24/10/2012

Vela capixaba em 2012, o resumo do ópera.






Prezados amigos , nautas e amantes da vela de plantão, segue um resumito do ano de 2012, confesso que para escrever todo o relato da regata vai demorar um pouco, pois tem muita coisa para falar, enquanto isto vamos publicando o que for escrevendo aos poucos, como por exemplo este pequeno artigo sobre o ano de 2012 e as regatas que os capixabas participaram , em especial a galera do Phantom , que apesar de não ter tido bons resultados nas provas que participou tem motivos de sobra para comemorar este ano maravilhoso, com um saldo de muitas milhas, muitos amigos, alguns portos antes desconhecidos e um sonho realizado. Então chega de jeb jeb e vamos lá!

Um ano para se lembrar
Novembro vem batendo aí na porta e estamos chegando ao final de mais um ano, um ciclo maravilhoso que se fecha.
Foram 12 meses marcantes para a vela de oceano no ICES, que deixará como saldo uma atividade de velejadores e barcos do ICES Brasil afora,nunca antes vista nos anais da historia do nosso querido clube da Praia do Canto, um ano de grande atividade na classe.
E para mim novembro terá um sabor mais que especial, pois fará um ano que deixei de fumar, me libertando de uma escravidão de muitos anos.
O sweepstake começou em novembro último com a participação do veleiro Thalassa( comdte Ennio Modenesi) na regata internacional de veleiros clássicos de Búzios, e deu seguimento já em abril  deste ano quando o Phantom Of The Opera( Comdte Fabiano Porto), juntamente com o” irmão menor:” o Flying Phantom( Comdte Renato Avelar) e o Azurro( Comdte Luciano Secchin) foram correr a International Buzios Sailing Week.
Jantar da Refeno no Cabanga.
No mês de agosto, foi a  vez dos veleiros Phantom Of The Opera( Comdte Renato Avelar) , Shark II( Cmdte Marcos Almeida) , e Plâncton ( Comdte Marcelo Montanhese de Salvador mas que teve uma tripulação 90% capixaba, Com Wender de Paula , Luiz Henrique Abaurre e F.Falcão), participarem da maior regata em número de barcos no Brasil: A regata Aratu Maragojipe em Salvador, com nada menos que 184 barcos alinhados na largada, um show de regata, talvez a maior regata festiva das Américas, que reúne desde os barcos de fibra de carbono aos centenários saveiros de vela de içar.
O velame preto na área, aqui acima e abaixo

Pièce de résistance
 
O ano alto astral fecha o grand slam com a  participação de dois escretes capixabas  na maior regata em águas azuis do país : A legendária Regata Internacional Recife  Fernando de Noronha, com um percurso 293 milhas que contou a participação da bela nave “Madame”( cmdte Ricardo Muller) e novamente do Phantom Of The Opera( cmdte Renato Avelar), barco que em pouco mais de 3 anos já acumula quase 10 mil milhas navegadas pelo Brasil somente para participar de regatas.
A cereja do bolo de todos estes eventos foi a Refeno, como é chamada a regata Recife Noronha, que com quase 300 milhas é muito mais que uma regatinha entre bóias. É um desafio de endurançe.
Fazendo uma analogia com o automobilismo as regatas barla sota seriam  uma prova em Interlagos, e a Refeno um Rali dos sertões, e somente o fato de completar a prova e chegar inteiro já é uma vitória.
A regata.
O cabanga se veste de Refeno!


Largada


Portinho, os fióte descansam.

Vista do portinho, a choupana foi onde foi a premiação

Marinha do Brasil, apoio 100%.

Kan Chuh e Marcão.

Baía dos Golfinhos

Premiação em Noronha, muito legal!

Reunião de comandantes, 3 horas de palestra.

Praia do Leão

Praia do Sancho

Pre largada no Cabanga


Tripulação a postos para largar.

Dicas do Fernando Sodré, que fez 6 vezes a regata.


Abastecimento no Cabanga

Barcos no portinho, por outro ponto de vista, da praia do meio.


“Após a largada no marco zero do recife Antigo as embarcações logo saíram da proteção do mole do porto , e deram de cara com um mar grande e muito  desencontrado, com ventos de 15 a 18 nós, o que causou um enorme mal estar no velejadores.
Tudo ensopado a bordo
Nestas condições um barco pequeno como o Phantom , com apenas 31 pés, sacolejou como uma batedeira, trazendo grande mal estar a todos a bordo, fazendo com que o estoque de vonal ( anti enjôo sabiamente indicado pelo amigo Dr. Carlos Moschem) tivesse uma vazão acima do normal.

Tivemos alguns  problemas além das condições de mar e vento:
-O piloto automático pifou, ( que na verdade não é um problema , e sim falta de uma garantia a bordo) e para piorar um pequeno problema na vedação gaiuta de proa fez com que entrasse muita água a bordo, parecia uma cachoeira a cada onda que o barco atravessava, molhando tudo dentro do barco.

O bacalhau ao Zé do Pipo preparado com tanto carinho por Marcelo Gama ficou praticamente intocado, pois comer nestas condições é bem difícil, tal como dormir, ir ao banheiro, e até mesmo se deslocar no barco adernado e outras nuances da vida a bordo que muitas vezes quem está em terra nem imagina a dificuldade que é .
Cena triste de ver.
Mesmo para velejadores experientes, as condições estavam bem desagradáveis, nesta primeira metade da regata dois barcos de grande porte tiveram seus mastros quebrados: o trimarã “Jaú”, e VB 42 “Entre Pólos”, devido a uma fadiga que rompeu com o sacolejar.
Noite sem lua e um céu mega estrelado acompanharam os capixabas na velejada “non stop” de través e em bordo único de Recife a Fernando de Noronha. No segundo dia da regata as condições de mar melhoraram bastante e a velejada deixou de ser um inferno astral e passamos a curtir mais a regata,  chegando à ilha o vento voltou a roncar com grande intensidade e cruzamos a linha após exatas 48 horas de regata, abrindo um belo champanhe para comemorar a realização deste sonho dos 5 tripulantes a bordo( Renato Avelar, Macintyre, Marcelo Gama, Léo Oliveira e Marcos Albuquerque).
Um susto daqueles.
Nós passamos um grande susto em já atracados e em terra firme.
 Ao chegarmos à ilha, como o barco estava inabitável com tudo molhado e nós completamente  exaustos depois de velejar 293 milhas , em 48 horas sem parar, dormindo molhados e  em turnos de 3 em 3 horas e   comendo mal,  resolvemos ir para uma pousada descansar.
Deixamos o barco no “portinho”, onde estavam atracados todos os barcos da regata.O Phantom estava bem ferrado: com 12 metros de corrente, e bastante cabo, todavia durante a madrugada com o mar e vento  sem dar refresco, o barco ficou zanzando no ferro e desgarrou rumo ás pedras.
Graças a Deus  foi salvo por velejadores de Salvador que estavma atentos a movimentação dos barcos naquele mar mexido, e que gentilmente e solidariamente o “seguraram” e em seguida mergulharam os  12 metros até o fundo para encaixar a âncora em segurança numa pedra.
Pela manhã fomos contatados pela organização e partimos como um foguete para  ver o barco e o que tinha acontecido. Chegando lá tudo ok, graças a ajuda dos amigos anônimos de Salvador,( que tivemos a oportunidade de conhecer dias depois) .
A tranqüilidade da tripulação e a segurança do Phantom foi selada  com a ajuda do nosso amigo Rodrigo Stephan( Manchinha) que participou da regata no “Madame” e que mergulhou novamente os 12 metros e colocou mais uma ancora de garantia para o Phantom.
Resumo “do” ópera:
A organização da regata foi impecável, teve um  excelente apoio da Marinha do Brasil,  num percurso maravilhoso, rumo a uma ilha de sonho e dentro de um ambiente  mais camarada e cavalheiresco possível.
 É isto que nos move.
Parafraseando Rodrigo Haje( Magoo): “ A gente chega cansado, molhado, todo esbagaçado, sem dormir nem comer direito, cheio de roxo nas canelas, torrado de sol e doido para começar tudo de novo!
Bons ventos a todos ano que vem tem mais causo para contar, se Eólo e Netuno nos permitirem!!

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