25/10/2010

Refeno 2010 por Felipe Caire, nosso futuro cidadão Vitoriense honorário.

Refeno 2010
Esse ano a Refeno contou com um número recorde de veleiros, isso graças a união do Crucero de la Amistad, que trouxe cerca de 40 veleiros vindos da Argentina, com com o Cruzeiro Costa Leste no Rio de Janeiro. Dos 142 veleiros inscritos, apenas 94 cruzaram a linha de chegada. Uns desistiram por falta de tripulação, outros por quebra de mastros antes mesmo de chegarem em Recife e outros receosos com o forte vento.
Os dias que antecederam a largada foram repletos de ventos SE acima de 20 nós, uma condição ideal para seguirmos até Noronha. Contudo, com a força constante do vento, as ondas já encontravam-se formadas e todos esperavam por condições duras durante a regata.


A largada! Esse ano vários veleiros que se encontravam fundeados no Cabanga tiveram que madrugar para conseguir sairem com a maré cheia e não ficarem encalhados no canal que separa o clube do porto do Recife, com isso acordamos por volta das 4:00h e fundeamos próximo ao Marco Zero.
Por volta das 10h começamos nosso breve curso de vela para deixarmos todos nossos tripulantes confortáveis a bordo e cientes de suas funções, trocas de turno, segurança e tudo o que envolve uma travessia em mar aberto. A bordo éramos 3 experientes velejadores (os irmãos Caire que começaram velejando na barriga da mãe e Karen Riecken que começou a velejar desde criança), 7 tripulantes e uma equipe de reportagem, cinegrafista e repórter.

Ficamos apreensivos com o vento, que simplesmente havia sumido e com a chuva que caiu durante a manhã, mas logo depois da largada o vento voltou com força.
Largamos às 15:20h com ventos ESE de no máximo 8 nós, logo que passamos o molhe do Porto do Recife as ondas começaram a aparecer, o vento foi aumentando progressivamente e manteve-se na média dos 20 nós durante toda a primeira noite. Alguns barcos começaram a desisitir por causa de avarias.

As ondas começaram a quebrar no costado e deixaram a viagem bem molhada durante as primeiras 20 horas, o barco velejava bem, surfando nas ondas, contudo a navegação para os novatos começou a ficar desconfortável. Resolvemos diminuir a velocidade e proporcionarmos mais conforto para todos. Com isso nossos concorrentes foram nos deixando para trás.
Nosso objetivo esse ano não foi o de ganhar a regata, mas sim proporcionarmos uma travessia segura, agradável e o mais confortável possível para todos nossos alunos. Com isso a travessia torna-se mais longa, mas muito mais prazerosoa para todos.

Faltando pouco menos de 40 milhas começamos a avistar o Pico de Noronha, com seus 323 metros de altura, logo em seguida o tempo começou a fechar e um enorme Pirajá cobriu toda a ilha, trazendo muita chuva e ventos de até 40 nós. Já eram cerca de 18h, resolvemos abaixar uma das velas de proa e seguirmos com média de 8 nós até a Ponta da Sapata.
A síndrome de “terra à vista” já havia se instalado em todos, a ansiedade aumenta, a vontade de pisar em terra firme cresce, o enjoo simplesmente desaparece, todos ficam mais dispostos e arrumando suas coisas para pisarem em terra.
Passamos a Ponta da Sapata por volta das 20h, o mar estava forte com diversas ondas no local de fundeio, fundeamos longe da praia, desembarcamos parte da tripulação e fomos dormir um merecido sono.
A travessia em si teria sido muito mais rápida se a bordo tivessemos apenas pessoas experientes ou se tivessemos obcecados em chegarmos rápido e deixarmos de lado o conforto e a segurança de todos que estavam conosco, contudo nosso maior objetivo foi de levarmos um pouco da emoção da travessia, da festa da regata, do espírito competitivo e do companheirismo dos cruzeiristas que participam da Refeno.
Segundo a comissão organizadora, esse foi o ano com as condições de vento e mar mais fortes durante toda a travessia.
Realizar a travessia de cerca de 300 milhas em mar aberto, chegar em Noronha velejando e aproveitar as maravilhas da ilha é uma experiência que todos que amam o mar deveriam ter, a sensação de conquista ao avistar o Pico de Noronha não tem preço. E fazer tal travessia durante a Refeno é certeza de segurança, já que temos em média 100 veleiros e 2 navios da Marinha prestando socorro a todos os que precisam.
Noronha continua linda e organizada, os preços estão cada vez mais acessíveis e pode-se ficar hospedado e comer bem pagando preços honestos. Vale ressaltar que quase toda alimentação vem por mar, durante uma travessia longa e dispendiosa, que isso tem que estar incluído no preço das mercadorias. Mesmo assim, paga-se R$ 15,00 num bom PF, pousadas a partir de R$ 60,00 por pessoa.
Preparem-se que ano que vem tem muito mais!

Felipe Aristides Caire,
20 de outubro de 2010.

24/10/2010

Próxima edição, matéria especial em homenagem ao Marcelo Ferreira, o grande( e enorme) Playboy!!

Nem só de timoneiros e comandantes a história é escrita, assim sendo , na próxima edição estamos preparando uma matéria exclusiva sobre o mais gente fina dos velejadores, uma peça chave de duas medalhas olímpicas, um cara autêntico, franco, objetivo, divertido e descontraído, exemplo para os que acham que sabem tudo e que são os "caras".
aguardem!!

23/10/2010

"Eu passo por uma rua, que passa por muitos países, se não me vêem eu vejo e saúdo meus velhos amigos! "( Drummond de Andrade)

Qual seria a expedição perfeita, perguntou Mac'Enroy?

Naquela longínqua tarde de 1920,após um  dia de verão sufocante e também extasiante em face a série de  regatas disputadas em seus novíssimos one design boats, literalmente com a faca nos dentes, os três amigos  davam uma atenção ao barco e cuidavam da faina .
O tempo passava voando, entre um comentário e outro lavoro seguia em ritmo acelerado,  o grupo formado por Mac'Enroy, Stanley Clifford, e pelo italiano Máximo Tedesco, sagrara-se naquela manhã o grande vencedor de 3 das 5 retagas da copa "Tansmanian" e já preparavam o barco para as regatas da semana seguinte, a fim de defenderem o título.
Com o fim do trabalho ao cair da tarde seguiram para o Pub para tomar algumas cervejas e celebrar a performance nas regatas e a vida ( este segundo motivo,  o faziam semanalmente),  e durante o caminho, conversavam sobre os grandes feitos dos recém criados heróis , os grandes aventureiros e desbravadores de terras inóspitas, que nas duas primeiras décadas do século com suas fantásticas expedições elimiram todas as fronteiras do desconhecido.
Após algum tempo em silêncio, caminhando ofegantes enquanto subiam a  suave colina que terminava as portas do Pub "Almirante Benbow", Mac'Enroy profere aquela perguta que daria origme a frase mais famosa pelos 30 anos seguintes em toda a Tansmânia e talvez em toda Austrália.
-Meus caros amigos, quem de vocês poderia me dizer  qual seria a expedição ideal?
Prontamente Stanley com seu ar professoral  imposta a voz , buscando um dó de tenor lá no fundo da garganta e responde, antes pigarreando :
-( aham)Ora, ora, a expedição ideal... a expedição ideal  deveria  ter a técnica de Scott , somada  a velocidade de Amundsen, esta sim seria uma empreitada perfeita!
Caminhando dois passos atrás vinha o Italiano, sempre muito perspicaz e sacana, as vezes até mesmo sarcástico, não á toa se chamava Máximo.
 Meio que resmungando ele profere a famosa máxima (em italiano), tentando desta forma dar um ar ainda mais aristocrático as sua observação:
-La spedizione ideale avrebbe la tecnica  Scott e  la velocitá di Amundsen, ma dal santo Dio che ci protegge, se tutto va storto prego che il vostro capo è Shackleton.
A expedição ideal teria a técnica de Scott e a velocidade de Amundsen, mas por Deus, se tudo der errado reze para que Shackleton seja seu chefe.
Na foto tirada por Mr. Montgomery Jonhson com uma Roleiflex vemos Stanley Clifford em primeiro Plano, Máximo Tedesco de macacão e chapéu, e Mac'Enroy ao fundo, em manutenção do belíssimo one design "Sweepstake Marriot"

Have fun in Amsterdam! !! Direto de nosso corresponde das terras baixas.

Meu Grande amigo , nauta e consagrado arquiteto, Carlos Eduardo Lacerda,
Em passeio entre cores e canais , jovens e sorrisos, no local onde a juventude é eterna,  caminhando por ruelas estreitas, de repentemente encontra o barco da volta ao mundo em frente a sede da Delta Loyd, um gigante de 70 pés num local insólito, imagina o trabalho que não deu para colocar a nave lá!
Defronte ao barco que estava aberto a visitação, com uma fila de 1 kilômetro, ele parou e tirou esta foto espectacular.
Prova que as ações de marketing dominam a nova onda da publicidade, e tendo um mote como este , só podemos aplaudir ... e babar também!
Have fun , em Amsterdam!

The Star of commitments?? I dont think so.



Sir Ernest Shackleton & The Endurance



Estes foram os homens selecionados para a viagem "Imperial Trans-Artic expedition-Endurance.
Todos são fodas mas os fodaços são os nomes em azul, ao lado a qualificação de cada um deles;
"Frank Worsley-Captain
Frank Wild Second-in-Command
Lionel Greenstreet-First Officer
Tom Crean-Second Officer
Alfred Cheetham-Third Officer
Frank Hurley-Photographer
Robert Clark-Biologist
Leonard Hussey-Meteorologist
Reginald James-Physicist
James Wordie-Geologist
James McIlroy-Surgeon
Huberht Hudson-Navigator
Thomas Orde-LeesSki Expert and Storekeeper
Henry McNeish-Carpenter
John Vincent-Boatswain
Alfred Kerr-Engineer
Walter How-Seaman
Timothy McCarthy-Seaman"[He] is the most irrepressable [sic] optimist I've ever met,"Worsley
Sob o comando de quem eles mesmo chamavam de "Boss": Sir Ernst Shackleton.
A expedição partiu em 1914, com uma tripulação de 28 homens , verdadeiros Yacht-Men a bordo do Endurance, um barco movido a vela e a vapor( com 3 caldeiras) de 350 toneladas, construído na Noruega, capaz se viajar a 9 - 10 knots, ou seja um excelente barco , seguro rápido e apto a enfrentar o mais duro dos mares.
Em 18 de janeiro de 1915, definitivamente, ficam presos no gelo, a agonia dura até outubro do mesmo ano.
Para passar o tempo os homens cantavam , cuidavam do barco, jogavam futebol , escreviam , reuniam-se no  salão do Endurance( o qual se referiam como Ritz), treinavam os cães e organizavam corridas de trenó, liam e organizavam torneios jogos de baralho, faziam um pouco de tudo para manter o moral alto. Sempre ocupados e em rígida disciplina, mesmo para as coisas mais tolas( aparentemente)
Em outubro o gelo começa a esmagar o barco os mastros desabam, e atripulação salva o que pode, e em 21 de novembro de 1915 ele afunda definitivamente, completamente esmagado pelas placas de gelo, mas não levando consigo a esperança e a confiança depositada no "chefe" .
Os exploradores ficaram a deriva nas banquisas de gelo, o frio chega a 26 graus negativos, o inverno vem com uma noite sem fim que dura 6 meses de breu absoluto.
Finalmente o gelo começa a se derreter e eles partem em busca de salvação em seus pequenos botes.
Em abril de 1916 desembarcam na ilha Elephant, depois de navegaraem por 1.000 milhas a deriva nas banquisas , e depois durante mais uma semana  navegando com os botes salva-vidas, eles enfrentaram todos os tipos de adversidade possíveis e imagináveis.
As coisas estavam difíceis, precisavam de ter confiança, pois um resgate ou uma expedição pareceia agora impossível.
Shackleton , "the Boss", resolve partir em busca de ajuda ,  e com mais 5 homens se lança ao mar em um barco a vela e aberto , com apenas 22 pés o James Caird, uma espécie de baleeira/escaler, num mar gelado e com ondas gigantes e ventos fortíssimos, o pior mar do planeta o DRAKE, para navegar 800 milhas até chegarem as ilhas Georgia do Sul, graças a perícia do capitão Frank Worsley, que se guiou usando o sol como bússola.
Depois de 17 dias no mar, desembarcam em um glaciar a 17 milhas de uma estação baleeira, ainda tiveram que atravessar geleiras e montanhas de mais de 2.000 metros de altura para encontrar os caçadores Noruegueses, lá chegando a primeira coisa que Shackleton pergunta é se a guerra já havia acabado.A resposta foi:- não, a europa enloqueceu o mundo enlouqueceu!
Recompuseram-se com poucas horas de sono, recuperam as forças e imediatamente inciam o planejamento da próxima expedição:O resgate da tripulação do Endurance, seus companheiros.
Em agosto de 1916, depois de 3 tentativas frustradas , o pequeno barco Chileno "Yelcho", chega com êxito aos náufragos e os resgata.
Depois de 22 meses, passando por todo tipo de provações, todos os 28 homens retornam para o lar , como protagonistas da maior epopéia da história da navegação, além de ser na minha opinião o maior case de liderança da história mundial em todos os tempos.
As viagens/expedições de Shakleton.
Em 1901-1902- Discovery expedition
Nimrod Expedition -1907-1909
Imperial trans artic- 1914-1916
Em 1921 , Shackelton parte para sua quarta e última expedição, ( Shackleton-Rowett expedition), ao chegar no Rio de Janeiro, o "chefe " sofre um ataque cardícaco , mas se recusa a retornar a Inglaterra e segue sua jornada, 2 meses depois Shackleton tem o derradeiro e fatal ataque e morre nas Ilhas Georgia do Sul, onde descansa até hoje.
Este cara foi o maior dos maiores exploradores, um lider nato e absoluto. 
God save the boss!!!

22/10/2010

Túnel do tempo, por Mário "Zezé" Keppen Aguirre, Cmdte do Sirius III

Caríssimos, 



Creio que esta foto foi tirada pelo meu pai em 1977. 
Tempos mágicos e inocentes da nossa pré/adolescência que não voltam mais. Tempos em que acessavamos o clube pela ladeira do Sacre Couer e que o clube consistia somente do "iatinho", da garagem de vela com a rampa dando direto para o mar. Tinha também a oficina do finíssimo e sempre prestativo carpinteiro Seu Ailton - após seu falecimento terminou uma era do ICES. Uma era em que os veleiros, maioria absoluta, eram de madeira, até a chegada dos modernos Laser, mais tarde classe olímpica. Tempos em que os associados eram apenas as tradicionais e amigas famílias de Vitória. 

Hoje, século XXI, os tempos são outros bem diferentes. O clube está maior, mais moderno, mas, da mesma forma, maiores são os problemas e mais complexa a sua administração. Quanto ao quadro social, eu diria, "esquizito"... Dividido em grupos de poder e influência, cada um "puxando a sardinha" para o seu lado. 

Como eu disse antes, infelizmente, os velhos tempos não voltam mais e temos que aprender a conviver em harmonia com esta nova realidade. 
  
Forte Abraços, 
Mario Aguirre

17/10/2010

Jörg Bruder, o mito da vela brasileira.

Prezados amigos nautas e amantes da vela de plantão, aboletado na torre de comando numa noite fria de outubro, me debrucei na Web por algumas horas a fim de fazer uma pesquisa e compartilhar com vocês a trajetória deste ídolo, e confesso que o material disponível na internet é pequeno, apesar das inúmeras tentativas que fiz.

Temos um material interessante do site do YCSA e outro até mais completo no maresenavegantes.com.br, mas ainda consegui encontrar algum material em sites que não falam "português" para ilustrar a matéria, encontrei algumas fotos feitas no Mundial das Bermudas de alta qualidade e a cores, no site do Finn-Itália, e outras interessantes no site Finn-Dinamarca.
 Assim sendo , quem tiver fotos do Bruder , envie para a gentre publicar aqui  nesta matéria e compartilhar com os velejadores do Brasil afora.

Jöerg Bruder ,
O maior velejador de Finn de todos os tempos  teria hoje 73 anos de idade e se bobear ainda taria dando trabalho andando sempre a frente e inovando materiais , mas infelizmente sua vida fora ceifada muito cedo num golpe brutal do destino em 1973, com apenas 36 anos de idade, quando ia para o Mundial de Finn em busca do tetra campeonato consecutivo , no pior acidente aérea da aviação Brasileira até então, que deixou 113 mortos, e apenas 11 sobreviventes.

 O Vôo 820 do 707 da Varig,  pegou fogo devido a um cigarro na lixeira do banheiro, e fez um pouso forçado  há apenas 1 minuto da cabeceira da pista em Orly, em 11 de julho de 1973, embora bem sucedido o pouso, a cabine já velava a maioria dos corpos dos passageiros, devido aos gases tóxicos exalados( exceto 1, e os  10 tripulantes),o vôo partiu do Rio com Destino a Paris, onde morreram também Júlio de Lamare( o célebre jornalista ) e Filinto Müller( o então Presidente do senado), e o famosos cantor Agostinho Santos.


Nascido em 1937, Joerg começa a velejar com 5 anos de idade, somente com 22 participa de suas primeiras regatas em seu clube de coração , o mesmo de Scheidt:  O YCSA( Yacht Club de Santo Amaro), na represa de Guarapiranga, iniciando ali uma trajetória de sucesso e glória
Mundial do tri, 1972

Mundial nas Bermudas .

 Hoje Joerg Bruder é nome de ruas, de escolas , de troféus e de torneios esportivos em várias modalidades, e principalmente da cobiçada taça da classe  Finn que pega emprestado seu nome, servindo um póstuma  e justa homenagem a este ídolo de gerações, e o numeral de sua vela é usado como homenagem no batismo da maior escola de vela de oceano do Brasil, a BL3.



A carreira no Finn e no Star:

Em 67 , nos jogos Panamericanos de Winnipeg ele conquista o seu primeiro ouro , nos jogos de 71 do Pan em  Cali mais um ouro, em 68 foi terceiro colocado no mundial da classe Finn, em 69 Joerg fica em segundo, em  1970 , com a maior flotilha de todos os tempos , reunindo 180 barcos, Bruder fatura seu primeiro mundial, repetido em1971 e 1972, ano que também participa  dos jogos do setembro negro,de Munich, obtendo um magnífico  quanto lugar na classe Star, e ainda  no mesmo ano consagra-se vice campeão mundial da classe Star em Caracas.

Mundial de Finn 1970, bruder em 4º chegando a bóia.

Deteve por décadas a proeza de  ser o único tri campeão consecutivo na classe Finn , até hoje só tiveram este resultado, ainda assim não consecutivos, um alemão em 63/66/67 um dinamarquês em 85/84/85 , um sueco em 94/97/99, e que somente em 2004 fora desbancados por ninguém menos que Ben Ainslie . 
No âmbito nacional, Bruder foi campeão Paulista de Finn por 11 vezes, Brasileiro por 5 e na Classe Star obteve também o penta campeonato em S.P.

Bruder e seu Finn Neguinho.
Na segunda foto e na primeira foto, ele com os amigos no Mundial da Bermudas

Bruder será o eterno tri-campeão invicto, pois o destino o levou e junto a taça original do Mundial de Finn que desaparecera para sempre entre os escombros do avião destruído e carbonizado, talvez derretida pelo fogo, talvez levada por são pedro ou eólo, taça que nenhum homem que viva sobre a terra e sob o céu  jamais alcançará o olhar ou colocará as mãos pelo menos uma vez , quem dirá 3.
Além da carreira de velejador, Bruder em parceria com o austríaco Hubert Raudaschl inovou a classe Finn com seus mastros flexíveis, e suas revolucionárias velas, que faziam um condunto imbatível, e levaram a padronização da classe em mastros de alumínio para eliminar a vantagem obtida pelo seu desenvolvimento do equipamento.

Vou contar uma historinha de um trecho da minha vida e do início do meu facínio por Bruder.
O ano era de 1978, e eu acabava de voltar da aula no colégio Sacre-Couer, localizado no alto da Ponta Formosa, na Praia do Canto , onde todos os dias ia caminhando , ida e volta. A distância parecia maior que de fato era, talvez pela ansiedade mirim que meus 8 anos pré -adolescentes manifestavam , talvez pela ladeira que tinha que subir e descer, onde eu utilizava um atalho não convencional pelo meio do mato para cortar caminho, ou até mesmo pela vontade de chegar logo em casa e sair para andar de bicicleta, na época minha diversão predileta, ou de contar os dias para  o fim de semana quando eu ia velejar com meu amigo Laurentino Bicas no seu optimist Zebrinha, na função de "proeiro", para mim um mundo novo que se descortinava e me efeitiçava.
Naquele dia, ao chegar em casa papai estava me esperando, e eu não entendi bem porquê. O trabalho na Vale do Rio doce , onde Seu Wallace, engenheiro metalurgico, civil e de minas, formado na turma de 58 em ouro preto, era gerente da pelotização , exigia muito do tempo e responsabilidade, e além disto eu ainda tinha mais 3 irmãos para dividir a atenção do amado pai, e não entendi o porquê dele me esperar para almoçar tão cedo.
Equívoco mirim , não era para almoçar que ele me aguardava, haviam outros planos no ar .
Papai me leva até a garagem dizendo que precisaríamos sair rapídamente e depois voltávamos para almoçar,  entramos no maverick GT branco e saímos para passear, sob o pretexto de irmos cortar cabelo( ele sempre me levava no salão Garcia na praça Costa Pereira,  no centro de Vitória, mas isto era aos sábados, e meus irmãos Alvaro e Léo também iam juntos,  assim , mais desconfiado eu ficava a cada esquina que passavamos , será que eu aprontei alguma e vou levar uma bronca? ficava me indagando.
Pegamos a aveninda "Navegantes", o V8 do mavera em marcha lenta, borbulhando baixinho, ganha a avenida e fomos em direção ao iate clube, aí eu perguntei por que estávamos indo naquela direção, se o salão era no centro?
-Ah nós temos que dar uma passada no Iate para deixar o dinheiro da mensalidade da escolinha de vela com a tia Marina Zenóbio, ele disse num tom calmo enquanto dava um longo trago em seu "Minister", olhou para  mim , piscou e o olho direito meio que dizendo, confia em mim filho! E tocou direto para lá, sempre na marcha lenta e devagar , curtindo seu cigarro e as suas músicas no tocafitas TDK, para ele o carro era um prazer e a música uma paixão.
Chegando no clube ele me chama para descer e acompanhá-lo até a secretaria, e para lá fomos juntos.
O clube era muito deferente do que é hoje , e a garagem de vela ficava anexo a portaria e o mar logo "alí", depois foi tudo sendo aterrado e lanchas e mais lanchas chegando, naquela época a maioria eram os barcos a vela.
Fomos caminhando pelo pátio e eu aproveitando para mostrar para ele os barcos dos meus amigos, falando o nome da cada um dos barcos, quem era o dono, se era bom velejador ou não, e tagarelava solto encantado em estar acompanhado de meu pai no meu novo meio social, junto comigo, só comigo sem nenhum irmão para dividir a atenção.
De repente estranho e vejo um barco numa capa verde escura parado em frente a garagem e falo:
- Papai, este  barco deve ser novo aqui, não conheço nenhum barco que tem uma carretinha destas e uma capa, o pessoal coloca os barcos em cima de pneus, e capa nunca vi.
Ele responde:
- Vamos lá perto para ver melhor sô!( num mineirês atêntico).
E fomos nós. Ao pararmos em frente ao barco, ele começa a tirar a capa como que curisoso para ver o que tinha dentro, e eu digo:
-Pai , não mexe não, depois o dono pode não gostar , reclamar com a gente ,  achar ruim, sei lá...
Aí ele olha para mim abre um sorrisão, e com aquele vozeirão diz, este é o seu, se chama "Xande ", mandei o dinheiro para o seu tio Lilino  e ele comprou o barco no Iate Clube do Rio e mandou para cá de caminhão, você gostou da supresa? perguntou.

Finns em 1969

Naquele momento minha cabeça entrava em parafuso, um flash!, não conseguia acreditar que teria meu próprio barco, deixaria enfim de ser um proeiro do Zebrinha e seria comandante! ainda mais de um barco que veio do Rio de Janeiro!Eu seria o máximo perante meus amigos.
Dei um abração daqueles nele, e agradeci em êxtase, tagarelando sem parar!
Então começamos a tirar a capa do barco, e foi revelado um belíssimo e ultra bem tratado casco negro, com um interior envernizado com maestria , com flutuadores "Bruder" amarelos e transparentes, catraca "elvstrom" mastro de alumínio e uma vela vermelha "la Rochelle" que tinha o percurso olímpico como logo, e um cheiro... ah!! mas um cheiro de barco, de barco de madeira misturado com maresia, e velas e tudo mais, o mais fino dos perfumes da minha memória, que agora escrevendo isto o cheiro me veio a mente e eu fiz uma viagem no tempo vivendo de novo o momento.
Até hoje, toda vez que vejo um barco de madeira, chego bem perto para ver se tem aquele cheiro! para mim o cheiro da vela, do iatismo!
Naquele instante, junto com papai, não foram só as narinas que o cheiro invadiu, ele invadiu  a minha alma e desde este instante passei a me dedicar a este maravilhoso esporte, o iatismo , que na época tinha um mito recém criado pela morte prematura e pela carreira sensacional, Joerg Bruder( o mesmo do flutuador), um tri campeão mundial que morrera no auge de sua vida, com 36 anos indo participar de um campeonato mundial na frança, num acidente aéreo.
Bruder habitou todos os meus sonhos infantis e juvenis, sonhos de glória e triunfo, de obstinação e garra , imaginava aquele barco para homens gigantes( o Finn) planando em uma regata com 100 barcos e ele na frente ostentando o numero 3, junto com o BL, o legendário BL3 e voando como um "fliyng duchtman"!
Lia tudo a respeito, e conversávamos com os mais velhos a respeito do Bruder, mito para todos os velejadores  e meu primeiro ídolo da vela.
A assim fomos vendo a vida passar entre um bordo e outro, até que um dia inventaram a internet e assim pudemos contar nossas histórias para vocês, e aprender outras tantas e compartilhar com todos os amigos.
Este é o nosso objetivo da revista theYacht-man, simplesmente me entreter, e entreter vocês com histórias, fatos, fotos, vídeos, causos, verdades e até  "mentiras" e lendas de nosso universo, afinal papo sério só no escritório, como já diria o Sir do Chá Tomás Limão!
Bons ventos a todos!
No mundial das bermudas os amigos se divertem com o ventão do furacão chegando.

14/10/2010

Jibe xing ling.

Iate Clube do Espírito Santo em 1950.

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Túnel do tempo, snipe 1985.


Snipe numeral 12106, da legendária série 12 mil, batizado de "Barbaridad IV".
Neste dia sai para tirar retrato, o proeiro da época era o Fernando Mendonça.
A Ilha do Frade tinha meia dúzias de casas.
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Invenções futuristas, coisas do ano dois mil.

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Da série velhos marinheiros: JAMAIS ACUSE O MAR POR SEU SEGUNDO NAUFRÁGIO





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Atrevida , desfilando em Ilhabela: barba, cabelo e bigode.

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Poesia vinda da terra do Rei Roberto Carlos, via correio com carta selo e tudo mais...

Aí meu filho de 6 anos me pergunta quando vê uma carta: "o que que é isto papai?"
Eu prontamente respondo que é uma carta.
"Mas o que é uma carta papai?"
Ora meu filho é uma mensagem que uma pessoa manda para a outra, respondi.
Ele então, do alto de sua sabedoria mirim diz:
"ah papai, é tipo assim...tipo assim... tipo... um email de pape nél?!"
Pois bem caros amigos, nautas e amantes da vela de plantão, recebi neste dia uma carta, coisa que há uns 10 anos não conheço, o que chega em minha casa é extrato de banco, promoção de tv a cabo, panfleto da pizzaria, fatura de cartão de crédito, boleto de condomínio etc, mas uma carta realmente foi um prazer indescritível perante uma coisa tão simples. E de coisas simples é feita a vida, e a com simplicidade somos mais felizes.
Dentro da carta, grata surpresa, outra me aguardava e era uma poesia náutica enviada pelo cliente locamaxx e amigo cachoeirense( capital secreta do Brasil), pai de meus amigos "Cebola e Darlyng", Paulinho Simões, uma pessoa fora de série, um amante da vida, uma pessoa de rara sensibilidade, que agora na maturidade, meio que aposentado do cargo de engenheiro civil, profissão a qual se destacou e obteve grande êxito, se dedica a poesia e a viajar.
Lançou agora o seu segundo livro, e tem  também viajado para a Europa para simplesmente flanar com certa frequência.
Paulinho é um antropófago, digere tudo que vê, pois para se ter uma idéia de seu connecimento náutico, impresso e expresso em sua poesia, se deu com uma única viagem a bordo do Sir Wallace de Vitória a Santa Cruz.
Compartilho com os amigos a poesia belíssima do meu querido amigo Paulinho Simões, digo desde já que comodoro foi um exagero do colega!
bons ventos a todos!!
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11/10/2010

CIRCUITO RIO 2009, FRAGMENTOS EM IMAGENS.


Na reta final de nossos preparativos para o circuito e para a Santos Rio, postamos este videozinho do ultimo circuito em 2009, o debut do fantasma em águas cariocas, esperamos evoluir no resultado , e toca o barcoo!!

09/10/2010

Paul Bent Elvstrom, the legend.


Classe Tempest, semalhante ou igual ao Fliyng Dutchman.

Paul e seu Firefly, o percursor do Finn.




Quando começamos a escrever este blog , há cerca de 3 anos atrás, numa das minhas primeiras postagens coloquei esta colagem acima,com meus os ícones da vela mundia( Tabarly, Slocum, Elvstrom e Thomas Lipton), e agora iremos conhecer um pouco mais deste yachtman escandinavo, um gigante dos mares.








Paul Bent Elvstron, nascido em 25 fevereiro de 1928 na Dinamarca, se tornaria uma lenda do Iatismo Olímpico, e Mundial, até hoje o único velejador dono de 4 medalhas de ouro
Nos jogos do pós -guerra em Londres 1948, com apenas 20 anos de idade em  conquista seu primeiro ouro, na classe Firefly( depois rebatizada de Finn), façanha repetida nos jogos de 1952, 1956 e 1960 já na classe rebatizada de Finn,  um barco que exige extremo vigor físico dos yachtmen.

Façanha de 4 ouros olímpicos, que fora obtida por apenas mais dois atletas em todos os jogos : Carl Lewis, e Al Oerter(  salto em distância e arremesso de disco respectivamente) 
O Brasileiro Torben Grael, neto de dinamarqueses( não por acaso!!) é dono de 5 medalhas, 2 de ouro , 2 de bronze e 1de prata, detendo assim o título de maior medalhista olímpico do iatismo de todos os tempos, o que nos trás muito orgulho .
 Se não bastasse isto,  a versatilidade de Torben impressiona e nos faz entender estarmos de frente a um semi-Deus, além dele ser um craque nos monotipos o é também o melhor do mundo na vela de oceano, tanto nos macth-race de um nível da Américas Cup( sendo ganhador da Louis Vuiton, comandando o Italiano Prada), quanto na volta ao mundo( terceiro, no comando da nave tupiniquim Brasil1 e primeiro lugar na última edição na batuta do Sueco Ericsson 4), o que faz do Danish-Brasuca o mais completo velejador de todos os tempos no mundo inteiro e que certamente irá ostentar este feito por muitas gerações.
Isto pode ser comparado a um piloto , que é campeão de fórmula 1, de nascar, de Fórmula Indy, de Rally  , de moto velocidade e de motocross, tudo ao mesmo tempo.
Torben ultrapassou o dinamarquês (três de ouro na classe finn em Helsinque-52, Melbourne/Estocolmo-56 e Roma-60 e uma na firefly em Londres-48), o soviético Mankin (uma de ouro na finn na Cidade do México-68, uma na tempest em Munique-72 e uma na star mista em Moscou-80, além de uma prata na tempest em Montreal-76), o alemão Schumann (uma de ouro na finn em Montreal-76, duas na soling em Seul e Atlanta e uma de prata na soling em Sydney) e o sueco  Holm (uma de ouro na 40m2 mista em Antuérpia-20 e uma na 6m mista em Los Angeles-32, além de duas de bronze, na 8m mista em Amsterdã-28 e na 6m em Londres).
Paul Elvstrom continua sendo o velejador com maior número de medalhas de ouro, quatro ao todo.


Todavia contudo mas porém , voltemos a "vaca fria":
-Além do mérito do lugar mais alto do olimpo, fruto de 7 a 8 horas de treino por dia, o legendário dinamarquês participou ao todo de 9 edições dos jogos, sendo uma delas como reserva( o único a fazê-lo na história, pois com participação em 8 jogos temos dois velejador e um esgrimista: Hubert Raudaschl (Vela), Durward Knowles (Vela) e Ivan ADERNO (Esgrima).
 Elvstrom velejou em 68 no México( quarto lugar na Star), nos jogos do setembro negro em Munich em 72 na classe Tempest( edição que fora marcada pelo sequestro e assassinato de parte da delegação Israelense), em  Los Angeles 84( onde obteve um honroso e brilhante 4º) e Seoul em 88, já com 60 anos de idade. Nestes dois ultimos jogos Paul velejou de Tornado, com sua filha mais nova , inaugurando a tripulação formada por pai e filho(a), jamais vista antes em jogos olímpicos, em nenhum esporte coletivo.

Em 8 classes diferentes, sagrou-se campeão mundial por 15 vezes, obteve o topo do pódio em campeonatos Eropeus, e além de sua carreira como atleta, Elvstrom revolucionou o esporte com suas idéias geniais, como por exemplo algumas de suas invenções:
O bayler
O colete salva vidas flexível
Botas com solado anti-derrapante
O burro com redução, este mereçe destaque especial:- o velejador não noticiara sua invenção, e após as regatas, ele dava um totó com o pé na peça para que seus adversários não a vissem.
O sistema auto cambante
O sistema de "gates" na bóia de sota                                 
O banco de escora, para treinar em seco na garagem de casa, por horas e horas a fio, que permitiu que ele fosse o primeiro velejador a escorar com a bunda no costado, e joelho na borda.
Introduziu o treinamento de caminhadas para melhor condicionamento físico.


Além da fábrica das famosas velas de alta performaçe com seu nome , com produção iniciada em 1954 dentro de sua casa, (na qual mora até hoje , nas proximidades da capital Danish) e de seus livros de regras com barquinhos de plástico,( que durante várias décadas foi, e ainda é até hoje  a bíblia dos velejadores) , livvro didático o qual   eu tive a oportunidade de tomar minhas primeiras aulas teóricas de regras , táticas e macetes, ministradas Mr. Morris Brown( o maior velejador que o ICES já teve, e o mais novo campeão brasileiro de Snipe de todos os tempos, com apenas 14 anos) , nos finais de tarde, sentdos na mesa de madeira decorada com um escafandro de bronze, em sua rústica, arborizada e exótica casa na Praia do Canto, no ano de 1981, as vesperas de participar do meu primeiro brasileiro de Optimist em João Pessoa( jan/1982).
Admiro por demais estes gigantes, como Paul , Morris e Torben,  yachtmen como Lars , Scheidt, Brudder, Carabelli, Zarif, Gastão Brun, Ivan Pimentel, Bruno Fontes e a Odile Ginaid, todos gente de muita fibra que é o exemplo para o esporte e para uma geração de esportistas, isto é preciso, pois o esporte se faz popular com ídolos, reverencie-mo-los pois nossos ídolos!!, três vivas a eles! assim como foram reverenciados em seu tempo Sir Thomas Lipton e Joshua Slocum, Knox Jonhston, Alain Colas, Peter Blake e muitos outros
No link abaixo, vc poderá ver uma sensacional e surpreendente filmagem de Paul Elvstrom em ação com seu belíssimo barco todo envernizado, em 56 durante os jogos olímpicos, a cores e em alta qualidade.



Os Dinamarqueses juntos, a bombordo e a boreste, o Graal da vela brasileira e mundial, os irmãos fora de série( precisa apresentar?)
Posted by PicasaBoa noite a todos os amigos e uma semana com muito vento de popa, rumo a bóia, com direito , planando e muita alegria no coração!!
E toca o barco!

Harry Manko, sempre com filmes sensacionais e gozadíssimos!

Um vídeo de compilações da Volvo Ocean Race, a volta ao mundo.

Os nós mais usados no mundo náutico, uma vídeo aula, aprenda para não chamar cabo de corda!