19/05/2013

Orson Welles , 4 homens em uma jangada do Cerá ao Rio de Janeiro, numa saga épica.


4 men on a raft, uma incrível saga nordestina .




Orson Welles e as jangadas.

De viagem ao casório de meu amigo e sócio no Phantom, Mr, Marcelo Piras em Puerto de las Galinhas, em Recife, tive o prazer e a curiosidade de andar, ou melhor velejar de Jangada.
Pois bem , feito o passeio com o jovem jangadeiro de 25 anos , Jardel, na praia do Muro Alto, despertou-me o imenso interesse em saber mais deste universo.
Lembrei-me que já havia ouvido alguma coisa por alto falando que uns caras tinham ido a num sei quanto tempo atrás, na época de vovô calça curta, do nordeste ao Rio de jangada, acho que ouvi pelo meu Tio Zé Guilherme Pimentel Avelar, velejador de veleiros cabinados em BH.

Ò Kápa, ò kapa!!! Pesquisa feita na rede e a história segue para meus leitores:


Em 1923 , uma flotilha de 4 jangadas foi do Rio Grade no Norte a então capital federal RJ para participar das festividades do centenário da indepedência, um feito fantástico, tanto pelas condições precárias, tanto pela distância, tal como pela inexistencia de qualquer apoio, comunicação ou algo que o valha.
Mas... esta viajem não foi a que me chamou a atenção nas pesquisas, e sim a viagem de JACARÉ, TATÁ, MANÉ PRETO E MESTRE JERÔNIMO, eles  a fizeram em 1941 da praia do Peixe, hoje praia de  Iracema em Fortaleza até o Rio de Janeiro, em 61 dias de viagem , nu percurso de  aproximadamente 1300 milhas a bordo da Jangada São Pedro, a maior parte de contra vento, e contra as fortes correntes do NE.
"Às nove horas em ponto, quando soprava um bom nordeste, empurramos a jangada pra dentro d'água. Ia começar a nossa aventura. O samburá estava cheio de coisas, a barrica cheia d'água e os nossos corações cheios de esperança. (...) Partimos debaixo de muitas palmas e consegui ver de longe os meus bichinhos acenando. Mais de vinte jangadas, trazidas por nossos irmãos de palhoça e de sofrimento, comboiaram a gente até a ponte do Mucuripe. A igreja branquinha foi sumindo e ficou por detrás do farol. Rezei pra dentro uma oração pedindo que a Padroeira tomasse conta dos nossos filhinhos, pois Deus velaria por nós. E assim começou nossa viagem ao Rio."( jacaré)

A aventura virou notícia na TIME de 8 de dezembro de 1941 com o título “4 men on a raft” , e ninguém menos que Orson Welles leu a matéria e , e teve um estalo: ali estava o segundo episódio brasileiro de It's All True , um filme pan americando que ele estava rodando com apoio do pres. Roosvelt.

Orson chegou ao Brasil em 8 de fevereiro de 1942, filmou o carnaval carioca, e em 8 de março fez uma viagem de reconhecimento a Fortaleza, onde participou de uma regata de nove jangadas (foi a bordo da Urano, ao lado de Mestre Jerônimo), assistiu a um espetáculo de coco-maracatu e jantou no Jangada Iate Clube, na companhia do cônsul dos EUA em Fortaleza, cujo sobrenome, curiosamente, era Rambo.

Os jangadeiros queriam chamar a atenção do País e do governo para o estado de abandono em que viviam os 35 mil pescadores do Ceará. Morando em toscas palhoças, nem do Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marítimos eles recebiam ajuda. O presidente da República precisava saber daquilo. Ficou sabendo.
Vivíamos no estado novo, ditadura, assim sendo Getúlio colocou o dops de olho nos 4, imagina se os comunas pegam este bonde!? ia dar a maior merda!
Durante as filmagens , numa manobra numa praia da Barra da Tijuca , onde estava sendo reconstituida a chegada triunfal do quarteto na Baia de Guanabara, a lancha que rebocava a jangada fez uma manobra e virou.
Os 4 foram ao mar, que estava muito agitado, 3 se salvaram , todavia o corpo de Jacaré nunca foi encontrado.
O morto, líder do grupo, era uma ameaça para o estado novo, muito engajado em movimentos comunitários e alfabetizado já adulto, a tragédia de jacaré poderia muito bem ter sido articulada pelo petit gaúcho suicida, até hoje fica a dúvida, mas na minha opinião foi queima de arquivo.



De toda forma, o acidente causou um profundo abalo na equipe, que mesmo assim continuou a rodar o filme, mesmo estando Welles chocado com a morte de jacaré e encurralado por Hollywood, e sob pressão da imprensa carioca totalmente manipulada.

"Nenhum parente ou amigo da vítima culpou Welles pela tragédia. Mas parte da imprensa carioca não se mostrou tão compreensiva. Especialmente naquelas publicações mais suscetíveis a pressões do governo - àquela altura indignado com o excesso de negros, favelas e pobres filmados pelo cineasta - It's All True passou a ser sistematicamente hostilizado e sua equipe exortada a pegar o primeiro avião de volta para Hollywood.
Ainda assim, Welles foi em frente. As coações, quase sempre veladas, da ditadura getulista o perturbavam bem menos que o assédio crescente da RKO e do governo americano, que o acusavam de gastar dinheiro a rodo, filmar coisas sem nexo e repetidas e ser generoso além da conta com os jangadeiros. Na primeira semana de junho, a RKO deu um basta no projeto, cortou o crédito do cineasta e mandou toda a equipe voltar para casa. Welles conseguiu convencer o chefão do estúdio a prolongar sua estada no Brasil por mais um mês, o tempo de que necessitava para filmar, em Fortaleza, toda a primeira parte de Quatro Homens e Uma Jangada. Em troca, trabalharia com uma equipe mínima, levaria apenas 40 mil pés de negativo, filmaria tudo em preto-e-branco e sem iluminação artificial, com uma câmera Mitchell silenciosa, emprestada pela brasileira Cinédia.
Welles e sua miniequipe desembarcaram na Base Aérea de Fortaleza às 15h30 do dia 13 de junho. Apesar do que ocorrera com Jacaré, foram acolhidos com enorme simpatia. Para assegurar maior tranqüilidade aos trabalhos, estabeleceram-se nas areias do Mucuripe e ali rodaram a história de amor do jovem pescador (José Sobrinho) com uma bela morena (Francisca Moreira da Silva, então com 13 anos), o casamento dos dois, a morte do jangadeiro e seu enterro nas dunas, a conseqüente revolta dos pescadores pelas suas precárias condições de vida e a decisão política do reide até o Rio de Janeiro. No papel de Jacaré, puseram seu irmão Isidro.
Em Fortaleza, Welles revelou-se um homem radicalmente diferente do garotão farrista e mulherengo que os cariocas conheceram. Não deixou de ir a festas (chegou a marcar quadrilha num folguedo junino), nem de freqüentar o Jangada Clube, mas parou de beber e deu um duro danado nas seis semanas que lá passou, correndo contra o relógio e fazendo malabarismos com o orçamento. Sempre alegre, passou a viver com os pescadores, que o tratavam de "galegão legal" e admiravam o seu desprendimento de confortos materiais e sofisticações culinárias. Dormia numa cabana rústica, mal protegida dos raios solares, e à noite, depois de encarar um portentoso prato de feijão com arroz e peixe, recolhia-se para escrever madrugada adentro. Em 14 de julho, encerrada a faina em Fortaleza, a equipe de It's All True rumou para o Recife, seguindo três dias depois para Salvador, chegando ao Rio no dia 22. Dez dias mais tarde, Welles deixaria o Brasil, para nunca mais voltar."
fonte:jangada@nantes
Orson Welles no Ceará, de Firmino Holanda (Edições Demócrito Rocha, 205 págs., R$ 28), pode ser comprado pelo telefone (0--85) 255-6270 ou por fax (0--85) 255-6276
saiba mais em: www.uv.com.br/tangatamanu/jacare.htm

Simon Le Bon , Rock and Roll!


sufoco na fastnet.

Sir Arnold Clark e Le Bon a bordo do Drum.
O Maxi velejando hoje

O escrete reunido para a fastnet 2005,
Design puro anos 80 de Ron Roland.
Le Bon fazendo pose enganchado no mastro gigantesco em mídia da época.

Simon Le Bon o mega pop star do grupo "Duran Duran" , o segundo grupo inglês mais popular na Europa depois dos Beatles, e seu maxxy yacht de 78 pés "Drum" na regata da morte:

-"Drum a Journey of a lifetime".

Este é o título do filme de Simon Le Bon , sobre a história de seu maxxy projetado por Ron Rolland para o skiper Skip Novak. Foi construído para participar  da Whitbread de 1985 e quase o leva a morte na Fastnet do memo ano .
A Fastnet ficou conhecida como a regata da morte depois da edição de 1979 que levou 15 almas para o lado de São Pedro , numa tempestade "pau pereira", como diria Macintyre, e com barcos talvez sem a preocupação devia com a durabilidade e segurança, o fato fez com que fossem repensados os conceitos dos projetos dali em diante.
Em companhia de Le Bon estavam a bordo ninguém menos que Bruno Peyron ( o mago dos catamarãs e vencetentor do troféu Jules Verne), Skip Novak, velejador top 10 da épca e também montanhista e aventureiro, seu irmão  Johnny, um médico osteopata,  Paul e Mike Berrow, Phil Wade e Janne Gustafsson que morreu em um acidente de motocicleta cinco anos atrás , dentre outros 24 jovens cristãos.
O barco perdeu a quilha de 14 toneladas durante uma pauleira heavy-metal naquela Fastnet de 1985 , e capotou nas águas geladas da grã-bretanha ao sul da cornuália, e quase ceifou a vida do jovem milionário do Rock.
Eles passaram 40 minutos presos no casco emborcado na gélidas águas e foram resgatados por mergulhadores.
Apesar da quase tragédia, Le Bon recompõe-se rapidamente e inscreve o Drum para na volta ao mundo de 85, levando em sua tripulação , talvez a sua grande arma secreta, o figuraço bem humorado lobo do mar "Sueco Baiano" Magnus Olson( Skipper do  Ericsson 3 na VOR )
Eles chegaram num glorioso terceiro lugar.
Exatos 20 anos depois do episódio ao largo da costa escocesa Le Bon , reuniu 15  dos 24 componentes do escrete original da época , todos a bordo do Drum ,
Agora Arnold Clark Drum, pois fora vendido em 1988 ao milionário do setor de automóveis, Sir Arnold Clark  que gentilmente o cedeu para Le Bon e seu time participaram novamente da Fastnet .
E viva a vela & Rock and Roll.
Aproveito a dica para recomendar aos amigos a música mais bonita do mundo, Lay lady lay de Robert Zimmerman( Bob Dylan), interpretada pelo Duran Duran, escute esta maravilha e boa viajem!!!!

18/05/2013


15/05/2013

Fortuna

Fortuna era a deusa romana da sorte (boa ou má), da esperança. Corresponde a divindade grega Tyche. Era representada com portando uma cornucópia e um timão, que simbolizavam a distribuição de bens e a coordenação da vida dos homens, e geralmente estava cega ou com a vista tapada (como a moderna imagem da justiça), pois distribuía seus desígnios aleatoriament

11/05/2013

Golden Globe 1968, a lendária regata que criou mitos eternos.


Golden Globe Regatta e much more!.


Matéria de luxo: Vito Dumas, Francis Chichester, RKJ, Bernard Moitissier, Donald Crowhurst, Golden Globe etc...

Prezados amigos nautas e amantes da vela de plantão ,

Já há algum tempo tenho um post-it colado na tela do meu computador/redação , no escritório de meu apartamento aqui na Praia do Canto, na Cidade Presépio ou Ilha do Mel, como o cristão preferir chamar a nossa querida e lindíssima cidade de Vitória, no Espírito Santo, e dele saiu esta parlatória molhada que vamos narrar em seguida.

Pois bem , este lance da revista The Yacht-man( a revista feita orgulhosamente sem fins lucrativos) dá um trabalho da moléstia... tem que pesquisar direitinho, passar horas navegando entre livros e sites, futucar tudo a respeito, garimpar mesmo,  para a matéria  ficar  bacaninha e trazer a informação com um gosto  legal para os leitores saborearem , pois inexplicavelmente, uma pessoa que se propõe a escrever um blog, livro, revista, ou qualquer coisa que o valha, não o faz para ter fama, ganhar dinheiro, para ser conhecido e admirado, ou  por vaidades pessoais torpes e fúteis, o faz( como vi  a definição num livro de Vargas Llosa) somente por fazer, para colocar para fora o que pensa, mas eu vou mais além, levo ainda a seara para o setor da gastronomia, fazendo a seguinte analogia:

-Um verdadeiro cozinheiro , aquele que de paixão faz sua comida, tem como maior recompensa e objetivo único ver seu "comensal"( se é o termo aqui cabe), se deliciar com suas iguarias, no caso de um autor, o objetivo é que seus leitores sintam prazer com a leitura, se transportando para o universo retratado em suas linhas e mais nada.

Geralmente escrevo e pesquiso a noite, em casa, e nem sempre é possível, pois além da revista, temos a esposa, o filho, a leitura dos livros de trabalho, trabalho, compromissos socias, etc, etc, mas num exercício de auto disciplina a revista vai sendo feita,  algumas matérias bem curtas, outras mais trabalhadas, outras copiadas, outras republicadas, uma espécie maluca de pasquim/blog/revista/site que segue levando cultura e entretenimento náutico para atuais 100 e tal mil leitores, o que é para mim um prazer ! O que me move e me impulsiona.


Pois bem , sem mais delongas ou jeb jeb, a matéria de luxo que aqui vai é fruto de dois livros que ganhei no meu aniverário de 38 anos, 5 anos atrás , um ganhei do Didão: "Um mundo só meu de RKJ" , e o outro "Sozinho ao redor do mundo" de Slocum, ganhei de  Lobão, dois clássicos da literatura náutica, e que me fizeram conhecer um pouco mais da história dos grandes navegadores.  Mais tarde li o livro sobre a expedição de Shakleton, " O Endurance", e aos poucos fui me apaixonando pelo universo dos grandes navegadores, criei este blog e aos poucos fui gostando mais e mais do assunto,  e ao pesquisar vi que havia um universo a ser explorado, tive no fimzinho de 2011, então uma idéia de escrever sobre Vito Dumas. Para quem não conheçe, Dumas foi um navegador "hermano" Argentino, que se enveredou pela parte de baixo da nave terra, e da curiosidade sobre ele e suas viagens fui me enfiando em pesquisa e acabei me deparando com a história da Golden Globe, que reúnea história que mudaria o curso do iatismo mundial, dentro de um só evento N coisas acontecem em paralelo, coisas que fizeram a história mudar, e obviamente irei compartilhar com vocês o fruto da pesquisa.
(9 homens zarparam em busca do prêmio de 5 mil libras, além de fama e glória, apenas um chegará ao fim, um  irá cometer o suicído, outro irá desistir da regata e continuar navegando por mais meia volta ao mundo abdicando de tudo e se tornando um mito. Um regata que construiu dois heróis e duas lendas, e destroçou a vida de dois homens, na revista The Yacht-man, a história completa.


Acabei por ler horas a fio, e assisti vários filmes, sendo o que mais me impressionou foi "deep water", que segue postado aqui para quem tiver interesse de saber em detalhes a história da Golden Globe e um personagem em especial Donald Crouwhurst, que é o arquetipo da vida de aparências, com um final infeliz, e que pode ser utilizado como "case" poderoso para se ilustrar a vida daqueles que buscam a glória ( seja ela qual for: grana , fama, mulheres,poder, etc), e se atolam numa vida sem sentido, engando a todos mas não conseguindo enganar a si mesmo.

Trailer.
parte 1
parte 2
                                                        parte 3
parte 4
parte 5
parte 6
                                                                     parte 7
                                                                Parte 8
                                                      Parte 9, e fim.

Começemos então por falar de Vito Dumas:

Argentino nascido em 1900 e falecido em 1965 em consequência de um derrame cerebral, Dumas  em sua juventude foi um exímio nadador , especializado em  probas de longas distâncias, tal qual Sir Robin Knox Jonshton que foi além de um grande nadador também um corredor de fundo, Vito também fora Boxeador, e como  magnânimo Sir Chichester também foi um aviador, um parêntese para Sir Chichester: este homem  deu a volta ao mundo  solo aos 65 anos, já diagnisticado como portador de cancer terminal em 1967 , com apenas 1 escala, e é tido como um grande herói em seu país e no mundo da vela.
Vito Dumas por volta de 1923  ,por 5 vezes tentou fazer a travessia da foz do Prata a nado e fracassou as 5,  em 1931 tenta atravessar o canal da Mancha, sem sucesso novamente.
Lá na Mancha foi onde teve o primeiro contato com os veleiros , no litoral Francês em Calais, esporte pelo qual ele se apaixona imediatamente .
 Ali mesmo  Dumas compraria seu primeiro barco, o Titave II , barco regateiro, veloz, campeão da classe Internacional de 1912.
Contrariando as superstições do mar, ( trocar o nome dá mau agouro)Dumas o rebatiza de Legh , que ao contrário do que diz no wikipédia não eram as inicias de sua amante, tampouco uma homenagem as embarcações escandinavas, mas orginário das iniciais das palavras: luta , integridade, hombridade e grandeza,  que em espanhol são:  Lucha, Entereza, Hombría, Grandeza , o lema, o código de honra do cidadão nascido em Palermo.
O Lengh chega a Nova Zelândia


 Estes fracassos coletados sequencialmente por Vito Dumas  foram importantíssimos para sua realização pessoal, pois como dizia Churchill, o sábio dos sábios dos anos das décadas de 1920/30 e 40:
"O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo."

Estes acontecimentos moveram este homem simples e determinado a sentir uma profunda necessidade interior de como fazer algo pela honra do esporte argentino, como se lê na carta ao amigo:

 "Bueno Aníbal: la razón de mi aventura es haber comprometido mi palabra en hacer algo de mérito para el deporte argentino.  Mis medios son reducidos y la vida que estoy pasando sólo yo se los sacrificios que me imponen. 

Trecho de uma carta ao seu amigo Aníbal,   escritas nas vésperas de sua primeira viagem , em 1931 de Arcachon na frança, a Buenos Aires, trazendo assim seu novo barco para casa.

 Ao chegar em Buenos Aires, Dumas  foi recebido com grande festa, pois essa travessia do Atlântico se constituiu na primeira aventura de vela em solitário da Europa para a América do Sul em todos os tempos.
http://www.navegantevitodumas.com.ar/

Inicia-se aí sua brilhante trajetória,  lançando sua nave ao mar novamente em 1942 na sua sensacional viagem dos" Cuarenta Bramadores": Uma volta ao mundo nas latitudes do mar gigante e congelante, passando pelos 3 cabos mais meridionais e mais terríveis do mundo:
- Boa esperança, Lewin e Horn, com apenas 3 escalas, Cape Town, Wellington e Valparaíso.
A chegada em Valparaíso, Vito está literalmente em frangalhos) fonte navegantevitodumas.com.ar

A circunavegação foi  feita no seu inseparável Yawl Legh II, que sequer tinha um  rádio ou um motor, em condições precárias e em plena segunda guerra mundial.  O  LEGH poderia ser torpedeado ou fuzilado por um navio ou submarino, despedaçado por um canhão, ou afundado por um avião.
Dumas dependia da água da chuva para saciar a sede,( a falta de água e o cansaço pela falta de horas de sono foram os maiores inimigos) , usando até mesmo jornal por baixo das roupas para não congelar, e principalemente utilizando-se de uma técnica que invetou para velejar e sobreviver em condições extremas naqueles mares dantescos: 
Navegando sempre de popa para o vento e num ângulo de 15 graus, correndo as tormentas e as ondas.

Durante uma tempestade no Pacífico , Vito sofreu um grave traumatismo craniano e teve alucinações,  precisou de toda a vontade de viver e consquente da verdadeira garra de um yachstman para se superar e  completar os ultimos 104 dias de viagem . Os terríveis dias finais,  justamente no trecho mais duro que enfrentou em toda epopéia, mas... ele triunfou, venceu a si mesmo, ele consegiu!
Vito estava imbuído de motivos nobres e idealistas , como afirmara :Voy,en esta época materialista,a realizar una empresa romântica,para ejemplo de la juventud“.
Agora imagina o leitor se naquela época o mundo era materialista hoje então... Jesus apaga a Lu!!
Estas duas fotos são cortesia do Atilio Bermudez, ele as fez no Museu Naval Argentino.


Devido a proibição e burocracia das autoridades argentinas naqueles terríveis dias da segunda guerra mundial, Vito que estava proibido de partir de Buenos Aires pelas autoridades, acaba por  zarpar de Montevidéo( uma ironia!), para  assim iniciar a legendária viagem  que durou 1 ano e exatos 36 dias, navegando num mar antes nunca enfrentado frente a frente por um veleiro, através das latitudes dos "Cuarenta Rugientes ":- as 21  mil milhas para se dar a volta ao mundo nos mares mais furiosos e gelados do planeta água, nas baixas latitudes.
                           Dumas é recebido como herói em Buenos Aires em 8 de agosto de 43.
                                     A chegada na capital portenha. (fonte navegantevitodumas.com.ar)

Uma piada reflete o espírito de Dumas:
AI partir, un amigo le preguntó cuánto dinero llevaba encima. Desconcertado, Dumas sacó su billetera y constató que solamente contenía un billete de 10 Pesos. "Y con eso piensas dar la vuelta al mundo?" le preguntó el amigo. Dumas replicó: "Y donde pretendes que gaste el dinero navegando?". El amigo no supo qué contestarle, pero le entregó diez libras esterlinas en billetes, "por las dudas..." 
http://www.navegantevitodumas.com.ar/



Do site Brasileiro  que por sinal é muito bem feito, um primor de informação, e tem ótimo material de pesquisa, o site maresnavegantes.com.br, pego "emprestado" a parte final desta matéria que narra o ultimo cruzeiro de Dumas conhecido como :

-O Cruzeiros dos Imprevistos
Em 1945-46,nova aventura de Vito Dumas,que quase custou-lhe a vida –viagem de Buenos Aires à Nova Iorque. Seus problemas começaram justamente em frente à Coney Island,muito perto do porto de Nova Iorque,quando uma calmaria e corrente forte contrária o impediram de entrar no rio Hudson. A situação ficou tão complicada,com o Legh II sendo tão arrastado de volta para alto mar e em seguida entrando fortes ventos contrários (Vito Dumas nunca instalou motor em seu barco),  que ele foi obrigado a rumar para os Açores,atravessando o Atlântico,pois lhe seria impossível aportar na costa americana. Mas nunca chegou lá tampouco,ao invés disso esteve ao largo da ilha da Madeira,e depois avistou as Canárias,e de modo incrível a situação anterior se repetiu em ambas as vezes –ventos contra ou calmaria total,com forte correnteza desviando o Legh II para outra direção…Desistiu das ilhas,e com a fome levando-o ao desespero e tornando-se praticamente um esqueleto vivo,rumou para a costa africana,mas não precisou arribar,pois um cargueiro passando próximo viu seus sinais de socorro,e atirando-lhe alimentos,salvou-lhe a vida. Finalmente,o Legh II ruma de volta para a América do Sul,voltando a atravessar o Atlântico,e chega ao Ceará,no Nordeste brasileiro,depois de 106 dias sem escalas no mar…De lá retorna à Argentina,mas ainda tem o infortúnio de encalhar na costa uruguaia. Esta viagem lhe rendeu muitas críticas,com conterrâneos o desqualificando como navegador. No entanto,foram mais de 17 mil milhas percorridas em 234 dias no total da viagem. Da experiência ele escreveu o livro “O cruzeiro do imprevisto“.
Foi em 1955 que Vito Dumas empreendeu sua última viagem,novamente para Nova Iorque,num veleiro ainda menor que o Legh II,oSirio,quando novamente enfrentou graves problemas. Foi obrigado a desistir da idéia de chegar nos Estados Unidos sem escalas,aportando nas Bermudas com problemas de saúde. Recuperado,completou o desafio chegando em Nova Iork em 25 de setembro de 1955,depois de cobrir 7 mil milhas marítimas em 117 dias.
Vito Dumas faleceu em 28 de março de 1965,vítima de derrame cerebral. Escreveu os livros “Mis Viajes“,“Solo,rumbo a la Cruz del Sur“,“Los cuarenta bramadores”e “El crucero de lo imprevisto“.
Infelizmente,Vito Dumas quase acabou esquecido pelos seus compatriotas durante sua vida. Seu barco,Legh II,que provavelmente realizou a maior façanha náutica do século XX com a volta ao mundo pioneira pelos “cuarenta bramadores”ficou abandonado e perdido (ao contrário do barco de Moitessier,o Joshua,que foi recuperado e navega até hoje patrocinado por um museu marítimo francês). Mas depois de sua morte,seu valor foi aos poucos sendo reconhecido por todos os cruzeiristas do mundo,e sua fama teve grande novo impulso quando Bernard Moitessier confessou ser fã de Dumas,e ainda ter adotado técnicas de navegação do argentino para conseguir navegar nas altas latitudes.

Existe uma polêmica em se discutir que foi o maior navegante no site argentino navegantevitodumas.com.ar:
Chichester ou Dumas?
No meu ponto de vista o leque é maior para se comparar: Scott, Amundsen, Shakleton, Slocum, Tabarly, Moitissier, RKJ, Slocum, James Cook?! me lembrei de um post interessante que fizemos há algum tempo, que  recorro a piada deste próprio pasquim para colocar nosso ponto de vista:

Qual seria a expedição perfeita, perguntou Mac'Enroy?

Naquela longínqua tarde de 1920,após um  dia de verão sufocante e também extasiante em face a série de  regatas disputadas em seus novíssimos one design boats, literalmente com a faca nos dentes, os três amigos  davam uma atenção ao barco e cuidavam da faina .
O tempo passava voando, entre um comentário e outro lavoro seguia em ritmo acelerado,  o grupo formado por Mac'Enroy, Stanley Clifford, e pelo italiano Máximo Tedesco, sagrara-se naquela manhã o grande vencedor de 3 das 5 retagas da copa "Tansmanian" e já preparavam o barco para as regatas da semana seguinte, a fim de defenderem o título.
Com o fim do trabalho ao cair da tarde seguiram para o Pub para tomar algumas cervejas e celebrar a performance nas regatas e a vida ( este segundo motivo,  o faziam semanalmente),  e durante o caminho, conversavam sobre os grandes feitos dos recém criados heróis , os grandes aventureiros e desbravadores de terras inóspitas, que nas duas primeiras décadas do século com suas fantásticas expedições elimiram todas as fronteiras do desconhecido.
Após algum tempo em silêncio, caminhando ofegantes enquanto subiam a  suave colina que terminava as portas do Pub "Almirante Benbow", Mac'Enroy profere aquela perguta que daria origme a frase mais famosa pelos 30 anos seguintes em toda a Tansmânia e talvez em toda Austrália.
-Meus caros amigos, quem de vocês poderia me dizer  qual seria a expedição ideal?
Prontamente Stanley com seu ar professoral  imposta a voz , buscando um dó de tenor lá no fundo da garganta e responde, antes pigarreando :
-( aham)Ora, ora, a expedição ideal... a expedição ideal  deveria  ter a técnica de Scott , somada  a velocidade de Amundsen, esta sim seria uma empreitada perfeita!
Caminhando dois passos atrás vinha o Italiano, sempre muito perspicaz e sacana, as vezes até mesmo sarcástico, não á toa se chamava Máximo.
 Meio que resmungando ele profere a famosa máxima (em italiano), tentando desta forma dar um ar ainda mais aristocrático as sua observação:
-La spedizione ideale avrebbe la tecnica  Scott e  la velocitá di Amundsen, ma dal santo Dio che ci protegge, se tutto va storto prego che il vostro capo è Shackleton.
A expedição ideal teria a técnica de Scott e a velocidade de Amundsen, mas por Deus, se tudo der errado reze para que Shackleton seja seu chefe.
Na foto tirada por Mr. Montgomery Jonhson com uma Roleiflex vemos Stanley Clifford em primeiro Plano, Máximo Tedesco de macacão e chapéu, e Mac'Enroy ao fundo, em manutenção do belíssimo one design "Sweepstake Marriot"


Bom mes amis, agora se faz  muito tarde e tenho que dormir, por que amanhã tem trabalho e temos que pagar as contas, em breve voltaremos com a continuação do assunto deste post em breve, a regata sunday times golden globe, Sir Francis e muito mais. Fiquem ligados e acessem!!

 A revista avelok the yacht-man, também está  com uma página no facebook,  acesse e curtam!

http://www.facebook.com/pages/The-Yacht-man-avelok-sailig-magazine/189447521131320?ref=ts
Lembramos a todos que a revista Avelok, The Yacht-man é um canal aberto e democrático, e se vc tiver algum assunto bacana , um post, fotos, videos e ou matérias, publicamos com prazer, envie para avelok.com.br, um beijo e um queijo a todos!!

Bons vento

10/05/2013

Boas maneiras no mar. Manual do Yacht-man.


. Manual do Yacht-man.

Prezados amigos, nautas e amantes da vela de plantão, a partir deste número a revista velejar tem uma coluna denominada Manual de boas maneiras no mar, feitas por mim , e com o intuito de conscientizar a todos da importância das boas maneiras no mar. A cada edição iremos abordar um tema, sempre com ênfase nas boas maneiras, esta é uma forma que encontramos , com todo o apoio do Tonico( editor da Velejar(, para darmos nossa parcela de contribuição para uma navegação mais prazerosa e segura. Assim se os amigos compartilhares estas dicas, as chances de catequisarmos os infratores são bem maiores.Conto com vocês. um grande abraço do avelok!!
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Revista Velejar e meio ambiente :Manual de boas maneiras no mar.




Manual de Boas Maneiras no Mar – 1
Respeite os limites de Velocidade
Por Renato “Avelok” Avelar

Como amante incondicional do mar e dos hábitos cavalheirescos, aceitei a humilde e despretensiosa iniciativa de produzir esta coluna, a fim de melhorar a postura de alguns motonautas, pedindo a eles um mínimo de bom senso, pois o que vemos no mar é apavorante, ás vezes com tendências à loucura.
O mar não é uma estrada lisinha e sem buracos, como um autódromo ou uma Autoban, ele é um meio dinâmico e muda a todo instante. Os jets não são motos, assim como as lanchas não são carros e, obviamente, não possuem freios. Essas máquinas passeiam por uma “estrada” sem marcações, sem placas ou sinais, em um trânsito que parece livre, mas que exige muito mais cuidado do que as rodovias. Deslocar-se em marinas e portos pode ser perigoso e traiçoeiro.
É muito importante ter a consciência de que existem outras embarcações transitando por ali, com características de navegação diferentes, e você, estando com excesso de velocidade ou fazendo manobras radicais, gera enormes marolas, que poderão colocar seriamente em risco a segurança e o conforto dos demais.
As embarcações, ao navegarem no interior de marinas ou em locais de atracação, não deverão fazer ziguezagues. É mister que mantenham a velocidade abaixo dos 3 nós, evitando, assim, que, devido as ondas, os barcos atracados fiquem batendo uns nos outros, a contra bordo, o que provoca avarias e acidentes, além de um grande desconforto para quem está a bordo.
Lembre-se de que não adianta reduzir a velocidade em cima da hora, a marola vem com você e te passa, portanto, reduza antes. O mar é um ambiente dinâmico, propício ao convívio salutar entre nautas, damas e cavalheiros, portanto, faça sua parte e contribua para uma boa navegação.

09/05/2013


Acidente fatal na Américas Cup.


O britânico Andrew Simpson, adversário dos brasileiros Robert Scheidt e Bruno Prada na classe Star nas Olimpíadas de Pequim-2008 e Londres-2012, morreu afogado nesta quinta-feira, vítima de um acidente de barco em treinos para a America's Cup nos Estados Unidos.


Simpson era um dos 11 tripulantes do catamarã da equipe Artemis, que praticava na costa da cidade de San Francisco. A embarcação capotou, e o britânico ficou preso embaixo d'água. Ele ainda tentou ser reanimado por médicos, mas o velejador não resistiu.
- Toda a equipe Artemis Racing está devastada pelo que aconteceu. Nossos sentimentos estão com a esposa e a família de Andrew - disse Paul Cayard, chefe da Artemis, em nota divulgada no site oficial do time.


O velejador faleceu aos 36 anos e tinha uma carreira sólida na vela. Simpson foi campeão olímpico na classe Star em Pequim-2008 ao lado de Iain Percy, deixando para trás os brasileiros Robert Scheidt e Bruno Prada, que ficaram com a prata.
Quatro anos depois, as duas duplas se enfrentaram novamente em uma Olimpíada, em Londres. Os britânicos perderam a medalha de ouro na última regata para os suecos Fredrik Loof e Max Salminen. Scheidt e Prada ficaram com o bronze.



06/05/2013

Santos Rio, a história da regata.


 Prezados amigos nautas e amantes da vela de plantão, para quem nao conhece e não sabe , segue algumas curiosidades sobre esta regata de gente grande! Uma regata de longa tradição e que agora recebe todo o entusiasmo de Lars Grael e seus amigos , que buscam devolver a ela a glória que lhe é patente! Agende-se e participe este ano tem mais!!!

Segue texto de Jonas Penteado, uma pérola da história desta regata magnífica, de outrora e de hoje!









Lars

On Jonas está correto. O Red Rock II, mais o Recluta e o Fjord VI foram construídos em Bs As na mesma época. O Red Rock II foi construído para o Eduardo Mandembaum, o Recluta não me lembro mais que era o dono original, e o Fjord para o próprio German Frers.
Os 3 barcos vieram para o Brasil em 1970 ou 1971 para correr o circuiro Rio. Eu corri no Red Rock II, como navegador, depois fiz a viagem de volta a Buenos Aires, corri esse anao o Campeonato Argentino, e, quando os Mandelbaum construiram o Red Rock III, que também esteve no Brasil correndo o Circuito Rio e no qual também embarquei como navegador, os Mandelbaum´s (Os dois irmãos, Ernesto e Eduardo) me venderam o veleiro.
O Red Rock II esteve, de fato, e brihou numa Admirals Cup, antes de ter vindo para o Circuito Rio, motivando inclusive citação na Enciclopédia Britânia.
Eu trouxe de Buenos Aires com uma tripulação formada, entre outros, com o famoso velejador, o Jorge "Grego" (Jorge Siniossoglow) e com outro velejador que ela piloto da Vasp, o Naegeli (Rudolf Albrecht de Bittencourt Naegeli). Naquela ano (1972 ou 1973) participei das regatas eliminatórias para a Admiral´s Cup, no Rio, tendo vencido e me classificado para ir para a Inglaterra, juntamente com o Cangaceiro, do Domício Barreto e o Saga, do Lorentzen. Naquela época eu não tinha dinheiro para custear a viagem do barco e tripulação, e cedi meu lugar para o Wa Wa Too, do Fernando Luiz Nabuco de Abreu, que estava sendo construído nos Estados Unidos e acabou indo direto para Cowes, e tripulei o Wa Wa Too nas regatas.
Vendo e gostado dos barcos gêmeos, o João Zarif foi a Buenos Aires e comprou o Recluta, rebatizando-o como Aires.

O Kamaiurá foi adquirido direito pelo Egon Falkenberg dos estaleiros Frers, e de fato eu e o Jonas o tripulamos na viagem para o Brasil (Foi quando ele me vendeu o Hobby, depois Carina III). Não me lembro desse barco ter ido para a admirals cup, e sim o Dom Alberto, de propriedade de um Argentino., que era senão irmão, muito parecido com o Kamaiurá. Anexo, mais para o Jonas se recordar, uma foto do Comte. Egon Falkemberg e nós dois  tirada ao largo de Montevidéu, onde se verifica a baixa temperatura que enfrentamos na travessia.

Se houver interesse, posso pesquisar mais nesse final e semana, pois tenho fotos, datas, recortes de jornais e mais material sobre essas histórias.

Abçs

Harry Manko, sempre com filmes sensacionais e gozadíssimos!

Um vídeo de compilações da Volvo Ocean Race, a volta ao mundo.

Os nós mais usados no mundo náutico, uma vídeo aula, aprenda para não chamar cabo de corda!