalmente, chegando a Niterói. Cascudo esse
>> Roberto...
>>
>>
>>
>> Para quem ainda é “óleo para máquina”
>>
>> Para esses existe a opção de mandar um skipper levar o barco e ir de
>> avião, como foi nosso caso.
>>
>> Primeiro despachamos o barco para Salvador, onde ficou por quase 40
>> dias, onde aproveitamos para participar da Aratu-Maragojipe (matéria
>> nesta edição), curtimos o fim de semana e voltamos ao nosso dia a dia.
>> Em seguida, dentro do cronograma da largada, o skipper o levou até
>> recife. Essa opção é uma mordomia e tanto, mas não sai barato, pois,
>> além do trabalho do skipper, existem os custos de refeições e
>> passagens aéreas, rancho, diárias para tripulantes, diesel, peças que
>> quebram etc., o que, numa viagem onde o barco ficou fora de casa por
>> cinco meses, acaba saindo caro. Mas, se planejado e rateado entre
>> todos os tripulantes, torna-se uma opção bem razoável, ao alcance de
>> escravos do tempo, como nós.
>>
>>
>>
>> Para os inexperientes
>>
>> A opção de comprar uma vaga como tripulante de algum veleiro também é
>> muito tranquila, talvez a mais “resort” de todas, ideal para quem quer
>> um cruzeiro ao pé da letra. É, sem sombra de dúvidas, a opção mais
>> acessível, pois não precisa nem saber velejar. Para os inexperientes
>> que tem barco, ou que tripulam barcos de amigos, ou que velejam
>> normalmente entre amigos, esse formato traz a desvantagem de não estar
>> rodeado de pessoas que costumam fazer parte de sua vida, os seus
>> amigos do peito; assim, o aspecto “regata” não tem muita importância!
>> Aliás, este “aspecto regata” fala muito baixo nesse evento, que
>> prefiro chamar de festa.
>>
>>
>>
>> Para quem tem muitos amigos e um barco pequeno
>>
>> Também é muito interessante alugar um belo barco de regatas, como fez
>> o João Ricardo Fernandes, de Niterói, que reuniu nove amigos e se
>> lançaram na regata a bordo de um sensacional Benneteau 40,7. Saiu mais
>> barato, por exemplo, do que a opção que escolhemos, com a vantagem de
>> ter à disposição um barco bem grande e confortável, o que, de fato,
>> faz a diferença na regata.
>>
>>
>>
>> Para os fora de série!
>>
>> Se você é um cara duro (no sentido de resistente e corajoso), faça
>> como o Kan Chuh, gigante da vela de oceano no Brasil: mande toda essa
>> conversa fiada as favas, pegue seu mini-transat e vá sozinho, sem
>> frescura e sem conforto, voando baixo e chegando rápido. Aliás, a
>> Refeno é um passeio de criança para este sino-baiano, que tem um
>> currículo como o daqueles velejadores francês malucos, para os quais o
>> mundo é muito pequeno.
>>
>>
>>
>> E parafraseando Walt Disney: ”Você é do tamanho do seus sonhos!”
>>
>> De uma forma ou de outra , você, querendo, vai participar da regata, o
>> Circo se arma!
>>
>> Definida a forma da participação, a inscrição é super-organizada,
>> online, no site da regata, www.refeno.com.br, lembrando que deve ser
>> feita com bastante antecedência, pois o valor vai aumentando assim que
>> a largada se aproxima e o numero de participantes é limitado (neste
>> ano foram apenas 100 barco).
>>
>>
>>
>> Organização profissional
>>
>> O pessoal da secretaria do Cabanga, a Suely, o Júnior e o Marcos
>> Medeiros (diretor da regata), são muito solícitos, estando à
>> disposição o tempo todo para tirar dúvidas e orientar os
>> participantes, e olha que eu liguei umas 30 vezes para lá, por conta
>> de sermos marinheiro de primeira viagem e estarmos preocupados com
>> todos os detalhes (a estadia do barco, as cartas náuticas exigidas
>> pela Capitania dos Portos, passando pelo rastreador Spot, e estação
>> navio da Anatel).
>>
>> Pois bem, o staff da Refeno é profissional mesmo. Trabalham com
>> alegria e dão todo apoio necessário; não se vê ninguém estressado,
>> muito pelo contrário.
>>
>> Os dias que antecedem a regata no Cabanga são sensacionais, o
>> movimento dos barcos na marina, todos nos preparativos finais, o
>> ambiente pré-regata... E cada barco de babar, como os catamarãs
>> gigantes, a exemplo do Guruçá; o lindíssimo Bavaria 55 Mussulo; o
>> Sessentão; o premiadíssimo Ave Rara; o Grand Luc, do François Moreau;
>> o impecável Brasília 32 mega-ultra-equipado Bear Ship e  tantos outros
>> barcos dentre o cento que aguardava a hora e o dia da largada.
>>
>>
>>
>> Rega bofe e porre, mas com energia positiva...
>>
>> A organização preparou um sweepstake de primeira categoria. Teve
>> barril de Chopp todo dia, apresentação de maracatu, happy hour, muito
>> agito e convívio social e, coroando os dias da pré-regata, o magnífico
>> jantar na antevéspera da largada.
>>
>> Aliás, este jantar, que eu vou ter que chamar de festa, merece
>> destaque, por ser na antevéspera e dar tempo para todo mundo curar a
>> ressaca; assim sendo, a festa vira festa mesmo! Este ano teve um grupo
>> de rapazes tocando Beatles, todos caracterizados com terninhos pretos,
>> perucas e tudo mais. Até o guitarrista era canhoto, como o Paul, e o
>> batera a cara do Ringo! Os caras arrasaram, tocavam muito! Os
>> velejadores vibraram com a música, todo mundo dançando em pé,
>> especialmente os mais “antigos”, como os velejadores mineiros
>> Deusdedit e  Célio (tripulantes do veleiro Madame), que foram
>> literalmente para o gargarejo no palco. O clima emanava energia
>> positiva!
>>
>> O jantar foi realizado na quadra de esportes do Cabanga, onde deveria
>> ter umas 500 ou 600 pessoas. Cada barco tinha sua mesa reservada, com
>> o nome da nave em forma de vela, ornamentando uma caixinha de madeira
>> cheia de chocolates e bolo de rolo (especialidade recifense), um
>> presente de boas vindas da organização para as tripulações. O serviço
>> incluiu champanhe a rodo, cerveja gelada, salgadinhos o tempo todo e a
>> píece de resiténce: medalhão ao molho madeira, ou bobó de camarão! Que
>> maravilha!
>>
>>
>>
>> Hora de coisa séria
>>
>> No dia seguinte, reunião de comandantes com a Marinha do Brasil. Uma
>> reunião de comandantes de verdade, com nada menos que 3 horas de
>> duração, onde a segurança foi, de fato, levada a sério, um trabalho
>> bonito de ver, e a relação da Marinha com a regata e os velejadores,
>> mais bonita ainda!
>>
>> Durante a reunião exibiram um vídeo amador, feito por um dos
>> tripulantes de um trimarã que capotou na edição de 2010 e que fora
>> salvo graças ao uso do rastreador “Spot”. Isso foi mais do que
>> suficiente para todos se convencerem da importância deste moderno e
>> obrigatório equipamento, que é um pé de coelho misturado com um Epirb
>> e custa o preço de um GPS.
>>
>> Passada a festa, curada a ressaca, barcos vistoriados pela marinha,
>> solucionadas as pendências da vistoria, feita a reunião de
>> comandantes, barcos abastecidos, todos se preparam para a largada.
>> Fato curioso, pois, apesar da largada ser ao meio dia de sábado, todos
>> os que tinham mais de 1,60 de calado deveriam sair do Cabanga as
>> 2:00hs da manhã de sábado, caso contrário, ficariam presos pela maré
>> baixa. Assim sendo, a partir de 1:00h da manhã praticamente toda a
>> flotilha se lançou para a região do porto antigo da cidade, a fim de
>> jogar o ferro e aguardar, em área profunda, a hora da largada.
>>
>>
>>
>> A largada!
>>
>> Mais uma vez a organização falou alto, mostrando toda sua experiência
>> na lida com a numerosa flotilha. Os barcos foram divididos em grupos,
>> com horários de largada e de check in separados por 30 minutos de
>> antecedência. A área da largada ainda fora definida por duas zonas: 1.
>> Zona de largada e check in, e 2. zona de “espera”, onde o grupo que
>> não iria largar deveria aguardar em área demarcada por boias, antes da
>> área de largada.
>>
>> Assim que os grupos iam navegando no canal do porto rumo a área do
>> check in, havia uma multidão aboletada em arquibancadas no Marco Zero,
>> onde um locutor apresentava os barcos, um a um, ao público, que
>> acenava e aplaudia as tripulações. Confesso que meus olhos se encheram
>> de água, pois nunca havia visto nem sentido isto antes na vida: a
>> interação com o público, algo quase impossível neste  esporte sem
>> plateia, realizado mar adentro.
>>
>>
>>
>> Velejando pra Noronha
>>
>> As condições de mar e vento estavam tranquilas, exceto por um mar
>> desencontrado nas primeiras 24 horas, que fez com que os barcos
>> pequenos sofressem mais um pouco e deixassem o estoque de remédio de
>> enjoo reduzido. Nada demais! Um vento de 12 a 18 nós empurrou os
>> barcos tranquilamente, num través de um bordo único, em noites sem
>> lua, com uma miríade de estrelas no firmamento, acompanhando aqueles
>> marinheiros rumo à ilha dos sonhos.
>>
>> Conforme definido pela marinha do Brasil, não obstante o uso
>> obrigatório do spot, a radiofonia, também obrigatória, se realizaria a
>> partir das 8 da manhã e em ordem alfabética, sendo que, quem não
>> conseguisse passar a posição, diretamente, para um dos dois navios da
>> Marinha, deveria fazê-lo via ponte com outro veleiro, com a pena de
>> não o fazendo ser desclassificado.
>>
>> Os barcos com mais linha d’água levaram grande vantagem neste
>> passeio/regata e, até mesmo o campeoníssimo “Ave Rara”, ficou atrás do
>> Sessentão, o Fita Azul, e do Zing 2, segundo colocado.
>>
>>
>>
>> Surreal, mas sem mistérios
>>
>> A Refeno não tem mistério nem muito jeb jeb. A travessia num bordo só
>> é algo bem simples de se fazer, com toda cautela, precaução e
>> segurança, obviamente. Não tem história de monstros marinhos,
>> redemoinhos, nem de furacões, tampouco sereias ou outros mitos, que
>> impossibilitam muitos de saírem de seus portos para irem a mares
>> azuis, deixando para trás a tranquilidade das baías e o aconchego do
>> lar.
>>
>> A chegada à ilha foi surreal! Algo que esperei muito para ver com meus
>> próprios olhos e da qual, graças a Deus, não tinha nenhuma imagem
>> preconcebida!
>>
>> Nós a avistamos as 9 da manhã de um dia de almirante, com vento de 18
>> nós, um mar roxo, céu azul, temperatura agradável e cruzamos o través
>> do Boldró às 13 horas e 3 minutos de uma segunda feira.
>>
>> Como fomos num 31 pés, demoramos mais a chegar, gastando, ao todo, 48
>> horas e 3 minutos. As horas finais da chegada à ilha foram daqueles
>> momentos que se vive uma vida pra sentir. Não tenho como escrever aqui
>> páginas e mais páginas. O cidadão tem que ir e sentir o que é. Cada um
>> vai ter um gosto, um cheiro e uma cor diferente, mas, pode ter certeza
>> que estará beirando o seu Shangri-lá.
>>
>> Tão logo cruzamos a linha final rumamos para o portinho, onde já havia
>> 51 barcos nos aguardando. O visual é lindo, deixo as fotos para
>> registrar aqui!
>>
>> Uma precaução na atracação: Use duas âncoras, muita corrente e muito
>> cabo e, se possível, mergulhe (cerca de 10 a 12 metros) para
>> certificar-se de que está bem ferrada (unhada), pois o local é bem
>> traiçoeiro e é comum barco sair a garra.
>>
>>
>>
>> Fascinação é normal, mas tem um ladinho B...
>>
>> A ilha de Noronha me fascinou, deixando-me maravilhado com tudo que vi
>> e senti. O que me chamou a atenção dentre muitas coisas foram as casas
>> em centro de terreno, herança dos americanos (bem diferente do estilo
>> europeu colonial entulhado). A ausência total de violência e da
>> epidemia do crack, um lugar onde todos trabalham e são solícitos. A
>> educação é de impressionar (oferecer carona é um hábito), não se
>> explora o turista (preços mais baixos que Búzios e Arraial d’Ajuda por
>> exemplo) e a beleza das praias é redundância falar.
>>
>> Mas tem também o lado B: Ruas esburacadas nas vilas; acessos às praias
>> em péssimo estado; pavimentação na vila dos remédios em deterioração
>> absoluta; problemas com lixo (sucatas, especialmente); carros em
>> excesso (mil e quinhentos carros ao todo, numa comunidade de 4 mil
>> pessoas), mas nada que não seja de fácil solução.
>>
>>
>>
>> Passa a régua e fecha a conta...
>>
>> Bom, “més amis”, fica difícil resumir a experiência, mas espero que
>> meu relato não tenha atrapalhado os planos de ninguém. Se você quer
>> participar desta regata ou de qualquer outra, faça o seguinte: Just do
>> it! A gente chega cansado, molhado, todo esbagaçado, sem dormir nem
>> comer direito, cheio de roxo nas canelas, torrado de sol e doido para
>> começar tudo de novo!
>>
>> Ano que vem tem mais causo para contar, se Eólo e Netuno nos permitirem!!
>>
>>
>>
>> BOX
>>
>> Dicas para quem vai de primeira viagem
>>
>> Roupas: Você vai usar uma ou duas mudas de roupa durante a regata e a
>> roupa de tempo. Na ilha todos andam muito descontraídos e sem luxo.
>> Portanto, leve uma mochila compacta e nela só o necessário.
>>
>> Rancho: opte por comidas que possa comer com a mão, tipo sanduíches
>> feitos na hora, Cup Nudles e barras de cereais, por exemplo.
>> Importante ter tudo nas menores porções possíveis, inclusive água. È
>> bem mais prático ter água em recipientes de 500 ml do que em 5 litros.
>> Gelo, não vale a pena, só se tiver onde conservar. Sofisticar no
>> cardápio pode significar que todos fiquem com fome, ou fica ruim para
>> cozinhar (devido ao balanço), ou fica ruim para comer (idem).
>>
>> Lanternas: duas no convés e uma para cada tripulante
>>
>> Objeto pessoal: um canivete para cada um também é importante e pode
>> salvar de um problemão.
>>
>> Linha de vida: A noite sempre amarrados nela.
>>
>> Escora: Para os que estão com as facas nos dentes, escora o tempo todo
>> (são só 48 horas!). Todo o peso colocado a barla! Faça um berço de
>> lona no beliche de barla e coloque tudo ali, tudo mesmo! Das mochilas
>> à água, das velas reserva à ancora. Faz uma diferença de umas 3 a 4
>> horas no tempo final.
>>
>> Calçados e luvas sempre: Dia e noite, leve a sério, pode acabar que
>> sua regata vire um inferno por causa de um machucado. Eu, por exemplo,
>> felizmente machuquei o calcanhar a apenas 2 milhas da ilha, mas foi o
>> suficiente para me impossibilitar de calçar sapatos, o que me rendeu
>> mais quatro machucados sérios posteriores, adquiridos em passeios nas
>> trilhas e praias.
>>
>> Chegue antes ao Cabanga: Leve seu barco para o Cabanga com a maior
>> antecedência possível, chegar antes significa tranquilidade na regata.
>>
>> Planejamento: Use a abuse do planejamento e lembre a todos que é
>> barco, é um só, e todos são igualmente responsáveis pelo sucesso da
>> regata.
>>
>> Piloto: tenha sempre dois, quem tem um não tem nenhum.
>>
>> Leme e estaiamento: Revise seu leme e o estaiamento, para evitar o pior.
>>
>>
>>
>> Na Refeno, o importante mesmo é chegar inteiro e feliz! Um beijo e um
>> queijo, bons ventos a todos!!
>>
>>
>>

31/01/2013

Campeonato Brasileiro de C30, por Tarcisio Matos.


Barracuda chega sábado para
primeira etapa do Brasileiro de C30
O tradicional Circuito Oceânico da Ilha de Santa Catarina chega a sua 26ª edição e será raia para a Primeira Etapa do Campeonato Brasileiro da Classe C30, destinada aos modernos barcos de regata Carabelli 30.
Barcos e tripulações de São Paulo e Florianópolis comporão a flotilha que promete ser a mais emocionante do Circuito. São barcos de desenho único, exatamente iguais em todos os itens, incluindo velas, peso do barco e peso máximo permitido para a soma dos tripulantes. Sem as vantagens de materiais, ganha quem chega na frente e o que manda no resultado das competições é a destreza dos velejadores, a tática escolhida para cada regata e a perícia do timoneiro.
Os C30 são barcos construídos exclusivamente para regatas, tem excelente área de convés e cokpit para o trabalho da tripulação e, apesar de medir mais de nove metros (30 pés), possui interior pequeno e espartano, sem o conforto que se observa nos barcos de uso misto, em sua maioria construídos para o lazer, mas utilizados também no esporte.
Além do fato de o barco ter sido desenvolvido para se obter o melhor rendimento possível, um grande diferencial em relação aos demais veleiros de oceano que correm regatas, é que em provas da classe, ganha quem cruza a linha de chegada em primeiro lugar.
Para as embarcações mistas, nem sempre é assim. Como são barcos diferentes que competem entre si, o vencedor é definido pelo resultado de uma intricada fórmula de cálculos matemáticos após a chegada. As contas levam em consideração as diferenças numéricas observadas no desenho do casco, tamanho do barco, tamanho e material das velas, pesos, idade do barco, etc.
Na regra mais completa, a ORC Internacional, mede-se quase 500 itens de um barco para se chegar a um fator de cálculo que será multiplicado pelos segundos que a embarcação levou para completar a prova. Já na regra BRA-RGS, a mais numerosa no Brasil, são mais ou menos 50 itens levados em consideração para a obtenção do rating. Para atender os diferentes tamanho de barcos, a ORC I e a BRA-RGS também possuem subdivisões.
Humberto Diniz, comandante do Barracuda, está reticente quanto aos resultados de seu barco para as regatas iniciais da Primeira Etapa do Brasileiro de C30. O veleiro chega à Florianópolis neste sábado, dia 2 de fevereiro, navegando desde Ilhabela, litoral paulista, perfazendo mais de 300 milhas (quase 600 km).
“Pretendemos fazer o primeiro treino no sábado mesmo, assim que o barco estiver revisado e preparado após a viagem. Temos pouco conhecimento da raia de Florianópolis e a vantagem, a princípio, é dos quatro barcos locais. Por isto precisamos treinar para tentar desvendar os mistérios dos ventos e das correntes do norte da Ilha de Santa Catarina”, admite Diniz.
Barracuda foi o segundo C30 a ser colocado na água, no final de 2011. Ano passado o barco cumpriu um extenso programa de regatas, que incluiu a Mitsubshi Sailing Cup, a Rolex Ilhabela Sailing Week, a Copa Suzuki Jimmy e o Circuito Rio, com resultados expressivos, vencendo algumas regatas e sempre beliscando o título. O time vem completo para Florianópolis. Além do comandante Humberto Diniz, fazem parte da tripulação os velejadores Alberto Foresti, Martin Afonso Ferreira, Anderson Ribeiro da Silva, Matias Pillar e o velejador olímpico Fábio Pillar. Fábio, que defendeu o Brasil nos jogos de Pequin velejando na Classe 470, será o tático da equipe.
O Circuito Oceânico da Ilha de Santa Catarina é organizado pelo Iate Clube de Santa Catarina – Veleiros da Ilha e Flotilha Catarinense de Veleiros de Oceano e será realizado de 4 a 7 de Fevereiro na raia de Jurerê. A organização espera a presença de pelo menos 30 barcos das classes C30, ORC Internacional, BRA-RGS, Clássicos e Multicascos. Além do Brasileiro de C30, a competição também será palco do Campeonato Brasileiro da Classe ORC.
A segunda e última etapa do Brasileiro será realizada em Julho, em Ilhabela, durante a Rolex Ilhabela Sailing Week.

Tarcísio Mattos
Classe C30

29/01/2013

America's Cup 1995

Iatismo não é granfinismo.


Correio esportivo 1949.


Iatismo não é granfinismo

Meus senhores:

No iatismo impera a Lei Mar, o comandante determina e as ordens são rigorosamente cumpridas. O comodoro Peixoto decidiu que eu deveria saudar a Vossa excelência, e dizer-lhes algumas palavras sobre a posição das atividades do Iate Clube do Espírito Santo, no cenário da vela esportiva nacional. Embora reconhecendo as dificuldades da tarefa que me foi designada, não me é dado discutir a ordem recebida.
Lamento por Vossas excelências que o indicado não fosse outro que melhor pudesse abordar o assunto. Creio que não seria exagerado dizer que o último conflito internacional projetou mundialmente o iatismo como ponto de partida na formação da consciência naval de um povo.
Winston Churchill, discursando aos iatistas ingleses que tomaram parte na heróica retirada de Dunquerque declarou que a mesma teria sido impossível sem o concurso da audácia e perícia dos iatistas britânicos.
Mais tarde, Lord Cunnighan, em outra oportunidade, declara o sucesso do desembarque de um grande exército de invasão na França exprimia a vitória dos pequeninos barcos dos veleiros ingleses.
O iatismo inglês ficou assim ligado aos dois fatos culminantes da história naval na Inglaterra.  Um rápido exame da atividade prodigiosa da marinha mercante dos EE.UU na última guerra, multiplicando a tonelagem de suas embarcações para manter supridas todas as frentes de batalha revela que o assombroso aumento de sua frota só si tornou possível com a convocação dos iatistas amadores para o serviço ativo de sua marinha.
Terminada a guerra, as nações compreenderam que os iates clubes eram a reserva naval com que poderiam contar para as emergências da guerra e aprenderam que o homem do mar não as improvisa.
O esporte da vela prepara o homem para a dura vida do mar, ensina-o a conhecer os elementos e a dominá-los, enrija-lhe os músculos, é uma lição de paciência e pertinência, é uma escola de disciplina e cavalheirismo.
Por isto os mais adiantados países procuram incrementar as atividades iatistas, facilitando-a a ponto de tornarem obrigatórias nas reformas urbanísticas e previsão de docas para barcos de esporte náutico.
Até ao ver de um governo perspicaz e utilitarista ao extremo como o soviético o iatismo deixou de ser um regalo de riscos burgueses – como ainda alguns o consideram – para ser um esporte de prática obrigatória para os jovens russos.
Está desfeito o tabu.
Iatismo não é granfinismo nem desporte requintado.
A aristocracia que o caracteriza é a que nasce dos sentimentos e da educação e não aquele que o sangue da e o ouro improvisa.
O capixaba é por índole, um apaixonado por desportes do mar. Tem dado provas disso, brilhando sempre no cenário desportivo brasileiro, nos setores do remo e da natação. Entretanto, apesar dessas tradições náuticas o iatismo custou a surgir entre nós.
Até mesmo se levarmos em consideração as primeiras tentativas de Cícero Sudre, Tarquínio da Silva, Raul Sodré e Beraldo Madeira da Silva, o primeiro dos quais graças a muita habilidade e paciência, construiu com planos publicados em escala reduzidíssimas nas revistas alemãs, as primeiras embarcações de vela esportiva de Vitória, as “yoles” olímpicas “ALCYON” “DUNGA” e “SIMAR” não se terá que recuar vinte anos, para se fixar o marco inicial do iatismo em águas espírito-santenses.
A semente veleira que estes pioneiros lançaram, somente em 1946 encontrou ambiente propício para se desenvolver organizadamente. Surgiu, então, o Iate Clube do Espírito Santo, sendo empossada a sua diretoria em 7 de Setembro daquele ano e eleito Comodoro o Dr. Asdrúbal de Rezende Peixoto.
Adquirindo o local para o levantamento da sede, pouco tempo, depois eram lançados os dois primeiros barcos construídos com finalidade esportiva e absoluto rigor técnico: os snipes AJAX e GUARÁ de Howard e Tarquínio da Silva.
A pequena frota desenvolveu-se em pouco tempo. Em 1947 fundou-se flotilha 245, filiada a Associação Internacional de Regatas da Classe Snipe.
Começa ai, verdadeiramente, a vida ativa do Iate Clube como integrante da comunidade veleira nacional. Nesse mesmo ano, iatistas cariocas realizaram nas águas da baía de Vitória a primeira regata nacional interflotilhas, acontecimento este decisivo, no desenvolvimento da veja Capixaba e que deu segura orientação as suas atividades.
Os resultados não se fizeram esperar. Um ano após, o jovem Morris Brown com 14 anos, disputando na baía de Guanabara contra experimentados veleiros cariocas, paulistas, gaúchos e mineiros, conquistou para o Espírito Santo o Campeonato Brasileiro da Classe Snipe – a mais numerosa e difundida classe de veleiros do mundo.
Estava lançado o Espírito Santo ao cenário da vela desportiva Nacional.
Vieram após as magníficas vitórias do campeão menino nas disputas da Taça SULACAP emblemática do campeonato de pontos compensados entre os paises da península Ibérica: França, Itália e América Latina nos anos de 1948 e 1949.
Volta, pois, ao Brasil com o feito de um capixaba, o troféu que desde 1946, permanecia em poder dos iatistas portugueses.
Foi a consagração para incipiente vela capixaba que hoje desfruta de largo prestigio no iatismo nacional. Outras vitórias vieram, trazidas por Paulo von Schilgen, último vencedor da Taça Cidade _______________.
Outros virão, ainda, porque a mocidade do Espírito Santo atira-se com amor ao esporte de vela e as autoridades responsáveis pelo nosso estado saberão amparar as atividades iatistas.
Entretanto, a conquista da Taça SULACAP tem o sabor de primeiro feito e por isso ela constituirá a página mais brilhante na história do Iatismo capixaba.
Terminando, solicito a S. Excelência Senhor Governador, a fineza de fazer entrega da taça SULACAP.

Harry Manko, sempre com filmes sensacionais e gozadíssimos!

Um vídeo de compilações da Volvo Ocean Race, a volta ao mundo.

Os nós mais usados no mundo náutico, uma vídeo aula, aprenda para não chamar cabo de corda!