24/04/2012

Manual de boas maneiras no mar, número 2.


Prezados amigos nautas e amantes da vela de plantão,  nesta saborosa edição da revista velejar e meio ambiente, vamos abordar o segundo tema muito da coluna“boas maneiras no mar”:
Boas maneiras e regras para atracações.
Para os que pensam que uma boa atracação é somente jogar o ferro sem desgarrar, de entrar numa vaga de marina sem fazer marolas e sem dar aquelas aceleradas de marcha ré ,desesperadas para não dar uma bela pancada no cais, sem gritarias e sem estresse, o tema reserva então alguns pontos muito interessantes e que eu gostaria por demais em compartilhar com vocês.
Primeiramente vamos ao básico, pois nem todos  os leitores tem larga experiência e muitos estão a começar na arte da navegação:
-Ao entrar com uma embarcação a vela ou a motor em um ancoradouro ou área de atracação ( “piscinas “ e marinas) trafegue a uma velocidade suave, 3 nós são bem razoáveis para tal, mais que isto começa a dar zebra. 
Nesta velocidade você não cria a “água viva”, que são aquelas marolas que ficam na sua esteira, que são o seu rastro... e assim você não incomoda ninguém e não provoca os bate-bate a contra bordo como vimos na edição passada.
É algo como se fosse você chegando em uma casa nova, num condomínio ou num bairro novo. Você  tem que chegar de mansinho e  causar uma boa impressão aos vizinhos, para ter com eles um convívio salutar, demonstrando sua educação e boas maneiras. 
Quando estiver em locais de fundeio como enseadas e praias por exemplo, vale a regra que  a primeira embarcação a fazer a ancoragem tem o direito de determinar o raio de seu giro, atenção pois aqui é que mora o perigo. 
Assim sendo não fique muito perto de outros barcos ancorados, mantenha uma distância de pelo menos dois barcos de distância do seu vizinho mais próximo.
 O vento e as correntes podem mudar, e em questão de minutos  irão deixar seu barco embolado com outros, enrolado num emaranhado de cabos de ancoragem e com cascos , mastros , cruzetas e  botes batendo uns contra os outros numa sinfonia de horrores, que pode ter conseqüências graves para o bem estar, para a segurança e para o bolso.

Ao ancorar, verifique se a ancora ferrou para somente depois desligar o motor, esta medida de segurança é vital e nunca pode ser deixada de lado.
Ao atracar em portos e marinas, procure entrar na vaga com a proa para o píer, capriche na amarração, e tenha sempre atenção especial em jogar um ferro na popa ou passar o cabo na poita( a maioria das marinas a tem), para evitar que o barco fique batendo no Píer, mantenha o cabo da popa sempre bem caçado, deixando quando teso, o barco a uma distância máxima de 1 metro da marina na maré cheia.
Use e abuse da marinharia nos cunhos de amarração, e muito cuidado com os nós “Tramontina” que só saem com faca, e com os bolos de cabos conhecidos como “crochês”,   pois além do risco de segurança, você vai pagar o maior mico entre os navegadores, e se der capriche nas dobras das velas, isto é um sinal universal que a bordo tem um bom velejador.

Quando chegar em local onde a atracação é feita apenas em poitas,  havendo uma poita livre, linda leve e solta, é muito provável que ali “more” um barco.
Certifique-se  então que aquela poita que está sorrindo para você  e, você a escolheu não esteja reservada para outra embarcação que esta navegando, basta manter contato com a base ( clube, marina, enseada, base de apoio, etc.)e manter comunicação via VHF no canal aberto , caso não haja base , tente contato com outros barcos para não arranjar problema e atrapalhar a vida dos outros.

Quando for fazer a sua  ancoragem avalie ao que se destina sua parada; um mero banho de mar, um pernoite, uma escala de vários dias, etc., pois isto implica no que vai gerar em termos de barulho , movimento a bordo , de botes, de banhistas para os demais convivas, e até mesmo  a fumaça de seu churrasco . Então lembre-se que quanto mais a barlavento você ancorar ou atracar dos outros, o som  a fumaça e a movimentação irão incomodar os que estão a sotavento. 
Respeite o direito dos outros relaxarem e  dormirem em paz, atraque então a sotavento e fique mais a vontade.
 Além disso, lembre-se que o som corre com o vento, e qualquer comentário que você fizer  sobre a pintura dos costados , o nome de gosto duvidoso do barco do vizinho  , ou a curvas daquela convidada que ele tem a bordo pode ser ouvido por ele.
Se você tiver que usar o seu botinho durante a noite para ir para a praia ou visitar outros barcos na ancoragem , prefira fazê-lo usando remos e não o seu motor de popa.
E por fim uma regrinha de ouro: Alguns velejadores são amigáveis ​​e gostam de se socializar, enquanto outros  não, e preferem ficar sozinho, assim como fazer para se entrosar sem ser chato?
Saia para dar uma remada de reconhecimento ao redor da ancoragem e  ao ver as pessoas no convés dos barcos atracados , seja  amigável e os cumprimente, mas seja discreto , polido, e seguindo esta  regrinha de ouro será um verdadeiro gentleeman:
- A tradição dita que quando se você se aproxima de outro barco deverá fazê-lo por boreste, numa distância entre 6 a 10  metros .  Se a acolhida for fria e ártica,  basta você mover para fora deste espaço de “tolerância” e remar seu bote de volta ao seu barco, se o menor constrangimento.

Espero que as dicas sejam úteis, e desejo a todos um ótimo passeio e,uma maravilhosa atracação e um convívio digno de ladies & getleemen!
Avelok, apenas um velejador que ama o mar.

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